sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Idealismo Assustador

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Minha última postagem, sobre minha opinião a respeito da instabilidade econômica brasileira, gerou comentários bem interessantes mas também assustadores. Veja:
O termo certo é bloqueio e não confisco. Eu era moleque e tinha uma poupança pequena que não foi bloqueada. Mas minha mãe tinha uma poupança maior (. 1000 e poucos dólares na época) e foi bloqueada. Ela pode retirar 50.000 cruzeiros e o resto foi devolvida a partir de 18 meses depois corrigido.
Sem querer ser do contra, eu acho que a palavra confisco é utilizada de forma equivocada (não por vc, mas em geral, até pelo Collor), uma vez que o dinheiro foi devolvido. Eu recebi tudo de volta corrigido pelo índice da época, que não me lembro qual, mas acho que seguia a inflação.
Fiquei bem assustado com isso. Veja, o comentarista quis justificar o bloqueio/confisco da poupança alegando que o termo certo é bloqueio porque após 18 meses o dinheiro foi desbloqueado e devolvido com correção. Faço uma pergunta: eu sou muito cabeça dura em achar que nada, absolutamente nada, justifica um governo "bloquear" o dinheiro da população? Não acho possível que uma pessoa consiga justificar esse tipo de coisa. Isso parece papo de petista repetindo "Ah, mas na era FHC também tinha corrupção...". Por favor, o idealismo deixa as pessoas cegas! O dinheiro foi devolvido? Sim, até foi, mas FODA-SE, o governo não tem o direito de pôr a mão no dinheiro alheio!!!! As pessoas deixam dinheiro na poupança pelos mais diversos motivos, entre eles compra comida. Ah, Corey, daqui 18 meses o cara pega o dinheiro de volta corrigido e compra um saco de feijão... 
RF é para gente mais velha que já tem patrimônio e quer preservar o capital. 
O jovem tem é que se preocupar em crescer o capital então ações seriam a escolha certa.
Sério? Existe uma lei do homem ou de Deus que diz: "100% dos indivíduos jovens, ou seja, de 0 a 25 anos, devem manter seus investimentos expostos a renda variável"? Existe isso? É difícil entender que as pessoas possuem objetivos diferentes, tolerância de risco diferente, rendas diferentes? Isso parece aquelas pessoas que pulam na piscina gelada e ficam dizendo para as outras: venham, a água tá uma delícia! Tem cara de gente que está arrependido, não dá o braço a torcer pra si mesmo e ainda quer arrastar mais gente pro mesmo buraco para se sentir melhor...
Quem comprou ações da Petro em 1990 e mudou várias vezes as moedas continuou com o mesmo número de ações.
Desculpe, mas esse tipo de ideia não entra na minha cabeça. Em 1990 você comprou 100 ações da Petrobrás e 100 toca fita de gaveta, não vendeu nada, hoje você tem 100 ações da Petrobrás e 100 toca fita de gaveta. Tá, e daí? E daí que isso não quer dizer que foi um bom investimento. No meu ponto de vista investimento é algo que você se priva hoje pra ter um retorno maior amanhã. Não faz sentido colecionar ações e toca fita de gaveta, se for pra fazer coleção, ou seja, comprar algo com valor duvidoso que seja de algo que você goste e tenha como hobby, não ações. Isso não é riqueza! "Ah, mas um dia as ações vão subir..." Brother, a não ser que você invista para deixar de herança não faz sentido colocar dinheiro em algo que vai demorar décadas pra render alguma coisa (se é que vai render). Por isso a ideia de não ter fluxo de caixa num investimento não entra na minha cabeça... Aliás pra mim só existem 2 tipos de investimento: os que geram fluxo de caixa constante e o que protege patrimônio.

Fico assustado com esses comentários, de como as pessoas acham maneiras malucas de justificar suas atitudes e escolhas. Lidando com pessoas no dia-a-dia  tenho a impressão que a cada dia que passa as pessoas estão "terceirizando" a culpa por seus erros ao mesmo tempo que encontram desculpas rebuscadas onde elas mesmas possam se apoiar para não assumir as escolhas erradas. É o idealismo em cima das suas próprias decisões. Confesso que as vezes me pego fazendo o mesmo mas tento na medida do possível me controlar, acho que o simples fato de reconhecer que isso acontece já me ajuda a não fazer o mesmo. Assumir os próprios erros e decisões hoje em dia é uma virtude. Na minha opinião isso deveria ser natural de todos.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Os Trintões e a Instabilidade Econômica

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Acredito que a maioria das pessoas que me acompanham tenham entre 20 e 50 anos. Isso traz uma situação muito interessante quando o assunto é economia.

Por um lado a galera de 30 a 50 anos conviveu diariamente na sua infância e adolescência com umas coisas bem bizarras que aconteceram no Brasil: a hiperinflação e o confisco das poupanças. Me incluo nesse grupo, lembro quando moleque comprar balas na cantina da escola com moedas de 5000 cruzeiros, lembro-me anos antes disso usar cédulas de dinheiro com carimbos que cortavam o valor dos zeros, mas mesmo assim cédulas de 10000 cruzados que viravam 10 cruzados novos continuavam sem valer porra nenhuma. A gente tinha um freezer vertical em casa, eletrodoméstico muito comum nas casas dos brasileiros nos anos 80/90, era de extrema importância estocar carne já que os preços disparavam todos os dias sem contar que nem sempre se achava carne nos açougues. Lembro-me do meu pai colocar galões plásticos no chiqueirinho do Fusca e sair pra abastecer tarde da noite quando o Jornal Nacional anunciava aumento da gasolina no dia seguinte. Em 94, pouco antes do lançamento do Real todos carregávamos calculadoras portáteis pra calcular o preço das coisas que eram cotados na bizarra URV cuja "cotação" variava diariamente. Negócios maiores? Você vendia um carro e recebia em dólar, moeda essa que era mais importante que o cruzado/cruzado novo/cruzeiro/cruzeiro real.

Collor confiscou as poupanças, meu pai se fodeu muito mas por muito pouco não se fodeu mais. Estava pra fechar um negócio grande, o comprador perdeu toda a grana que estava na poupança, pelo menos meu pai ficou com o bem. Do dia pra noite famílias ficaram na completa bosta, sem grana pra nada. Lembro-me do suicídio de um conhecido nosso, ele tinha acabado de vender sua empresa, uma rede de lojas, e tinha colocado toda a grana na poupança até achar onde investir, acabou se mantando ao ver uma vida inteira de trabalho sendo roubado pelo governo. A economia parou, meu pai que sempre viveu de negociações ficou parado uns 2 anos, foi uma época extremamente tensa, anos depois o velho recuperou uma merreca através de um advogado.

Por outro lado temos o pessoal de 20, 25 anos que já nasceu com o Real, com a economia estabilizada e em crescimento. Esse pessoal aprendeu que é possível se programar, ter um planejamento a logo prazo, jamais conviveu com essas coisas sinistras da nossa economia, essas pessoas não se preocupam em ter dinheiro na poupança, os investidores dessa idade conhecem a quebra da bolsa do Rio mas pensam nela como algo remoto, que aconteceu a trocentos anos atrás. Os que não em educação financeira tomam empréstimos numa boa, afinal conseguem pagar com um mínimo de controle financeiro, juntando dinheiro ou emprestando dinheiro todo mundo consegue ter um desenvolvimento de patrimônio...

É nesse ponto que quero chegar: nós, trintões temos em geral um certo receio que essas bizarrices econômicas possam voltar ao Brasil e destruir nosso planejamento financeiro, pelo menos esse é o medo que percebo entre meus amigos e conhecidos da mesma idade. Nas rodas nos bares o assunto hiperinflação e histórias como essas que contei no começo do post estão pipocando aqui e ali. Parece que as pessoas estão lembrando mais desses "causos" dos anos 80/90. Seria coincidência ou o rumo que nossa economia está tomando nos faz lembrar disso?

Um amigo corretor de imóveis disse que nesse começo de ano ele já percebeu um agitamento incomum no mercado. Pessoas estão comprando imóveis (ou ao menos procurando negócios) somente pra tirar dinheiro do banco. Disse que fechou uma venda semana passada de 3 imóveis novos encalhados para uma única pessoa. Pagou em cash. Por quê? "Não quero deixar o dinheiro no banco..." Diz o corretor. Outro amigo que tem loja de carro disse que a procura por carros de luxo desvalorizados também está alta. Tem gente preferindo trocar o Corolla por Série 3 com medo de deixar a grana na poupança. Casos isolados? Não sei, pode ser que sim mas pode ser que não.

Particularmente estou com os dois pés atrás. Vou repetir o que já disse anteriormente para que fique bem claro: não sou especialista em economia nem investimentos, comecei o blog com essa vontade mas acabei percebendo que não é pra mim. Temos na blogosfera trocentos blogueiros mais gabaritados pra tratar do assunto economia/investimento mas mesmo assim acho que uma opinião empírica e desprovida de fundamento pode ser útil, por isso me sinto no direito de falar aqui. No momento atual não me sinto seguro pra fazer qualquer tipo de investimento "virtual" (leia dinheiro em banco/corretora). Hoje o que tenho é um pouco de grana na poupança e um bom tanto de FIIs, só. Não tenho coragem de jogar mais grana no mercado financeiro, acho que hoje o melhor é investir em coisas físicas (negócios, imóveis, negócios, negócios, imóveis, negócios e imóveis), ou mandar dinheiro pra países economicamente mais estáveis (mas aí entra o lance da tributação que ainda não descobri como fica). REPITO: ISSO É MINHA OPINIÃO, NÃO É A VERDADE. Meu perfil é averso a risco, logo a bolsa está completamente fora de questão ainda mais com o pouco conhecimento que tenho aliado com a forte instabilidade atual.

Não quero dizer que por ser mais velho, por ter vivido essa fase hard core que estou correto, que sou o dono da verdade espertão e que quem aposta na bolsa é um burro temerário. Nada disso, estou apenas expondo minha opinião e o que tenho percebido ao meu redor. O que você deve fazer? Mermão, isso é contigo, acho que mais importante que a resposta A ou B é achar aquilo onde você se sinta confortável.

O futuro dirá se estou sendo conservador demais ou certo. Espero do fundo do coração que o futuro prove que estou exagerando e que "perdi" dinheiro por ser conservador. Amém!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Empreendendo de Maneira Prática e Objetiva

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Recebe muitos comentários e email com coisas do tipo: "Corey, qual a melhor área pra empreender?", "Corey, como faço pra formalizar uma sociedade assim ou assado?", "Corey, você acha que o aluguel de esquis e trajes para neve é um bom negócio pra se montar em Manaus?", "Corey, meu sonho é revolucionar o mercado de presunto pois criei o porco quadrado cujo aproveitamento dos cortes é 100%..." E por aí vai... Então decidi escrever um post sobre o como acho que as pessoas devem encarar o empreendedorismo.

Primeira coisa que quero deixar bem claro. Se você quer empreender porque tem um produto revolucionário (o porco quadrado) ou tem o sonho de "fazer um mundo melhor" pare a leitura por aqui. Esse post não é pra você e sim para aqueles que enxergam o empreendedorismo como uma maneira de ganhar dinheiro e flexibilidade, doravante chamado "empreendedor prático".

Grandes chances do Valdinho e da Patrícia terem lucros muito
 maiores com o mercadinho de vila do que você fazendo trade
O empreendedor prático não quer revolucionar porra nenhuma, ele quer ter uma empresa que lhe proporcione renda e certa flexibilidade de tempo, ponto final. O empreendedor prático sabe que não ficará rico, que sua empresa não vai quintuplicar de preço em 2 dias, que não vai rolar um IPO de sua empresa, sabe que terá um monte de bucha pra resolver, sabe que terá que entrar em certos "esquemas" caso contrário irá morrer, sabe que será roubado por funcionários, sabe que será explorado pelo governo, etc. Ou seja, o empreendedor prático não é burro e é extremamente objetivo.


Segunda coisa, ao pensar em empreender você tem basicamente duas alternativas:

1- Ter uma empresa que gere fluxo de caixa, o que seria equivalente a ter ações que pagam dividendos. Se você decidir por essa alternativa tenha em mente que o mais importante é a estabilidade do negócio. Esqueça completamente "mercados de nicho" e foque em negócios tradicionais que sempre deram dinheiro e continuarão dando, quanto menos influenciado por crise seu ramo for, melhor. Aqui entram mercado, açougues, farmácias, lanchonetes, oficinas mecânicas... Essas empresas normalmente são discretas mas capazes de gerar um fluxo de caixa muito interessante quando bem geridas. Lembre-se que a grande maioria dos pequenos comércios é gerido como a maioria das pessoas gerem suas finanças pessoais: de maneira porca e descontrolada, logo se você tiver um mínimo de organização e educação financeira já estará passos a frente da concorrência. Organização interna as vezes vale mais que uma fachada bonita, um estoque transbordante... Seu maior diferencial será o sorriso e educação com os clientes, coisa que anda em falta por aí.

2- Ter uma empresa que te gere ganho de capital. É o trade com empresas. Nesse caso você compra um negócio derrubado, injeta uma grana, organiza os paranauê todos, duplica, triplica ou quadruplica o faturamento e vende com um lucro fudido no final. Nesse caso o foco não é gerar fluxo de caixa, aliás eu aconselho que o empresário nem tenha retirada durante o período que estiver com a loja, o negócio é reinvestir tudo, fazer a loja bombar, inflar e depois vender. Isso porque no mundo dos comércios o que conta na precificação é o faturamento, os outros fatores são irrelevantes (errado? Acho que sim, mas é assim que funciona, não adianta nadar contra a maré). É assim que um investimento de 5 dígitos pode se transformar num retorno de 6 dígitos em um curto período de tempo. É isso que estou fazendo com as lojas 2 e 3. Aqui você pode arriscar mais um pouco, tentar alternativas de ramos mais complicados e direcionados mas mesmo assim acho que sempre será mais fácil vender um negócio tradicional. O que é mais fácil vender? Um Gol bola 99 ou um Eclipse 97? Entendeu? Sua empresa deve crescer rapidamente e ao mesmo tempo ser vendável.

Na minha opinião a alternativa 1 é muitíssimo interessante porém inviável nos dias de hoje. Interessante porque após a fase de implantação e adequação, essas empresas conseguem ser tocadas de maneira simples, sem muita dor de cabeça o que pode se traduzir em bons retornos financeiros com certa flexibilidade de tempo, você pode abrir mão de parte de sua renda e ter mais funcionários, o que te possibilita ter mais folgas e trabalhar menos. A concorrência nesse tipo de empresa é quase sempre madura, você sabe o que cada concorrente faz e fará, portanto não há muita surpresa. Digo que é inviável devido a instabilidade tributária e legal que nosso querido governo nos proporciona. Veja o que aconteceu nos e-commerce a pouco tempo:


Aí você pode falar: "Corey, você acabou de dizer que prefere as empresas tradicionais, sem esse lance de nicho. Essa empresa do cara do vídeo é um e-commerce de cervejas artesanais, ou seja, o completo oposto do que você propõe..." Sim, mas perceba que o problema do guerreiro do vídeo não foi o nicho que ele escolheu, não tem nada de errado em vender aquilo que se tem consumidores, o problema dele é que o governo simplesmente destruiu seu business do dia pra noite. O problema foi o governo, não o negócio. Uma observação sobre o vídeo: Nosso amigo errou numa coisa: tentar fazer as coisas certas da primeira vez, isso infelizmente não pode ser feito no Brasil. A formalização e adequação tributária devem ser feitas "on demand", caso contrário o risco de você quebrar a cara com as buRRocracias é enorme. Isso foi uma das coisas que aprendi sendo empreendedor: no Brasil, brother, você tem que dançar conforme a música.

Nosso governo tenta tirar proveito de tudo e de todos, os empreendedores por "gerarem riqueza" são alvo fácil. Cada vez mais os setores são regulados o que deixa menos brecha pra escapar das garras governamentais, cada vez mais essas regulações inviabilizam modelos de negócios. No curto prazo sua loja pode estar indo bem, se esquivando dos tiros do governo, mas... até quando? Essa é a razão pela qual acho inviável ser empreendedor vitalício no Brasil.

A alternativa 2 é justamente o que faço, o risco é alto, não dá pra fazer sem experiência, mas pode ser muito rentável, aliás duvido que exista algo mais rentável pra fazer. Veja o exemplo de um amigo: ele comprou uma loja com faturamento de R$ 15 mil por R$ 45 mil a vista. Injetou mais R$ 45 mil. Um ano depois o faturamento era de R$ 45 mil, ele vendeu por R$ 270 mil a prazo. Faça as contas... recomendo pra você fechar essa aba e procurar negócios no OLX? Não, de maneira alguma. Pra fazer esse tipo de negócio é preciso experiência o que só se ganha na prática do dia-a-dia. Quer entrar para o ramo de açougues? Arrume um emprego num açougue, trabalhe 1 ou 2 anos, aí sim invista seu dinheiro nisso. O mesmo vale pra todos os ramos. Esqueça Sebrae, esqueça YouTube, esqueça teoria, o que você precisa é prática. Conhecimento empírico é absolutamente indispensável para esse tipo de negócio. 

Falando em experiência a alternativa 1 é algo que até é possível fazer com pouca ou mesmo nenhuma experiência, desde que você tenha alguém pra se escorar: um funcionário ou mesmo um sócio (lembrando que EU não recomendo sócio algum pra pessoa alguma). Você vai aprendendo aos poucos, sem pressa... Você não tem prazo de finalização do negócio pra cumprir, você não precisa estimular o faturamento ao máximo, você pode se preocupar mais com outras variáveis como formar uma marca, por exemplo. Perceba que se você optar pela alternativa 1 e não tiver experiência a melhor coisa será comprar uma empresa do cara que optou pela alternativa 2, você pagará caro mas terá uma empresa consolidada e com bom faturamento nas mãos, com um faturamento razoável e estável sobra mais tempo pra você aprender os detalhes da operação. Se ligou?

É isso que eu queria falar hoje, se surgirem perguntas coloquem nos comentários.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O Absurdo do Controle Estatal

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

A notícia da semana aqui em São Paulo é:
"A partir da próxima semana, todos os taxistas de São Paulo serão obrigados a vestir roupa social para trabalhar, o que inclui calça e blusa de botão, sapatos lustrados e blazer; para as mulheres, tailleur."
http://jovempan.uol.com.br/noticias/brasil/sao-paulo/sob-pena-de-multa-taxistas-de-sp-terao-que-usar-roupa-social.html

Eu sinceramente não sei o que se passa na cabeça da prefeitura de São Paulo para tomar uma iniciativa dessa. Sério, por que caralhos se preocupar com a cor da cueca do taxista? Não seria mais interessante dar um jeito de ao menos diminuir a roubalheira dessa classe profissional que é conhecida pela extrema picaretagem? Taxista é sinônimo de filho da puta, entrar num taxi em qualquer lugar do mundo é pedir pra ser extorquido, em São Paulo não é diferente... Com tanta coisa pra se preocupar a porra do governo vai se importar com a roupa que o taxista vai usar? What a hell!

Além disso agora os taxistas não podem mais falar palavrão nem puxar papo com o passageiro (pensando bem essa última até que é boa...). Não podem usar perfume forte, devem ter maquininha de cartão e ar condicionado. Só digo uma coisa: Viva o Uber!

Esse tipo de controle estatal me provoca ânsia de vômito, é uma coisa nojenta. Me da azia de saber que os vereadores perdem tempo votando esse tipo de coisa, sinceramente por que não somente roubar, extorquir e votar coisas a benefício próprio? Chega, está de bom tamanho, não precisa tentar mostrar serviço decidindo a roupa que o taxista vai usar ou mudando nome de ruas. Caralho vereadores, nós já compactuamos com sua roubalheira, não precisa nos humilhar dessa maneira....

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Otimismo?

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Sou eu que ando meio apaixonado pela vida ou as pessoas realmente estão mais otimistas em relação a 2016?

Não sei explicar, mas estou notando uma onda de otimismo, não sei se é porque uma das minhas resoluções de ano foi ser mais otimista, levar a vida olhando mais para as coisas boas que para os problemas. Até então eu sempre fui pessimista, usava isso como escudo contra as intempéries da vida. Na minha cabeça quando você espera 10 e ganha 100 fica mais feliz que quando espera 1000 e ganha 100. Sempre vi o copo meio vazio, não meio cheio, me orgulhava desse ponto de vista, defendia isso como a melhor filosofia de vida. Isso durou até setembro passado quando tive o piripaque e fui parar no hospital, Bia me chamou na chincha e minha ficha caiu que eu tenho uma vida maravilhosa, muito melhor que a maioria das pessoas que conheço. Tenho um casamento fantástico, tenho mais patrimônio que qualquer pessoa da minha idade que conheço, tenho um estilo de vida que me faz feliz... Claro que tem muita coisa na minha vida que eu gostaria de melhorar, mas eu estava chegando naquele ponto quando o cara deixa de comer uma gostosa porque ela tem celulite... Só enxergava os pontos que devem ser melhorados e estava deixando pra trás tudo aquilo de bom que conquistei, dei um reset na mente, parei de reclamar e estou dia-a-dia trabalhando minha cabeça pra ser mais otimista. Sei que nesse pouco tempo muita coisa tem dado certo...

Então, voltando ao assunto do começo do post eu tenho notado que as pessoas estão mais otimistas pra 2016 do que estavam para 2015, aliás noto uma mudança da água pro vinho. Em janeiro de 2015 percebia que as pessoas a minha volta, principalmente funcionários e clientes, estavam desconfiados com o que o ano prometia. Hoje está diferente, as pessoas acreditam que 2016 será no geral melhor que 2015. É óbvio que isso é uma análise totalmente empírica e que não sou burro o suficiente pra me enganar e achar que as coisas no Brasil vão bem, obrigado. Isso é somente um ponto de vista que pode estar recebendo forte influência da minha abordagem otimista, porém alguns fatos podem comprovar isso como por exemplo o fato de eu ter tido uma melhora substancial no faturamento e rentabilidade das lojas, dezembro foi 25% melhor que em 2014, janeiro está indo para um crescimento de 40%. Perceba que não houve investimento ou mudança de estratégia substancial que pudesse influenciar isso de maneira positiva, muito pelo contrário, eu estou na operação sangue-suga, desencanei um pouco de tudo, tenho falta de produtos, meus funcionários não estão tão motivados porque andei cortando benefícios, etc. Na verdade eu estava esperando uma queda de faturamento!

Olhando além do meu próprio umbigo vejo colegas relatando a mesmo melhora no faturamento (não digo em percentual e sim na melhora propriamente dita), amigos que estavam com imóveis para locação vagos conseguiram alugar, etc. Acredito que tudo faz parte da adaptação natural: uma vez que a bosta acontece você se choca num primeiro momento mas é obrigado a se adaptar e tocar a vida independente do problema que surgir.

Espero que essa onda de otimismo que venho notando seja realmente verdade e que continue. Somente assim podemos ter alguma melhoria no curto prazo. Claro que não devemos fechar os olhos para a putaria toda que está acontecendo na política/economia mas como já repeti um milhão de vezes aqui, temos que tocar nossas vidas independente das decisões governamentais. Viver no brasil é jogar no modo hard e temos que nos tornar especialistas nesse jogo, caso contrário só nos resta o buraco. Minha estratégia de otimismo tem dado resultados, ao menos na saúde mental, estou muito mais relaxado, toquei o foda-se em um monte de coisa, estou dançando conforme a música. Aconselho que você faça o mesmo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

É o Fim do Sonho Americano?

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Como todos sabem um dos meus objetivos de vida é sair do Brasil, sendo que o país que mais me agrada por diversos motivos é os Estados Unidos. Ok, você pode usar mil argumentos, muitos deles extremamente relevantes mas o fato é que os EUA são um país foda pra morar: liberdade econômica, segurança pública, dinheiro que gira rápido, relativa estabilidade para o imigrante mesmo que ilegal, etc. Nenhum país me atrai tanto e encaixa com meu estilo de vida como os EUA.

Quando comecei as pesquisas sobre imigração o plano que me parecia mais viável era emigrar através do visto L1 que permite o estabelecimento de um executivo de empresa brasileira nos EUA levando ao Green Card após 2 anos. Esse plano se mostrou totalmente inviável devido a forte instabilidade que seria manter uma empresa no Brasil enquanto estivesse nos EUA. Manter empresa no Brasil já é uma atividade de extremo risco mesmo com o empresário em cima, imaginem com o proprietário a 10.000 milhas de distância... Simplesmente não dá!

Esquecendo o L1 o plano B seria ir para estudar, validar meu diploma, arrumar um emprego, um sponsor e finalmente conseguir a residência. Nesse caso os EUA perderiam feio para o Canadá. Ok, não conheço as terras nevadas do norte mas com certeza não seria nenhum sacrifício trocar os EUA pelo Canadá, sendo que nesse caso as vantagens seriam várias: dólar canadense tem valor inferior ao americano, o canadense parece ser mais aberto a imigrantes qualificados, minha esposa e eu poderíamos trabalhar legalmente durante o curso, etc. Por que esse plano perdeu brilho na minha mente? É algo sem muita segurança, não há garantia alguma que daria certo devido a diversos motivos como: não sei se meu inglês conseguiria chegar ao nível acadêmico, não sei se eu aguentaria o tranco de estudar tudo de novo ainda mais em outro idioma. Não vou ser hipócrita: já tenho mais de 30 anos, tudo fica mais difícil. Eu correria o risco de ter um grande fracasso não só pessoal quanto e principalmente financeiro. Ideia descartada.

Mesmo tendo meus planos A e B descartados não fiquei triste, claro que fazer um monte de planos e vê-lo afundar não é legal mas se tem uma coisa que aprendi na vida é que nossos planos sairão diferentes do que imaginamos em 99,99% das vezes. Não esquento mais a cabeça com isso, não faço mais planos detalhados. Minha estratégia agora é colocar a vida num rumo e deixar rolar, se eu vejo que aquele caminho está errado, faço uma curva e vou em outra direção. E assim vou indo, por tentativa e erro. Outra coisa que tento sempre fazer é tocar o plano mais simples. Menos é mais, sempre!

No começo desse ano veio o golpe de misericórdia dos planos emigratórios de muita gente: a volta da taxação do envio de dinheiro ao exterior. Pouco se comentou sobre isso, confesso que não entendi ao certo do que se trata. SINTA-SE LIVRE PRA ME CORRIGIR SE ESTIVER ERRADO. Brother, agora pra mandar grana pra fora você pagará 25% de IR, sem contar com a cotação altíssima do dólar. Vamos fazer uma conta de padeiro?

Você tem R$ 1.000,00 para mandar aos EUA
Menos 25% de IR agora você tem R$ 750,00
A cotação do dólar fechado em 11/1/16: USD 1 = R$ 4,05
(considerando que você conseguiria fazer a remessa exatamente pelo dólar comercial e sem pagar nenhuma taxa)
Seus R$ 1.000,00 se transformaram em USD 185,00 ou seja, você está pagando na verdade R$ 5,40 por dólar NA MELHOR DAS HIPÓTESES

Acho que não preciso explicar muita coisa pra demonstrar que isso é totalmente inviável, ou melhor, no meu modo de pensar é inviável. Eu precisaria ter muita, mais muita grana sobrando pra tocar um plano de emigração (ou imigração, nunca sei saporra!). Veja que para ter USD 100.000,00 é preciso ter quase R$ 600.000,00, sendo que 100k de verdinhas não quer dizer muita coisa... Qualquer faculdade nos EUA custará isso, abrir um boteco custará mais que isso. Sinceramente não vejo viabilidade financeira nesse plano.

Beleza que há maneiras "não ortodoxas" de mandar dinheiro pra fora e fugir da tributação. Pode ser ilegal, mas não é imoral. Você pode, por exemplo, trocar reais por dólares com moradores dos EUA que enviam dinheiro ao Brasil. Ele deposita dólar na sua conta americana e você deposita reais na conta brasileira dele. Se você é morador de Governador Valadares já deve fazer isso a um bom tempo, rsrs! Mas isso esbarra na legalidade do dinheiro, você não conseguirá provar a origem do dinheiro lá fora e possivelmente terá problemas aqui também. Dependendo da quantia fica mais barato pegar um avião e levar em cash... Maneiras existem mas vamos ser francos, é tudo gambiarra.

Aí você me pergunta: "Corey, seu sonho americano acabou?" Eu respondo que depende. Novamente digo que não fiquei triste nem revoltado com essa notícia, não espero flores do governo, jamais vou esperar... Aliás fui Poliana e agradeci aos céus por não estar no meio de um plano, precisando mandar grana pra lá de qualquer jeito, etc. Não comecei nada ainda, portanto tudo fica mais fácil, aliás, tudo pode ficar ainda mais fácil depois dessa notícia. Há outras maneiras de morar nos EUA: com visto de turista dá pra ficar até 1 ano (prorrogando), visto de estudante de inglês pode ser renovado várias vezes, tem gente que fica mais de 5, 6 anos com visto de estudante. E por aí vai....

O fato é que o sonho americano engomadinho realmente pode ter acabado. Cada dia que passa a imigração baseada em investimento se torna mais cara e inviável, perceba que esse tipo de estratégia mais que dobrou de preço nos últimos 12 meses. É burrice um cara normal, não rico, sem habilidades especiais com eu ficar dando murro em ponta de faca e querer contornar os obstáculos. Nem todos obstáculos que aparecem na vida devem ser contornados, as vezes é melhor dar marcha ré e arrumar um caminho novo. Esses discursos de "siga seu sonho" nem sempre funciona na prática. Eu prefiro dizer: "adapte seu sonho". Sonhar é bom, colocar sonhos em práticas é melhor ainda mas não se deve fechar os olhos para a viabilidade deles, é mais fácil adaptar e picar o pau!


sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Sobre Caridade Parte 2

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Meu último post, sobre Caridade, teve um retorno muito interessante. Eu jamais imaginei que essa postagem fosse causar alguma polêmica mas chegou bem perto disso.

Comentários do tipo "já pago meus impostos, não faço caridade" ou "já pago demais pro governo, você quer que eu doe mais?" abundaram os comentários. Concordo que já pagamos demais e temos retorno zero, concordo que o governo já faz "caridade" demais com as bolsas que incentivam o vitimismo e vagabundagem. Concordo com tudo isso mas não fecho meus olhos perante aquilo que vejo todos os dias, não endureço meu coração a esse ponto.

Como disse no outro post, não acho quem faz caridade melhor que ninguém, discordo do alarde que algumas pessoas fazem quando doam algo, acho patético essa busca por publicidade... Porém a ideia do texto era despertar nas pessoas o sentimento de reciprocidade: você faz bem , você se sente bem e você recebe o bem. Novamente digo: isso pode soar meio espiritual, religioso, romântico... O fato é que sinto isso no meu dia-a-dia. Fazer o bem ou ao menos não atrapalhar ajuda absurdamente a ter uma vida próspera, tranquila e com paz. Farei um post sobre como essa filosofia tem ajudado minha vida, mas por enquanto deixo essa incrível história sobre caridade para "provar" que essa minha ideia não é tão estapafúrdia quanto parece:


Uma garçonete pagou a conta de dois bombeiros de Nova Jersey (EUA) que trabalharam durante toda a noite. Foi um ato de bondade, mas o que Tim Young e Paul Hullings fizeram para devolver o favor foi ainda mais notável.
Quando Liz Woodward, 24, se aproximou da mesa deles no 130 Diner na cidade de Delran, na última quinta-feira (6) de manhã em torno das 05h30, Hullings pediu-lhe para trazer-lhe a maior xícara de café que tinham, e mencionou que ele tinha ficado acordado a noite toda tentando um incêndio que consumia uma armazém.
"Eu tinha assistido sobre o fogo em New Brunswick no noticiário", disse Woodward à rede de TV ABC. "Esta era a sua primeira refeição em mais de 24 horas, o mínimo que eu podia fazer era pagar para eles por tudo o que fazem todos os dias." 

Então, ela pegou a conta e escreveu: "O café da manhã é por minha conta hoje. Obrigado por tudo que vocês fazem para ajudar os outros e para correr em direção a lugares que dos quais a maioria das pessoas fogem. Não importa o que façam, vocês são corajosos, bravos e fortes. Obrigado por serem corajosos e durões todos os dias. Motivados pelo fogo e impulsionado pela coragem, que exemplo vocês são. Descansem um pouco".
Os bombeiros se encheram de lágrimas e agradeceram antes de sair do restaurante. E Woodward percebeu que eles nunca mais a veriam.
Quando voltou para casa, Young postou um status no Facebook incitando seus amigos para comer no restaurante.
Ele não parou por aí. Depois que ele e Hullings descobriram que Woodward estava tentando levantar dinheiro para seu pai tetraplégico, para obter uma van adaptada para deficientes, eles decidiram ajudar.
"Acontece que esta jovem senhora que nos deu uma refeição gratuita na verdade poderia receber alguma ajuda", escreveu Young em outro post, destacando a vaquinha virtual que ela começou a levantar em dezembro passado. Desde então, mais de mil pessoas ajudaram a levantar US$ 67 mil (R$ 235 mil), superando a meta de US$ 17 mil (R$ 60 mil). 
Woodward manteve contato com Hullings e Young, e até mesmo os apresentou a seu pai. "Pessoas de todo o mundo já ouviram a nossa história, e a partir dela estão reconhecendo oportunidades para fazer algo pequeno ou grande para alguém", disse Woodward.

Sem mais...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sobre Caridade

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Pode reparar, quando você entra em blogs gringos sobre finanças, independência financeira, minimalismo, simplicidade voluntária ou mesmo blogs sobre desenvolvimento pessoal e olha o orçamento mensal das pessoas, a caridade está presente em praticamente todos eles. Gringo faz muita caridade, é normal as pessoas comuns doarem dinheiro para ONGs, ajudarem financeiramente outras pessoas, etc.

Aqui no Brasil percebo que caridade a nível pessoal é algo mais restrito. O mais comum é ajudar um familiar que está no sufoco financeiro mas quase sempre a pessoa que doa leva isso como algo provisório, somente alguns meses até o cara se estabilizar. Outras pessoas continuam doando anos a fio mas o sentimento quase sempre é " porra, tô de saco cheio de ajudar essa pessoa". Não existe muito a cultura da caridade como algo natural e que todos devam fazer.

Meu post não é pra dizer que você deve ser bonzinho e fazer caridade e caso não faça é uma pessoa do mal que irá para o inferno, nada disso. O objetivo é somente despertar esse pensamento que não é muito comum nas pessoas.

Vou falar por mim: não faz muito tempo que despertei para a importância da caridade. O que me abriu os olhos foi justamente os blogs, sites e vlogs gringos. A esmagadora maioria das pessoas que tratam sobre independência financeira e minimalismo coloca caridade no orçamento mensal. Ao ler biografias sobre pessoas bem sucedidas percebi que todos fazem caridade, em menor ou maior grau, mas fazem. Acredito que o fato do gringo, principalmente os mais ricos, fazerem mais caridade é devido aos abatimentos de impostos que possuem, claro que existem pessoas que gostam de ajudar outras mas se puderem fazer isso aliando com ganho financeiro com certeza farão mais. Perceba que a maioria das universidades, institutos de pesquisa e organizações não governamentais americanas são mantidas por gordas doações de milionários ou empresas. Pessoas como Buffett e Gates doam a maioria do dinheiro que possuem. Graças a essas doações imigrantes possuem cobertura de saúde, pessoas com AIDS e câncer são tratadas, pobres vão para as universidades. Como é legal um país onde até a ajuda aos pobres é privada!

Bom, após perceber que a gringaiada  leva caridade tão a sério, decidi que eu também deveria fazer algo. Não tenho um orçamento para caridade nem um plano de ação. Eu faço quando o coração manda. Conforme disse no meu texto sobre religião, sou um cara que valoriza as energias. Ajudar uma pessoa me traz um load de energia positiva muito bom, atrapalhar alguém ou fazer algo que não considero legal traz justamente o oposto.

O que costumo fazer? A maioria da caridade que faço é na forma de pequenas quantias, quase sempre ajudando moradores de rua que vivem próximo das lojas. Normalmente pago uma refeição na lanchonete, compro algum alimento no mercado ou algo assim. Certa vez dei 1 real em dinheiro para um cara que abriu o jogo: "amigo, eu poderia mentir pra você, mas vou falar a verdade, quero 1 real pra me ajudar a comprar uma pinga pra me esquentar essa noite". Aquela sinceridade me convenceu, rsrs! Ok, você pode dizer que moradores de rua são vagabundos, que escolheram viver a margem da sociedade, que existem oportunidades para todos, ainda mais em São Paulo. Você está correto, eu concordo com você! Mesmo assim eu acho legal ajuda-los, ninguém sabe os reais motivos que os fizeram ir parar na rua... Além disso por algumas vezes já aprendi coisas com eles, veja uma dessas histórias aqui.

Além de ajudar moradores de rua, contribuo para ajudar animais abandonados, faço doação de sangue, e o que considero o principal: tento não atrapalhar a vida de ninguém. Isso custa zero reais e se todo mundo fizesse o mesmo viveríamos num mundo muito melhor. Pretendo num futuro próximo doar um pouco de tempo para ajudar idosos, veja que não é preciso gastar dinheiro para fazer caridade, você pode dedicar algumas horsa de trabalho voluntário, por exemplo.

Digo novamente: não sou melhor que ninguém por fazer um pouco de caridade, aliás é justamente ao contrário, acho que sou egoísta. Faço porque me sinto bem em fazer, me dá uma sensação boa, uma carga de energia positiva que me ajuda no dia-a-dia. Se você faz caridade, parabéns, se não faz, ao menos considere a questão. Pode ser legal pra você mesmo.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

O que Fazer com R$ 1 milhão

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Outro dia recebi um email:
Corey, suponha que você receba uma herança de R$ 1 milhão. Como você investiria essa grana pra obter uma renda passiva de R$ 5 mil mensais para que eu possa viver de renda?
Perceba que o nosso amigo do email não tem grandes pretensões, ele se contenta com uma rentabilidade de 0,5% o que é algo bem pé no chão em se tratando de fluxo de caixa para viver de renda, afinal nesses casos o que se busca é estabilidade, por outro lado é preciso ter em mente que esse valor deve ser líquido da inflação.

Vejo essa pergunta ao mesmo tempo com simplicidade e preocupação. É uma pergunta objetiva e simples mas a resposta nem tanto. Há tantos cenários que podem ser pintados com essa grana... Minha recomendação e o porquês:

1- R$ 250 mil em FIIs. Todos da blogosfera já estão carecas de saber as vantagens dessa modalidade: grana certa todo mês sem muita preocupação. Risco de vacância diluído, boas rentabilidades, nenhuma burocracia e dor de cabeça. o risco maior é o governo meter sua mão de merda em cima dos FIIs e tributar os rendimentos. Eu iria com uma carteira diversificada, com ao menos 15 títulos de diferentes tipos: salas comerciais, hospitais, logística, algum shopping center... Enfim , dá pra obter uns 0,8% aí sem muita dor de cabeça com correção da inflação anualmente na maioria dos casos.

2- R$ 250 mil em aluguéis pra baixa renda. A explicação do porquê disso deixo por conta do meu amigo Viver de Aluguel, mas basicamente as vantagens são a rentabilidade elevada (muitas vezes perto do 1%) e a fuga do Leão (apedrejem-me). Os riscos são de calote e vacância, mas como o VdA elucida de maneira brilhante no seu blog, isso não é bem assim, sem contar que a correção desse tipo de aluguel normalmente é acima da inflação.

3- R$ 250 mil em LCI/LCA, debêntures ou meso Tesouro Direto atrelado a inflação. Jogue aí ao menos uns 0,6% com o risco, novamente, do dedo de bosta do governo e a desvantagem da falta de liquidez mensal dos rendimentos (na maioria dos casos).

4- R$ 125 mil eu mandaria pra fora do Brasil, investiria em REITS ou algo do gênero. A rentabilidade é baixa, mas o rendimento é em dólar o que traz grande vantagem. Mais informações com o Investidor Internacional.

5- R$ 125 mil eu deixaria na poupança mesmo. Ok, a poupança não está nem batendo a inflação, mas o principal objetivo dessa grana é ter uma grana líquida no caso de aparecer um bom negócio ou mesmo sentir o drama de onde essa diferença seria melhor aplicada entre os itens 1 a 4.

Acredito que essa estratégia porca cuja distribuição de valores é totalmente baseada em contas de padeiro possa funcionar para nosso amigo. Sou sempre a favor de estratégias simples, sem contas mirabolantes. Se tem uma coisa que aprendi na vida é que quanto mais se faz conta, menos se age e mais cagadas se faz. E você, qual sua sugestão ara nosso amigo? Quero saber qual a estratégia que vocês adotariam, acho que vai rolar muita ideia legal aí em baixo nos comentários.

Minimalismo e Alívio de Janeiro

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Feliz ano novo!

Passei o ano novo com um grupo de amigos, papo vai, papo vai, papo vem veio a tona o assunto mais manjado de janeiro: as despesas de começo de ano.

Um dos meus amigos, 30 e poucos anos, casado, com filho pequeno, começou a calcular as despesas que teria em janeiro:

IPVA dos 2 carros (popular e intermediário): R$ 4.000,00
Seguro e licenciamento dos 2 carros (o seguro dos 2 vence em janeiro!): R$ 4.500,00
IPTU do apartamento (95m² em bairro classe média da grande São Paulo): R$ 1.900,00
Matrícula e material escolar do filho: R$ 1.000,00
Anuidade do conselho de classe do casal: R$ 950,00
Total: 12.530,00

Meu amigo estava feliz e aliviado por, pela primeira vez na vida, ter provisionado essa grana durante o ano, chegando agora em janeiro com todo o dinheiro disponível para pagar tudo a vista obtendo desconto e sem se apertar. Isso é sem dúvida louvável, eu mesmo sempre fiz isso e por esse motivo janeiro é um mês como outro qualquer. Se você tem uma despesa anual nada mais óbvio que dividir o valor por 12 e provisionar mês a mês.

Meu amigo é mais inteligente que a média mas vamos parar pra pensar um pouquinho? Ele e a esposa tem uma renda somada de R$ 7.000,00, o valor provisionado mensalmente foi em torno de R$ 1.050,00 o que representa 15% da renda do casal somente para pagamento de tributos, seguros e despesas escolares do moleque. Posso estar errado mas considero 15% muita coisa pra ser gasta com esse tipo de coisa. Na minha opinião eles possuem uma vida superior a aquela que deveriam levar, os carros estão financiados, o apartamento também assim como os móveis e eletrodomésticos. Dizem não possuir dívidas vencidas mas estão longe de ter uma vida folgada. Brincam com Bia e eu a respeito de nossas viagens e refeições em restaurantes, dizem que somos ricos. Agora vejam as minhas despesas de começo de ano:

IPVA do carro (21 anos de idade): R$ 0,00
IPVA da moto (simples, sem frescura): R$ 90
Licenciamentos: R$ 600,00
Seguros: R$ 0,00
IPTU do apartamento próprio: R$ 0,00 (pago pelo inquilino)
IPTU do apartamento onde moramos: R$ 500,00
Anuidade dos conselhos de classe: R$ 0,00 (não pagamos porque não exercemos, sabemos que será necessário regularizar um dia)
Total: R$ 1.190,00

Ok, nós somos meio extremos e levamos uma vida com poucas posses. Nosso carro é velho mas nos serve muito bem, numa outra realidade de vida ele não nos serviria, mas mesmo se precisasse de um carro melhor eu não compraria um que tivesse IPVA de R$ 2.500,00 e seguro de R$ 2.000,00. Moramos num imóvel que nos serve muito bem, não precisamos de mais, não precisamos pagar IPTU por espaço não utilizado. Nossa despesa de começo de ano é aproximadamente 1/12 da despesa deles.

A renda de casa é maior que R$ 7.000,00 mas caso eu fosse empregado invés de comerciante nossa renda seria aproximadamente a mesma que a desse casal de amigos. Mesmo ganhando mais levamos uma vida inferior a deles, perceba como o estilo de vida minimalista já me faz largar na frente ainda em janeiro, por isso eu digo que o minimalismo é o melhor amigo de qualquer pessoa pragmática. Fico extremamente aliviado em não ter essas preocupações financeiras de começo de ano.

Se você pretende ter uma vida mais tranquila e com mais dinheiro, considere diminuir suas despesas, levar uma vida frugal e com menos posses, menos dor de cabeça e menos stress.