quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Retrospectiva 2017

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Post mais do mesmo, toma aí minha retrospectiva de 2017:

2017 foi o ano mais PUTAQUEPARÍVEL de todos os tempos, puta merda, não tenho palavras pra descrever o que foi, de longe, o melhor ano da minha vida. Tive um revés importante (que não vem ao caso) porém isso era previsível, mais cedo ou mais tarde ia acontecer e no fim aconteceu para o bem. Tirando isso o resto foi absurdamente fantástico. No começo de 2017 meu objetivo era me tornar um homem melhor, o que considero missão cumprida por diversos motivos. Claro que não consegui fazer tudo o que tinha vontade mas na média foi melhor que o esperado.

SAÚDE E PESO

Do ponto de vista da saúde consegui desabar 15kg do meu peso utilizando 30 dias de medicamento, reeducação alimentar e um pouco (bem pouco) de exercício. Considero uma imensa vitória porque desde sempre "sofro" com efeito sanfona onde perco peso rapidamente e ganho na mesma velocidade. Fazem 5 meses que estou conseguindo manter o peso dentro do que considero legal, obviamente poderia estar melhor, mas pra isso seria necessário um esforço enorme para um retorno pífio. Como tudo na vida que tem essa relação, não compensa. Atribuo essa manutenção eficaz à somente uma coisa muito simples e besta: registro. Utilizo um App para registrar meu peso semanalmente, quando vejo que ganhei um quilo seguro um pouco a boca e aumento o exercício naquela semana. Tem funcionado incrivelmente bem apesar de não ter a dieta mais saudável do mundo (gosto muito de comer porcarias e não sei até que ponto estou disposto a parar com isso). A saúde vai bem, fiz um check-up e está tudo ok, sinto-me bem disposto e saudável, nada a reclamar.

INGLÊS

Caguei. A esperança era que em 2017 voltasse aos estudos de inglês e melhorasse minha fala porém falhei imensamente nesse quesito. Acredito que meu nível está estacionado, consumo muito material no idioma o que me ajuda a manter o nível, porém embora eu não enrosque nem gagueje, a pronúncia está horrível. Falhei em relaxar nas aulas de conversação, em 2018 a esperança é colocar mais energia nisso. O que serve de consolo é que meu nível atual é suficiente para minha necessidade atual, não sei se buscar desesperadamente pronúncia é algo importante...

FOCO NA FAMÍLIA

Aqui foi sensacional, nunca antes na minha vida valorizei tanto meu casamento e o convívio com a Bia. Coisas aconteceram e me levaram à esse sentido (talvez compartilhe algum dia com vocês). Bia e eu jamais tivemos problemas de relacionamento mas hoje em dia estamos muito mais próximos, parceiros e cúmplices. Deixamos de lado familiares tóxicos, pseudo amizades, paramos abruptamente de compartilhar nossa vida com os outros e o resultado não podia ser melhor: a vida está fluindo muito bem. O lado triste é que cada dia que passa estamos mais isolados do resto do mundo, porém vemos isso como um efeito colateral, um mal necessário. O fato é que se não confiamos nas pessoas, não há porque forçar amizades somente pra dizer que temos amigos.

FINANCEIRO

Foi um ano de ajustes, vocês entenderão melhor quando o post sobre receitas e despesas sair porém basicamente voltei a ter controle do meu dinheiro. Mesmo sendo uma pessoa regrada, acabei por perder o controle dos números nos últimos anos e especificamente em 2016 caguei completamente ao fazer um negócio ruim e perder dinheiro nele, acabou sendo a gota d'água que ao me estressar de maneira nunca antes vista, me forçou a criar vergonha na cara e colocar minha vida financeira nos eixos novamente.

Tenho muita tranquilidade por ter renda passiva bem superior às minhas despesas e por ser capaz de trabalhar e gerar renda também superior ao que preciso. Essa sensação é incrível, você deve experimentar...

PROFISSIONAL

Ah, o trabalho... O trabalho dignifica sim o homem e ai de quem ousar dizer o contrário... O trabalho é foda, pode trazer muita felicidade e dinheiro ou somente dor de cabeça. As pessoas subvalorizam a importância não financeira do trabalho... 2017 foi um ano fodástico no ponto de vista profissional: comecei o ano trabalhando no negócio zoado que fiz, tirei um sabático, trabalhei numa empresa zoada, pedia as contas,  fui trabalhar em outra empresa, gostei, fiz cursos, fui promovido... Caralho, quanta coisa pra um ano só! Não faço ideia de como será o quesito trabalho em 2018... deixa a vida me levar...

RESUMÃO

2017 foi um ano foda em todos os sentidos, muito mais coisa aconteceu na minha vida e que não publiquei aqui no blog, 2017 foi o ano dos ajustes em vários sentidos da vida e isso traz grande dúvidas sobre 2018: curtirei esses ajustes de 2017 e toda a tranquilidade que eles me trouxeram ou meterei o pé na jaca novamente, bagunçarei o meio de campo e partirei para uma nova empreitada em busca de crescimento pessoal? O futuro dirá...

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

4/1/18 - Líquido de Vencimento

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Líquido de Vencimento - essa simples frase no extrato bancário representa muita coisa, ao menos pra mim e dentro da minha realidade. Pra você pode ser besteira, pra mim é muito significativo.

Ao ver essa frase estampada no meu extrato bancário me sinto incrivelmente feliz e essa felicidade pouco tem a ver com o valor recebido e sim com as circunstâncias. Ao contrário de muita gente que demoniza o trabalho, reclama de todos e de tudo relacionado ao trabalho, sou uma pessoa muito grata pela possibilidade de exercer minha profissão e ainda por cima ser pago por isso. Sim, eu sei que uma vez que você trabalhe, deve receber seu salário mas não é nesse sentido que eu falo. Quero dizer que fico feliz comigo mesmo, orgulhoso de mim mesmo, por poder trabalhar em algo com tamanha vontade, desenvoltura e ainda por cima receber por isso. O mundo está cheio de gente pagando para hobbies, gastando dinheiro pra fazer coisas que gosta, que tem paixão e eu recebo dinheiro pra fazer o que me da prazer.

Imagino todo o tempo que fiquei com essa vontade reprimida de trabalhar no que gosto e concluo que sim, valeu muito a pena ter esperado todos os anos enfiado dentro das lojas e finalmente agora ter a chance de fazer o que realmente gosto. Se não fossem meus anos de comerciante dificilmente teria a tranquilidade financeira de poder trabalhar por prazer, provavelmente teria começado a trabalhar nisso antes mas a obrigação de ganhar mais dinheiro teria rapidamente me tirado da parte técnica e me levado para a parte gerencial, que mais tem a ver com burocracia que com a profissão em si. Estaria ganhando mais dinheiro, com toda a certeza, porém seria refém da empresa, viveria exclusivamente para o trabalho, sem folgas, sem férias decentes... Vejo muita gente presa nessa vida que não é pra mim e felizmente posso abrir mão.

Então toda vez que vejo "líquido de vencimento" escrito no meu extrato, me recordo de tudo que passei pra chegar até aqui e fico imensamente grato pelas excelentes oportunidades que tive na vida.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Minimalismo ou Pobreza?

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Uma das coisas mais interessantes de ter um blog é ver o rumo que o papo leva nos comentários de cada post. Você escreve sobre algo e quando menos espera os comentários enveredaram para um rumo completamente diferente do esperado. Isso as vezes é ruim porque acaba desvirtuando o assunto principal do texto mas outras vezes acaba agregando muito para a discussão e faz surgir assunto para outras postagens.

Meu último post, sobre Recomeçar do Zero, foi exatamente assim, comentários interessantes surgiram e fizeram levantar novas reflexões, é sobre isso que vou falar hoje.

Sempre que cito o minimalismo aqui no blog parece que surge uma turma contra esse estilo de vida, eu os nomearia de Anti-Minimalistas. Essas pessoas argumentam que o que chamo de minimalismo é na verdade Pobreza e que resumindo eu vivo uma vida de merda. Outro assunto sempre tocado é o fato de eu ter uma "pseudo-independência financeira" porque minha vida de 4k por mês é uma bosta, sem aventuras e que minha renda passiva malemá cobre o básico. Vou começar falando um pouco (novamente) sobre o que é independência financeira para mim:

INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA (IF): é quando uma pessoa tem ativos financeiros que geram renda suficiente para cobrir suas despesas, ou seja, a pessoa tem a OPÇÃO de não trabalhar e mesmo assim suas despesas serão pagas.

Você pode ter um conceito diferente de IF, porém, creio eu, esse é o conceito utilizado pela maioria das pessoas aqui na blogosfera. Veja que o conceito de "despesas pessoais", como o próprio nome diz, é algo totalmente pessoal, ou seja, cada um tem o seu. Gasto dinheiro todo mês com meu cachorro, se você não tem cachorro, não gastará dinheiro com cachorro, entende? Perceba também que uma vez atingida a IF existe a OPÇÃO de parar de trabalhar. Muitos me agridem verbalmente por eu ter escolhido continuar a trabalhar após a IF e pior, por ter escolhido ser empregado após atingir a IF. Novamente, entenda que isso são opções que cada um faz dentro da sua realidade. EU, Corey, escolhi arrumar um emprego por diversos motivos: trabalhar na minha área de formação, fazer network, aperfeiçoar conhecimentos técnicos, ter uma ocupação, não precisar mexer no rendimento dos meus investimentos, etc. Ao contrário da esmagadora maioria das pessoas eu tenho total liberdade de deixar meu trabalho assim que quiser pelo simples fato de ter atingido a IF, portanto essa é uma escolha 100% minha.

Voltando ao assunto minimalismo eu até entendo o porquê de certa ojeriza com o termo. Pesquise minimalismo no Google ou YouTube e você encontrará o seguinte perfil de pessoas e conteúdo:
  • Mulher, na faixa dos 30 e poucos anos, com forte tendência feminista. Sites com fotos de paisagens de desertos, árvores com neve, praias desertas, moradias de paredes brancas, com poucos ou nenhum móvel. Essas mulheres usam leite de magnésia como desodorante, vinagre no lugar de amaciante de roupas, possuem "armário cápsula", roupas monocromáticas, são quase sempre veganas (e como todo vegano/socialista/feminista são torcedores da causa).
Até eu que sou mente aberta tenho certo asco de coisas assim.

É preciso entender que o minimalismo que prego é o "minimalismo raiz". O que seria o minimalismo raiz? Fácil de entender, é o minimalismo orgânico (no sentido de ser algo natural, sem forçação de barra), aquele minimalismo que muito provavelmente seus avós adotavam mesmo sem sequer ter ouvido falar do termo. Perceba que a velha guarda na maioria das vezes fazia pouca ou nenhuma dívida, ia criando patrimônio ao longo dos anos e não amparado em empréstimos bancários, vovô comprava um Fusca ou Corcel e com esse ficava até morrer, morava numa casa simples de poucos cômodos (normalmente 3 quartos: 1 para o casal, 1 para os meninos e outro para as meninas), com chão de cimento queimado vermelho ou na melhor das hipóteses cerâmica também vermelha que vovó lustrava com cera Poliflor. A família tinha o costume de "guardar 10% do salário" que pode parecer pouco mais é algo simples e eficaz. Existia a preocupação de "fazer pé de meia", normalmente com imóveis de locação. Vovô trabalhava fora e vovó além de criar os filhos tinha também alguma fonte de renda: costurar ou lavar roupa pra fora, fazer marmitas, etc. Grande parte das famílias com esse perfil acabou por levar uma vida tranquila porém com muito trabalho e indubitavelmente com formação de patrimônio.

Vovô e vovó eram minimalistas embora possam parecer pobres. Não eram pobres, nunca faltou comida e remédio para os filhos, tinham televisão e um carrinho na garagem. Alguns dos filhos provavelmente até se formaram na faculdade.

Pobre pra mim é quem vive um degrau acima do que pode, independentemente da renda. Minimalista é a pessoa que vive um degrau abaixo, independentemente da renda. Simples assim! Perceba que não estou falando valores, você pode ser pobre com uma renda de 10k, e minimalista com uma renda de 3k ou de 20k.

Vivo com menos que minha renda, não preciso dos rendimentos dos investimentos pra viver. Levo um padrão de vida confortável e de acordo com minha necessidade.
  • Tenho um carro "bosta" com mais de 20 anos de idade mas porque trocaria se ando não mais que 2.000 km por ANO? Na verdade faz mais sentido vende-lo e ficar sem carro... 
  • Moro num apartamento de 60m² que considero enorme, já vivemos em 30m² com muita tranquilidade. Por que precisaria de mais? Somos um casal com poucas coisas e um cachorrinho. 
  • Meus móveis são "bostas" comprados nas Casas Bahia. Pra que mandar fazer um super armário planejado se moro num imóvel alugado?
  • Todas minhas roupas cabem numa mala carry-on. Por que comprar mais se no dia-a-dia uso uniforme, em casa roupas velhas e confortáveis e saio com pouca frequência?
  • De eletrônicos tenho um celular de 400 reais e 2 anos de uso, uma TV 42" e um laptop i3 com 4 anos. Eles atendem à minha necessidade, pra que comprar mais?
Percebem onde quero chegar? O minimalismo está na necessidade, cada pessoa tem uma necessidade diferente e precisamos entender duas coisas: minha necessidade é diferente da sua e as vezes o que achamos necessários na verdade não é. Não tem nada a ver com pobreza e sim com necessidades.

Outra crítica que recebi é o tal "zero". No texto citei que recomeçaria do "zero" com renda familiar combinada de 7,5k e fui criticado por isso não ser necessariamente zero, que deveria ter feito o planejamento com salário mínimo. Veja bem, o objetivo foi estimular as pessoas à pensarem em estratégias de saída caso precisassem recomeçar suas vidas e novamente, aqui é tudo muito pessoal, cada um tem objetivos diferentes, vontades diferentes e rendas e situações empregatícias diferentes. Hoje estou no "fundo do poço" da renda familiar e esse fundo do poço é 7,5k. Bia e eu ganhamos pouco porque decidimos trabalhar pouco (que tem a ver com carga de trabalho e stress, não com tempo de trabalho). Somos sortudos por ter uma renda razoável mesmo com pouco stress no trabalho. Isso é fruto das nossas escolhas profissionais, temos trabalhos relativamente bem remunerados (para os padrões brasileiros) e com pouca oferta de profissionais.

Continuo dizendo que o minimalismo, no sentido de ter uma vida simplificada e coisas e despesas dentro do NECESSÁRIO, é a chave para o sucesso de qualquer pessoa. Mantenha sua vida um degrau abaixo do que poderia estar, cuide para não extrapolar o necessário e terá sucesso independente da sua renda. A vida é simples, não complique.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Recomeçando a Vida do Zero

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Criei esse blog em 2012 quando meu patrimônio era zero, nesse meio de tempo fiz minhas correrias e consegui atingir a independência financeira. Muitos dos que aqui chegam devem ter histórias semelhantes, ou estão justamente no início da caminhada ou mesmo estão devendo até as cuecas e se ligaram que isso não é legal. Não importa, se você está lendo esse texto é sim uma pessoa em busca de prosperidade na vida como um todo, não só na financeira.

No post anterior fiz críticas pesadas ao meu pai, como o nível dos comentaristas é altíssimo, recebi críticas de excelente tom e extremamente construtivas, aproveito para agradecer a todos que de alguma forma tentaram me ajudar com palavras, meu muito obrigado. Meu pai pode ter sido (e ainda é) burrão em relação ao dinheiro porém uma coisa jamais poderei negar: o velho jamais se deu por vencido e nunca desistiu de lutar, mesmo quando a situação era extremamente crítica e desfavorável. Vi meu pai quebrar e recomeçar diversas vezes na vida (e infelizmente talvez verei novamente) e isso me ensinou muitas coisas, entre elas:

  • Dinheiro não aceita desaforo, uma vez que você fez merda, já eras. É preciso um ganho de 100% pra recuperar uma perda de 50%. Isso que dizer que mesmo tendo todo o cuidado ninguém está livre de se foder imensamente e quebrar. Meu principal objetivo do ponto de vista financeiro é justamente jamais quebrar.
  • Em caso de grande bosta você deve ser capaz de ter sangue frio o recomeçar sua vida de alguma maneira. Ficar de mimimi choramingando sobre o leite derramado não vai funcionar. O certo é engolir seco, encarar e partir pra cima. Isso é algo que meu pai sempre fez com maestria.
  • Fodam-se os outros. Se hoje você está bem de vida, tem carro bom, mora bem, come fora com frequência será visto de uma maneira, se amanhã precisar abrir uma pocilga pra vender cachaça e se sustentar será visto de outra. Isso não pode te segurar.
Digamos que após um apocalipse qualquer eu tivesse zero reais no banco. O que faria? Vou tentar esmiuçar meu plano aqui...

Resumo da ópera: casal, na faixa de 35 anos, sem filhos, pagando aluguel, sem carro, sem imóvel próprio porém sem dívidas.

Trunfo: ambos empregados, ambos em nível técnico, boa empregabilidade. Salário familiar: R$ 7.500,00 líquidos.

Super trunfo: MINIMALISTAS. Bia e eu não temos o menor problema em viver sem carro, pagar aluguel, ter móveis das Casas Bahia, andar de transporte público, levar marmita, ser subordinado à outras pessoas, etc. Acredito eu que a vida minimalista seria meu melhor aliado em caso de recomeço.

Despesas: para entender como estão minhas despesas clique aqui (houve algumas mudanças, post em breve). Acredito que me mudando para um lugar mais barato (sim, é possível viver com dignidade em SP gastando uns 1000, 1100 reais por mês), tirando as despesas com veículo e educação, segurando um pouco a onda do mercado, Bia e eu conseguiríamos viver com uns 3500 por mês. Menos 7500 de receita, temos 4000 de saldo.

O que eu faria com esses 4000 mensais? Well, acredito que todo mundo deve ter um teto. Dinheiro na corretora rendendo mais que o aluguel é legal e tals, mas brother, se tudo der errado você ainda sim precisa de um teto, portanto providencie um. Acredito que ao contrário que os gurus de finanças propagam, os pobres fazem certo sim se enfiar num MCMV da MRV em 30 anos. Pra quem não tem educação financeira alguma é melhor pagar juros num apartamento de 45m² que viver em baixo da ponte. Portanto se estivesse recomeçando do zero a primeira coisa que faria seria comprar um imóvel pra viver, esse imóvel poderia ser sem problema algum um MCMV de 200k em algum bairro periférico com boa estrutura e próximo ao nosso trabalho.

O plano é extremamente simples e conservador: 4 anos jogando o surplus de grana na poupança, compraria a vista o tal teto. Simples assim.

Mais um ano e compraria um carrinho popular (se fosse realmente necessário), mobiliaria o apartamento e tiraria férias bacanas porém bem frugal.

Veja que com 40 anos de idade eu teria um apartamento e carro quitado e já sobraria dinheiro. Isso tudo em 5 anos de trabalho normal, CLT, 44h semanais de um casal. Sem me matar de fazer hora extra e sem contar com o 13º e férias (use-os para descontar a inflação numa conta de padeiro). Perceba que para um casal qualquer, de average Joe e Marie  fazerem o mesmo não é nada difícil. Não usei estratégias sinistras nem conhecimento especializado, qualquer um que saiba o mínimo de matemática pode fazer o mesmo.

Mesmo sendo possível ter o mínimo para se viver em pouco tempo e com salários ordinários o que a maioria dos casais faz? Compra carro zero financiado, roupas de marca e arruma 2 filhos. Muito fácil entender o porquê de estarmos num mundo fodido.

Ok, em 5 anos de trabalho, 40 de idade reconquistei a dignidade, tenho onde morar e um carro, mas e agora? Agora aproveitaria a sobra de caixa deixada pelo fim do aluguel e investiria. No que? Não sei... Provavelmente faria como muitos dos mais espertos da blogosfera fazem: procuraria informação e me meteria na renda variável. Muitos me perguntam o porquê de não investir em RV. A resposta é simples: não preciso. Não me levem a mal, não sou rico, não tenho dinheiro saindo pelo ânus, porém com sorte consegui ganhar uma boa quantia de dinheiro em pouco tempo o que me ajudou a formar patrimônio muito rápido, não preciso me enfiar em risco para obter retorno melhor. O que não aconteceria se precisasse investir a partir de salários normais, por isso digo que nesse caso talvez arriscaria um pouco mais em troca de retorno pouco melhor.

Mais importante que onde investiria meu suado dinheirinho mensalmente é estabelecer diretrizes de como tocar a vida, e isso incluiria:

1- Sossegar no apartamento próprio. Não me mudaria, não desejaria um upgrade de imóvel, nada disso. Iria sossegar o cu no tal MRV e por ali ficaria.

2- Nada de troca de carros. Desnecessário explicar. Seria igual aquele tiozão que anda de Santana CL 91 único dono até hoje...

3- Viajaria anualmente porém sempre de maneira frugal (coisa que já faço hoje em dia).

Difícil dizer como seria minha velhice num cenário desses. Não faço ideia de como será no cenário real, que dirá num diferente... Porém esse exercício serve para colocar o cérebro pra trabalhar e identificar saídas para os problemas mais sinistros. A conclusão que chego é que se precisasse recomeçar hoje com certeza não seria lá muito sofrido porque a vida simples e sem muita ambição idiota me traz tranquilidade em todos os aspectos da vida.

Perceba que somos um casal simplão, como muitos por aí. Temos uma renda razoável porém bem abaixo do que muitos possuem e não é nada difícil poupar 50% ou mais do salário. Caralho, ficar rico não é fácil mesmo, porém pra ser pobre também é necessário certo esforço... E você, já parou pra pensar nisso?

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Pai Corey e o Dinheiro

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Hoje o post é sobre como meu pai sempre lidou e lida com o dinheiro, é uma coletânea de pérolas que ouvi do velho durante minha infância todas e também de atitudes que o vi ter sobre o dinheiro. Então tome um Dramin, prepare seu estômago e vamos lá!
  • "Banco ou você tem dinheiro ou tem gerente": segundo meu pai para ter sucesso na vida você deve ter ou dinheiro ou ser amigão do gerente do banco. Isso vem de um costume dos anos 80 onde muitas vezes seu gerente cobria um cheque sem fundos, bastava um telefonema. Provavelmente os juros cobrados para tal serviço eram obscuros, mas quem se importa! O importante pro velho era ter o cheque de compra de mais um Fiat 147 coberto...
  • Se você é amigo do gerente, você vai onde ele vai. E isso levou meu pai a abrir uma conta na agência onde o gerente amigão dele fora transferido: 30km de casa, numa agência pequena dentro de um forum. Como nos anos 90 os serviços bancários eram muito mais "agência" que hoje, isso fazia com que o velho tivesse que se deslocar essa distância, pagar estacionamento e usar calças só pra ir ao banco (parece que você não pode entrar de bermudas num forum).
  • "Só existem 2 tipos de carro: Fusca ou zero": Na cabeça do velho a mecânica robusta dos Fuscas justificava ter um carro desse modelo, tirando isso o certo é ter carro zero porque "não dá problema". Como Fuscas não são mais fabricados o velho tratou de ter carro zero nos últimos 15 anos, trocando a cada no máximo 2 anos. Foda-se que não tinha renda, o importante é andar de carro do ano. Ah, os 147 eram pra fazer rolo...
  • "Eu tenho American Express": poucas coisas deixavam o velho mais orgulhoso nos anos 90 que o Amex Green que fazia questão de ostentar por cima dos outros na carteira. Tal cartão foi perdido durante uma das inúmeras crises que o fizeram estoura-lo para pôr comida na mesa de casa (e abastecer o carro do ano). A dívida foi paga... ano passado!
  • Papai Corey até que conseguiu fazer bastante dinheiro durante a vida, tudo graças à seus trades com imóveis e lojas (sim, aprendi com ele, porém lapidei a técnica), porém com as trocas constantes de carro, dívidas no cartão de crédito e gastos irracionais, custou a conquistar algum patrimônio. Agora, com quase 80 anos nas costas se vê novamente em apuros ao tentar pela milésima vez ficar rico.
  • Absolutamente tudo que meu pai faz é feito na base do jeitinho. Se ele tem que ir do ponto A ao ponto B jamais usará a avenida que liga os dois pontos e sim uma quebrada por dentro de 3 favelas, afinal "a avenida tem trânsito e semáforo, pela quebrada eu economizo 3 segundos e é só 90% mais longe". O mesmo serve para todos os negócios que fez na vida: influência política, favores de amigo de amigo de amigo são capim, pagar propina para obter uma licença? Qual o problema?!
  • Old School é o que há. Tecnologia nunca foi presente em nossas vidas, fui ter acesso à um vídeo cassete em 1998 (usado, que o velho pegou num rolo), CD player em 1999, computador somente após casado. Lembro minha felicidade ao descobrir que pegava MTV  no primeiro apartamento que Bia e eu moramos logo que juntamos os trapos. O velho nunca quis comprar uma antena UHF!!! Parece besteira mas isso prejudicou muito minha socialização quando criança e adolescente.
  • O buddy system sempre fodeu imensamente as finanças de casa. Seguro de carro pelo dobro do preço, porque meu pai era amigo do corretor. Levou calote de trocentos mil reais na venda de um imóvel, porque era amigo do corretor que falsificou assinaturas em recibos. Gasolina no posto mais caro da cidade, afinal o dono do posto era amigão... No fim das contas todos esses "amigos" sempre sumiam quando o velho não era mais conveniente à eles.
  • Em 1997 decidi arrumar um bico de mecânico de bicicleta (tá bom, auxiliar do ajudante do mecânico de bicicleta, rs), porém o velho me impediu. Não pela idade e sim porque segundo ele: "você não precisa disso, papai vendeu uma casa e tá com dinheiro". Mesmo com pouca idade já percebia que aquela fase não ia durar muito tempo e sabia que dinheiro uma hora acaba e insisti em ir trabalhar.
  • Esse emprego me fez juntar grana suficiente para comprar uma super-mega-ultra-motherfucker montain bike, ao anunciar que iria adquirir tal bem o velho disse: "guarda o dinheiro na poupança, papai compra pra você", e assim o foi, comprou a bike e deixou de me dar uma excelente lição sobre o dinheiro...
  • Mas o dinheiro da bike, que foi pra poupança, não durou muito tempo por lá... Logo o velho quebrou novamente e precisou usar essa grana para pagar as contas de casa.
  • Durante meu primeiro ano de empreendedor estava completamente fodido com dívidas de 5 dígitos no cheque especial. Era burro financeiramente falando mas concluí que valeria mais a pena pegar um empréstimo de capital de giro à juros muito menores, e quitar o cheque especial. Ao pedir opinião do velho, recebi a seguinte resposta: "Não tem nada de errado, todo comerciante vive no cheque especial, comigo sempre foi assim também, você nunca vai zerar isso...". (a maneira que zerei isso e dei a volta por cima é história pra um post completo).
  • Pouco após zerar minha dívida no cheque especial, comentei o tanto de limite que eu tinha noS bancoS (claro, porque segundo o velho, quanto mais conta uma loja tem, melhor, então as 5 contas que tive (simultaneamente, pagando o pacote de serviços mais top, além de títulos de capitalização e seguros inúteis sugeridos pelos gerentes) foram ideia dele), ele me fala: "com esse limite somado dá pra você comprar outra loja, já pensou em fazer isso?". Preciso comentar?
Isso é somente uma amostra do tipo de ensinamento sobre dinheiro que meu pai me deu. Sempre que recordo isso fico muito orgulhoso de mim mesmo, de como fui capaz em tão pouco tempo e com esse tipo de "ajuda" conseguir acumular patrimônio e atingir a independência financeira. No frigir dos ovos meu pai me deu algo muito importante e que valorizo muito: educação em escola particular. Tudo bem que até hoje ele deve alguma grana lá, mas ele e minha mãe (mais influência dela), sempre fizeram questão de me manter em escola particular e isso fez muita diferença na minha vida, seja por conviver com pessoas de nível econômico maior (sempre maior que o meu, eu era o pobre no meio dos ricos) ou por ter uma educação de maior qualidade que me ajudou na faculdade e mesmo no desenvolvimento pessoal. Por isso sou muito grato.

Meu pai sempre foi meu amigão, porém após sair de casa comecei a perceber que ele não era o herói que achava... Muito pelo contrário, ele me fodeu muito, muito mesmo. Não vou mentir, guardo imenso rancor pelo velho, não só pela influência negativa que teve na minha vida financeira mas também na vida pessoal e que não vem ao caso agora. Por outro lado, uso-o como anti-modelo, tento sempre seguir o caminho oposto que ele. Já disse aqui no blog algumas vezes que meu maior desejo financeiramente falando sempre foi ter estabilidade e jamais repetir os ciclos de prosperidade e miséria que meu pai (e por consequência eu) passou. Minha história pode servir de alerta, vejo muita gente que coloca pai e mãe num pedestal, como exemplos de tudo de bom, quando na verdade são somente seres humanos passíveis de erros, é preciso tomar muito cuidado com isso.