sexta-feira, 28 de julho de 2017

Corey Empregado - Meu Emprego de Bosta

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.


Peço desculpas por não ter conseguido acompanhar e responder os comentários do último post, foi falta de tempo mesmo. Tentarei dar mais atenção a esse.
Continuando a saga sobre meu emprego hoje vou falar sobre o que deu errado na minha contratação e como me fodi aceitando esse trabalho.

Durante o processo de contratação fui informado sobre as vagas disponíveis, salários e atividades do cargo. Concordei em aceitar o trabalho porque na minha cabeça haveria possibilidade de crescimento rápido e salário compatível, se tudo fosse como explicado na seleção estaria ok, porém a coisa começou a mudar no primeiro dia...

Durante a seleção fui informado que passaria por treinamento durante 5 dias antes de assumir meu cargo, achei isso ótimo, afinal minha experiência é pouca e aprender como a empresa funciona antes de dar a cara pra bater é sempre uma boa ideia. Logo após assinar os papéis fui informado que teria treinamento in loco o que se traduz como: "vou te jogar no setor e você vai aprendendo com o pessoal lá conforme eles vão trabalhando". Fiquei meio chateado e preocupado, afinal não era bem aquilo que eu esperava, mas ok, bola pra frente... Chegando no setor fui recebido friamente pela equipe, quanta diferença das minhas experiências anteriores (voluntário e temporário) onde a galera era animada, brincalhona e pronta pra ajudar. Aqui encontrei uma equipe de cara fechada, sem muita paciência pra ensinar. No decorrer do dia descobri alguns detalhes desconcertantes:

1- Eles estavam com o saco cheio de treinar novatos, toda semana vários novatos eram enviados ao setor para receber treinamento dos outros colegas sendo que esses não são treinadores tampouco foram contratados como tal. Também não havia critérios de treinamento, eu era obrigado a acompanhar o trabalho de alguém e logo em seguida realizar o mesmo trabalho de maneira correta (ou não correta, ninguém estava realmente preocupado com a qualidade do serviço). Sobre o treinamento de 5 dias? Isso simplesmente era um mito, ninguém na empresa recebeu treinamento formal...

2- Descobri que junto com minhas tarefas operacionais eu teria várias, VÁRIAS, VÁRIAS, VÁRIAS, VÁRIAS, tarefas administrativas e gerenciais, ou seja, teria inúmeras responsabilidades seríssimas pelas quais não seria pago e pior, nem ao menos seria treinado a realizar sendo que fazer alguma dessas coisas de maneira errada significa uma cagada descomunal.

3- Devido a essas tarefas "extras" eu perderia o direito de hora de almoço, devido a impossibilidade de me ausentar do setor, não poderia faltar de maneira alguma sob o risco de simplesmente ter que fechar o setor. Eu seria peça chave de toda a operação e isso é vendido pela empresa como algo "nobre" o que deixa os colegas de função muito orgulhosos e de peito cheio por ter tal responsabilidade.

Saí daquele primeiro dia de trabalho totalmente perplexo e perdido. Me perguntei inúmeras vezes: "que caralho eu tô fazendo?", "onde fui me meter?", "o que fazer agora?". Percebi imediatamente que me fodi imensamente, fui pesquisar o que fazer... Obviamente não há condições de continuar trabalhando dessa maneira, ainda mais pra mim que não preciso do emprego pra sobreviver. Descobri que se pedir demissão antes do fim do período de experiência serei obrigado a pagar uma indenização para a empresa o que me recuso a fazer. Eles já foram filhos da puta o suficiente comigo e ainda por cima vão levar meu dinheiro? Nem fodendo!

Decidi ao menos me fazer ouvir, pulei hierarquia e soltei os cachorros com o gerente fudidão da empresa, disse tudo o que aconteceu sobre a diferença entre seleção e realidade. Ele se fez de indignado, disse que não sabia que o RH estava omitindo informações, que iria tomar providências e o cacete... Óbvio que não acreditei em uma só palavra que ele disse...

No decorrer dos dias de trabalho a coisa ficou ainda pior:

1- Após o "treinamento" fui para o meu setor e descobri que eu era o mais experiente do grupo. Sim, eu com poucos meses de experiência na função era o que mais sabia sobre o trabalho, todo o resto do setor era totalmente inexperiente com exceção do gerente que mais ou menos sabe o que está fazendo (é uma pessoa dedicada mas que esbarra nas ineficiências da empresa). Mas ser inexperiente não é o bastante, as pessoas são incapazes, despreparadas para as funções. Vou tentar explicar: imagine um tradutor que não sabe ler e escrever. É mais ou menos esse o nível dos meus colegas de trabalho.

2- O setor possui inúmeros problemas de infraestrutura que atrapalham muito o resultado do trabalho, junte a isso pessoas mais perdidas que cachorro em mudança e veja o tamanho da lambança. A empresa tenta se destacar em meio a concorrência porém esses sabem o que fazem, possuem experiência e profissionais de dentro, já a minha possui profissionais catados de qualquer jeito no mercado. Imagine um açougueiro administrando uma livraria, é bem isso...

3- O tal cargo de gerência que me foi prometido num médio prazo na verdade é uma tremenda furada, ganha-se praticamente nada mediante o tamanho da carga de trabalho. O tal gestor deve viver em função da empresa, lidando com todos os problemas por, com sorte, 5k. A empresa não fornece a estrutura necessária para que o gestor realize um trabalho decente, na verdade o cara tem que se virar nos 30, adquirir conhecimento por conta própria, desenvolver sua própria estratégia sem ajuda alguma dos superiores. Os superiores ao gestor somente fazem cobranças e dão broncas. VTNC, jamais aceitaria isso, 1 dia que trabalhasse dessa maneira seria demitido ou preso...

A empresa faz uma lavagem cerebral nos funcionários, fazendo-os acreditar que são importantes, que fazem a diferença... Os gerentes são elevados a semi-deuses perante a direção, são bajulados com elogios, destacam a "importância" de seus trabalhos, etc. Mas na prática são peões que trocam a vida por uma merreca. Entendo que para pessoas "normais", 4 mil reais é dinheiro pra caralho e que conseguir um cargo que paga isso sem praticamente ter experiência é algo mágico, entendo que elas idolatrem a empresa que lhe dá essa "oportunidade"... É incrível como as pessoas vivem na corrida dos ratos, na matrix e nem se dão conta....

É realmente muito fácil atingir um nível de gerência dentro da minha empresa, basta você estar disposto a trocar sua vida por no máximo 5k. Não precisa ser capacitado, ter experiência, saber liderar, nada disso! Basta querer... Muito bizarro isso...

Engraçado que minha breve passagem pela concorrência (quando fui temporário ano passado) me deixou uma imagem totalmente diferente, eles eram uma empresa forte, organizada, com funcionários relativamente motivados (ao menos trabalhavam 80% direito e não brigavam entre si). Não é a toa que são um dos líderes do setor. Possuem crescimento orgânico tanto do ponto de vista do tamanho da empresa quanto do trabalho dos funcionários. Ninguém vira gerente em menos de 3 anos de casa e na minha opinião isso está certo. Não faz sentido o cara ter 3 meses de experiência na função e ser convidado pra ser gerente, pior, não receber nenhum tipo de treinamento e ter que assumir uma equipe e setor. É assim que ocorre na minha empresa. Claro que sou a favor da meritocracia e não acredito que cargos devam ser oferecidos por tempo de casa mas acontece que certas coisas, certos conhecimentos e experiências só se adquire com o fator tempo, é impossível ser de outra maneira e no meu trabalho é assim, não dá pra virar gerente da noite pro dia, não há como saber 100% das nuances do negócio sem alguns anos de experiência dentro da empresa. Pelo menos na minha concepção o gerente deve ser capaz de realizar 100% das tarefas do setor.

Aqui entra mais um erro meu, antes de começar a trabalhar não entendia como era isso e achei que eu mesmo poderia ser gestor em pouco tempo... me enganei. Me iludi achando que essa oportunidade de ser gestor em pouco tempo seria uma boa ideia, mais uma vez fui pego pela inexperiência em trabalhar de empregado numa grande empresa. Na verdade não quero ser gestor, muito menos nessa empresa bagunçada. Quero trabalhar no operacional mesmo e num lugar sério.

Tirei algumas lições disso tudo. Entre elas vai um conselho a você que investe em ações baseado em relatórios. Grandes empresas mentem, usam artifícios ridículos para demonstrar resultados que nem sempre são reais, papel aceita tudo (ou pdf aceita tudo), acreditar no que elas falam não é 100% seguro. Pude verificar isso de dentro, e se um tonto de baixo escalão como eu consegue perceber certas coisas, imagine o que realmente acontece lá em cima, nas salas da diretoria...

Ainda estou perdido, provavelmente vou esperar o prazo da experiência e pedir as contas, não quero pagar indenização pra esses escrotos, e pior, os fdps colocaram um período de experiência de 90 dias, só pra amarrar o peão... O pouco que consigo fazer da parte operacional é muito legal, todo o resto é um saco, estou naquela de ir trabalhar pensando na hora de sair, pior que não consigo fazer um trabalho porco, não consigo ser com eles do jeito que são comigo. Pelo menos estou com a consciência tranquila que estou fazendo a coisa certa, estou sendo ético e honesto com meu trabalho mesmo a empresa sendo mentirosa e desonesta comigo.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Corey Empregado - As Cagadas

Que merda, heim?!

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

No último post expliquei como foi a busca e seleção de emprego, que aceitei a proposta da Empresa 5 e disse que os pesadelos começaram. Hoje não vou falar sobre o que deu errado e sim sobre as cagadas que fiz relacionadas a busca de emprego. Calma, uma coisa tem a ver com a outra, sendo que a maior cagada foi justamente aceitar o emprego.

Lembro o leitor que até então não tinha nenhuma experiência com entrevistas e processos seletivos de empresas. Como empregador sempre fiz tudo de maneira empírica, selecionando pessoas mais pelo feeling que por outra coisa, nunca segui padrões nas seleções, nunca soube como fazer isso, enfim, não aprendi grandes coisas sobre seleção de pessoal. Quando chegou minha vez de ser selecionado percebi que empresas médias e grandes utilizam RHs profissionais, o que se reverte em procedimentos demorados e muitas vezes sem o menor sentido pra quem vê de fora.

Veja que fui selecionado por 3 empresas. A Empresa 2 me aprovou no processo seletivo porém mandou aguardar para que fosse informado a vaga e procedimentos para a contratação, isso já se passam quase 60 dias e até hoje não houve mais contato, ou seja estou aprovado mas não contratado. A Empresa 4 é basicamente o mesmo, fui aprovado mas entre cada etapa é necessário aguardar 20 dias. Por fim a Empresa 5 demonstrou mais agilidade e acabei indo trabalhar para eles.

Entenda que meu objetivo é trabalhar com algo que gosto e conseguir alguma promoção e mudança de cargo num prazo curto para conseguir desfrutar de ao menos algumas etapas da carreira relativa a essa profissão, na minha cabeça essas promoções deveriam acontecer rapidamente afinal não vou ficar trabalhando com isso pro resto da vida. Sei desde o começo que minha carreira profissional será curta, não há porque ficar anos trabalhando nisso porque mesmo gostando muito do trabalho em si, é algo que cansa e que não preciso fazer pra sobreviver, logo o incentivo de me manter empregado é limitado. Não sou romântico o suficiente pra achar que minha trilha profissional será cor de rosa com cheiro de jasmim, o trabalho é legal mas junto com ele vem o kit composto por colegas e chefes cretinos, 44 horas semanais, folgas e férias engessadas, relógio de ponto, procedimentos cretinos, desconto de FGTS, sindicato, IR, VT e VR. Quero galgar posições não para "agregar valor a empresa" ou "fazer a diferença no mundo" mas sim pra ver qualéquié mesmo.

Dentre essas empresas sem dúvidas a mais interessante para se trabalhar é a "2", o salário inicial é maior, há treinamento intensivo e várias oportunidades de vagas pois ela é uma das maiores do mercado. Por outro lado o crescimento é possível porém lento já que há uma fila hierárquica grande para ser percorrida até um cargo mais interessante o que complica meu plano de entrar, crescer e sair fora num tempo razoável. Tenho impressão que se tivesse ido atrás da empresa invés de esperar, conseguiria uma vaga, mas o fato de ter crescimento demorado me impediu de fazer isso.

A Empresa 4 é também bem interessante, me pareceu a mais organizada e tem uma possibilidade de crescimento relativamente rápido, fato esse que acaba equilibrando o salário mais baixo. Se eles não fossem tão morosos com certeza eu estaria trabalhando com eles.

Já a Empresa 5 (meu atual empregador) juntou um pouco de todas as qualidades que estava buscando. Salário inicial na média, possibilidade de crescimento extremamente rápido e agilidade na contratação. Acabei indo na esperança do pacote ser interessante e aqui está a grande cagada. Eles se demonstraram uns grandes filhos da puta (aguarde o próximo post).

Acredito que fiz um conjunto de cagadas começando por minhas expectativas. O plano era começar no operacional e subir para algum cargo de gerência porém o imbecil aqui não se deu conta que o tal prazer em trabalhar está somente no cargo operacional da coisa, ou seja, essa brisa se perde completamente conforme o nível hierárquico vai subindo. Nesse pouco tempo de empresa percebi que ter um cargo gerencial nesse ramo é abrir mão do trabalho operacional (onde está a diversão) e se dedicar totalmente a burocracias internas*, respeito a chefes idiotas, ter discursos incentivadores de equipe, ser falso pra caralho, etc. Na minha cabeça a coisa era totalmente diferente, antes de entrar eu queria chegar nesse nível porque imaginava ser uma extensão do trabalho operacional, imaginava que num cargo gerencial eu saberia tudo sobre o operacional e poderia ensinar os novatos. Doce ilusão, o gerencial é somente um burocrata besta propagador das cagadas da empresa, mais nada!  Nesse contexto acho que foi uma cagada não ter corrido atrás da Empresa 2 que poderia me oferecer justamente isso: trabalho operacional com salário legal. Podem me chamar de burro a vontade, admito que sou... Fiquei bem perdido sobre o como, no que e onde trabalhar... Minha situação é muito diferente a da maioria das pessoas que acaba deixando a vida levar e vai construindo uma carreira de acordo com o surgimento de oportunidades, tudo o que queria era trabalhar com que gosto mas como nunca havia feito isso de maneira séria, não sabia como começar e como fazer.
 * É impressionante como uma empresa grande consegue ser burocrática, é incrível a quantidade de emails que são trocados somente para resolver problemas simples. É necessário 1 semana, uma caralhada de emails, vários departamentos envolvidos somente pra trocar uma lâmpada (um exemplo). Problemas simples do dia-a-dia não são resolvidos porque um departamento não pode interferir no outro. A quantidade de gente sem qualquer conhecimento técnico do trabalho envolvida na tomada de decisões é uma coisa assustadora, isso leva a mais morosidade, decisões tomadas na base do achismo, perda de relevância de mercado, etc. Imaginem um supermercado que por algum motivo qualquer não comercializa um tal produto chamado Coca-Cola (já ouviu falar?), talvez os compradores ou diretores de compra não conheçam esse produto e por isso não coloquem no mix de produtos. Os clientes pedem Coca-Cola diariamente ao pessoal da loja que reportam seu gerente, que reporta seu supervisor, que reporta seu comprador, que reporta seu diretor de compras, que reporta seu diretor financeiro, que reporta o diretor geral que coloca na pauta de uma reunião. Porém como existem reuniões pré agendadas para discutir a comercialização ou não de sabão Omo, a decisão da Coca-Cola vai pro fim da fila, após 90 dias finalmente chega a hora de decidir se o mercado comercializará Coca-Cola, mas como a reunião não atinge o número mínimo de acionistas e o diretor de marketing está numa viagem importante ao Espírito Santo para conhecer uma tal de "Chocolates Garoto" que está sendo pedido pelos clientes, então a decisão volta ao fim da fila. Percebem onde quero chegar? Minha empresa tem burocracias e morosidades assim... Deixa de fazer coisas totalmente pertinentes ao ramo por ter chefes demais que nunca trabalharam nesse ramo e não possuem a menor ideia de como o "chão de fábrica" funciona.

Outra cagada foi ter insistido em diversos processos ao mesmo tempo, faltou paciência para achar a vaga mais interessante e acabei me deixando levar pela mais ágil. Justo eu que não tinha pressa pra começar a trabalhar, não dependia do salário... poderia ter usado isso a meu favor e analisado melhor as propostas e situações. Aceitei a empresa mais ágil sem me dar conta que eles estavam na verdade desesperados para preencher vagas e que fizeram isso sem muito critério o que se refletiu em um trabalho de bosta pra mim. Como já havia aceitado a vaga acabei não indo atrás da Empresa 2 e a segunda etapa do processo da Empresa 4 foi no meio disso o que com certeza prejudicou minha imagem (embora deixei claro que quando iniciei o processo com eles estava desempregado e que dependendo da proposta deles poderia trocar de emprego, a entrevistadora pareceu entender...).

Me caguei por não ter paciência. Esse é um grave defeito que devo corrigir, sou extremamente imediatista e isso vem me prejudicando bastante nos últimos anos.

No próximo post vou ser vitimista pra caralho e chorar as pitangas de como meu emprego é uma bosta, aguardem...

Update: nesse meio tempo outras 5 empresas (isso mesmo, CINCO) entraram em contato comigo querendo marcar entrevistas ou seleções. Descartei algumas e como estou insatisfeito no emprego atual, acabei aceitando o convite de outras... Cenas dos próximos capítulos...

terça-feira, 18 de julho de 2017

Corey Empregado – A Busca e a Seleção

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Após mais de uma década consegui realizar meu “sonho” de voltar a ser peão. Isso mesmo galerinha, estou empregado e hoje iniciarei uma série contando um pouco de como essa experiência está sendo. Spoiler alert: coisas surreais estão por vir, aguardem...


Começo falando sobre como foi a busca e seleção de emprego. Um reviewda situação pra quem chegou agora: ano passado vendi minhas lojas e como sempre tive vontade de trabalhar na minha área de formação acabei conseguindo duas experiências: uma voluntária e outra temporária. Esses foram meus primeiros e únicos contatos com o trabalho, ou seja, toda a experiência que tinha. Esse ano decidi que era a vez de “construir uma carreira” na minha área e parti a procura de uma vaga.
Tenho sorte, minha área possui boa empregabilidade e não foi tarefa difícil conseguir algumas entrevistas. Me cadastrei nesses sites de emprego grátis tipo Infojobs e Vagas.com, além disso mandei alguns CVs diretamente para empresas via email e também pessoalmente. Os CVs entregues in loco surtiram nenhum resultado, os dos sites e enviados via e-mail me proporcionaram 5 entrevistas/processos seletivos.

Antes de ir para as entrevistas decidi “treinar” certas coisas. Veja que minha situação real é estupidamente incomum: ex-empresário, financeiramente independente que quer trabalhar só pelo prazer do trabalho, não quero ter uma carreira e sim curtir algum tempo fazendo algo que gosto. Não havia como sustentar isso, portanto fui obrigado a criar um personagem: ex-empresário que “passou por dificuldades de mercado” (para não falar explicitamente “quebrou”) e está em busca de recolocação profissional para poder equilibrar as contas. Tem pouco experiência na área por estar trabalhando os últimos anos em sua loja (isso é verdade, mas veja que coloquei loja no singular, omiti o fato de ter tido várias lojas) mas está cheio de boa vontade em aprender.

Outra coisa importante: não fiz nenhum tipo de estudo de como se comportar numa entrevista de emprego, dinâmicas e demais detalhes referentes a contratações. Fui totalmente na raça. Isto posto vamos para as entrevistas:

Empresa 1: CV enviado via e-mail. A pessoa responsável pela contratação me chamou para uma entrevista, fez algumas perguntas pessoais e profissionais, questionou se o “bichinho empreendedor” não iria atrapalhar minha carreira, disse que não queira mais saber de empreender e que nem ao menos tinha dinheiro pra isso. Acho que ela não acreditou muito nisso e também não curtiu minha idade (perguntou algumas vezes se ter chefes mais novos que eu poderia me incomodar). Me dispensou dizendo que entraria em contato, espero até hoje.

Observação: quando tinha empresa e fazia entrevistas jamais deixei um candidato sem resposta, acho isso o cúmulo da falta de respeito. Sempre procurei liberar a pessoa o mais rápido possível.

Empresa 2: Processo seletivo. No dia e hora marcado estava lá junto com mais uns 30 colegas de profissão para realizar o processo seletivo da empresa que foi dividido em prova técnica complexa, porém burra. Explico: a prova era complexa e interessante porém cheia de questões e detalhes que não possuem correlação com o dia-a-dia do trabalho, ou seja, não filtra conhecimentos relevantes para a função. Enfim, passei na prova e fui pra etapa de entrevista. As entrevistas eram individuais numa sala, uma revisão do CV e algumas perguntas cretinas do tipo “onde você se vê em 5 anos?” que respondi: “num cargo de confiança dentro da empresa” quando a verdade é “numa praia do Algarve”. Acho muito escroto essas seleções... A entrevistadora prometeu entrar em contato por e-mail informando o resultado. No dia seguinte recebi um e-mail dizendo que fui aceito e que deveria aguardar novas instruções. Fiquei feliz!

Observação: mesmo sendo aceito havia outras entrevistas/seleções marcadas então continuei como se nada tivesse acontecido.

Corey na seleção de emprego
Empresa 3: indicação de um amigo. Cheguei no local pra conversar com a pessoa responsável que já deu como certa a minha contratação. Foi muito bizarro, o cara já foi me explicando como funcionava a empresa, como seria meu trabalho, as metas, etc... Explicou sobre o salário, os horários de trabalho, fez algumas poucas perguntas e marcou um horário para uma segunda entrevista com um dos diretores da empresa, afinal “esse é o procedimento para cargos de gerência” (sic). Resumindo a bizarrice: eu seria contratado para um cargo de gerência, na verdade função de liderança sendo que era exatamente isso que eu não queria (ter que liderar ou gerenciar) tampouco tenho background pra função. Lembre-se que minha experiência anterior era de alguns poucos meses. Saí de lá perplexo com a situação, informei que a proposta estava fora do que eu pretendia e desmarquei a tal entrevista com o diretor. Pedi desculpas para meu conhecido e ficou por isso mesmo.

Observação: o salário era totalmente incompatível, pagariam o piso da categoria, que não é pago nem pra quem começa, para exercer a função de gerente. Espertinhos, não?

Empresa 4: Processo seletivo. Fui convidado através do envia de CV por site de emprego. Muito semelhante a Empresa 3, fiz uma prova técnica bem menos complexa porém totalmente relevante ao trabalho, houve uma explicação detalhada sobre a empresa, vagas e funções. A entrevistadora não deu nenhum resultado na hora mas deixou claro que todos teriam resposta em até 20 dias (!!!). Achei o processo mais justo e honesto de todos. Dentro dos 20 dias recebi um e-mail convidando para o próximo passo da seleção que seria uma entrevista individual. Na data marcada fui e a mesma pessoa que aplicou a prova me entrevistou com questionamentos individuais e pertinentes. Percebi que gostou de mim e já deixou claro que havia passado naquela etapa, que agora deveria aguardar mais 20 dias (!!!) para a próxima etapa que seria uma entrevista com um gerente operacional e definição de vaga.

Observação: essa é sem dúvida a empresa mais transparente quando o assunto é seleção, mas essa demora toda entre etapas acabou atrapalhando muito, além disso é a que paga pior. Ainda estou aguardando contato deles (está dentro dos 20 dias).

Empresa 5: CV enviado diretamente a empresa. Me ligaram, marcaram uma entrevista. A entrevistadora (nunca, jamais vi um homem trabalhando em RH) me recebeu com sorriso no rosto, fez poucas perguntas, disse que estava aprovado por ela e que marcaria uma entrevista com o gerente operacional se eu quisesse prosseguir com o processo. Ok, entrevista feita com o tal gerente, mesmas perguntas de sempre (os 5 anos, o bichinho empreendedor, os objetivos profissionais, bla bla bla) e promessa de contato com a resposta da aprovação naquele mesmo dia, o que realmente aconteceu. Fui aprovado, aceitei o trabalho e aqui começa meu pesadelo... Aguarde...

Corey Empregado

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Estou finalmente "trabalhando com aquilo que amo", sim estou trabalhando na minha área de formação praticamente pela primeira vez na vida e quero hoje falar um pouco sobre algumas coisas que tem acontecido e que venho aprendendo.

Em primeiro lugar trabalhar com algo que se gosta é fantástico, é uma sensação maravilhosa, é uma diversão. Melhor ainda porque é uma diversão remunerada. Ok, ganho uma merreca, cerca de R$ 2.800,00 líquido, mas estou nesse emprego não pelo dinheiro e sim pela experiência. Ter atingido a Independência Financeira me proporcionou a chance de ganhar pouco em prol de trabalhar com algo legal., mais curioso é que esse pouco que ganho é suficiente pra me sustentar, Bia ganha em torno de 2k (na mesma situação, trabalhando com algo que gosta) o que da um total por volta de R$ 4.800,00, dinheiro mais que suficiente pra manter nossa vida... Ganho pouco, mas quer saber, pagaria pra ter essa experiência.

Ok, já percebi problemas e venho tendo algumas dificuldades: a empresa na qual trabalho é um lixo em matéria de organização (fica a dica pra você que confia 100% em relatório de Bovespa: a realidade de uma empresa de capital aberto é perigosamente diferente daquilo que eles expõem em arquivos pdf, mas esse é assunto pra outro post), fui contratado pra fazer X e agora tenho que fazer X+Y+Z ganhando a mesma coisa, percebi na carne como a mão de obra está ruim, como a galerinha de 20 e poucos anos é ruim de trabalho, tenho um superior despreparado portanto perdido no cargo, percebi como uma empresa grande é ruim de comunicação, tem processos burros e ineficientes, etc... Percebam que os problemas estão relacionados àquilo que orbita o trabalho e não à função que exerço.

O trabalho em si está muito legal, entrei de cabeça e coração abertos, com muita humildade. Tenho 30 e tantos anos e menos experiência que meus colegas de 20 e poucos, pensei que isso seria algum tipo de barreira mas não foi. Tento aprender tudo o que posso, ouvir os mais experientes, assimilar dicas do dia-a-dia... Sou burrão nesse trabalho então nada melhor que abaixar a orelha e aprender com quem sabe. Tem dado certo, os colegas gostam de mim e eu deles, existe um respeito muito legal no ambiente de trabalho mas ao mesmo tempo a gente se diverte. Posso parecer um idiota falando essas coisas mas lembre-se que a mais de 10 anos eu não tenho colegas de trabalho, não tinha que bater o dedo, obedecer ordens de superiores, fazer coisas que não acho certas (do ponto de vista de eficiência), etc. É tudo novidade!

Não acho que seguirei "carreira" na minha área de formação, acredito que dentro de 1 ano estarei com saco cheio e enjoado do que estou fazendo, tenho plena consciência disso... Tudo é novidade, tudo é legal, aprendo a cada dia mais que aprendi na última década... enfim, trabalhar nisso está sendo uma experiência fantástica porém lidar com pessoas e processos de pouca eficiência é foda, desgastante... Sou muito grato por estar tendo essa experiência, mesmo que tardia. Sei que se tivesse começado nisso mais cedo com certeza estaria num cargo legal e prestigiado mas não me arrependo porque empreender invés de trabalhar, me proporcionou um alicerce financeiro interessante que hoje me permite ter essa experiência sem a preocupação financeira, sem ter que pisar na cabeça das pessoas pra subir, etc. Não quero ser um fodão na minha área, quero continuar aprendendo e quando enjoar, posso simplesmente virar as costas e ir pra casa sem maiores dramas. Deus abençoe a Independência Financeira!

domingo, 2 de julho de 2017

Carro (Revisited, versão 2017)

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Carro é um assunto muito comentado na blogosfera e aqui em casa não é diferente, já falei muito sobre carro aqui no blog, veja alguns posts:

Carro: Ter ou não Ter
Carro, o assunto do momento
O Carro de R$ 12 mil
Manual de Uso do Carro Velho
Paixão por carros?

Considero normal essa carga de posts sobre carro afinal carro é um item que consome grande quantidade de dinheiro e algo que sempre devemos repensar. A blogosfera é feita por gente que pensa fora da caixa, logo repensamos muito o assunto carro.

O que me levou revisitar esse tema hoje foi um post do nosso amigo Madruga (leia aqui) onde ele dá dicas de como viver sem carro, o mais interessante são os comentários, tem de tudo por lá: gente que concorda que não ter carro é legal, outros que concordam mas mantém o carro mesmo assim, até aqueles que simplesmente repudiam o simples pensar na ideia de não ter 1 tonelada de aço depreciando na garagem.

Tenho uma relação de amor e ódio com carro. Sou daqueles caras que gostam realmente do assunto, possui conhecimento técnico acima da média, manja os anos dos carros só de olhar, sabe diferenciar modelos, etc. Enfim, sou um tonto que fica queimando neurônio com informação inútil sobre carros. Minha relação com carros mudou muito no passar dos anos, já tive tudo que é tipo de carro, desde carros merda até top de linha do ano, já torrei uma grana incrível (que prefiro não saber) em carro.

Pra começo de conversa acredito que TODO CARA ACIMA DE 20 ANOS DEVE TER UM CARRO E MORAR SOZINHO. A parte do morar sozinho deixo pra outro post, mas falando sobre o carro é simples entender: se você tem 20 e poucos anos está no começo da escada social e por mais que você ache que a escada social e relacionamentos superficiais são coisas estúpidas (eu também acho) deve saber que não conseguirá mudar isso sozinho, portanto é melhor usar as ferramentas que a vida te dá a seu favor (nosso amigo Rover tinha um post fantástico sobre isso, pena que tirou do ar). Ter um carro te ajudará muito nisso, se você tem carro fica mais fácil transar e isso não tem a ver com mulheres interesseiras e sim porque carro facilita fodas de maneira incrível e é muito fácil entender isso. Veja que não estou falando em "casamento", estou falando de "foda". Segundo lugar se você tem um carro decente com 20 e poucos anos passa a imagem de bem sucedido, organizado, maduro, equilibrado, ou seja, isso pode te abrir portas. Meu ex-patrão certa vez me confessou que só contratava molecada que tinha ao menos uma moto porque na cabeça dele (e até que faz sentido) se o cara tem algo material com 20 e poucos anos é porque trabalhou pra isso. Ter um carro no começo da vida adulta é fundamental, é um "investimento" imaterial no seu futuro, no seu sucesso. Vejo muitos posts dizendo que "se for pra quebrar, quebre cedo, assim terá tempo pra recuperar", prefiro dizer: "torre dinheiro cedo, assim você logo perceberá que não precisa torrar muito", carro se enquadra nisso de torrar dinheiro cedo. Molecada de hoje consegue ter um carro decente mesmo gastando pouco, com 8k você compra um carrinho que parece com um carro atual, "no meu tempo" você também tinha várias opções: Fusca e Chevette basicamente, ou seja, carros que tinham cara de extremamente ultrapassados. Mesmo tendo um Fusca no começo dos anos 2000 eu consegui abrir "muitas portas" (se é que me entendem...).

No começo da vida adulta o que as pessoas pensam de você é algo relevante, conforme o tempo vai passando, você vai expondo suas qualidades, ganhando confiança das pessoas, fazendo network, adquirindo conhecimento e se refinando, a opinião alheia cada vez conta menos (ou deveria contar), nesse momento o carro perde relevância e você poderá repensar a posse de um. É justamente nessa hora que a maioria esmagadora dos homens começam se foder imensamente com carros. É nessa hora que o cara compra carro caro, top de linha, ou seja, compra uma extensão peniana de aço. Eu fiz isso e é por isso que digo que não vale a pena. No meu auge de idiotice comprei um sedan top de linha financiado em 36 vezes... Aquele foi o momento que as pessoas devem ter dito: "Porra, olha o Corey, venceu na vida!!!", enquanto isso eu pagava cheque especial nas contas físicas e jurídicas.

Carro cada vez perde mais relevância na minha vida. Como sabem, hoje tenho um pau velho de 20 anos de uso, só o mantenho porque o custo é praticamente zero. Como pretendemos mudar em breve muito provavelmente ele será vendido e viverei a tão sonhada vida car-free. Uber foi uma das melhores invenções do século, transporte público como nosso amigo Madruga disse, não é tão ruim quanto pintam e caminhar é o melhor meio de transporte que existe.

Carro é cada dia que passa uma coisa mais dispensável e eu como detesto arrumar sarna pra me coçar estou cada dia mais propenso em eliminar saporra da minha vida, porém continuam tendo muita relevância no começo da vida adulta.

SUV

Aqui está o cúmulo da tolice quando o assunto é carro. As SUVs são o câncer da sociedade quando o assunto é carro. São veículos burros: pesados, gastões, na maioria das vezes com espaço interno escroto se comparado com o externo, feios, desengonçados, atrapalham o trânsito, fodem as vagas apertadas, etc. Embora eu goste muito de sedans concordo que também são veículos pouco práticos. Na minha opinião os carros mais inteligentes são do tipo SW ou mesmo os hatchs. Neles você consegue transportar coisas grandes (até fazer pequenas mudanças), são pequenos por fora e grandes por dentro, são mais econômicos, etc.

SUVs foram a maneira que as montadoras encontraram de lucrar mais, venderam a ideia de "você fica mais seguro porque está mais alto" porque os SUVs dão mais lucro pra elas, pesquise um pouco e verá que a margem de lucro nesse tipo de veículo é muito maior que nos outros. Não estou falando que eles estão errados, muito pelo contrário, pago pau pra quem cria um nicho de mercado e consegue expandir isso, mas não é por isso que vou abraçar a ideia. Não é porque sou capitalista que comprarei todas as ideias do capitalismo. Leia mais sobre isso aqui.

Motos

Aqui rola um preconceito do cacete, sempre espalhado por pessoas que nunca subiram num veículo de 2 rodas. Essas pessoas espalham a ideia errada que motos são máquinas mortíferas, que uma vez que você sobe em uma deverá se despedir dos parentes porque a morte ou amputação da cabeça são coisas certas. Bullshit!!!

Vim de uma família de motoqueiros (vai tomar no cu essa frescura de Harleiro que se diz "motociclista", viadagem da porra!), meu pai foi criado na garupa das motos do meu avô, meu velho também botava terror nos anos 60 montado na Lambretta, então em casa nunca houve essa frescura de "aimmm, moto é piguigoso... Aprendi pilotar moto com 12 anos porque a altura não ajudava muito, senão tinha sido com 9 como foi com carro. Aos 17 comprei a primeira moto. Bia também tinha moto quando nos conhecemos.

Ouso dizer que já andei mais de moto que de carro durante a vida e sabe quantos acidentes tive? Zero! Óbvio que não estou livre e claro que numa moto você tem mais proteção que num carro. Já tive tombinhos, raladinhos, essas coisas... mas tive muito mais ralada e encostões com carro que com moto. Moto é um veículo muito seguro nas mãos certas. Pesquise acidentes de moto e verá o seguinte padrão:

1- Moleque de até 20 anos, recém habilitado (ou mesmo sem habilitação), fazendo graça pra aparecer no corredor;
2- Cachorro louco: o mesmo moleque acima só que trabalhando com a moto e tirando o atraso
3- Cara de qualquer idade em moto esportiva. Moto esportiva é perigoso pra caralho, mesmo tendo uma baita experiência com moto eu tenho cagaço pra cacete de andar em esportiva, é uma potência absurda num troço leve. Antigamente até pegava moto assim de amigo pra dar uma volta, agora nem isso.

Veja que dificilmente verá acidente de moto com mulher (costumam andar bem de boa), tiozinho "motociclista" de moto estradeira ou cara de 30 e poucos anos (como eu) andando de 125. Claro que sempre tem aqueles casos de acidentes onde alguém bate na moto, mas até nesses se você for destrinchar a história provavelmente descobrirá que o motoqueiro teve alguma culpa devido irresponsabilidade.

Falo tudo isso pra chegar no seguinte ponto: moto pode ser um excelente aliado na sua vida, é sem dúvidas o veículo motorizado mais racional e eficiente que existe. Moto pequena, de 100 a 200cc faz na média de 30 a 50km/L de gasolina, ou seja, você anda pra caralho sem gastar praticamente nada. Se você realmente precisa de um veículo pra se deslocar, pense numa moto. Ah, e deixe de frescura com frio e chuva, coloque blusa e capa e tacalhepau!

Enfim, acho que como tudo na vida, devemos sempre nos questionar sobre nossas decisões de locomoção, um carro pode ser uma mão na roda, ou um pesadelo.