terça-feira, 31 de março de 2015

Resumo - Março/2015

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Olha, se eu fosse me basear pelo noticiário estaria me suicidando, mas como me baseio por fatos reais, estou extremamente feliz economicamente falando. Março foi um dos melhores meses de todos os tempos nas minhas lojas. Muito trabalho, muitos clientes, crescimento de vendas e da margem de lucro. Estou muito contente por ver minhas lojas andando de vento em popa. Por outro lado continuo tendo problemas com funcionários, o mais complicado foi o afastamento do meu gerente por um motivo totalmente alheio a nossa vontade, se tudo correr bem, esse mês ele estará de volta. Estou pensando numa expansão da loja antiga, parece estar surgindo uma oportunidade de aumento da área de atendimento e estou considerando a hipótese. Também continuo de olho em outras lojas a venda, inclusive visitei 3 durante o mês, mas nenhuma delas estavam dentro dos meus objetivos, uma delas era um excelente negócio pra quem está começando, passei a bola pra um amigo e ainda ganhei uma comissão de 2k, rsrs!

Na vida pessoal as coisas começaram muito bem mas após os problemas na empresa a coisa desandou. Parei com academia (novamente!), diminui o ritmo do inglês, dormi muito mal várias noites (tenho problemas pra desligar a cabeça na hora de dormir) e isso acabou refletindo no meu humor, me deixou pra baixo e um pouco deprimido. Por outro lado o fechamento mensal das lojas me devolveu empolgação, agora estou muito melhor, cansado pra kct, mas com a cabeça legal. É aquela coisa, eu ainda preciso trabalhar meu emocional em relação a problemas inesperados, preciso focar mais na solução e menos no problema em si. As vezes fico pensando: "ah, se isso não tivesse acontecido, tudo poderia ser melhor", "se a situação fosse diferente, bla bla bla", mas no fim das contas não adianta nada ficar assim, o que eu preciso mesmo é focar na resolução do problema e usar aquela frase que eu mesmo sempre repito: "se um problema pode ser resolvido com dinheiro é porque ele não é um problema". Por sorte grande parte das zicas que estão acontecendo podem ser resolvidas com dinheiro!

Tenho um longo caminho a seguir e muito a aprender pra conseguir automatizar de verdade minhas lojas, se é que isso é possível... Esse mês percebi que eu tinha uma falsa sensação de que as coisas andavam bem sem mim, mas isso não é bem assim. Não adianta ter pressa, por mais que eu queira as coisas pra ontem (mal da minha geração), tenho que esperar e entender que muita coisa só vem com o tempo e experiência. Não dá pra acertar tudo de primeira, muito pelo contrário, é necessário errar bastante antes de conseguir fazer as coisas da maneira que queremos. Também não adianta querer resolver várias coisas ao mesmo tempo, multifunção não existe, tenho que fazer uma coisa de cada vez pra conseguir fazer direito. As vezes me pego pensando no quanto aprendi nos últimos 3 anos (tempo de existência do blog) e o quanto minha cabeça mudou. Ainda tenho muito, mas muito mesmo o que aprender e mudar.

Estou pouco me fudendo pro que está acontecendo no país, estou fazendo dieta de informação e isso está me fazendo muitíssimo bem! Quero que meus negócios prosperem e pronto, o resto que se dane! Prenderam alguém da Lava Jato? Ok! Não prenderam? Ok! Minha rua está esburacada? Ok! Asfaltaram? Ok! Vem dando certo, pelo menos esse mês não fiquei me preocupando com as notícias da economia...

Os temas que pretendo abordar durante o mês de abril são:

  • A frugalidade é uma aliada ou uma ameaça a qualidade de vida?
  • Onde é melhor empreender? Periferia ou bairro nobre?
  • Dieta de informação como aliado da saúde mental
  • Por que devemos evitar coisas definitivas?

quarta-feira, 25 de março de 2015

Empresas Nanicas X Grandes; Escala; Matemática para Empresários

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Não, as coisas não se acertaram, como disse na última postagem, estou passando por uma fase turbulenta nas lojas graças principalmente a falta de mão de obra qualificada, sem contar é claro com a precariedade da nossa infra estrutura que está me deixando louco: é atraso de entrega de mercadoria, é buraco que estoura roda do carro, é falta de eletricidade e internet, trânsito cada dia mais insano... Mesmo assim decidi dedicar um tempo ao blog (mentira, estou com insônia, então decidi escrever um pouco) e tentar completar minhas promessas de postagens do mês.

Hoje vou falar sobre empreendedorismo, mais precisamente sobre uma coisa que ouço e leio pouco por aí que é como a escala de um negócio pode afetar de maneira positiva ou negativa o desempenho de uma empresa. Nem sempre aquela empresa linda, luxuosa, com acabamento de primeira dentro de um shopping center é lucrativa e tem um dono rico; da mesma maneira que aquele boteco sujão da periferia que vende Itaipava, 51 e tem uma mesa de sinuca carcomida na entrada é sinônimo de dono pobre. Vejam os exemplos a seguir.


O dono desse boteco aí deve ser um quebrado,
andar de 147... Será?
Maria é cabeleireira a 10 anos, após trabalhar durante anos em salões de bairros nobres de São Paulo como Higienópolis, Moema e Jardins percebeu que muitas clientes simplesmente não conseguiam chegar ao salão simplesmente porque o trânsito não deixava, outras evitavam sair de casa por medo da violência e também visitavam cada vez menos o salão. Então Maria decidiu juntar uns trocados, comprou equipamentos profissionais, cosméticos de qualidade, colocou tudo no porta-malas do seu Ford Ka 1999 e atende clientes a domicílio. Investimento: R$ 3.000,00; faturamento bruto mensal R$ 8.000,00, lucro líquido R$ 6.000,00. Dois anos depois Maria e sua família mudaram para um apartamento melhor e o Ka 99 foi trocado por uma Meriva 2007, seu filho estuda em colégio particular e eles estão planejando a primeira viagem internacional da família.

Nossa, que loja linda, é a cara da riqueza, o dono
deve estar nadando na grana... Claro... Claro...
Jorge é metalúrgico, após um programa de demissão voluntária se desligou da montadora onde trabalhou durante mais de 20 anos, pegou uma bolada de indenização e decidiu que era a hora de ter seu próprio negócio. Encontrou uma franquia internacional de restaurantes iniciando a expansão no Brasil, após participar de uma reunião com o franqueador master, ficou apaixonado pelo modelo de negócio e pelos números da planilha do Ipad do franqueador. Jorge viu que não teria a grana toda para o investimento, cerca de R$ 700.000,00 então chamou mais dois ex-colegas de empresa para entrarem de sócio com ele no restaurante. Jorge e seus amigos montaram uma linda operação num shopping center do ABC paulista, com cerca de 40 funcionários, aluguel na casa dos R$ 15.000,00 mensais mais taxa de royalties e fundo de propaganda. Não tinha o que dar errado, afinal o restaurante do trio chegava a faturar R$ 70.000,00 num único dia, porém... deu errado! Um ano depois de aberto Jorge percebeu no escritório climatizado cheio de monitores de segurança de seu lindo restaurante que sua operação girava muito dinheiro, mas não sobrava nada no fim do mês, e pior, alguns meses havia deficit, o que os obrigou a recorrer a empréstimos bancários, abundantes pra quem tem uma empresa como essa. Dois anos depois de aberto Jorge e seus amigos fecharam o restaurante, saíram com uma mão na frente, outra atrás e uma dívida de 6 dígitos.

Dois pés atrás com uma instituição que tenta ensinar
prática através de material didático padronizado, como
se empreendedorismo fosse tudo a mesma coisa.
Os dois exemplos acima são reais, preservei os nomes, mas conheço pessoalmente ambos os casos. Claro que são dois negócios e realidades completamente diferentes, mas dá pra aprender muita coisa com isso. A primeira coisa que aprendemos é NUNCA SUBESTIME UM NEGÓCIO POR SEU TAMANHO. Maria tem uma empresa praticamente invisível, mas tem meses que fatura líquido acima de 10k, poucos dão valor, aposto que muitos devem desdenhar do trabalho dela, achar que ela é mais uma amadora que trabalha de porta em porta implorando serviço... Ledo engano... Maria deve estar fazendo por volta de 100k líquido por ano! Quantos empregados de baixa escolaridade você conhece que fazem isso? E quantas empresas? Óbvio que a empresa de Maria está mais pra autônomo que pra empresa, até porque tudo gira em função dela, não é possível expandir nem replicar a ideia de maneira realmente eficaz, se por algum motivo ela não trabalhar ficará sem renda, etc. Isso é o que os empreendedores de Sebrae falarão, que isso não é empresa e mi mi mi, mas a verdade nua e crua é que ela ganha dinheiro e o fato de ter cabeça e saber como lidar com o dinheiro está deixando-a literalmente rica! Mais rica que muito administrador, bacharel de direito, tecnólogo de empreendedorismo, pseudo especialista, etc. Assim como o negócio de Maria existem  vários outros que fazem muito dinheiro e ninguém dar valor: empresa de banho, tosa, passear com cachorro; oficina mecânica; empresa de marmitex (ou quentinha para os cariocas); empresa de limpeza pós obra e limpeza doméstica em geral, etc. São empresas vistas no meio do empreendedorismo com desdém pelos empresários fodões que possuem empresas lindas, bem instaladas, com ar condicionado, estacionamento pra clientes, 50 funcionários,  múltiplas operações. Porém quase sempre esses empreendedores nanicos não possuem dívidas porque não tiveram acesso a crédito no começo, no máximo pegaram um empréstimo familiar. Aprenderam como trabalhar na prática e 100% das vezes o conhecimento empírico é 100% mais importante que o teórico.

A segunda coisa que aprendemos com esses exemplos é: NÃO ENTRE NUM NEGÓCIO QUE VOCÊ NÃO CONHECE. Jorge jamais pisara do lado de dentro do balcão de um restaurante antes de investir quase 1kk em sua franquia, foi obrigado a aprender como administrar o negócio na marra, porém ao contrário dos negócios nanicos, os grandes são muito mais complexos e aqui que entra o lance da escala que pouca gente pensa. Administrar um bar é fácil, administrar 10 bares é muito mais difícil, e não é 10 vezes mais difícil, é 20 ou 30 vezes pior porque além dos problemas que o bar único tem ele terá problemas novos que surgem justamente devido a escala. Uma analogia cretina: um avião feito com uma folha de sulfite voa perfeitamente, experimente dobrar uma folha de papel pardo no formato de avião. Ele voará igual ao pequeno? Não, definitivamente, não. Isso porque a escala influencia no desempenho. O mesmo acontece com as empresas.

A terceira lição é JAMAIS CONFIE EM NÚMEROS NUMA PLANILHA, Jorge deixou-se seduzir pelo canto da sereia do excel. Um cara engravatado, preparado pra vender um produto (no caso a franquia) com números tentadores na frente de uma pessoa inexperiente no mundo dos negócios é a chave do fracasso. Como diria meu pai: o papel (ou o computador) aceita tudo. É preciso mais que números pra se comprar uma empresa, é preciso sensibilidade, dar uma de Sherlock e enxergar aquilo que ninguém vê, são nos pequenos detalhes que você percebe se um negócio é bom ou não. Aí você me pergunta: Corey, eu não tenho experiência, eu nunca comprei um negócio, como saber se eu conseguirei ver esses detalhes? Simples: ou você tem alguém de absoluta confiança e experiente do seu lado pra minimizar o risco (porque nada garante que o cara estará certo) ou simplesmente arrisque, mas se for pra arriscar, pelamordedeus não arrisque sua indenização de 20 anos de trabalho num negócio. Comece pequeno, vá aos poucos e outra coisa: ADQUIRA EXPERIÊNCIA. Se for necessário arrume um emprego numa empresa do ramo que você quer comprar, foda-se que você vai ganhar salário mínimo e seus amigos te verão num uniforme, o que você quer é experiência. Eu sou capaz de realizar 100% das funções das minhas lojas, se qualquer funcionário faltar, eu posso cobri-lo com competência. Nunca, mas nunca mesmo, compre uma empresa que você não sabe trabalhar em ao menos 90% das funções. Buffett faz isso porque ele tem dinheiro e conhece gente competente em todos os setores dispostas a trabalhar pra ele, mas você não é o Buffett!

Você não é o Buffett e vamos combinar: você, eu e a maioria das pessoas somos, na melhor das hipóteses, apenas medianos em tudo, não somos especiais, não somos melhores que o outro. Quero dizer que não somos super em nada, somos uns bostas então vamos nos conter em nossa bostaria e não tentar dar o passo maior que a perna. A chance de um de nós ficar trilhardário por inventar o novo Facebook é ínfima, então vamos deixar a ficha cair, acordar pra real, e lutar com aquilo que temos. Se você tem 50k pra comprar uma empresa, compre ou monte uma de 30k; se você tem 500k e nenhuma experiência, gaste os mesmos 30k, adquira confiança e depois parta pra algo maior. Dinheiro não aceita desaforo.

Como eu gostaria de viver no mundo da PEGN,
onde todos os empresários são sorridentes, usam
camisas Dudalina em seus escritórios bem
decorados com um quadro do Romero Brito...
A quarta lição é FRANQUIA NÃO É GARANTIA DE SUCESSO, muito pelo contrário, pode ser o melhor caminho para o fracasso porque normalmente os franqueados tem na cabeça a ideia que franquia é inquebrável porque leu na PEGN que X% das franquias sobrevivem ao primeiro ano enquanto 1/2X% das empresas independentes chegam lá. Fodam-se os números, eles são irrelevantes. O empreendedorismo é muito mais feeling, experiência e principalmente sorte que qualquer outra coisa. Veja meu exemplo: economia em recessão e minha loja antiga partindo pra um crescimento de 15% em 2015. Por quê? Sinceramente não faço ideia! Poderia ser ao contrário, eu poderia ter uma franquia cujo franqueador me demonstrasse por A+B que meu crescimento seria de 10% enquanto na prática poderia estar acontecendo o contrário.

A maior lição de todas é: EMPREENDEDORISMO É COMPRAR POR 5 E VENDER POR 10. Ou seja, inventem a teoria que for, mas no fim das contas é tudo uma questão de matemática simples, sua empresa pode ser resumida numa simples conta de subtração: RECEITAS MENOS DESPESAS. Se o resultado for positivo você está bem, se for negativo, tá fudido. Dane-se o tamanho do número do resultado. 1 real positivo = empesa boa; 1 real negativo =  empresa de merda.

Nêgo fica viajando com contas malucas, empresas que você investe X, alavanca Y, faz Z pra depois de 5 anos ter um retorno espetacular. Isso pode funcionar pra empresas gigantes, de capital aberto, com pesquisadores, contadores, advogados, economistas formando a equipe administrativa. Pra você que tem um boteco o que importa é lucrar no primeiro mês pós compra, afinal você tem que por gasolina no carro e comida na mesa. Pra esmagadora maioria dos mortais empreendedores é preciso ter lucro mensal, de maneira consistente, desde o primeiro mês. Os mortais não estão no mercado se arriscando, passando sufoco com funcionários, ineficiências brasileiras, bandidagem e demais zicas a troco de nada, nós estamos atrás de dinheiro. No fim, grana é o que importa, independente do tamanho da sua operação.

Aqui entra outra coisa que sempre bato na tecla: ramo bom é aquele que sempre deu dinheiro: bar, restaurante, açougue, farmácia, quitanda, posto de gasolina... Essa história de paleta mexicana, frozen iogurte, app pra celular é coisa pra quem tem saco de ficar se renovando o tempo todo. Dá dinheiro, claro que dá, as vezes muito dinheiro, mas não é sustentável. Se você quer ter empresa de maneira séria, tirar seu sustento dela, ela deve ser o mais robusta possível, dar lucro consistente, ser de um ramo "a prova de crises" e principalmente: você tem que ganhar no mínimo o dobro que ganharia caso fosse empregado. É por essas e outras que acho extremamente difícil encontrar uma empresa boa pra comprar, eu diria que 95% das lojas de varejo anunciadas em sites são péssimos negócios.

Acabei desviando um pouco do assunto, mas acho que deu pra captar a essência. O tamanho da empresa não importa, o investimento também, o que importa é o lucro líquido que ela pode dar. Parece uma ideia ridiculamente simples, mas poucos seguem isso e por isso muitos quebram a cara.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Semana Problemática e Lavando Privadas

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Desculpem o sumiço, essa semana estou nadando numa avalanche de problemas, sabe aquele meu post sobre disciplina? Esquece, foi tudo pro saco, minha rotina essa semana foi só apagar incêndios. A disciplina funciona muito bem, mas junto com ela é preciso uma outra coisa: previsibilidade, coisa que como todo empreendedor sabe, é impossível de ter quando você tem uma loja (ou duas, como no meu caso).

Bestão: meu nome é Corey, sou empresário, tenho um
salário anual de 6 dígitos, e essa semana lavei a privada
das minhas lojas com minhas próprias mãos. Sabe o que
aconteceu? Você não vai acreditar: as privadas ficaram
limpíssimas! Porque me orgulho de ser o melhor
lavador de privadas que já existiu na face da Terra.
E adivinha quem lava a privada de casa? E quem vai
lavar a privada da minha casa em Houston?
Tudo começou com um problema pessoal do meu gerente, o cara que é meu braço direito nas lojas, infelizmente ele teve que se afastar do trabalho por uns dias, motivo totalmente fora do controle de qualquer pessoa, coisa que me fez parar pra pensar em muita coisa relacionada a meus planos futuros. Junte a isso auxiliares preguiçosos, atrasos, demissões, burrice generalizada, problemas com fornecedores, órgãos públicos, prestadores de serviço, contadores, trânsito, manifestações, chuvas, enchentes, acidentes nas ruas... Bem, acho que já deu pra entender o que está acontecendo, não? Estou trabalhando insanamente 17 horas por dia, só consegui parar pra escrever esse post porque estava ficando maluco, larguei tudo na loja e vim numa cafeteria dar uma relaxada. Pra vocês terem ideia, não consegui sequer fazer minhas sagradas aulas de inglês com minha professora americana nem tomar minha cerveja com os conhecidos do bar. É incrível como as coisas podem virar de cabeça para baixo literalmente do dia pra noite! Algumas pessoas são culpadas por essa situação, outras não, mas eu sou o mais culpado por não achar uma maneira de me esquivar desse tipo de problema. Ser empresário é ter que lidar com esse tipo de coisa, com tsunamis que começam do nada e levam tudo... O pior não é ter que trabalhar o dia todo, o pior é a frustração de ter um monte de problemas que não dependem de você para serem resolvidos e as pessoas e empresas que podem soluciona-los não te dão a mínima atenção. Isso além de frustrante é revoltante e confesso que me deixa bem depressivo.

Isso pode ser um sinal vermelho para que eu analise toda minha estratégia de emigração, começo a duvidar se meu plano de ter empresas no Brasil suportando minha filial americana possa dar certo... Conheço exemplos bem sucedidos, mas esses negócios não são complexos como o meu.  Além de tudo o que estou tendo que resolver agora estou com essa pulga coçando... De qualquer maneira, sendo um pouco Poliana, acredito que posso tirar algumas lições dessa fase turbulenta, vamos ver o que o futuro tem pra me oferecer!

Esse post foi somente pra pedir desculpas aos leitores, afinal eu havia prometido posts pra essa semana que passou e não consegui cumprir, também não sei se conseguirei cumprir dentro de março. Peço desculpas também para aqueles com os quais estou trocando emails. Detesto cortar o papo no meio e ficar sem responder. Foi mal! Abraço e bom fim de semana a todos!

sexta-feira, 13 de março de 2015

Devaneios do Corey - Nada é Definitivo, Tudo é Possível

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Dia desses Bia e eu estávamos comemorando nosso aniversário de casamento, dessa vez decidimos não sair pra jantar e dançar como sempre fazemos, ao invés disso, reservamos o "espaço gourmet" do prédio e fizemos uma jantinha elaborada a quatro mãos regada a vinho chileno. No meio do preparo da refeição alguém bateu na porta, era uma funcionária do prédio que havia esquecido um molho de chaves no balcão da cozinha, ela educadamente pediu licença, pegou suas chaves e quando estava saindo virou-se pra nós e disse: "Boa sorte ao casal, que vocês deem certo!". Bia olhou pra mim, eu pra ela e ambos pra senhorinha que nos disse a inesperada frase e perguntamos o porquê dela estar falando aquilo, ela então respondeu: "Ué, vocês não são recém casados? Sempre vejo os dois tão juntinhos e românticos que só podem ser casal novo...". Imediatamente Bia e eu começamos a gargalhar e respondemos que não, que na verdade nós estamos a mais de uma década juntos. A senhorinha não queria acreditar, mas foi cuidar da vida dela...

Com um mundo tão grande, por que caralhos eu vou
morrer no mesmo lugar que nasci?
Essa não é a primeira vez que falam isso pra gente, não sei se é padrão mas todas as vezes que passamos pela imigração nos EUA o oficial sempre pergunta: "Honeymoon?", o mesmo quando estamos turistando por algum lugar e puxamos papo com alguém. Bia e eu realmente parecemos um casal recém formado... Por que isso? Não sei, só sei que a chama nunca apagou, ainda somos apaixonados. Enfim, como já disse aqui, somos um casal diferente. Durante o tempo que estamos juntos já vimos casais serem formados, casarem, terem filhos e separarem; pessoas que trocaram de relacionamento 5 ou 6 vezes, pessoas que envelheceram absurdamente... Bom, a tia foi pra casa e Bia e eu começamos a filosofar sobre os porquês da vida e sobre tudo o que fizemos e pretendemos ainda fazer. Concluímos que somos muito, mas muito sortudos por N fatores. Temos uma vida confortável, estamos financeiramente melhores que nossos peers, já conhecemos lugares fantásticos, outras culturas e pessoas das mais diferentes partes do mundo com histórias inacreditáveis. Claro que existem pessoas com nossa idade que já viajaram muito mais, possuem  muito mais bens materiais, mas dentro da nossa realidade, de onde a gente veio, da realidade em que crescemos, somos privilegiados e somos gratos por isso, por todas as oportunidades que a vida já nos proporcionou.

Então começamos a viajar sobre coisas que a gente tem vontade de fazer, nisso surgiram mil ideias, algumas malucas, complexas ou mesmo várias bem simples e é engraçado que são essas simples que mais nos empolgam. Quero dirigir uma Ferrari e um Rolls Royce, quero tirar brevê de piloto comercial mas também quero trabalhar de empregado na área que me formei, trabalhar de entregador de pizza, pintor de parede e auxiliar de mecânico nos EUA , é sério, eu quero isso! Engraçado que essas experiências de trabalho são as que mais me dão tesão. Bia quer pular de para-quedas (eu já fiz, mas ela arregou), andar na areia num por do sol numa praia do Caribe daquelas de tirar o fôlego como nos filmes do 007 mas também quer ser dog walker no Central Park nem se for por um dia. Ambos queremos viajar pelo Orient Express e conhecer Mônaco. Queremos também ter uma vida super minimalista durante ao menos um ano, viver numa cabana no interior, num trailer ou mesmo numa praia semi-deserta. Já sei, você está pensando: "O Corey deve ter fumado alguma coisa, tá doidão com essas ideias idiotas...". Sim, podem ser idiotas, mas são possíveis graças a decisões assertivas que tomamos durante nossas vidas.

É justamente aqui que quero chegar. Naturalmente Bia e eu sempre tomamos nossas decisões baseadas no fato de sempre poder voltar atrás. Nunca fizemos nada que fosse 100% definitivo, sendo que a coisa mais importante que fizemos em toda nossa vida foi optar por não ter filhos. Isso foi sem a menor sombra de dúvidas a decisão mais importante de nossas vidas e a partir dessa decisão nosso lifestyle pode ser moldado e atingimos o nível de felicidade e cumplicidade que temos hoje. Gostaria muito de compartilhar minha história com a Bia aqui no blog, mas infelizmente há detalhes muito pessoais que poderiam ferir o anonimato, mas basicamente ela e eu sempre deixamos tudo fluir com naturalidade, sem pressão, sem exigências, sem regras, sem burocracia. Desde que nos conhecemos, nunca houve pressão pra gente namorar, pra noivar e pra casar. Aliás, quando fomos morar juntos, muito mais por uma questão prática que de "sonho de casar"; o combinado era simplesmente tentar enquanto desse certo... mais de uma década se passou e continuamos dando certo... Esse lance de não fechar portas, não fazer nada definitivo foi acontecendo naturalmente também, no início a gente não pensava assim, simplesmente agia assim. Claro que o tempo passou, amadurecemos e hoje temos esse discernimento, então mais do que nunca agora a gente pensa muito antes de fazer algo, sempre deixamos uma rota de fuga traçada. Se deu certo tantas vezes, acreditamos que continuará dando. Não temos vergonha de mudar de opinião, voltar atrás, desfazer um negócio, desistir... Não fazemos algo pelo ego e sim pela razão e justamente por usar a razão nas decisões importantes, conseguimos viver com mais emoção, arriscar mais, tentar coisas novas... Se der errado, a gente desiste, volta atrás, pede desculpas, muda de ideia...

Se algo não é definitivo, todo o resto é possível. Se há uma maneira de desistir, se dá pra voltar atrás então a gente tenta. Não entendo como pessoas morrem de medo de arriscar com coisas que podem ser revertidas e mergulham de cabeça em coisas que não há volta. Vejam: aposto que alguém que está lendo esse texto morre de medo de abrir ou comprar uma empresa, de largar a segurança do contra-cheque em busca de mais dinheiro ou satisfação mas apesar disso é pai ou mãe, uma coisa que por mais que você queira é completamente irreversível e te afetará, de maneira positiva e também negativa, até o último dia da sua vida. Isso não tem lógica, não há razão num pensamento assim! Vou contar uma historinha, com 17 anos eu pedi demissão, peguei um empréstimo com meu patrão (que considero meu Rich Dad) comprei minha primeira loja, menos de 30 dias depois eu estava de volta no meu serviço e devolvi cada real que peguei emprestado ao meu patrão. Quanto isso impactou na minha vida? Muito e nada! Muito porque percebi na época que eu deveria ir mais devagar e também porque foi a primeira vez que desfiz um negócio por acreditar que iria me ferrar de verde e amarelo; nada porque isso é somente uma leve lembrança na minha cabeça, nem lembro dos valores e os porquês de ter desfeito o negócio. Por isso que repito: seja o que for que você for fazer, arrisque, mas deixe uma saída aberta e foda-se o resto, pense em você, deixe o ego e orgulho de lado, seja egoísta, isso vai te fazer mais feliz.

Não preciso dizer como a noite terminou... Foi um daqueles dias inesquecíveis, foi muito especial por termos a chance de relembrar fatos importantes de nossas vidas, a esmagadora maioria foram coisas boas, as ruins serviram de lição e continuam ali nas nossas cabeças como exemplos do que pode dar errado e sobre o que fazer numa crise. Concluímos que não precisamos de muito dinheiro, mas precisamos de tempo juntos, precisamos arriscar sempre, precisamos um ao outro.

segunda-feira, 9 de março de 2015

A Importância do Desenvolvimento de Habilidades

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Você, principalmente homem, sabe cozinhar? Sabe preparar um bolo from scratch? Fazer pão? Sabe passar uma camisa? Pregar um botão? Costurar uma cueca rasgada? Sabe lavar uma privada? Desencardir rejunte do banheiro? Consertar uma torneira pingando? Trocar um reator de lâmpada fluorescente? Usar uma serra circular? Tico-Tico? Furadeira? Parafusadeira? Lixadeira? Martelo? Sabe o que é um formão? A diferença entre um ponteiro e uma talhadeira? Entre uma pá e uma vanga? Sabe usar uma picareta? Operar uma betoneira? Preparar uma massa pra chapisco, pra reboque ou pra assentar tijolos? Qual a diferença entre um tijolo baiano e um bloco de 15? Qual prego é maior, o 8X8 ou o 17x21? O que é um parafuso de rosca soberba? Onde se usa um parafuso passante? Sabe a diferença entre uma chave Phillips e uma Allen? Já limpou um carburador de moto? Trocou o óleo do carro? Pastilha de freio? Sabe fazer uma chupeta (mente poluída...)? Quantos pneus você já trocou na vida? Sabe operar um macaco? Sabe os comandos básicos de um avião? E de um barco? Sabe montar num cavalo? Dirigir uma Vespa? Aplicar uma injeção? Dar banho num cachorro sem inflamar o ouvido? Sabe diluir tinta acrílica? E esmalte? Usar thinner e água raz? Já acendeu uma fogueira? Fez churrasco em churrasqueira improvisada? Sabe preparar saquerinha para as meninas do churrasco?

Ele é o cara!
Eu aposto que a grande maioria dos homens que estão lendo esse post não sabem nem 50% das coisas acima, mas provavelmente sabem formatar um computador, trocar um processador, aplicar pasta térmica, e outras habilidades de informática. Eu confesso que sei 100% das habilidades listadas acima (claro, foi eu quem escreveu, rs) mas não sei formatar um computador, confesso que por preguiça. Não sou melhor ou pior que você, apenas desenvolvi mais algumas habilidades, grande parte delas coisas old school. Sei enrolar um cigarro de palha, aparar a barba com tesoura e me barbear com navalha (sem me cortar... muito) dentre outras coisas irrelevantes... Assim como você deve saber mil truques pra jogos de videogame que eu nem faço ideia (meu último contato com consoles foi num Master System em 1998 na casa de um amigo e no PC só jogo paciência e Tetris). Todos nós desenvolvemos habilidades, sejam elas úteis ou nem tanto. Acredito que quanto mais habilidades uma pessoa desenvolver, melhor pra ela. Veja o caso do MacGayver (molecada, googleim pra saber do que se trata). O cara era o mestre da improvisação, graças a incrível quantidade de habilidades que ele tinha. E o 007, o cara mais foda que já existiu? O cara é puro skill!!! Quanto mais coisas você souber fazer, mais coisas vai aprender, porque uma coisa leva a outra, mais dinheiro vai economizar por fazer você mesmo e mais dinheiro pode ganhar e esse é o ponto que eu queria chegar...

Hoje em dia vejo profissionais extremamente especializados, com alta formação acadêmica mas que no fim das contas só sabe fazer aquilo, se por um infortúnio da vida se foderem e perderem tudo, emprego e condições de trabalhar, estarão completamente fodidos por não saberem nada além daquela formação burocrata. E pior, grande parte desses profissionais leva uma vida na fast track e não possuem plano B de ganho de vida e "mais pior" ainda, normalmente esses trabalhos desenvolvidos por essas pessoas são burocráticos, eles trabalham o tempo todo sentados o que estimula o aparecimento de N doenças (veja vídeo abaixo... ah, não sabe inglês, se fodeu mermão, não sabe inglês vai se foder e ter acesso a somente uma pequena porção da internet!)


Bom, acredito que estou numa situação muito mais tranquila, durante minha vida desenvolvi as habilidades que descrevi no primeiro parágrafo, trabalhei com todas aquelas ferramentas e fiz todos aqueles trabalhos ao menos uma vez na vida. São coisas que realmente SEI fazer, posso não ter a experiência e desenvoltura de um profissional da área, mas posso muito bem trabalhar como um auxiliar em qualquer das modalidades de trabalho embutidas no primeiro parágrafo. Tive muita sorte por desde moleque ter uma vida outdoor com meu pai, nada de brincadeira na rua, eu era uma criança esquisita que nunca gostou de outras crianças, eu ia pra todo lugar com o velho... Meu pai também nunca teve mi mi mi e sempre me colocou pra desenvolver pequenas tarefas. Sou extremamente grato a ele por isso, me despertou a vontade de aprender coisas novas. Porém mesmo sem ter uma infância de aprendizado é possível sim desenvolver muitos novos skills, basta querer. Continuo querendo aprender novas coisas, acho importantíssimo para qualquer homem (mulheres também, é que sou homem e a maioria dos leitores do blog também são) saber fazer de tudo um pouco, rapazes solteiros, isso ajuda, e muito, conquistar meninas (acredite em mim, sou casado por isso, rsrs).

Brother, se você não tem uma caixa
de ferramentas, eu duvido muito da
sua masculinidade...
Quando disse sobre ficar sentado, isso é outra coisa que me incomoda. Não fomos feitos pra ficar sentados o tempo todo, assim como o vídeo acima explica. Precisamos de atividade física e se ela puder ser feita durante o trabalho, melhor ainda! Saber trabalhar de pé, sob condições não ideais de conforto, como com calor ou frio, pode ser muito importante para sua saúde e quem sabe até para seu futuro profissional. Responda rápido: quantos advogados, administradores e outros profissionais que trabalham sentados numa sala com ar condicionado você conhece e que possuem problemas de saúde como hipertensão, obesidade e fadiga muscular? E quantos pedreiros, carpinteiros e mecânicos você conhece com esses mesmos problemas? Trabalho braçal está na essência do ser humano, desde sempre trabalhamos usando o físico, caçando, construindo coisas... O pessoal do paleo pode explicar isso melhor... Acredito que todos devem fazer ao menos 1 hora diária de exercícios, não importa se é uma caminhada, musculação ou simplesmente trabalhar em algo pesado. Exercícios são saúde, saúde é dinheiro, se você aumenta sua saúde, diminui suas despesas, se você diminui suas despesas você é frugal, se você é frugal vive com menos dinheiro, se você vive com mais dinheiro você tem liberdade...

Infelizmente aqui no Brasil valorizamos o dotô que trabalha de terno num escritório e desvalorizamos o peão que pega pesado no chão de fábrica... Mal imaginamos que o tal do peão tem tudo pra ser mais saudável que o doutor... Isso sem contar que boa parte dos trabalhos mais pesados e braçais são muito mais importantes pra sociedade que outros trabalhos mais burocráticos e que possuem status. Quem é mais importante, o tatuador ou o coletor de lixo? O artista plástico ou o cara que colhe laranja?

Aqui vão duas fontes que considero fundamentais se você quiser ser um homem de verdade, cheio de habilidades em geral, educado, que cuide da família e seja decente:

1- The Art of Manlisness: Conheci esse site através do nosso amigo Estagiário, é simplesmente fantástico, o skill que você quiser aprender conseguirá encontrar nesse site. Em particular recomendo essa sessão sobre habilidades masculinas e o Podcast 70 sobre habilidades que todo homem pode e deve ter.

2- Mr Money Mustache: velho conhecido da blogosfera de finanças, o cara é simplesmente um guru sobre frugalidade, vida simples e independência financeira, mas não é essa parte do seu site que eu recomendo pra esse post, são os diversos artigos onde ele fala sobre os trabalhos que ele já realizou seja para economizar dinheiro ou mesmo porque ele gosta de fazer. Telhados de metal, rádios caseiros, aquecedores,.. Ele é meu ídolo e o melhor exemplo de como saber fazer coisas diversas pode mudar sua vida.

Eu ainda tenho muitas habilidades pra desenvolver. Não sei nadar, não consigo consertar computadores (troco um drive de DVD, um HD, mas quase que só isso), não sei quase nada sobre consertar eletrônicos, não sei andar de skate, nem soldar, nem tocar violão... Enfim, há sempre muito o que aprender e continuarei aprendendo um pouco todo os dias...

terça-feira, 3 de março de 2015

"Foda-se a motivação, o que você precisa é disciplina"

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

"Foda-se a motivação, o que você precisa é disciplina" é um artigo muito interessante do também interessante site Papo de Homem, que recomendo a todos, não só a homens. Tomei a liberdade de usar o título nesse post porque tem tudo a ver com o que vou falar.

Infelizmente somos bombardeados por mantras todos os dias, um desses mantras diz que é necessário sempre buscar motivação pra realizar as tarefas chatas: "motive-se pra academia", "motive-se pra estudar", é isso que indiretamente boa parte dos artigos sobre organização tentam enfiar em nossas cabeças, acontece que motivação é algo passageiro e nem sempre funciona. Um exemplo idiota: as gostosas da academia podem te motivar a treinar, mas será que é todo dia que elas realmente te motivarão? E aquele dia que você está com tanto problema que nem pensa em mulher (ah, tá, você é o comedor e pensa em sexo o tempo todo... tá bom...)? Motivação passa, mas se você cria uma disciplina, tudo será realizado de maneira mais eficaz e com a vantagem de disciplina se fortalecer a cada dia, ao contrário da motivação.

Assim como grande parte das pessoas, sou um procrastinador nato, estou sempre empurrando de barriga tarefas chatas sejam elas em casa ou no trabalho. Já cheguei a um ponto de acumular tanta coisa que foi necessário criar vergonha na cara, parar uma semana, só pra resolve-las. Meu maior meio de perder tempo é sem dúvidas a internet. Quando me interesso por determinado assunto fico compulsivo, passo 2 ou 3 dias só buscando informações sobre aquilo, um site leva pra outro, que leva pra outro, que leva pra outro e quando menos espero estou a 4 horas na internet e pior, muitas vezes já até esqueci sobre o que estava buscando. Sorte que não tenho Facebook, mas tenho Whatsapp e trocentos grupos dos mais variados assuntos com pessoas chamando o dia todo. Já consumi mais pornografia, mas mesmo assim é impossível não perder um tempinho todos os dias com isso...

Decidi dar um jeito nisso, ser mais produtivo sem abrir mão do que gosto de fazer. Fazem 8 semanas que estou seguindo um disciplina rigorosa nos meus afazeres, está dando muito certo e acredito que isso se deve a simplicidade do método. Até cheguei a ler sobre métodos de organização, mas me pareceu tudo muito complicado. Sempre tento fazer as coisas da maneira mais racional, simples e objetiva possível, acredito que a complicação só serve pra empacar as pessoas, por outro lado a partir da hora que você começa a fazer uma coisa de maneira simples e vê resultado, acaba sofisticando o método de maneira natural com o tempo. Por exemplo, a 2 anos atrás quando voltei a estudar inglês, investir 1 hora do meu dia estudando era massante, o tempo passou, fui aumentando o tempo e melhorando a maneira de estudo, fui vendo progresso, e hoje minha vida toda está em inglês (gadgets) e passo pelo menos 4 horas por dia em contato com o idioma (inglês é o idioma principal de busca na internet, só busco em português quando o assunto é relacionado ao Brasil).

Corey, como você conseguiu esse progresso e disciplina? Simples, muito simples. Estabeleci uma rotina de afazeres regrada e pouco flexível. Meu método antigo de organização de afazeres era um caderno onde escrevia tudo o que tinha que fazer, como uma lista, e ia riscando as tarefas cumpridas. Aquilo era frustrante porque sempre havia tarefas que simplesmente não desapareciam da lista, seja porque eram chatas demais e eu procrastinava ou porque não dependiam de mim pra serem solucionadas. Isso sem contar a bagunça que aquilo virava. Hoje estou fazendo bem diferente, no domingo a noite faço uma dessas listas com tudo o que devo resolver durante a semana que está por vir, então crio páginas no caderno pra cada dia da semana (como uma agenda), então distribuo as tarefas durante a semana. Por exemplo, se eu tenho que dar banho no cachorro na quarta, não me preocupo com isso na terça. É como se aquela tarefa não existisse, por estar anotada na quarta eu não tenho que ficar olhando pra ela todo o tempo. É mais psicológico que outra coisa, mas a gente tem que ser capaz de enganar nosso próprio cérebro em prol de um objetivo.

O segundo passo, logo após distribuir as tarefas pelos dias da semana é organiza-las durante o dia. Eu faço assim: estabeleço um prazo de tempo pra fazer cada tarefa e escrevo no caderno, no dia correspondente como farei. Nisso incluo também aquelas tarefas diárias como ir pra academia e estudar inglês, veja por exemplo como foi meu dia de ontem (cada dia da semana é diferente do outro:

06:00 - acordar e tomar café
06:30 - academia
08:30 - verificar emails das lojas e fechamentos do dia anterior
09:30 - revisão para a aula de inglês
10:00 - aula de inglês (gramática, Skype com professor da Austrália)
11:00 - estudo de inglês (história dos EUA)
12:00 - preparar almoço, almoçar, lavar a louça
13:30 - cochilo
14:30 - ir pra loja antiga
17:30 - ir pra loja nova
(tenho uma lista de tarefas do que fazer nas lojas)
21:00 - supermercado
22:00 - internet (livre)
23:00 - dormir

Tenho conseguido seguir essa rotina porque levo muito a sério a questão dos horários, como disse, é tudo questão de disciplina, se eu seguir a risca, será possível fazer. Note que há uma margem de tolerância pra todas as tarefas, prefiro fazer tudo com calma e ter tempo sobrando que sobrecarregar e não conseguir cumprir. Se acaso não consigo fazer algo da agenda, coloco para o próximo dia e ataco essa tarefa logo no começo, pra me livrar logo. É uma rotina quase militar, mas tem funcionado pra mim, como disse, é algo simples de ser colocado em prática, por isso funciona.

Acredito que se um dia eu não conseguir cumprir esse tipo de rotina é porque tenho tarefa demais pra tempo de menos, portanto terei que cortar tarefas em prol de conseguir fazer tudo o que preciso. Vejo pessoas sobrecarregadas porque trabalham mais do que deveriam, e o fazem porque precisam de mais dinheiro do que deveriam pra gastar mais do que deveriam... Ou seja, o problema não é falta de tempo, o problema é excesso de tarefas... Eu, por exemplo, não abro mão dos meus exercícios e do meu tempo de estudo, se amanhã estiver sobrecarregado no trabalho, darei um jeito de diminuir as tarefas do trabalho. Simples assim! Automação de processos é algo que ajuda muito, coisas simples como contas em débito automático, softwares que fazem coisas sozinhos, ou seja, usar a tecnologia a nosso favor ajuda demais a otimizar o tempo.

A disciplina ajuda a fazer as coisas no sentido que não preciso estar motivado pra fazer algo, eu só preciso saber o que fazer, quando fazer e durante quanto tempo fazer. O relógio ajuda a não ultrapassar os prazos das tarefas o que me obriga a fazer as coisas de maneira eficaz, sem perder tempo. Uma coisa leva a outra, é um ciclo positivo.

Percebam que a maior parte do tempo é gasto comigo mesmo, com coisas para desenvolvimento pessoal. Trabalho entre 6 e 8 horas por dia nas lojas, 4 dias por semana e só! Sou fodão? Sou o rei da eficiência? Não, claro que não, eu simplesmente priorizo as coisas. Analiso da seguinte forma: as lojas tem funcionários, tenho gerentes, tenho maneiras de controlar fraudes (não que elas não possam existir, mas consigo ao menos minimizar), as lojas estão rodando de uma maneira viável e dando lucro. Por que caralhos vou me matar, abri-las as 7 e fecha-las as 22 todos os dias? Eu não! Faço o meu trabalho, dou orientação aos funcionários e vou cuidar da minha vida. Minha saúde é mais importante que minhas lojas, por isso frequento academia 4 a 5 vezes na semana por 1 hora e meia, por isso preparo minha própria comida todos os dias e por isso faço o possível pra me manter num baixo nível de stress. Meu desenvolvimento pessoal é mais importante que minhas lojas, por isso estudo diariamente inglês e busco conhecimentos gerais na internet, é isso que vai fazer meu futuro mais feliz. Minha vida não é nem nunca será meu trabalho.