Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.
Primeiramente gostaria de pedir desculpas pela minha ausência nos últimos dias, decidi que daqui pra frente escreverei somente quando tiver algo relevante pra falar e, principalmente, vontade de escrever. Os posts sobre livros e FIIs não estavam agradando e decidi corta-los, logo o número de postagens diminuirá bastante.
Hoje voltarei um pouco no assunto manifestações, que já abordei aqui, e falarei um pouco sobre os empregos públicos. Recomendo a todos que ficam putinhos com opiniões diferentes que parem a leitura por aqui, àqueles que são sérios e possam se sentir ofendidos com algo que eu falar aqui recomendo que leia o texto inteiro e tente entender meu ponto de vista.
Outro dia estava num churrasco com colegas de trabalho da Bia, grande parte deles fazem parte da nova classe média, estão inseridos nos Facebooks da vida, possuem iPhones, alguns são hipsters e a maioria é seguidora de modinhas: alguns possuem HB20, vestem moletons da Hollister e todos se dizem muito orgulhosos com as manifestações dos últimos meses repetindo os textos-padrão: o gigante acordou, brasileiro tá cansado de corrupção, blá, blá, blá... Papo vai, papo vem, o assunto manifestações surgiu, cada um começou a dizer em qual manifestação participou, como foi, nêgo orgulhoso por ter levado bala de borracha e outros explicando cientificamente como o gás lacrimogênio pode ser prejudicial a saúde...
Até que pro meu desespero, alguém pergunta: e você Corey, participou de alguma manifestação? Bia olha pra mim com um sorrisinho Monalisa, já prevendo a confusão. Por um momento pensei em fazer como sempre faço quando tocam num assunto cuja minha opinião é minoria: desconversar e sair de fininho pra pegar uma breja, mas não sei porquê, fiz diferente. No dia anterior estava conversando esse assunto com um amigo porra-loca como eu e comentamos sobre como a maioria das pessoas é demagoga, mesmo sem se dar conta disso e decidi, naquele momento soltar uma resposta estranha:
Corey: Não participei por causa da TV a cabo...
Pessoas: Como assim, Corey?
Corey: Ué, eu tenho gato de TV a cabo!
Pessoas: E daí? O que isso tem a ver com as manifestações?
Corey: Tem tudo a ver, claro! Como posso cobrar honestidade se eu sou desonesto com a operadora de TV a cabo?
Pessoas: Ahhh!!! É diferente, né? Uma coisa é você ter um gato de TV a cabo, outro é ser um político corrupto...
Corey: Claro! Uma coisa é você roubar um pirulito da tia da cantina da escola, outra coisa é assaltar um banco...
Pessoas: [1 minuto de silêncio]
Corey: Na boa, a gente faz um monte de coisa errada todo dia: rouba sinal de TV a cabo, passa sinal vermelho, paga uma propininha aqui, outra alí; pede um favorzinho pra um amigo político... Isso sem falar dos cargos públicos, onde um monte de gente se engalfinha pra conseguir mamar nas tetas dos governo...
Pronto! A guerra foi declarada! Questionar o sistema do serviço público é mexer em caixa de marimbondo! Boa parte alí estava atrás de um cargo público e me viram como um maluco. Como que alguém pode criticar quem se mata de estudar pra conseguir um emprego público? Como alguém pode ser contra isso!
Vou explicar: Sim, eu acho um absurdo os altos salários que os cargos públicos pagam! Vamos ser sinceros, uma grande parte (não estou generalizando, ok?) dos cargos públicos paga uma fortuna pra gente sem vontade de trabalhar prestar um serviço medíocre e viver depressivo por ter que lidar com burocracia, falta de estrutura de trabalho e falta de perspectiva de crescimento profissional. Essa é a verdade! Sei que tem um monte de servidor público pronto pra me detonar, mas sei que vários vão concordar! Tenho amigos muito próximos que são servidores públicos e já falei isso a eles, alguns não gostaram, mas outros concordaram. A correria pelos concursos públicos é um dos maiores indicativos que o brasileiro quer moleza e que são bem semelhantes aos milhares de políticos que esses mesmos brasileiros vivem criticando. Brasileiro quer que o mundo acabe em barranco pra morrer encostado!
Também sou brasileiro, também quero moleza, e quem não quer! A diferença é que tenho consciência do que estou fazendo, não sou hipócrita. Roubo sinal de TV a cabo e sei que isso é errado, me sentiria extremamente constrangido em cobrar honestidade de alguém se eu mesmo faço uma coisa desonesta. Você pode estar dando risada, mas acontece que isso me incomoda sim! Eu tentaria um cargo público se fosse interessante pra minha realidade. Não critico quem o faz, mas critico quem é servidor público, ganha 5k por mês pra carimbar papel e sai em manifestação pra cobrar diminuição de gasto público. É óbvio que a maior parte da grana pública é gasta com político corrupto e seus dutos de captação de dinheiro alheio, mas é inegável que o setor público com seus salários gigantes em troca de pouco trabalho também tem culpa no cartório.
Como bom brasileiro, acho que sim, devemos tirar até o último centavo possível do governo, afinal ele nos estupra diariamente com impostos altos e retorno zero, não acho isso CERTO, mas acho NECESSÁRIO. Da mesma forma acho necessário explorar a operadora de TV a cabo. Eles prestam um serviço de merda por uma fortuna então me vejo no direito de explora-los da maneira que posso. Percebam que se tudo fosse correto, esse tipo de atitude desonesta que tomamos pra buscar algum tipo de compensação não seria necessária. Se o governo retribui os impostos pagos, menos gente se sentirá no direito de mamar nas tetas públicas, da mesma forma que se a operadora de TV cobrasse um preço coerente pelo serviço prestado, eu preferiria pagar o valor correto ao invés de ter um gato. A solução? Talvez uma bomba que dizimasse esse paizinho de merda!
Ah! Voltando ao churrasco, quando a coisa pegou fogo, sai de mansinho, peguei uma dose de whisky, acendi um cubano e fui conversar com a Bia (que já tinha fugido do papo) e uma amiga dela. Sou brasileiro, joguei gasolina na fogueira e sai fora, rsrs! Ah! Só pra constar, quem voltou dirigindo foi a Bia, posso roubar sinal de TV a cabo, mas não coloco a minha e a vida de outras pessoas em risco por dirigir depois de beber.