segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Cryptofebre

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Sempre me pedem para falar minha opinião sobre criptomoedas, então aí vai...

Disclaimer: entenda que esse post assim como todos os outros do blog se trata da MINHA OPINIÃO. Isso é um blog, logo os posts refletem a opinião do criador do blog (isso é óbvio mas é sempre bom repetir).

Pra começar a falar sobre criptomoedas é necessário dizer que não, Bitcoin e seus primos não são investimentos. Não existe a possibilidade de serem investimentos pelo simples fato que eles não possuem VALOR e porque são coisas dificílimas de entender, perceba que tudo o que realmente é investimento são coisas simples de serem entendidas e explicadas, além de terem valor facilmente perceptível:

1- Ações são partes de empresas, o valor está na valorização da empresa ou no ganho de dividendos provenientes do lucro que essa empresa obtém. O mesmo pensamento serve para quem é empreendedor (se bem que tem muito empreendedor de PEGN que acredita ser empresário de sucesso mesmo tendo empresa que só dá prejuízo, mas isso é papo pra outra hora)

2- Imóveis são coisas físicas que podem ser tocadas, o valor vem da valorização do imóvel, do ganho de aluguéis ou da diferença no trade entre preço de compra e preço de venda. Imóveis são úteis para morar, trabalhar, plantar comida e criar bicho. O mesmo pensamento se aplica à FIIs.

3- Você investe em Tesouro Direto, empresta dinheiro ao governo. Investe em CDB, empresta dinheiro ao banco. As instituições te retornam com juros. Simples.

Percebam que INVESTIMENTO é algo que você coloca dinheiro porque existe VALOR. Bitcoin não tem valor e não me venha dizer que esse é o futuro porque não é.

Países imprimem dinheiro da maneira que julgarem melhor porém esse dinheiro tem valor pelo simples fato de fazer a economia girar, pessoas de todas as classes sociais entenderem o funcionamento do sistema e usarem essa mesma moeda para comprar uma paçoca ou um avião, logo Reais, Dólar, Euro, Guarani e Pesos possuem VALOR porque até o pinguinha reconhece esse valor ao comprar um Corote.

Ok, estou longe de ter o nível de conhecimento sobre economia que muitos colegas de blogosfera tem, sou um tonto nesse assunto, porém tenho sido inteligente o suficiente para gastar menos que ganho e investir a sobra de maneira que hoje tenho uma situação financeira confortável, logo me considero no meio do caminho entre o economista e o mendigo do Corote e mesmo estando no meio do caminho não consigo de maneira alguma entender como que essas criptomoedas podem ter algum valor! BTC não é uma "tecnologia disruptiva" (nice words, rsrs!), ninguém aceita BTC, o que acontece é uma conversão da moeda local para BTC. Criptomoedas só servem pra alguma coisa quando convertidas para alguma moeda e é isso que você deveria fazer. Ter um pendrive cheio disso é tão útil quanto uma mala de dólares na ilha de Lost.

Uma coisa pode não ter valor porém isso não significa que deve ser abolida, muito pelo contrário. Bilhetes de loteria, fichas de roleta e baralhos também não possuem valor algum e diariamente várias pessoas ficam milionárias usando esses objetos. O mesmo pensamento serve para as criptomoedas. Não vou ser hipócrita, queria muito ter comprado Bitcoins lá no começo quando custava merreca e TER VENDIDO QUANDO ATINGIU R$ 75K, porque, novamente, Bitcoins não são investimentos, são ferramentas de especulação. Se você tem um monte dessas coisas e não vendeu quando estava em 75k das duas uma: ou você deixou de ganhar dinheiro pra cacete ou ainda vai ganhar muito mais o que é completamente diferente de dizer: "tenho uma carteira com X BTC". BTC NÃO É INVESTIMENTO, PORRA!

Certa vez comprei uma loja cujo faturamento era de 20 dinheiros, enquanto minha outra loja fazia 300 dinheiros. Essa lojinha tinha despesa muito similar à minha lojona, mesmo tendo um faturamento muito menor. Ela não iria me dar lucro e se desse seria tão pouco que não compensaria mante-la. Por que comprei? Comprei porque já tinha uma pessoa pra quem vende-la e na mão dessa pessoa a lojinha seria lucrativa (por diversos motivos que não vem ao caso). Ao compra-la, eu pessoalmente fui trabalhar nessa loja, erguer o movimento, dar um tapa no visual. Resumo da ópera, aumentei o faturamento para 30 dinheiros, vendi a loja à prestação e com juros e o comprador está feliz e satisfeito faturando 40, 45 dinheiros, pagando minhas prestações e todos foram felizes para sempre. O que quero dizer: fiz um trade, entrei no negócio sabendo que não seria vantagem mante-lo, porém sabia que podia fazer um dinheiro em cima com o negócio certo. Jamais encarei essa loja como um investimento ou como parte do meu negócio. Muitas coisas na vida são assim e não há nada de errado em aproveitar essas oportunidades.

Fuçando na internet me deparei com vídeos de gente montando "minas" de criptomoedas, os comentários dos vídeos são os mais divertidos possíveis: gente admirada de quanto dinheiro o cara consegue fazer, gente metendo o pau e dizendo que não compensa porque gasta X de energia pra obter Y de moedinhas. Isso me lembra a eterna discussão: Uber dá dinheiro? Jogue isso na pesquisa do YouTube e você vai se deparar com N vídeos com opiniões completamente contraditórias, o resumo da ópera é que aquele cara que encara o Uber de maneira profissional, como perfil empresarial, consegue sim ter bons resultados, enquanto o amador que faz Uber X de Vectra 2.2 gasolina fica de mi mi mi reclamando que não dá dinheiro. Tudo na vida é uma questão de como se encara isso, se você pretende minerar moedinhas encare de maneira profissional e com certeza as chances de sucesso serão maiores.

Ganhe seus milhões com moedas digitais, mas pelo amor de Deus, saque isso em alguma moeda de verdade. Não, brother, o mundo não será movido à BTC, você não vai abastecer seu carro com isso. É uma tecnologia complexa demais pra ser prática, encare a realidade, não é porque você é nerd que todos serão, conheço gente que não sabe que 1000g é igual à 1kg, você acha realmente que o povão vai abraçar isso?

Então novamente, vamos encarar criptomoedas como apostas, porque não passam disso. Sorte de quem conseguir fazer dinheiro com isso, se você se interessa pelo assunto, vá em frente, compre, venda, fique rico e seja feliz. Oportunidades estão aí para serem aproveitadas porém devem ser entendidas da maneira correta para que não ocorra arrependimentos. Como não entendo porra nenhuma, não consigo enfiar na minha cabeça a ideia que computadores resolvendo quebra cabeças podem gerar algum valor, prefiro ficar de fora.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Silêncio

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Na minha opinião algumas coisas são hipervalorizadas enquanto outras são negligenciadas. Uma das coisas mais negligenciadas na sociedade atual é o silêncio.

Vivemos num mundo barulhento, estamos cercados por uma poluição sonora inacreditavelmente alta e ninguém se dá conta disso, muito pelo contrário, ninguém liga e até se coloca dentro disso.

Quando você entra no carro qual a primeira coisa que faz? Liga o rádio. É impossível encontrar alguém que não ligue o rádio do carro, e pior, algumas pessoas possuem aparelhagem de som de balada dentro do carro, ouvindo "música" no último volume diariamente.

Fogos de artifício são vistos como coisas bonitas e divertidas. Sorry, mas não consigo entender como algo que tem grande potencial de ferir pessoas, faz um barulho infernal e não serve para absolutamente porra nenhuma possa ser legal. Sem contar que o uso dessa merda se universalizou e absolutamente tudo é comemorado com fogos, foda-se que é uma quarta feira meia note, meu time ganho, vou explodir rojões e azar de quem trabalha amanhã e precisa dormir.

Dormir tem se tornado cada vez mais difícil, se você mora em prédio provavelmente sofrerá com barulhos internos de vizinhos se noção que usam sapato dentro de casa, ouvem som em volume alto, que não controlam os latidos de seus cachorros... Sem contar o som externo como alarmes idiotas que ninguém dá a mínima, cachorros latindo, carros barulhentos, motos cujos escapamentos foram propositalmente trocados com o único objetivo de fazer mais barulho...

Você vai no supermercado e tem um locutor gritando SÓ HOJE, TV 50 POLEGADAS MIL REAIS, ÚLTIMA PEÇA, O CASAL AQUI JÁ APROVEITOU... Puta que pariu, é praticamente impossível fazer compras em paz, todo lugar que você vai tem promoções sendo berradas no seu ouvido, até farmácia que teoricamente é um ambiente de saúde tem porra de locutor gritando promoção e tocando sertanejo de gosto duvidoso em volume alto.

As pessoas não sabem falar, elas gritam. Grande parte das pessoas fala extremamente alto, gritando mesmo, e ainda por cima não existe uma preocupação em falar bem, corretamente... Fala-se errado e gritando, aff...

Não vejo necessidade de estar ouvindo música o tempo todo, de sempre ter um rádio ou TV ligado em casa . Uma das coisas que mais gosto de fazer é cozinhar ou limpar a casa no silêncio (quando os vizinhos e suas marretas deixam).

Meu sonho de consumo é morar num lugar blindado ao som, num bairro tranquilo, junto à pessoas tranquilas... Será que isso é possível nesse mundo ou terei que mudar para outro planeta?

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Curtinhas - 6 Atitudes do Trabalhador Padrão

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Feliz ano novo, ando meio sem saco pra escrever porém fuçando nos rascunhos acabei achando vários posts incompletos que acabei cozinhando e saindo postagens curtinhas. São posts simples, sem edição, sem firula, sem porra nenhuma (Izzy Nobre TM), porém com conteúdo relevante. Toma aí a primeira:

No trabalho as pessoas fazem coisas totalmente sem sentido:

1- Chegam atrasadas. Tem gente que todo dia chega alguns minutos atrasado e isso não faz o menor sentido pra mim. Se você entra às 9h, tem obrigação de estar as 9h pronto para trabalhar e não de chegar 9h 5min, se trocar, mijar, beber água e bater o dedo 9h15min... Se você entra às 9h, tem que chegar uns minutinhos antes pra se preparar e não o contrário.

2- Ficar na firma após o horário do expediente. Vejo que as mesmas pessoas que chegam atrasadas costumam ficar alguns minutos além do expediente, não com o objetivo de compensar os minutos de atraso e sim porque não estão nem aí com a hora de sair, na cabeça delas tanto faz sair 5 ou 10 min depois do horário, mesmo batendo o dedo e ficando lá de bobeira, trabalhando de graça.

Caralho, a hora de sair é sagrada, sempre pensei assim, evitava o máximo possível fechar a loja além do horário, deixava sempre o caixa pra fechar no dia seguinte de manhã. Se a loja fechava às 21h, 21h estava fechando a última fechadura e todos estavam liberados. Hoje, no trabalho, quando dá minha hora paro imediatamente o que estou fazendo, bato o dedo e vazo o mais rápido possível, foda-se quem olhar torto. Tenho casa, esposa e cachorro, não irei jamais ficar além do horário na empresa, nem 1 min a mais.

3- Reclamar de hora extra. Não fico 1 min a mais que o normal mas também não me importo de fazer uma horinha extra de vez em quando SE for avisado com antecedência, porém as mesmas pessoas que ficam as vezes meia hora além do horário todos os dias, reclamam se tem que fazer uma hora extra. As pessoas são engraçadas...

4- Happy Hour: não faz o menor sentido ficar além do horário de trabalho junto com pessoas que você já é obrigado a conviver durante o dia todo, todos os dias e além de tudo gastar dinheiro e ter que cuidar das impressões que pode passar mesmo num ambiente de bar. Por mais agradável que os colegas possam ser, não vejo sentido em passar ainda mais tempo com eles que o imposto pelo expediente.

5- Desespero pelo salário. Isso é justificável, sabemos que a grande maioria das pessoas vive de contracheque à contracheque e vivem precisando desesperadamente de dinheiro. Dia de pagamento lá na firma é um rebuliço, todo mundo desesperado esperando o salário cair e quando finalmente alguém descobre que já caiu é um desespero generalizado para sair para o intervalo e ir ao caixa eletrônico enfrentar fila e sacar todo o dinheiro. Pessoal lá desconhece o fato que você não precisa tirar dinheiro do banco e pode simplesmente pagar suas contas pela internet e usar cartão de débito.

6- Pavor e travamento diante superiores. A grande maioria das pessoas possui um pavor surreal de superiores, é só o supervisor aparecer que as pessoas travam completamente, se comportam como robôs e parecem estar diante do Papa ou mesmo de Deus. É muito engraçado ver aqueles que reclamam o dia inteiro, metem o pau em tudo, possuem um ar de autoridade fora do normal e de repente ficam santinhos e se transformam nos melhores funcionários da empresa. também é engraçado as pessoas mais falantes da empresa se comunicando com monossílabos com os superiores, parecem que tem medo de falar com um ser humano cuja única diferença é ter um cargo superior.

Ser peão está me fazendo descobrir muitas coisas sobre o ser humano, é quase uma experiência antropológica.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

2/2/18 Glamour do Empreendedorismo

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

"Não acredito que você vendeu suas lojas, deixou de ser EMPRESÁRIO e virou empregado!" - Não sei quantas vezes ouvi, tanto aqui quanto na vida real, versões dessa frase no último ano. As pessoas possuem uma visão enviesada da imagem do empresário médio.

Ao ouvir a palavra "empresário" a esmagadora maioria das pessoas associa à um homem bem vestido, atrás de uma mesa de vidro, numa sala decorada com obras de arte, ar condicionado e vista para Manhattan. O trabalho do "empresário" é responder emails, dar ordens, fazer telefonemas, tomar café, comer a secretária, andar de BMW, usar Rolex...

Por força do hábito e por ser tratado assim pelas repartições públicas, bancos e demais instituições, acabei por adotando o uso de "empresário" para referir à minha antiga atividade profissional, porém minha descrição mais realista de empresário seria:

Eu, consertando computador, mãos sujas ao limpar coisas, fazer trabalho de todos os cargos possíveis dentro da minha empresa, receber boletos falsos de sindicatos, pagar boletos e guias de recolhimento de imposto, receber cartinhas de repartições públicas avisando que tenho débitos, brigar com operadoras de cartão de crédito, rezar para o movimento melhorar, torcer para o funcionário não roubar "muito", ter tato ao lidar com funcionário para não ofende-lo e abrir margem para processo, rezar para uma funcionária não engravidar, rezar para não ser assaltado, rezar para não ter problemas físicos na loja como uma fechadura emperrada que custará 1000 reais pra ser arrumada e deixará a loja aberta até meia noite, torcer para não ter enchente...

Não é mimimi, essa é a REALIDADE da vida do "empresário" brasileiro. Aliás, vamos deixar esse termo de lado e usar o termo "raiz", ou seja, "comerciante". Jamais fui empresário, essa foi a imagem que tentaram me vender a vida toda mas na real sempre fui comerciante, aquele nêgo dono da lojinha, que trabalha pra caralho, com uniforme da firma, uma Bic atrás da orelha e é meio chucro.

Acredito que bem ou mal deixei esse falso glamour do empresário subir pra minha cabeça e durante um bom tempo que tive loja me achei um empresário ao invés de um comerciante. Parece besteira mas isso com certeza influenciou muitas das minhas decisões como "empreendedor" (seria empreendedor um mix entre empresário e comerciante?) e me fez fazer várias cagadas. Não estou colocando a culpa das minhas cagadas nos outros, se fui burro a culpa é somente minha mesmo.

A vida do comerciante de sucesso não tem glamour algum, não tem sala com ar condicionado, não tem carrões nem essas merdas que você, profissional de TI (maior mistério para um comerciante é entender que diabos é um "profissional de TI") acha que temos. Não é glamour que uma lojinha traz e sim a possibilidade de ganhar um cadim mais de dinheiro. Pare de glamourizar o comerciante!