Ontem briguei com meu chefe. Não foi uma briga física, mas uma discussão acalorada e isso me fez muito mal e talvez também muito bem. Cresci vendo meu pai discutindo com tudo e com todos, ele é uma pessoa bem pavio curto, mal educada mesmo, daqueles caras que brigam no trânsito mesmo quando estão errado, arranjam encrencas desnecessarias em lugares como supermercados e farmácias. Durante muito tempo também fui idiota assim, até a ficha cair e ver que me estressar por qualquer coisa é perda de tempo e saúde, aos pouco fui mudando e hoje em dia engulo sapos todos os dias mas não me estresso por qualquer coisa. Ontem, porém, foi uma das raras situações onde meu sangue italiano encrenqueiro transbordou a razão.
Basicamente o motivo da treta foi a exigência de fazer trabalho impossível de ser feito no tempo disponível, eu já estava puto com a situação e fui engolindo aquilo até que houve um gatilho e estourei, bati boca feio com o gajo, e a partir da hora que isso acontece todos perdem a razão. Por fim o trabalho não ficou feito e não foi somente culpa minha, toda a equipe não teve tempo para finalizar o planeado, eu estava certo, havia muito trabalho pra pouca gente. Isso aconteceu porque o chefe do chefe é um escroto e meu chefe não sabe dizer não.
Ok, essas coisas fazem parte e de uma maneira ou de outra tretas no trabalho são coisas comuns, segunda feira vai estar tudo bem novamente e outras tretas possivelmente surgirão durante a semana. Acontece que estou extremamente mal pelo acontecido e isso não tem nada a ver com o trabalho em si e sim comigo mesmo.
Quem acompanha o blog sabe que venho tendo sérios problemas de adaptação em Portugal, que estou sendo tratado com antidepressivos e que as coisas estão longe do que o imaginado do lado de cá do Atlântico. Nos últimos dias estou até que bem, animado, fazendo minhas caminhadas, lendo, mais desencanado com o futuro e tal... Decidi sair do trabalho no fim do ano, tanto que já até comprei tickets daCPTM Ryanair para janeiro, não coloquei nada no papel mas basicamente a ideia é dedicar 2020 à minha saúde, ajudar a Bia no negócio dela, que paga praticamente todas nossas contas, e depois deixar a vida levar pro lado que for. Esse continua sendo o plano para 2020.
Após a treta de ontem fiquei pensativo sobre o rumo que minha vida levou. Puta que pariu, cheguei ao ponto de ter brigas de peão por motivo que sempre aconteceu e sempre acontecerá. O problema não é ser peão ou doutor, continuo 100% convicto que trabalho é tudo igual, o xis da questão é pensar no que já fiz na vida, sobre tudo que já passei e onde estou agora. Caralho, quem disser que um downgrade profissional não abala está mentindo, com toda certeza! Já fui empresário, já trabalhei e fui respeitado na minha área de formação, já ajudei muita gente através do meu trabalho e hoje estou batendo boca em chão de fábrica. Admiro quem não se abala com esse tipo de coisa, mas eu sou de carne e osso e fico abalado sim, ainda mais na situação que minha cabeça se encontra. Se você pensa que vai sair do Brasil e ser feliz trabalhando em "qualquer coisa", pense novamente.
Se no fundo do poço da minha depressão, onde cheguei a pensar umas merdas sinistras eu achava que a solução dos meus problemas seria voltar para o Brasil e arranjar de volta um emprego na minha área agora já não penso bem assim. Preciso me tocar que tenho uma boa estrutura financeira e usar isso a meu favor, provavelmente voltarei para o Brasil (não sei quando), mas a opção de arrumar um trampo na minha área e tentar tocar uma carreira a partir daí já é um plano B, o plano A é de alguma maneira empreender em algo que não me encha tanto o saco, ocupe minha mente e pague minhas contas. Tenho ajudado a Bia no negócio dela aqui em Portugal e também um amigo que está empreendendo no Brasil e possivelmente entrarei de investidor num outro negócio e isso tudo me dá tesão. A treta com o chefe serviu para me mostrar que talvez eu não tenha tanto saco de ser empregado como um dia eu pensei.
Porra, tenho uma boa renda passiva, alguns meses ou mesmo anos que consumi-la não vão me matar, as vezes fico na paranóia do poder dos juros compostos e pensando que um mês sem reinvestir os dividendos vão foder com tudo e acabo deixando de viver a vida e usufruir do que construi. Ultimamente vejo uma tendência entre os influenciadores de finanças (principalmente no YouTube que é a principal ferramenta atual) em supervalorizar a hiperprodutividade através das modinhas de acordar às 5 da manhã e minimalismo estremo, de contemplar a frugalidade mesmo quando já se tem uma condição financeira legal e acabo me deixando levar por isso. Isso está errado, nós que já atingimos uma boa estabilidade financeira devemos buscar o equilíbrio e usar parte dessa renda pra facilitar a vida e talvez essa seja a mudança de mindset mais difícil de fazer. Me recuso à ficar tretando em chão de fábrica e também me recuso a ficar num país só porque me oferece segurança, vou usar as ferramentas que tenho, entre elas o dinheiro, pra buscar tranquilidade seja onde for.
Engraçado que agora eu fico aqui, nesse sábado ensolarado de outono, chateado por ter mais uma vez explodido e ter fugido do objetivo de ser uma pessoa de boa e diferente do modelo que meu pai foi, mas ao mesmo tempo tenho certeza que essa treta serviu para me abrir mais ainda os olhos para o que realmente é importante pra mim. Portugal tem sido a melhor escola de vida que eu poderia encontrar.
Basicamente o motivo da treta foi a exigência de fazer trabalho impossível de ser feito no tempo disponível, eu já estava puto com a situação e fui engolindo aquilo até que houve um gatilho e estourei, bati boca feio com o gajo, e a partir da hora que isso acontece todos perdem a razão. Por fim o trabalho não ficou feito e não foi somente culpa minha, toda a equipe não teve tempo para finalizar o planeado, eu estava certo, havia muito trabalho pra pouca gente. Isso aconteceu porque o chefe do chefe é um escroto e meu chefe não sabe dizer não.
Ok, essas coisas fazem parte e de uma maneira ou de outra tretas no trabalho são coisas comuns, segunda feira vai estar tudo bem novamente e outras tretas possivelmente surgirão durante a semana. Acontece que estou extremamente mal pelo acontecido e isso não tem nada a ver com o trabalho em si e sim comigo mesmo.
Quem acompanha o blog sabe que venho tendo sérios problemas de adaptação em Portugal, que estou sendo tratado com antidepressivos e que as coisas estão longe do que o imaginado do lado de cá do Atlântico. Nos últimos dias estou até que bem, animado, fazendo minhas caminhadas, lendo, mais desencanado com o futuro e tal... Decidi sair do trabalho no fim do ano, tanto que já até comprei tickets da
Após a treta de ontem fiquei pensativo sobre o rumo que minha vida levou. Puta que pariu, cheguei ao ponto de ter brigas de peão por motivo que sempre aconteceu e sempre acontecerá. O problema não é ser peão ou doutor, continuo 100% convicto que trabalho é tudo igual, o xis da questão é pensar no que já fiz na vida, sobre tudo que já passei e onde estou agora. Caralho, quem disser que um downgrade profissional não abala está mentindo, com toda certeza! Já fui empresário, já trabalhei e fui respeitado na minha área de formação, já ajudei muita gente através do meu trabalho e hoje estou batendo boca em chão de fábrica. Admiro quem não se abala com esse tipo de coisa, mas eu sou de carne e osso e fico abalado sim, ainda mais na situação que minha cabeça se encontra. Se você pensa que vai sair do Brasil e ser feliz trabalhando em "qualquer coisa", pense novamente.
Se no fundo do poço da minha depressão, onde cheguei a pensar umas merdas sinistras eu achava que a solução dos meus problemas seria voltar para o Brasil e arranjar de volta um emprego na minha área agora já não penso bem assim. Preciso me tocar que tenho uma boa estrutura financeira e usar isso a meu favor, provavelmente voltarei para o Brasil (não sei quando), mas a opção de arrumar um trampo na minha área e tentar tocar uma carreira a partir daí já é um plano B, o plano A é de alguma maneira empreender em algo que não me encha tanto o saco, ocupe minha mente e pague minhas contas. Tenho ajudado a Bia no negócio dela aqui em Portugal e também um amigo que está empreendendo no Brasil e possivelmente entrarei de investidor num outro negócio e isso tudo me dá tesão. A treta com o chefe serviu para me mostrar que talvez eu não tenha tanto saco de ser empregado como um dia eu pensei.
Porra, tenho uma boa renda passiva, alguns meses ou mesmo anos que consumi-la não vão me matar, as vezes fico na paranóia do poder dos juros compostos e pensando que um mês sem reinvestir os dividendos vão foder com tudo e acabo deixando de viver a vida e usufruir do que construi. Ultimamente vejo uma tendência entre os influenciadores de finanças (principalmente no YouTube que é a principal ferramenta atual) em supervalorizar a hiperprodutividade através das modinhas de acordar às 5 da manhã e minimalismo estremo, de contemplar a frugalidade mesmo quando já se tem uma condição financeira legal e acabo me deixando levar por isso. Isso está errado, nós que já atingimos uma boa estabilidade financeira devemos buscar o equilíbrio e usar parte dessa renda pra facilitar a vida e talvez essa seja a mudança de mindset mais difícil de fazer. Me recuso à ficar tretando em chão de fábrica e também me recuso a ficar num país só porque me oferece segurança, vou usar as ferramentas que tenho, entre elas o dinheiro, pra buscar tranquilidade seja onde for.
Engraçado que agora eu fico aqui, nesse sábado ensolarado de outono, chateado por ter mais uma vez explodido e ter fugido do objetivo de ser uma pessoa de boa e diferente do modelo que meu pai foi, mas ao mesmo tempo tenho certeza que essa treta serviu para me abrir mais ainda os olhos para o que realmente é importante pra mim. Portugal tem sido a melhor escola de vida que eu poderia encontrar.
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