domingo, 24 de março de 2013

[Empreendedorismo] - Franquias - O Conceito

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Desde que comecei a escrever sobre empreendedorismo, muitos leitores me perguntaram o que acho sobre franquias, demorei um pouco para escrever sobre esse assunto porque queria achar uma maneira de falar algo novo, que não fosse somente mais um dos milhares (ou milhões) de textos sobre franquias por ai.

Decidi fazer um texto sobre minha opinião, fugindo dos modelos que todos encontram procurando no painho (Google), portanto não levem as palavras a seguir como verdade absoluta, é somente a minha opinião sobre o assunto. Fugirei de lugar comum, não vou explicar como funciona a compra de uma franquia nem nada disso que você acha com facilidade no Google.

Modelos de Franquia

Ter uma franquia nada mais é que pagar pelo uso de uma marca e knowhow de alguém. O franqueado paga ao franqueador uma taxa de franquia que é uma remuneração inicial pelo direito do uso da marca e repasse do conhecimento necessário ao desenvolvimento da operação do negócio. Além disso o franqueado costuma pagar mensalmente royalties para ter o direito de continuar usando a marca e demais serviços prestados pelo franqueador como marketing e consultoria. Muitas vezes também ocorre o pagamento de taxas de publicidade. Essas são características comuns a praticamente todas as franquias, cujos modelos podem sofrer algumas variações:


Franquia clássica: o franqueado deve seguir a risca os moldes do negócio do franqueador inclusive comprando produtos exclusivos, mantendo padrões rígidos de atendimento e gestão. Modelo mais indicado pra quem quer começar um negócio do zero, mas com uma marca consolidada, muitas empresas entregam o negócio totalmente montado, pronto para operar. Exemplo: cafeterias (Grão Espresso).

 Licenciamento de marca: ao contrário da franquia clássica, o licenciamento de marca é mais flexível em relação a comercialização de produtos, permite também uma padronização menos rígida de lay-out, embalagens e serviços. Normalmente quem adere a esse tipo de negócio já tem uma operação no setor, as taxas costumam ser menores, mas o apoio do licenciador também. Exemplo: drogarias (Farmais).

Sociedade: modelo menos comum, mas que costuma ser extremamente interessante. O franqueador (se é que se pode chamar assim), “contrata” sócios operadores. O cidadão interessado no negócio entra com um capital que costuma ser bem inferior ao equivalente para compra de uma franquia tradicional, tem seu nome no contrato social da operação e torna-se sócio operador, recebe um pró-labore e participação nos lucros da loja. Exemplo: restaurante Outback.

Em todos os modelos a principal vantagem para o franqueado é a possibilidade de entrar no mercado com relativamente pouco capital e ao mesmo tempo possuidor de uma marca com forte presença perante o público alvo. Essa característica permite uma consolidação mais rápida, afinal o cliente já conhece a marca, diminuindo as chances de quebra. 

Se o franqueador for competente, mesmo pessoas com nenhuma experiência comercial podem se sair muito bem. A padronização da operação diminui a chance de erros por parte do proprietário favorecendo o desenvolvimento do negócio e a possibilidade de expansão mais racionalizada. Outros fatores subjetivos também contam: status, a sensação que franquias possuem operacional mais fácil e que são “inquebráveis”, etc.

Na próxima postagem falarei sobre o que o empreendedor deve ter para entrar num negócio desses. 

quarta-feira, 20 de março de 2013

Ganhando Dinheiro com Bicos

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Você já parou pra pensar que existem uma infinidades de trabalhos bem remunerados e que são totalmente desprezados pela maioria da população? São trabalhos dignos, como quaisquer outros, mas que, por vários motivos, as pessoas desprezam e nem consideram a hipótese de se dedicarem a eles. A maioria dos jovens vê como o trabalho ideal aquele feito atrás de um monitor de computador, numa sala com ar-condicionado e vestindo roupas bonitas. Engraçado que esse mesmo jovem, ao fazer um intercâmbio no exterior, trabalhará numa lanchonete fritando hambúrgueres e lavando pratos... Isso não vale só pra molecada que está começando no mercado de trabalho, tem muito marmanjo esnobando trabalho por aí!

Independente de ter ou não um emprego formal, existem inúmeras maneiras de ganhar dinheiro de maneira informal. Algumas são bem remuneradas, outras nem tanto, algumas precisam de algum conhecimento ou afinidade específica, outras não, mas o fato é que fica duro quem quer! Preparei alguns exemplos de bicos, freelas e sub-empregos que podem trazer alguma renda, alguns deles eu mesmo fiz ou conheço pessoas que fizeram. Lembre-se que bico é bico, não queira "subir" na carreira, isso praticamente não existe. (lista aleatória, sem ordem de importância ou rendimento):


1- Servente de pedreiro: mais indicado para homens jovens e saudáveis, é um trampo pesado mas que pode substituir facilmente os exercícios que a maioria faz na academia. Média de remuneração: R$ 40,00/dia.

2- Lavador/passador de roupa: Cada vez mais gente procura por esse tipo de serviço, a ausência de lavanderias por quilo ou self-service é uma excelente oportunidade. Média de remuneração: R$ 150,00/mês por cliente.

3- Dog Walker/Sitter: Excelente pra quem gosta de bichos e mora perto de regiões mais sofisticadas, o serviço nada mais é que passear com cachorros ou tomar conta deles durante o dia, levar ao veterinário, pet shop, etc. Média de remuneração: R$ 20,00/hora.

4- Dobrete: bico sazonal, normalmente solicitado próximo a datas comemorativas. O trabalho é dobrar e organizar roupas em lojas com grande fluxo de clientes onde os vendedores não dão conta do trabalho. Média de remuneração: R$ 50,00/dia.

5- Entregador de Pizza: tem uma moto? É habilitado? Conhece o bairro onde mora? Pronto, você está preparado pra ser um entregador de Pizza. Se for educado, não andar fedendo e ter boa aparência, as caixinhas serão gordas. Média de remuneração: R$ 40,00/noite.

6- Garçom: um dos bicos mais clássicos, a remuneração varia muito, mas é possível ganhar muita caixinha. Recomendo a leitura dos posts do Estagiário aqui e aqui sobre o assunto. Média de remuneração: R$ 50,00/noite.

7- Marido de aluguel: especialmente indicado para homens que possuem facilidade com ferramentas, manutenções e afins: elétrica, hidráulica, colocação de prateleiras, etc. Média de remuneração: R$ 20,00/hora.

8- Mecânico de bike/motos: nas periferias o movimento das oficinas de motos e bikes aumenta exponencialmente nos fins de semana, demandando mais mão de obra. Mesmo se você não souber fazer muita coisa, não é difícil conseguir um bico desses. Média de remuneração: R$ 30,00/meio período.

9- Faxina: está cada vez mais difícil arrumar uma diarista, as moças não querem saber desse tipo de serviço, preferem ganhar salário mínimo como telemarketing e abrem mão da excelente remuneração que uma faxina pode proporcionar. Média de remuneração: R$ 80,00/dia.

10- Lavar louça: experimente colocar um anúncio "lavo louça a domicílio, R$ 10,00/pia" no quadro de avisos do seu prédio. Conheço uma pessoa que foi a Miami só com dinheiro de lavar louça. Média de remuneração: R$ 10,00/hora.

11- Auxiliar de salão de cabeleireiro: muitos salões de cabeleireiros contratam pessoas aos sábados (dia de maior movimento) para dar apoio aos profissionais: varrer o chão, repor produtos, lavar cabelos, etc. Média de remuneração: R$ 50,00/dia.

12- Serviços de informática: tem muita gente fazendo bico formatando computadores, fazendo manutenção de hardware, mas sempre existirá espaço, principalmente para quem é educado, prestativo e rápido. Média de remuneração: R$ 80,00 (formatação de nootebook).

13- Revisor/formatador de TCC: todos os anos milhares de formandos devem entregar seus TCCs, nisso surge a excelente oportunidade de atuar como revisor e formatador (para norma ABNT) de trabalhos. Média de remuneração: R$ 100,00/trabalho.

Como eu disse, vários desses trabalhos exigem alguma qualificação, outros nem tanto. O que é preciso pra todos eles é deixar a frescura e status de lado e por a mão na massa. Multiplique os valores acima por horas, trabalhos ou dias e verá que a possibilidade de ganhos é muitas vezes bem superior ao da maioria dos salários de profissionais médios por aí.

segunda-feira, 18 de março de 2013

O Empreendedorismo na Mídia

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Sei que sou chato, pessimista e intolerante mas tem uma coisa que sempre me incomodou e gostaria de compartilhar com vocês. Praticamente 100% do conteúdo sobre empreendedorismo disponível na internet é claramente escrito por pessoas que não fazem ideia do que é ter uma empresa. A maioria dos textos segue o seguinte modelo:

“O futebol, esporte preferido pela população brasileira, é um jogo onde, duas dezenas mais duas pessoas entram num local estrategicamente concebido para a prática do esporte através do arremeço utilizando os pés, de um objeto conhecido como bola”

Ou seja, são textos extremamente óbvios, muitas vezes tão estúpidos que parecem desafiar a inteligência dos leitores. Todo e qualquer texto sobre empreendedorismo cita o Sebrae, o empreendedor que começou com 1 real a um ano atrás e hoje fatura 1 bilhão de reais por hora vendendo produtos de nicho como cotonetes para limpar ouvidos de bulldogs ingleses. Cita também os números, que tantos % das empresas fecham no primeiro ano, mas nunca mostram empreendedores que quebraram a cara nem se dão ao trabalho de mostrar como evitar erros.

Claro que existem pessoas excepcionais, verdadeiros Midas, que transformam em ouro tudo o que tocam, essas pessoas (os Buffett da vida) devem ser estudados e servem de excelentes exemplos, mas imaginar que teremos o mesmo desempenho delas é ser ingênuo demais. Os programas de TV, as revistas e alguns sites colocam essas figuras como padrão, o que é algo totalmente prejudicial a grande maioria das pessoas que possuem o sonho de ter um negócio próprio. Garanto que se os exemplos mais reais fossem mostrados e explicados, o número de empresas fechadas no primeiro ano reduziria drasticamente simplesmente porque um monte de gente ia perceber que não tem talento (o que não é nada de errado) e desistiria da ideia de ser empresário.

Esse tipo de comportamento não tem a ver com grau de instrução. Vejam quantas pessoas com muito conhecimento se iludem com ganhos fáceis na bolsa, juram que com 1 mês de estudo, R$ 5 mil de capital de risco e um PC com 3 monitores, se transformarão em traders, sem nunca mais precisar por os pés dentro de uma empresa. O mesmo acontece com o empreendedorismo, a mídia passa a imagem que fazendo um cursinho do Sebrae, lendo algumas apostilas e “não misturando PJ com PF” (outra obviedade clássica) qualquer um “desenvolverá” seu talento empreendedor. Acontece que se livrar da atividade de trader é muito mais simples e normalmente requer menos prejuízo que se livrar de uma empresa...

Vejam um excelente exemplo do que realmente costuma acontecer com pessoas que acham saber o que estão fazendo no link abaixo (recomendo a leitura do todo o blog):


Resumidamente, o Henrique foi o primeiro empreendedor a participar do blog da revista PEGN chamado “Primeiro ano da minha empresa”, o objetivo, como o próprio nome diz era acompanhar o primeiro ano de uma empresa através de posts do empresário, relatando as dificuldades e alegrias. O Henrique era um executivo, juntou uma grana e montou uma padaria fodastica em São Paulo, uma padoca linda que tive o prazer de visitar. É o tipo de negócio que qualquer um tem orgulho de ser dono, de postar fotos no Facebook e entregar cartões de visita naquele churrasco com colegas da faculdade.

Não conseguiu completar 1 ano, vendeu a empresa em sérias dificuldades financeiras e voltou para sua área de atuação profissional tendo perdido uma boa grana. Por quê? Começou com menos dinheiro que deveria, ficou dependente de empréstimos o tempo todo e não se tocou que padaria é uma tremenda furada pra quem não tem experiência em comércio: operacional difícil, muitas horas abertas, união de área industrial e comercial, dependente de mão de obra escassa, cara e difícil de lidar, regulação extrema, custo operacional altíssimo e outras desgraças que todo português conhece (mas sabe lidar) bem de perto. Ou seja, tudo errado, eu tinha uma vergonha alheia tremenda toda vez que via um post novo, o resultado era obvio.

Bom, é isso, esse foi um desabafo. Modéstia a parte, tenho certeza que nunca escondi a verdade sobre o que sei do assunto, e jamais farei isso, muito pelo contrário, me sinto na obrigação de falar a verdade e expor a realidade. 

quinta-feira, 14 de março de 2013

[Livros] - Como a Starbucks salvou a minha vida

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Faz algum tempo que alguém me sugeriu a leitura desse livro, semana passada passei no Starbucks perto de casa e me lembrei do livro. Não sei porque mas fiquei com uma vontade imensa de lê-lo e fui procurar, acabei comprando por módicos R$ 5,00 num sebo.

O livro não tem nada a ver com finanças ou algo do tipo, conta a história do publicitário Michael Gates Gill, branco, nascido e criado numa família classe média, passou por diversos cargos numa das maiores agências publicitárias dos EUA, levava sua vida em função da empresa, trabalhava 12, 14 horas por dia, Natal, feriados, mudava frequentemente de estado para abrir novos escritórios da agência, não acompanhou o crescimento de seus filhos, não era feliz no trabalho mas gostava do status que ele proporcionava. Aos 53 anos sua chefe, a qual ele ajudou a subir na empresa, o demitiu por se velho demais.

Pegou uma boa indenização e foi trabalhar como consultor, no começo fechou alguns negócios com pessoas conhecidas, mas aos poucos os negócios foram minguando. Nesse meio de tempo arrumou uma amante que teve um filho seu, se divorciou deixando sua casa para sua ex-esposa e seus filhos. Foi morar num apartamento pequeno e barato nos subúrbios de Nova Iorque. A amante passou a perder o interesse por ele e o deixou. Descobriu que tinha um tumor raro no cérebro que estava prejudicando sua audição, não tinha seguro saúde. O dinheiro da indenização acabou e se viu sem condições de pagar o aluguel.

Michael Gates Gill
Dez anos depois da demissão, passou em frente a casa onde passou a infância, parou num Starbucks pra tomar um café. Na loja estava acontecendo um festival de contratações onde uma das gerentes lhe ofereceu um emprego de atendente (na realidade ele é um faz-tudo) que prontamente aceitou. Logo no primeiro dia de trabalho teve um choque: todos os colegas (chamados de parceiros) eram negros e 2 gerações mais novos que ele, vindos de famílias pobres, alguns ex-delinquentes, mas todos eram felizes, bem humorados e tratavam outros parceiros e clientes com extremo respeito. Foi aceito no novo grupo e passou a se dedicar de maneira excepcional a esse trabalho novo, agarrando-se a essa última chance que a vida lhe deu.

O interessante do texto é a lincagem com fatos ocorridos no passado do Mike, a cada novo acontecimento do novo emprego ele se lembra como teria agido no passado. Percebe que era uma pessoa chata, mal educada, rancorosa e com ar superior e que com certeza menosprezaria as pessoas que formam seu núcleo de amizades atual, mas que agora tem que lavar banheiros, azulejos e recolher o lixo, o que faz com extremo prazer e dedicação. A moral da história é que Mike encontrou a felicidade nesse "sub-emprego" não no ambiente corporativo no qual passou sua vida inteira. Precisou viver mais de 60 anos, perder todo o dinheiro que tinha, perder o contato da sua família e ficar doente para achar o verdadeira motivo de viver.

Gostei muito do livro, é uma história de vida muito interessante. Gosto de ler sobre exemplos de pessoas que conseguiram reinventar suas vidas o que quase sempre só ocorre após eventos trágicos ou complexos. Recomendo a leitura a todos, principalmente para aqueles que estão passando por uma fase profissional confusa e infeliz.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Período Sabático – Como foi o meu

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Primeiramente vamos definir o que é um período sabático. Se você fuçar na internet encontrará que a origem do termo “sabático” vem do hebreu e tem o significado de repouso, transportando aos dias atuais, o período sabático é uma interrupção programada da atividade profissional de uma pessoa, podemos pensar como um período de férias prolongadas. Uma pessoa pode tirar um sabático por vários motivos, mas normalmente esse período inclui viagens, cursos, aprofundamento em hobbies ou mesmo simplesmente o ócio.

Quem acompanha o blog desde o começo sabe que fiz um sabático recentemente, mais precisamente no intervalo entre a venda da minha segunda loja e a compra da terceira (atual), então gostaria de relatar minha experiência e dizer como me planejei para tal.

Alguns haters adoram citar o fato de eu ter ficado 1 ano em casa como se fosse um pecado, algo totalmente desprezível. Na verdade o sabático, é algo que todo mundo quer fazer mas poucos tem coragem pra tal, sem saber que com um mínimo de planejamento qualquer pessoa pode aproveitar essa experiência magnífica.
Eu apertei, você também pode!

Meu sabático funcionou mais como um período de descanso que para crescimento pessoal, afinal eu trabalhei ininterruptamente por mais de 10 anos, sem saber o que eram fins de semana, férias e descanso.  Quando empregado, fazia tudo aquilo que era possível para ganhar dinheiro: comecei a trabalhar quando ainda estava no colégio, vendia férias, vendia fins de semana para os colegas de trabalho que queriam ir pra Santos com a família, fazia absolutamente todas as horas-extras que me eram possíveis, trabalhei durante 60 dias, sem folgas 16 horas por dia, cheguei a ter 2 empregos e a trabalhar 2 semanas durante 20 horas diárias. Depois que comprei a primeira loja a coisa piorou muito, afinal eu tinha o estímulo de ganhar dinheiro e fazer a MINHA empresa crescer.

O tempo passou e a loucura continuou, agora eu precisava trabalhar pra pagar os 3 carnês dos carros, o apartamento, a mobília, o empréstimo do BNDES, os cartões de crédito... O Cerbasi apareceu como um anjo na minha vida e a ficha caiu: tudo estava errado! Fiz um mega planejamento para antecipar os pagamentos, precisei trabalhar ainda mais para isso, mas já que a merda estava feita, inclui mais uma linha na minha planilha de dívida, a linha DESCANSO, ou seja, considerei que a grana necessária para meu sabático seria mais uma dívida a ser quitada.

Como já fazia algum tempo que o vírus da educação financeira havia me contaminado, eu tinha todas as despesas sobre controle, sabia para onde ia cada real, então foi relativamente fácil estimar quanto dinheiro seria necessário para meu sabático. O planejado era ficar 8 meses sem trabalhar, mas a grana deveria ser necessária para 12 meses, também não contaria com a grana da Bia que naquele momento tinha remuneração imprevisível. Calculei o custo de algumas viagens e cheguei num número.

Fui quitando dívida após dívida, do jeito que manda o figurino: juros maiores primeiro, amortizações depois, blá, blá, blá... Uma hora as dividas acabaram, mas ainda havia a “dívida” descanso. Trabalhei mais alguns meses, quando paguei 75% do “descanso” coloquei a empresa a venda e rapidamente a vendi, um dia depois de liberado pelo comprador, Bia (de férias) e eu embarcamos em Cumbica para nossa primeira viagem internacional. Finalmente eu estava de férias, coisa que tinha feito a última vez quando ainda era virgem!

Não, esses não são pés de Ostra
Aproveitamos as férias da Bia e viajamos, durante todos o resto do tempo, me entreguei ao ócio, dormi muito (adoro dormir), comi muito (engordei 8kg), fiz uns biquinhos que apareceram só pra colocar no currículo (tá certo, não vou colocar no currículo que trabalhei de dog walker, servente de pedreiro e mecânico de bikes). Assisti muitas séries, alguns filmes (não gosto muito de filmes), muitos documentários. Virei muitas noites vendo TV ou lendo, me desliguei do noticiário, mas fiz muito amor.

O tempo foi passando e o dinheiro foi acabando, felizmente num ritmo menor que o imaginado, a Bia ganhou uma boa grana nesse período o que me ajudou a coçar o saco mais algum tempo e bancou mais algumas viagens. Garanto que toda essa grana torrada no sabático foi a grana mais bem investida de toda a minha vida.

Meu arrependimento é não ter feito um planejamento de coisas a fazer, quando resolvi faze-lo já estava trabalhando novamente e me dei conta que tenho uma lista de mais de 90 coisas pendentes. Essas coisas ficarão para um futuro sabático que será, preferencialmente, feito em conjunto com a Bia.

quarta-feira, 6 de março de 2013

[Empreendedorismo] – Arrendamento de Comércios - Parte 2

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Na primeira parte dessa postagem falei um pouco sobre o que é arrendamento de um comércio e sobre esse negócio do ponto de vista do arrendador (proprietário). Hoje continuarei o assunto falando sobre o ponto de vista do arrendatário.

Ponto de vista do arrendatário

Para o arrendatário, ou seja, a pessoa que arrendará o comércio, quase sempre o motivo para tocar a empresa de alguém é a falta de capital para ter seu próprio negócio.

Imaginem que Pedro é o açougueiro-chefe do “Mundo Vegetariano”, é um excelente profissional, proativo, de extrema confiança de João, tem família pra sustentar e não consegue juntar muito do seu salário de R$ 2 mil. Para Pedro a oportunidade de arrendar o açougue é ouro! Ele poderá tirar bem mais que os R$2 mil de salário mesmo pagando, sei lá, R$ 5 mil a João. Pedro poderá ser o dono de um negócio, mesmo que durante um curto período de tempo e melhor, sem investir 1 real.

O lado B é que Pedro estará trabalhando muito num negócio que efetivamente não é dele, após expirado o prazo do arrendamento ele poderá ser obrigado a devolver o açougue a João e perderá todo o trabalho realizado. Por outro lado, um contrato bem elaborado pode fazer que Pedro receba de João uma remuneração extra pelos bons serviços prestados a empresa durante o período que ele foi arrendatário.

Assim como existem poucos arrendadores dispostos a fazer esse tipo de negócio somente para obter renda passiva, devido aos riscos envolvidos, há também uns poucos empreendedores que arrendam um comércio levando a sério aquela velha máxima disseminada por alguns especialistas que diz: "nunca compre aquilo que você possa alugar". Nesse caso, o arrendatário foca no ganho rápido de dinheiro num período de X anos, não se importando com as limitações de um arrendamento, em estar trabalhando a marca de outra pessoa e em não ganhar (ou ganhar pouco) pela valorização do negócio. O arrendatário se livra de muita burocracia, ganha uma boa grana e vai para outro negócio. É ótimo pra quem detesta criar raízes num lugar.

O arrendamento também pode ser uma opção de tira-teima. Será que você nasceu pra ser empreendedor? Arrende um comércio e tire suas conclusões. Claro que não é tão simples assim, achar uma pessoa disposta a arrendar uma empresa é raríssimo, mas se um dia essa possibilidade bater na sua porta, pense bem antes de deixar passar.

Peculiaridades do Negócio

Normalmente um arrendamento é feito por um período de 1 ou 2 anos, com possibilidade de renovação. Cláusulas de multas contratuais caso uma das partes desista do negócio devem ser obrigatórias. Em alguns casos, o arrendamento pode ser alinhavado com opção de compra, ou seja, o arrendatário tem a opção de comprar o negócio após o término do período de arrendamento por um preço determinado antes do início do contrato, ou seja, se o arrendatário for esperto, conseguirá comprar 1 dólar por 50 centavos!

O arrendador deve pagar, no fim do contrato, um “prêmio” ao arrendatário por esse ter aumentado o faturamento (se ocorrer), aumentado o estoque ou feito algum tipo de benfeitoria na empresa. Essa é uma cláusula importante para incentivar o arrendatário e garantir o crescimento do negócio, caso contrário, o arrendador corre o risco de receber o comércio em condição inferior ao da data da entrega, nesse caso, multas também devem ser aplicadas.

O arrendador continuará dono do negócio, então nada mais justo que continue acompanhando o desenvolvimento da empresa. Isso deve ser feito através de relatórios e muitas vezes de maneira presencial, mas sem interferência direta. O arrendador deve manter uma boa relação com o arrendatário, até agir como um consultor e aconselhador, mas não deve se meter nas decisões finais. Os detalhes desse acompanhamento devem ser colocados em contrato.

Em resumo o arrendamento de comércios pode ser um excelente negócio para ambas as partes, mas deve ser feito muito criteriosamente, com todo cuidado, atenção aos detalhes e ao contrato. 

segunda-feira, 4 de março de 2013

[Empreendedorismo] – Arrendamento de Comércios - Parte 1

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

O arrendamento é uma parceira comercial relativamente comum em alguns setores de comércios, destaque para postos de gasolina, açougues e estacionamentos/lava rápidos, mas de pouco conhecimento da grande maioria dos aspirantes a empreendedor.

O arrendamento nada mais é que um aluguel de uma empresa, normalmente um comércio. É bem simples, João, proprietário do açougue “Mundo Vegetariano” cede os direitos de exploração do empreendimento para Pedro a troco de X reais mensais. A empresa, maquinário, marca e ponto continuará pertencendo a João, assim como ele continuará sendo o representante legal. Pedro seria basicamente um gerente, não registrado, com poderes de dono durante um determinado período de tempo.

Ponto de vista do Arrendador

O proprietário do comércio, ou arrendador, pode fazer o arrendamento devido a inúmeros motivos, dentre eles:

  • Investimento: é raríssimo, mas há pessoas que compram comércios e arrendam a terceiros visando renda passiva. Os motivos para isso não ser tão comum serão citados mais adiante.
  • Cansaço: o proprietário está a anos a frente do negócio, está cansado ou com algum problema de saúde, não pretende vender o negócio, então arrenda durante um período de tempo.
  • Melhorias: o proprietário de uma empresa mal das pernas pode arrendar o negócio a outra pessoa, melhor capacitada a dar um up no faturamento.

As vantagens para o arrendador são inúmeras, mas com certeza a principal é a altíssima remuneração que esse tipo de negócio pode trazer. A taxa de arrendamento normalmente é um valor fixo, pré-determinado ou uma % em cima do faturamento. Esse último caso é mais arriscado devido a dificuldade de se fazer uma auditoria pra saber se o pagamento está correto. A mecânica da coisa é semelhante a compra de ações que pagam dividendos. Você é dono do negócio e recebe mensalmente uma determinada participação dos lucros sem fazer força alguma. Esses “dividendos” podem ser gordíssimos!

Como todo grande ganho é acompanhado por um grande risco, o arrendador tem muito a perder. O arrendatário terá em suas mãos a responsabilidade de cuidar de milhares de reais do arrendador, isso sem contar com ativos subjetivos como clientes, fornecedores, reputação, nome no mercado, etc. Além disso, o arrendador fica com toda a responsabilidade sobre o estabelecimento. Imagine se a boate Kiss estivesse arrendada, quem seria processado? Claro que o arrendador! Um arrendatário desonesto pode simplesmente dar um golpe, surrupiar estoque e maquinários e sumir no mundo, deixando o arrendador a ver navios... bem pode acontecer toda sorte de desgraças pra cima do arrendador.

O risco excessivo é provavelmente a maior barreira para a implantação desse tipo de parceria comercial. Quase sempre o arrendatário é uma pessoa de extrema confiança do arrendador: um funcionário competente e merecedor, um colega de setor, um filho, etc.

Na segunda e última parte falarei do ponto de vista do arrendatário e algumas particularidades desse tipo de negócio.