terça-feira, 31 de julho de 2018

Identidade de Blogueiro

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

De vez em quando surge algum idiota metido à sabichão que diz ter descoberto a identidade de algum blogueiro, de vez em quando isso realmente acontece. Essa semana recebi 3 comentários de "revelações", então decidi escrever um post sobre o que penso a respeito.

Assim como eu, a maioria dos blogueiros prefere manter a identidade em sigilo por diversos motivos, sendo que a segurança é o principal deles. Outros não se importam em revelar seus nomes verdadeiros. Seja qual for a opção da pessoa, é necessário respeita-la, simples assim.

Especular sobre a identidade de um blogueiro, dizer que fulano usa óculos, mora Itaquaquecetuba e dirige um Ford T 1929 é pura idiotice. Ninguém, absolutamente ninguém ganha porra nenhuma com esse tipo de coisa, muito pelo contrário, só se perde. Se um blogueiro é descoberto, qual a primeira atitude? Exclui o blog! Então de uma hora para outra toda aquela avalanche de informação, troca de ideias e tudo de interessante que um blog pode conter se perde para sempre, são muitas vezes ANOS de trabalho gratuito que ajuda trocentas pessoas que se perde por pura idiotice de um figurinha metido à Sherlock Ao mesmo tempo a pessoa fica exposta e dificilmente irá retornar à internet da mesma maneira.

Entenda que 99% dos blogueiros não ganha merda nenhuma com os blogs, os blogueiros são ativos pelos mais diversos motivos mas normalmente não são financeiros. Recomendo a leitura do excelente post do nosso amigo Frugal aqui, nesse post ele diz exatamente isso que estou tentando dizer: a blogosfera é grátis, feita por pessoas que se dispõem a gastar seu tempo ajudando outras que sequer conhece. Já parou pra pensar que coisa preciosa é isso nos dias atuais onde só se vê gente passando a perna em outra?

Você acha justo acabar com isso? Espero que não! E para que isso não acabe pare de tentar descobrir identidade de blogueiro, arrume outro passatempo, vá aos Xvideos, ande de bicicleta, sei lá... E você blogueiro, peço que modere esse tipo de comentário, exclua imediatamente, não alimente esses trolls tão destrutivos.

Por mim já deixo uma mensagem bem clara: se um dia for descoberto excluirei o blog e jamais voltarei. Sei que tenho muito material legal aqui no blog e sei que ajudei e continuo ajudando muitas pessoas, mas quero ter o direito da privacidade garantido e acabar com esse espaço é minha espécie de "punição à humanidade" por ferir esse direito. Como sempre os bons pagam pelos ruins.

Sexta sai o fechamento de receitas e despesas de julho. Abraço à todos!

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Sobre Taxis, MFII e VdC

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Em 1999 Earl Johnson, então com 61 anos e sofrendo de severas dores em seu joelho esquerdo, fez sua última viagem como taxista em Nova Iorque à bordo de seu clássico Checker 1978. Era o fim de uma era, os taxis Ckecker (empresa americana especializada em fabricar carros para taxi com mecânica GM) não mais seriam vistos nas ruas de NYC, eram muito ultrapassados para passar bas inspeções e novas regras.

Earl Johnson era um abençoado dono de "medalhão", ou seja, era o seu próprio patrão, havia comprado sua licença de taxi ainda nos anos 70 e agora com a aposentadoria os planos eram tocar um hotel tipo bed and breakfast em sua cidade natal na Jamaica e complementar a renda com o aluguel de seu medalhão, o que em 1999 representaria cerca de USD 1.400 por mês. Nada mal se você considerar que 1999 um medalhão valia cerca de USD 200k. Medalhões de taxi de NYC foram um dos investimentos mais rentáveis, fiáveis e robustos dos últimos 80 anos, eram deixados como herança, muitas pessoas se aposentaram com conforto ao alugar ou vender suas licenças, verdadeiros impérios foram montados por frotistas, corretores e todo tipo de comércio e serviço associado aos taxis de NYC. Se Mr Johnson ainda estava vivo em 2014 deve ter ficado extremamente feliz ao saber que seu medalhão valia incríveis USD 1.400.000!!! Com toda certeza os USD 1.400 de 1999 não foram apenas corrigidos pela inflação, quem sabe Mr Johnson não se empolgou, vendeu seu B&B e decidiu viver somente da renda de sua licença de taxi...

Mas se Mr Johnson ainda está vivo em 2018 provavelmente deve estar para morrer porque seu medalhão agora vale, com sorte, USD 150k e provavelmente não acha motoristas dispostos à aluga-lo. Culpa do Uber! O que antes era sinônimo de tranquilidade financeira agora se tornou um pesadelo... Desde 2014 o preço das licenças só caiu, há muita gente quebrada, devendo até o fiofó e com "ativos" em mãos que depreciam a cada dia. Os Uber e Lyft da vida são os responsáveis por essa queda, vemos histórias semelhantes em todas as cidades do mundo, em São Paulo não foi diferente, muita gente quebrou após o aparecimentos desses aplicativos. Quem devemos culpar? A Uber? Os motoristas? Os donos de licenças?

Todos sabemos que Uber, Transferwise, bancos digitais, Netflix, Airbnb são exemplos de empresas que chegaram com o pé no peito e quebraram ou estão quebrando muitas indústrias consolidadas à séculos, é simplesmente a evolução, somente isso. Não há nada de errado com a Uber, eles não são uma empresa malvada criada exclusivamente para quebrar medalhões, eles são somente uma empresa que trouxe uma inovação, um serviço melhor, mais prático, mais barato e menos burocrático que os taxis. A culpa também não é dos "gananciosos" donos de medalhões que "enriqueceram à custas" de motoristas imigrantes. Muita gente vê como absurda e ilógica a compra de licenças de taxis, porém são ativos como qualquer outro, até muito mais tangível que ações, por exemplo. Muitas pessoas investiram nesse mercado porque o histórico era excelente, perceba que por quase um século esse foi um investimento que só deu alegria aos investidores. Why not??? Quem nos anos 70, 80, 90 e começo dos 2000 iria prever o aparecimento de algo como a Uber? Volto à pergunta: Quem devemos culpar? A Uber? Os motoristas? Os donos de licenças? NINGUÉM! A culpa é de ninguém. Talvez seja da evolução, mas é difícil culpar um conceito...

Recentemente tivemos o pioneiro caso da suspensão da negociação das cotas do MFII, basicamente a CVM encontrou um monte de picaretagem nesse fundo e decidiu, ao meu ver de maneira correta, suspender a negociação dos papéis até que tudo seja esclarecido. Como cotista do fundo, cerca de 24% da minha carteira de FIIs está nele, sou muito afetado por esse enrosco todo mas inesperadamente não estou arrancando os cabelos.

Entrei nesse fundo sabendo que era meio obscuro, aliás TODOS os FIIs são meio obscuros, pelo menos pra mim que sou caipira e tenho extrema dificuldade em entender os prospectos e demais documentos relativos aos FIIs. Sabia que esse rendimento de 1% ao mês era algo insustentável porém o modelo de negócio do fundo sempre me deixou confortável, então estava tudo ok. Acredito que a atitude da suspensão da negociação foi correta para não causar caos e fazer um monte de gente vender no prejuízo sem pensar, também acredito que tudo isso deve ter sido disparado por algum player grande que deseja entrar no fundo com preço mais baixo porém isso não tira o mérito da investigação, tem que investigar sim e tem que deixar o fundo o mais certo possível. Quando digo o mais certo possível quero dizer o mais certo POSSÍVEL, isso porque é IMPOSSÍVEL ter qualquer negócio 100% certo.

Se tem uma coisa que aprendi durante meus anos de empreendedor é que todo e qualquer negócio, independente do porte, ramo de atuação e saúde financeira, faz sim muitas picaretagens. Os trambiques são inerentes de qualquer negócio e quase sempre a principal causa do fracasso, seja pelo excesso ou seja pela falta de trambicagem. Uma das coisas que me arrependo dos tempos de empreendedor é não ter sido mais trambiqueiro, eu era um idiota que tentava fazer as coisas certas, não conseguia, perdia dinheiro, perdia saúde e tempo enquanto todos os outros pegavam o caminho torto e chegavam no destino. Demorei muito pra aprender que fazer coisas erradas com moderação é sem dúvidas necessário ao sucesso de qualquer empresa. O mesmo se aplica à grandes empresas, tive a oportunidade de estar dentro de duas empresas listadas em bolsa e o que vi eram coisas bizarramente maquiadas somente para inglês ver e amansar cotistas. Se essas empresas fazem certas coisas escancaradamente na frente da peãozada, imaginem o que não fazem em planilhas de excel. Como disse, sou caipirão e não sei uma fração do que muitos colegas blogueiros e o pessoal que acompanha a blogosfera sabe em relação à investimentos, porém uma coisa eu sei: não existe negócio 100% confiável, ainda mais quando todo o acesso que você tem à eles é através de PDFs e planilhas.

A blogosfera continua abalada com o falecimento do VdC, um cara jovem, trabalhador, sonhador em busca da independência financeira como todos nós. É inevitável a tristeza devido principalmente à semelhança que ele tinha conosco. Aqui na blogosfera temos de tudo, todo tipo de gente com diferentes backgrounds, diferentes estilos de vida... porém uma coisa temos em comum: pensamos em dinheiro como ferramenta de vida e buscamos liberdade financeira. Lembro que ele talvez seja o terceiro blogueiro que nos deixa, os outros foi o Lord e o Matuto (esse último nem cheguei a conhecer).

Essa tal liberdade financeira foi o que levou Mr Johnson à alugar sua licença de taxi e viver dessa renda, foi o que levou à várias pessoas fazerem empréstimos para comprar seus medalhões e agora estarem quebrados e com dívidas porque uma indústria foi virada de ponta cabeça pela evolução. Foi a evolução que quebrou centenas de micro-empresários donos outrora rentáveis vídeo locadoras, oficinas de eletrônicos, alfaiates... É a liberdade financeira o motivo que faz as pessoas investirem em MFII ou outro papel qualquer, porém no fim das contas todos nós teremos o mesmo fim que o VdC, mais cedo ou mais tarde...

O que quero dizer com toda essa ladainha é que não há investimento 100% seguro porque por mais projeções que você faça, tudo pode mudar com um piscar de olhos. Todo investimento tem pessoas por trás e essas pessoas possuem o mesmo desejo que você: liberdade financeira, logo irão buscar isso à custos nem sempre lícitos. Existem muito, mas muito mais fatores que você não controla que aqueles que você pode mudar: não sabemos a data de nossa morte, não sabemos se os mercados vão mudar, se as leis vão mudar, se a economia vai piorar à nível Venezuela ou não...Enfim, meu alerta é que talvez a independência financeira como nós conhecemos não exista realmente, talvez viver de renda seja mais um fetiche de nossas cabeças que qualquer outra coisa. Então é pra sair torrando toda a grana com puta, cachaça e jogos de azar? Claro que não! Não estou advogando pelo "viva como se não houvesse amanhã", estou advogando mais uma vez pelo equilíbrio. Não deixe de tomar um café, levar seus filhos à praia ou à Disney, não deixe de comer naquele restaurante bacana com sua esposa no aniversário de casamento (jamais esqueça o aniversário de casamento, aliás, essa é a única data que comemoro), se o dinheiro pode melhorar algo relevante em sua vida, mude!

Não se prive de tudo em busca da IF, ela pode nem chegar, e quer saber, é provável que não chegue mesmo. Ah Corey, mas você se diz IF... Sim, tenho IF pelo conceito que minha renda passiva pagar minhas despesas básicas e só. Jamais me sentiria seguro em parar de trabalhar ou depender dessa renda pro resto da vida, nem se tivesse o dobro eu confiaria. Tudo pode acontecer, essa renda pode diminuir ou mesmo cessar a qualquer momento por motivos que talvez nem existam ainda (lembre-se, quando Mr Johnson comprou sua licença de taxi a Uber sequer era imaginada). Caralho Corey, como você é pessimista!!! Pode ser, mas é esse "pessimismo" (que prefiro chamar de realismo) que me deixa seguro.

Busque a IF mas mude seu mindset, veja a IF como um patamar de segurança financeira onde você terá mais liberdade para mudar o rumo da vida: mudar de país (como eu fiz), ver seu filho crescer ao trabalhar menos horas ou num trabalho menos estressante porém menos rentável, fazer um trabalho voluntário, cursar uma nova faculdade, you name it. Acredito severamente que esse acontecimento com o VdC deve nos fazer mudar a forma como enxergamos a IF.

A propósito, não vou torrar todo meu dinheiro com bobagens, mas com certeza após o ocorrido com MFII e o VdC "investirei" mais em mim e menos no mercado, talvez aquela road trip pela Europa saia mais cedo que o imaginado, por exemplo. Sei que o texto ficou longo e chato mas, aos que chegaram até aqui, espero ter passado alguma mensagem, feito você refletir sobre o que está fazendo da sua vida.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

RIP Viver de Construção

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Tive minhas férias interrompidas pela notícia do falecimento do nosso amigo Viver de Construção e não poderia deixar isso passar em branco.

Vou ser direto: espero que o VdC tenha arranjado toda essa história como uma brincadeira de mal gosto, uma maneira de sair da blogosfera sem ninguém encher o saco ou qualquer outro motivo estúpido. Do fundo do coração espero que seja isso e se for sou até capaz de dar umas risadas se souber da verdade. Muitos blogueiros sumiram mas com certeza estão entre nós, seja com outra identidade ou como anônimos. Ou alguém acha que o Pobretão ia simplesmente desaparecer da blogosfera? VdC, seu malandro...

Porém se for verdade mesmo que ele faleceu só me resta ficar triste pra caralho porque ele foi um dos blogueiros mais ativos de todos os tempos e me identificava muito com ele. Assim como eu ele é (ou era) um cara simplão, sem muita sofisticação, sempre disposto à aprender e também à ensinar os outros. Sempre foi alvo de críticas e nunca entendi o certo os porquês disso, acho que era mimimi de gente chata mesmo, afinal todo prego que se destaca recebe martelada.

Não sou hipócrita, não é porque uma pessoa morre que se torna santa do dia pra noite, muito pelo contrário, tem gente que se morrer será um favor, porém o VdC realmente era um cara bacana. Seja o que for o blog dele continuará listado no meu blogroll devido à altíssima qualidade de seu material.

Sendo um pouco Poliana peço para que todos usem esse episódio como tema para uma repensada de vida, tentem tirar algum lado bom disso tudo, vejam o que estão fazendo de suas vidas. Se é verdade ou não, talvez nunca saberemos e temos que respeitar isso, porém isso pode acontecer com qualquer um de nós a qualquer momento, a morte está aí no pé de todos nós. Cabe a nós equilibrar nossas vidas da melhor maneira possível.

Viver de Saudade

terça-feira, 10 de julho de 2018

Carro em Portugal - Parte 1

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Comecei a escrever esse post e acabou ficando grande demais, então dividi em duas partes. A parte 2 sai na sexta (se conseguir editar a tempo). Hoje vou falar um pouco sobre os carros portugueses e na próxima parte o processo de compra do meu carrinho. Vamos lá...

Um dos meus sonhos é não ter carro, sério, mesmo sendo amante de carros, tendo conhecimento acima da média, admirando diversos modelos. Como já disse aqui no blog, carro à muito tempo deixou de ser algo que me atrai para ser somente aquilo que realmente é: uma ferramenta que te leva de A para B. Quando decidi mudar para a Europa, era praticamente certo que não precisaria comprar carro, afinal a imagem que temos é que a Europa inteira é bem servida de transporte público. Em partes...

Como vim parar no interior de Portugal o sonho de não ter carro não pôde ser realizado, o transporte público nas grandes cidades e entre cidades portuguesas é excelente porém aqui pro interior é praticamente inexistente. Aqui na minha região todo mundo tem carro e as ruas são preparadas para isso, há estacionamento a vontade, quase sempre grátis, até parece um pouco com o que acontece nos EUA. Engraçado que não há trânsito! Mais um ponto a favor da baixa concentração demográfica.

Então durante o planejamento para a mudança decidi provisionar uma grana para a compra de um carro, além disso aluguei um para o primeiro mês, peguei esse carro no aeroporto, um Fiat 500, paguei € 90,00 para 27 dias de aluguel por esse site.

Assim que cheguei e as caí dentro da casa, comecei a caça ao carro. Meu orçamento de € 3.000,00 me permitiria escolher um carro dentro de uma gama variadíssima, afinal aqui há carros para todos os gostos e bolsos. Sério, há muito mais opção que no Brasil, creio eu que mesmo sendo um país pequeno Portugal se beneficia por estar dentro da Europa e aproveitar a gama de opções dos outros países.

No momento que escrevia esse texto era possível comprar um Peugeot 96 por € 250
(ok, motor falhando, mas é um carro que anda) - clique na imagem para ampliar

Confesso que fiquei bem perdido e sem saber o que fazer, visitei "stands" (lojas de carros) e percebi que os velhinhos vendidos em lojas são quase sempre bem caros, coisa do dobro do preço praticado por particulares. Mesmo sendo caros a maioria não tem garantia, e se você deseja garantia deve pagar a parte, coisa de € 500,00 por 1 ano de garantia. Desanimei de loja e decidi arriscar e fazer aquilo que muitos podem achar loucura: procurar um carro de particular em anúncio de internet. Aqui em Portugal os principais sites de anúncios de carros são:


Comecei a fuçar todos os sites, filtrando pelos carros da minha região. Mesmo assim a escolha estava muito difícil devido à grande variedade de opções. Meu lado fan boy de carro ficava buzinando na orelha para comprar um carro "da hora", uma BMW ou Mercedes, mas ainda bem que a razão falou mais forte e fugi dessas buchas. Ok, você compra uma BMW por € 3.000,00 mas vamos ser francos, não será uma BOA BMW...

Combustíveis

Outro problema era o combustível. Ao contrário do Brasil, aqui há carros à diesel, sendo que pelo menos 60% são à diesel, calculo que 30% são à gasolina e os 10% restantes ficam com os à GPL (gás) e híbridos. Diesel sem dúvida é uma excelente opção porque custa mais barato que a gasolina e rende mais. Basicamente um carro que faz 17 Km/L de gasolina (€ 1,50/L) fará 25 Km/L se tiver um motor à diesel (€ 1,30/L), porém a manutenção do diesel é bem mais cara e eles possuem turbinas, filtros de partículas e outras complicações técnicas que podem ser sinônimos de dor de cabeça. Além disso um mesmo modelo à diesel custa até 3x mais caro que à gasolina, o que no frigir dos ovos pode sair mais caro dependendo do tipo de uso que você fará. 

Veja essa comparação, detalhe que o Corsa à diesel além de ser mais caro é também bem mais rodado (desculpe minha edição de imagens tosca feita no paint):



Carro à diesel tende à ser bem mais rodados que um similar à gasolina justamente pelo fato do combustível ser mais barato e render mais. 

Os carros à GPL (gás) também são bem populares e possuem uma vantagem em relação ao Brasil, como o step não é obrigatório, existem kits de gás cujo tanque vai no lugar do step, nesse caso você anda com um kit de reparo (spray com espuma vedante e um compressor que liga no acendedor de cigarros) e não perde espaço no porta-malas.

Interessante, não?
Há também outras diferenças entre o GNV brasileiro. O GPL é na verdade uma mistura de propano e butano, como o GLP (gás de cozinha) brasileiro, ao contrário do GNV que é metano (tá, eu sei, pura nerdice). O GNV é vendido no Brasil ao metro cúbico e tende a ter um rendimento por metro cúbico melhor que a gasolina por litro, por exemplo um carro que faz 17 Km/L de gasolina fará uns 20 Km/L de GNV. O GPL português é vendido por litro e tem rendimento inferior à gasolina, um carro que faz 17 Km/L de gasolina fará uns 14 Km/L de GPL. Entretanto o GPL custa menos da metade do preço da gasolina (hoje, € 0,60/L contra € 1,50 da gasolina ). Assim como nos EUA, aqui a maioria dos postos é self-service e inclusive o GPL é você que abastece usando uma válvula que somente agora está sendo padronizada para uso em toda Europa. Os bocais de abastecimento de GPL são sempre junto ao da gasolina, não havendo necessidade de abrir o capot do carro.

As desvantagens do GPL é pagar mais caro pela inspeção anual (não sei ao certo quanto mais caro), ser proibido de estacionar em alguns estacionamentos cobertos e ter que usar um "dístico", um adesivo que deve ser colado na traseira do carro

Que merda, heim?
Porém esse lance do dístico azul está mudando, os carros mais novos saem com um selo verde colado no para-brisa (esteticamente muito melhor) e a proibição do estacionamento coberto está sendo revista. Existem muitos carros zero vendidos com GPL, a Dacia (linha low cost da Renault: Sandero, Logan, Duster) e Opel (Chevrolet: Corsa, Astra, Zafira) oferecem quase toda a linha "bi-fuel" que é como chamam os GPL aqui.

Carros à GPL costuma custar nada ou pouco mais caros que seus semelhantes à gasolina porém as desvantagens estão na alta quilometragem e possíveis tormentos que um kit adaptado antigo pode causar. Esse foi o motivo de não optar por esse combustível num primeiro momento. Sou muito a favor desse combustível, tive carro GNV no Brasil e adorava, não tem nada das viadagens de perca absurda de potência e morte do motor como dizem...

A gasolina "simples" tem 95 octanas, para ter uma ideia, a octanagem da gasolina brasileira e americana é 87. Existe também gasolina 97 que é a mesma octanagem da podium brasileira, essa custa uns € 0,10 a mais. É possível encontrar gasóleo (diesel) e gasolinas aditivadas. O combustível mais barato costuma ser das "gasolineiras Jumbo", postos de combustível do mercado Jumbo, porém as outras redes como Repsol e Galp oferecem descontos de diversos tipos: fim de semana, associados à cartões de supermercado, etc. O bico de gasolina costuma ser sempre verde e o diesel preto, isso para não confundir as pessoas. A gasolina vendida em Portugal é uma das mais caras da Europa, abasteci na Espanha por € 0,15 a menos por litro, o cheiro da gasolina não é "gostoso" como no Brasil (completamente diferente) e é transparente, nada de gasolina amarelinha. A porcentagem de álcool é de no máximo 5%.

Na segunda parte, explico como foi a compra do meu carro, até lá...

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Trabalho em Portugal

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Hoje vou falar sobre um tema que muitos estão curiosos: como Bia e eu arrumamos trabalho e como é trabalhar em Portugal. Vou dividir em duas partes, trabalho da Bia e meu trabalho, mas antes vou dar uma pincelada nas minhas primeiras impressões sobre trabalho assim que chegamos no país.

Nos primeiros dias que chegamos à cidade andamos muito a pé para desbravar e nos localizar geograficamente, nessas andanças vimos muitos comércios precisando de funcionários, plaquinhas de "precisa-se de empregado de mesa" estavam em quase todos os restaurantes. Era a preparação para o verão, onde aumenta o movimento nesses estabelecimentos.

No Mc Donald's percebemos que o papel que vem na bandeja na verdade era uma ficha de cadastro para emprego e que haviam diversos banners com referência à trabalho espalhados pela loja. Em todos os mercados de rede haviam placas referentes aos processos seletivos, nos grupos de Facebook da cidade pipocavam propostas de emprego dos mais variados: garçom, ajudante de cozinha, entregadores diversos, vendedores de loja, etc.

Nós não estávamos esperando arrumar trabalho rápido, tanto que havíamos programado algumas viagens curtas antes de começar a trabalhar, então deixamos passar todas essas oportunidades porém isso nos alegrou, seria Portugal tão ruim de trabalho como pintam?

Trabalho da Bia

No terceiro dia em Portugal, fomos numa "loja de chinês" (lojão popular, tipo 1,99) e conhecemos uma brasileira que lá trabalha. Papo vai papo vem, a brasileira perguntou se a Bia já tinha algum emprego em vista porque lá na loja estavam contratando e se caso ela quisesse poderia conversar com a gerente naquele momento mesmo. Bia ficou meio sem ação porque jamais esperava tal proposta, disse que ainda tinha que resolver a documentação, agradeceu e disse que se necessário voltaria para uma entrevista.

O fato de vir para uma cidade pequena fez com que nossa documentação saísse rápido, cerca de 40 dias já estávamos com tudo na mão e então decidimos que seria a hora de começar a procurar algum trabalho, afinal não sabíamos quanto tempo iria demorar para achar.

Bia decidiu fazer um teste e enviou um in-box para uma das propostas do Facebook, era um restaurante, vaga de "empregado de mesa" (garçom). No dia seguinte foi fazer uma entrevista e no outro dia faria um teste, chegou até a comprar roupa para trabalhar. Acontece que nesse mesmo dia da entrevista ela estava passeando aqui perto de casa quando decidiu entrar numa empresa do ramo de trabalho dela no Brasil, somente para conhecer. Como Bia é muito conversadeira, comentou que fazia aquele trabalho no Brasil, que tinha tanto tempo de experiência, blá, blá, blá... Saiu de lá contratada. Salário bom, de segunda à sexta, vai à pé (ou de carona, depende da unidade onde trabalha no dia).

Trabalho do Corey

Quando chegamos no país alugamos um carro por 30 dias, a ideia era comprar o nosso dentro desse tempo. Comecei à ver carros em lojas e anúncios de internet (post sobre carros num futuro próximo, onde contarei detalhadamente como foi a compra do carro). Um desses carros que fui ver era do dono de uma oficina mecânica, papo vai, papo vem, ele me perguntou se estava trabalhando, disse que ainda não e então me ofereceu emprego de auxiliar geral lá na oficina. Palavras dele: "não é o melhor emprego mas é um dinheiro que entra até arrumar algo melhor". Educadamente agradeci, disse que ainda ficaria uns dias sem trabalhar.

Após ter a documentação em mãos decidi que iria fazer um teste e me candidatar para alguma vaga aleatória. Achei o anúncio de uma agência de empregos que recrutava para uma fábrica numa cidade vizinha, fui lá, fiz o cadastro, no dia seguinte me ligaram marcando uma entrevista, fiz a entrevista, fui aprovado, fiz testes físicos, fui aprovado, fiz exame médico, fui aprovado... estou esperando me chamarem para começar a trabalhar até hoje... Engraçado que a empresa continua recrutando para a mesma vaga... Será que rolou algum tipo de preconceito por ser brasileiro? Nunca saberei!

Nesse meio tempo que aguardava a empresa chamar decidi fazer outro teste e enviei alguns currículos para empresas relativas à minha área de formação, tive duas respostas, uma agradeceu por email o envio do CV e disse que o quadro estava completo, a outra me chamou para uma entrevista. O entrevistador queria entender melhor como estava a minha situação de documentos no país, expliquei que estava legalmente, tinha todos os papéis necessários porém não tinha validado meu diploma ainda. Ele disse-me que embora possível me contratar sem diploma, isso economicamente não seria viável para a empresa (com razão) e me orientou como fazer a validação, fez algumas ligações para conseguir informações concretas e até me ofereceu um estágio não remunerado. Agradeci muito a ajuda e saí. Foi uma experiência muito útil para entender melhor como funciona minha categoria aqui em Portugal.

Então, de volta à estaca zero, mandei alguns CVs para anúncios da OLX, entre eles para uma empresa do setor industrial que, por intermédio de uma agência, me chamou para uma entrevista. A entrevista foi bem simples, sem aquelas frescuras de "onde você se vê em 5 anos?", "quais qualidades você tem para oferecer a empresa?", viram meus documentos, e disseram que ligariam em 2 dias, se não ligassem era porque não tinha sido aprovado. Ligaram na sexta, segunda estava trabalhando.

Detalhes

Desde que fui contratado outras empresas me ligaram ou mandaram email querendo marcar entrevistas, percebo que aqui o processo de recrutamento é meio moroso e esse talvez seja o motivo que vários anúncios destacam "entrada imediata". Acho que as empresas no geral não possuem pressa para contratação e vão fazendo banco de CVs ou coisa assim, acho que por isso demoram para entrar em contato.

Uma vez dentro da empresa percebo que eles cagam e andam para o fato de eu ser brasileiro. Obviamente eles percebem assim que começamos à falar mas em 99% dos casos eles continuam falando naturalmente. Um ou outro depois acaba perguntando quanto tempo estou em Portugal, o porquê de ter vindo, de qual "zona" do Brasil sou, etc. Mesmo aqui no interior o português médio está acostumado com imigrantes, esse negócio de tratar estrangeiro diferente é coisa de brasileiro.

Não notei preconceito algum pelo fato de ser brasileiro. O que acontece é que pelo fato de ser introvertido e a língua ser uma barreira (sim, isso acontece, como disse é bem difícil entender o português falando em ritmo normal, num ambiente com barulho) sinto mais dificuldade de socialização, porém imagino que dentro da mesma situação no Brasil, aconteceria a mesma coisa ou talvez até pior. Meu trabalho é bem diferente do que já fiz no Brasil, o tipo de pessoa que lá trabalha também é diferente do que estou acostumado à conviver, enfim...

Por outro lado, Bia que é extrovertida, já fez amizade com todos no trabalho. Outro dia saímos com colegas dela e foi bem divertido. O perfil de pessoas que trabalham com ela tem mais a ver com o que estamos acostumados, logo a interação é mais fácil.

Vale lembrar que nem Bia nem eu temos colegas de trabalho brasileiros, são todos portugueses.

Meu trabalho é por "dedo picado", ou seja, bato ponto certinho e tudo que passar da hora é pago certinho como extra. Por outro lado Bia fica um pouco à mercê das necessidades da empresa, muitas vezes fazendo mais horas que o combinado. Exploração? Penso que não, isso é inerente do ramo de atuação dela, por outro lado há parte da renda que é variável o que ajuda a compensar. Ainda não sabemos como serão os benefícios e os 13º e 14º salários, quando chegar lá contarei como funciona.

No meu caso as férias são picadas no decorrer do ano, então aquele lance de 30 dias corridos de férias que existe no Brasil aqui não funciona. A empresa tem um calendário de férias e coisas tipo emenda de feriado (que aqui tem muitos) conta como férias. Por outro lado ao fazer hora extra ganho também horas no banco de horas que posso negociar da maneira que for melhor, podendo muitas vezes juntar essas horas com dias de férias. Bia ainda não sabe como serão as férias dela.

Bem, basicamente é isso que tenho pra falar, se tiverem dúvidas postem nos comentários.

domingo, 1 de julho de 2018

Receitas e Despesas Junho/2018

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

A partir desse mês voltarei com as postagens de acompanhamento de receitas, despesas e investimentos. A de receitas e despesas sairão todo começo de mês e a de investimentos após o dia 16, que é quando faço o remanejo dos aluguéis dos FIIs. Sem muita enrolação, vamos lá:






























Junho foi um mês atípico, tive despesas altas que não devem (espero que não) se repetir nos próximos meses, destaque para a bolada de quase € 400 que gastei no dentista. Infelizmente a genética não me favoreceu (tampouco os quilos de antibióticos que tomei na infância) e meus dentes são zoados, é praticamente impossível passar mais de 6 meses sem algum tipo de intervenção, pra completar precisei de uma coroa, o que encareceu bastante. Vou fazer um post a respeito de dentistas em Portugal. Houve também uma despesa com manutenção regular do carro, compra de alguns artigos para o pet e despesas com a carta de condução da Bia (despesas essas que estão na categoria "outros"). Além disso tive uma paulada de gás para pagar, já que acumulou tudo desde que cheguei aqui e somente agora fui ter acesso à conta para pagar, paciência... O lazer também foi puxado porque fizemos alguns passeios e compramos ingressos para um show que iremos mês que vem, as despesas de lazer não devem diminuir, afinal é algo que queremos focar.

Esse foi o primeiro mês que Bia e eu recebemos nossos salários integrais, porém para julho devo receber um pouco mais referente à algumas horas extras que realizei. Devido às despesas altas não foi possível atingir o break-even, mas paciência...

Esse mês mandei € 1.500,00 do Brasil seguindo a estratégia de formar um bom colchão em Euros e estimular a formação de crédito, esse valor deve permanecer igual nos próximos 3 meses depois irei diminuir para € 1.000,00. É muito difícil tirar dinheiro do Brasil onde posso reinvestir e aumentar o bolo e mandar pra cá onde ficará parado na conta corrente ou rendendo 0,00000000000001% na poupança, ainda não sei como trabalhar isso... Aliás nem sei ao certo o que fazer com esse dinheiro que encontra-se parado na conta, provavelmente vou abrir outra conta e colocar esse excedente lá até decidir o que fazer. Ia colocar na poupança mas pra render nada e ainda por cima imobilizar esse dinheiro por meses acaba sendo preferível deixar numa conta corrente mesmo.

No geral estou tranquilo em relação à receitas e despesas.