quarta-feira, 30 de abril de 2014

Muito Obrigado Senna!

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Mil novecentos e noventa e quatro, um garoto em sua primeira década de vida, envolto com a ânsia de conhecimento que de vez em quando invade uma criança, simplesmente decora dados sobre uma categoria esportiva: campeões, recordes, nomes importantes... Essa criança acorda nos domingos pela manhã com toda energia, torce para seu ídolo e enxerga ali todo o seu ideal de vida: ser um campeão seja lá no que for, ser bravo, vencer o adversário de forma ética e gloriosa. A televisão vinte polegadas na sala nada mais é que uma máquina que conecta seu coração com o coração do seu ídolo, do outro lado do mundo.

De maneira abrupta, no primeiro dia do mês de maio, esse ídolo se vai, o menino descobre que seu ideal de vida é feito de carne e osso, tanto quanto qualquer um ao seu lado. Pela primeira vez na vida esse garoto sente uma tristeza profunda, uma tristeza que inconscientemente mudaria muita coisa nos próximos vinte anos em sua vida. No dia seguinte, uma segunda feira, o tradicional ânimo escolar, a vontade de comentar do fim de semana simplesmente abandona as crianças, o clima é pesado, a tristeza é nítida, os professores cabisbaixos tentam, sem muito sucesso, animar aquelas crianças. Aquele fim de semana jamais seria esquecido, aquele clima tenso e triste, jamais abandonaria aquelas crianças.

Aquele cara que inesperadamente se foi não fazia ideia que, graças a ele, o garoto e seus colegas aprenderam lições da escola: na geografia descobriram que Adelaide não é a capital da Austrália, que Suzuka fica no Japão e que, por esses países estarem no outro lado do mundo, o fuso horário fazia com que fosse preciso acordar de madrugada para assistir a corrida. Mônaco é um território independente da França. Aprenderam ciência: a borracha aquecida dos pneus facilita o atrito com o solo, melhorando a estabilidade, aprenderam funciona um aerofólio: uma asa de avião invertida. Aprenderam matemática ao perceber que milésimos de segundo faziam diferença a cada volta. E também aprenderam que é preciso treinar, mas que muitas vezes se faz necessário apenas aprimorar talentos.

A partir daquele dia, o esporte perdeu toda a graça e durante o restante do ano, o garoto e seus colegas de escola guardam luto, muitos pela primeira vez na vida, da maneira que podiam: escrevem seus deveres escolares somente de caneta preta e no rodapé de cada atividade entregue ao professor é gravado com toda a sinceridade as palavras que jamais sairiam da cabeça: VALEU SENNA!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Um Tranco pra Sair da Zona de Conforto

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

No meu último post falei sobre meus planos de mudar para um bairro mais nobre em São Paulo e que um dos motivos para isso é poder conviver com pessoas mais instruídas, educadas e bem sucedidas. Em um dos comentários o Bye Bye Brasil tocou num ponto interessante: que conviver com pessoas mais ricas, mais inteligentes e instruídas nos força a sair da zona de conforto e buscar sempre melhorar para não ficar para trás. Lembrei de um caso que aconteceu com a Bia e eu alguns anos atrás.

Aproximadamente 6 anos atrás Bia e eu passamos por uma experiência ruim que nos fez, entre outras coisas, perceber que estávamos trilhando a corrida financeira dos ratos e que deveríamos além de eliminar dívidas, curtir mais a vida fazendo coisas para nos divertir mais, até então a gente trabalhava tanto que nossa diversão era dormir! Como gostamos de dançar começamos a frequentar baladas caras de São Paulo. Passamos por um choque de realidade: nos vestíamos mal, não sabíamos nos comportar nesses lugares mais elitizados e principalmente, percebemos como algumas pessoas se cuidam, valorizando o visual acabam por ter mais saúde. Na primeira balada top que fomos, conhecemos um pessoal e Bia ficou indignada ao conhecer uma mulher 15 anos mais velha e 2 filhos com um corpo perfeito, se bobear até melhor que o dela. O marido dessa mulher era também uns 15 anos mais velho que eu e não tinha barriga! Isso sem contar com os papos, totalmente diferentes do que estávamos acostumados a ter, voltamos daquela balada com uma sensação horrível de fracasso e inferioridade.

O que fizemos? Na segunda feira seguinte Bia estava matriculada na academia, doamos todas as caixas de leite integral, pacotes de bolacha recheada e refrigerantes que tínhamos no armário. Daquele dia em diante só compramos leite desnatado e passamos a investir mais em alimentação decente, nunca mias compramos nuggets que eram um dos pratos mais consumidos em casa, jogamos fora a fritadeira e nesse tempo todo se fizemos fritura de imersão em casa umas 3 vezes foram muitas. Percebi que fazia uns 5 anos que não pegava um livro pra ler, que não subia numa bicicleta e que "malemá" conseguia manter um diálogo decente em português, que dirá entender coisas escritas em inglês... Passei a comprar jornais todos os domingos, peguei uns textinhos em inglês para voltar a treinar o idioma. Gradativamente passei a substituir minhas roupas por outras mais modernas (odeio modas, mas não é difícil nem caro um homem se vestir bem), fiz uma limpeza de pele e eliminei a calvície precoce com o barbeador.

No final de semana seguinte, voltamos a mesma casa, dessa vez mais bem vestidos, nem parecíamos o casal jeca-tatu da semana anterior, Bia fez uma maquiagem diferente (assistiu vídeos no YouTube em vez de tentar fazer por conta própria), me vesti de maneira mais condizente com a ocasião, enfim, nos sentimos muito melhor.

Se não tivéssemos começado a frequentar lugares mais sofisticados, com certeza ainda estaríamos nos vestindo mal, gordos e burros. Essas baladas foram o tranco que precisamos tomar para sair da zona de conforto e buscar desenvolvimento pessoal. Se não tivéssemos conhecido o lado sofisticado de São Paulo ainda estaríamos sonhando com pacotinhos de viagem da CVC e com sorte o único país que conheceríamos seria a Argentina, jamais teria coragem de fazer uma viagem por conta própria de 40 dias para os EUA como fizemos no fim do ano passado (até porque ainda teria medo de falar inglês). Não teria arriscado na compra da loja nem no negócio B (que não deu certo, mas tentei e ganhei dinheiro enquanto durou). Não teria conhecido pessoas bem sucedidas e suas histórias fascinantes. Com certeza ainda estaria morando no meu apê no bairro barulhento e enfrentando vizinhos inconvenientes no grito, me nivelando por baixo.

Depois de tanto tempo, vemos que essa noite infeliz mudou nossas vias de maneira irreversível para melhor. Queremos sempre nos desenvolver, buscar sempre o melhor.  Semana passada estávamos vendo fotos antigas e demos muita risada ao olhar as fotos dessa época, até separamos algumas para imprimir: uma minha de sunga na praia, com o barrigão sobrando para todos os lados, uma da Bia de biquini com certa flacidez totalmente incompatível para os 20 e poucos anos que ela tinha na foto. Colocamos essas fotos na geladeira para servir de lembrete de como melhoramos nos últimos anos e como podemos melhorar mais a cada dia.

Hoje não tenho barriga, tenho músculos firmes e peso proporcional a minha altura, falo inglês relativamente bem (não sou fluente mas consigo manter diálogos com nativos), sou capaz de conversar sobre praticamente qualquer assunto sem cometer muitos deslizes na língua portuguesa. Ah! Diminuímos a quantidade de palavrões e gírias e deixamos um pouco de lado a tradição paulistana de não usar plural! Bia está com corpão cada vez melhor, pele e cabelos lindos, fala espanhol relativamente bem o que gerou um cargo de supervisão no trabalho levando-a a ganhar mais. Nada disso seria possível sem um tranco, sem um choque de realidade que nos fizesse sair da zona de conforto. Pense nisso...

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Voltando pra São Paulo e Os Bairros Caros

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Após um ano morando de aluguel estou para provar a principal vantagem desse tipo de moradia: a mobilidade. Bia e eu somos meio malucos, mudamos nossos planos a toda hora, somos muito instáveis e nada combina mais com nosso estilo de vida que morar de aluguel. Esse ano morando em outra cidade foi ótimo para muitas coisas e outras não funcionaram tão bem quanto imaginávamos.

As vantagens de ter saído de São Paulo foram várias: mais tranquilidade, menos trânsito, mais tempo disponível, preços menores tanto na moradia quanto nas despesas diárias. Por outro lado problemas surgiram: Bia passou a ganhar menos e trabalhar mais na filial da cidade onde moramos, eu acabei enfrentando muito mais trânsito e estrada do que estava disposto graças a imprevistos com funcionários da loja, percebemos que nossa vida está em São Paulo: as baladas e bares que frequentamos, nossos amigos, os parques, etc. Junte a esses problemas o fato do apartamento que moramos ter diversos problemas estruturais devido a idade e a presença (novamente) de vizinhos inconvenientes, decidimos tomar a decisão de voltar para São Paulo.

Bia voltará para a sucursal onde trabalhou anteriormente, além de ganhar mais, conseguiu uma promoção que a princípio parece interessante. Eu estou envolvido com a possibilidade de entrar num novo e grande negócio (como contei num post anterior), mas é um negócio que pode demorar a sair devido a complexidade (se é que vai sair), então não vou parar minha vida por causa disso.

Uma vez decidida a volta pra sampa, a grande questão é: qual bairro morar? Inicialmente pensamos em começar nossa procura por bairros que facilitem a vida da Bia, que permitam que ela chegue ao trabalho usando metrô (o transporte público "menos pior") ou mesmo a pé. Acontece que esses bairros são considerados de classe média, classe média alta e como tudo em sampa, são super inflacionados, com preços de aluguéis nas alturas. Aí paramos pra analisar se isso valeria a pena ou seria melhor morar num bairro mais longe, mais barato porém com a necessidade maior de carro. É essa análise que gostaria de compartilhar com vocês.

Do ponto de vista financeiro vale a pena morar mais perto do trabalho mesmo pagando bem mais caro pelo aluguel?
R: Segundo nossas contas, morar nos bairros que temos em vista custará (em termos de aluguel) cerca de 120% mais caro que num bairro mais afastado e de qualidade de vida razoável (nada de periferia) para um imóvel de mesmo tamanho, se reduzirmos o tamanho do imóvel, essa diferença cai para 80% o que não é nada desprezível, mas fazendo as contas com gasto de combustível ou transporte público e tempo de deslocamento chegamos a conclusão que essa diferença seria em torno de 50%. Vale a pena? Sim, vale, se analisarmos as questões abaixo.

Quais as vantagens não financeiras de se morar num bairro mais nobre de São Paulo?
R: Esquecendo os fatores financeiros, podemos ver várias vantagens de se morar num bairro mais nobre de sampa, a primeira dela é a tranquilidade, bairros mais nobres tendem  a ser mais silenciosos porque os moradores geralmente se importam mais em não incomodar os vizinhos, além disso pessoas de classe média, média alta costumam ser mais educadas e não tem a infeliz mania de fazer samba/pagode/funk no meio da rua como acontece nas periferias (Observação: se você faz o tipinho politicamente correto e tá se coçando pra me criticar nos comentários, faça-me um favor, suma do meu blog, ok?). Outra coisa que acho importante é que devemos nos cercar de pessoas intelectualmente superiores ou ao menos iguais a nós se queremos crescer como seres humanos educados e inteligentes, se você mora num lugar com gente xucra, a tendência é sempre o nivelamento por baixo. O mesmo vale para pessoas bem sucedidas financeiramente, acho legal conversar com pessoas que deram certo, que conseguiram superar obstáculos e vencer no mundo dos negócios, é possível aprender muito só de ouvir o papo dessas pessoas numa academia, por exemplo.

Estamos dispostos a abrir mão de espaço em prol de morar num lugar mais nobre? Morar num apartamento menor pode prejudicar nossas vidas?
R: O atual apartamento que moramos é bem grande, um apartamento antigo, com cômodos amplos e espaçosos. Claro que é muito agradável morar com espaço de sobra mas a realidade é que não temos necessidade de tanto espaço, um dos quartos do apartamento está completamente vazio e só o abrimos pra limpar, mesmo os cômodos ocupados estão bem vazios porque possuímos poucos móveis e coisas, afinal somos minimalistas, procuramos ter somente o que precisamos ter. O maior problema em morar num lugar menor seria por causa do cachorro, mas ele está acostumado a morar em apartamento então acho que a adaptação mais complicada seria pra gente, não pra ele.

Estamos de olho em empreendimentos novos, a maioria nunca foi alugada e conta com diferenciais como lavanderia coletiva, serviços pay-per-use, áreas de lazer, etc. Minha vontade de morar num prédio antigo já passou, foi legal mas não é nada prático ter 3 tomadas num apartamento inteiro e ter que fazer manutenção em tacos de madeira além de encarar água enferrujada por canos de ferro, entupimentos constantes e elevadores problemáticos. Queremos algo mais moderno, mais com nossa cara, uma moradia prática, mesmo que menor. Acho os chamados "studios" muito racionais para casais como nós, o único porém é que precisamos de divisão entre quarto e sala além de uma área de serviço pra abrigar o cachorro.

Analisando o custo de morar num bairro mais sofisticado percebo que a grande diferença está no valor do aluguel e da alimentação perto de casa como pizzarias, mercadinhos e padarias próximos que costumam ser mais caros, mas isso pode ser minimizado fazendo compras em mercados mais distantes, é tudo uma questão de adaptação. Acho que no frigir dos ovos as vantagens de se "morar bem" valem mais que o custo financeiro. Sempre vejo reportagens sobre pessoas que venceram na vida, ganharam  muito dinheiro e continuaram morando na periferia. Entendo o lado delas, muitas preferem ser o rico no meio dos pobres morando na periferia que o pobre no meio dos ricos morando num bairro nobre, mas acredito que isso vai além do dinheiro e status, como disse, acho a convivência com pessoas bem sucedidas e intelectualizadas muito importante, é algo que agrega muito as nossas vidas. Pretendo sempre buscar conhecimento e novas ideias, viver num lugar melhor pode me proporcionar isso. A elitização da vida é um caminho sem volta, é difícil dar um passo atrás quando se tem condições de dar um a frente.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Patreon - Como ninguém pensou nisso antes?

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Muitos já devem conhecer o Patreon, um site gringo onde é possível patrocinar criadores de conteúdo na web ou vice-versa, receber patrocínio de outras pessoas. Conheci o Patron através do Izzy Nobre e achei a ideia fantástica e estupidamente simples, por que raios em todos esses anos de internet ninguém pensou em fazer algo semelhante?!

A mecânica da coisa é muito simples: o cara que está em busca de patrocínio cria um Patreon e provavelmente deve pagar uma comissão ao site. Ele é responsável por divulgar o projeto e criar bonificações para seus "patrões", normalmente quanto maior o patrocínio, mais são as recompensas. O patrocínio inicia em 1 dolar e o céu é o limite, é possível pagar por PayPal. Não se trata de doação e sim de um apoio mensal ao trabalho de determinada pessoa, ao patrocinar alguém você se compromete com aquela quantia mensalmente.

Achei muito interessante a estou patrocinando o Izzy e também o Carlinhos do Realidade Americana. Acho muitíssimo justo ajudar, nem que seja com uma pequena quantia, aqueles produtores de conteúdo que admiro e acompanho. A gratuidade é insustentável, o Patreon veio para ajudar muitos produtores que sem ajuda financeira não conseguiriam tocar seus projetos no longo prazo.

Você deve estar pensando que estou com esse papo todo porque também vou aderir ao Patreon, mas não é isso! Decidi falar desse assunto porque achei interessante e aconselho a todos que apoiem financeiramente seus produtores de conteúdo favoritos, pode ter certeza que o Patreon logo se espalhará. Também serve de dica para algum blogueiro que pretenda criar uma nova fonte de renda.

sábado, 12 de abril de 2014

Sumiço e Novo Negócio

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Estou aqui para me desculpar pelo sumiço essa semana, eu havia prometido uns textos bacanas e estou em débito com vocês, tenho vários rascunhos prontos mas estou sem tempo para conclui-los. Esse ano a correria não está dando trégua, primeiro foram os problemas com funcionários na loja, coisa que aparentemente está sobre controle, depois veio a troca de carro e todo o tempo perdido nisso, agora aparece um novo e excitante negócio.

Sabe aquele ditado que diz que você nunca deve fechar a porta ao sair de um emprego? Pois é, ele está absolutamente certo! Alguns dias atrás recebi um telefonema de um cara que não falava a mais de 10 anos, ele era sócio do meu primeiro patrão, na época eu era um adolescente faminto por dinheiro e ele sempre me aconselhava bastante. Foi com ele que falei quando pedi demissão e mesmo sendo contra as regras da empresa na época, fez questão de me "demitir" para que eu pudesse sacar o FGTS, pagou absolutamente tudo certinho e ainda me deu vários conselhos. Pois bem, foi uma grata surpresa receber um telefonema dele... Marcamos um encontro pra conversar numa cidade do interior onde ele reside atualmente.

O cara está bem de vida, aposentado, uma vida tranquila mas não consegue ficar parado por isso dá uma de corretor de empresas e me chamou para apresentar um negócio bem interessante que caiu em suas mãos. Uma pequena rede de lojas do meu ramo de atuação que está mal administrada, o fundador vendeu a rede para um empresário workaholic da região que por ter dinheiro e tocar várias empresas diferentes pensou que aquilo seria uma mina de dinheiro mas acabou se enrolando por não achar administradores para o negócio. Bom, ouvi tudo o que tinha que ouvir, visitei as lojas, conversei com o proprietário que não sabe sequer o faturamento das lojas, baixei planilhas, puxei relatórios, conversei com os gerentes das lojas (que foram emprestados de outras empresas do proprietário e não sabem nada sobre o ramo) e voltei pra casa. Resumindo o resumo do sumário: o negócio é extremamente viável!

O negócio é grande (para meus padrões), exige uma carga de trabalho considerável e obviamente, investimento em melhorias. Não tenho nem grana suficiente nem saco pra tentar tocar uma pica dessas sozinho, então fui atrás de alguns "bróders" meus. Procurei um parceiro comercial com o qual já fiz negócios e um outro "amigo" (amigo não, é mais um colega que amigo...) que poderiam entrar nesse negócio comigo. Todos se interessaram, conversamos bastante e pode ser que de certo. Juntos temos qualidades suplementares: sou melhor na parte administrativa, o parceiro é melhor na lida com funcionários e o amigo excelente negociador. Todos tem dinheiro em partes iguais e pensamos de maneira bem semelhante (entenda a importância disso aqui e aqui no Blog do Bye Bye Brasil)

Se eu fechar esse negócio estarei virando minha vida do avesso: precisarei me desfazer de toda poupança da IF, mudar para outra cidade, abandonar os planos de imigração (ao menos por enquanto, no médio prazo essa empresa pode me ajudar) e principalmente, terei que trabalhar bastante durante um bom período de tempo sem ter retorno financeiro. Além disso eu teria sócios que é algo que sempre evitei. Se tudo der certo, a rentabilidade pode ser fantástica. Se der errado estarei em sérios apuros tanto financeiro quanto psicológico. Além de investir dinheiro do bolso ainda teremos que alavancar uma porcentagem grande do valor total do investimento. Engraçado como embora tudo isso pareça loucura e eu saiba exatamente o tamanho da mandioca que terei que encarar, estou bem empolgado com a possibilidade desse negócio dar certo. Meu Deus, será que estou virando um desses empresários babacas que dão entrevistas no Show Business dizendo que adoram trabalhar 18 horas por dia?

Lembrei de um cara que conheci durante uma viagem, ele era dono de uma rede de concessionárias de carro no sul. Segundo ele a carga de trabalho que tinha era exagerada e ele não conseguia diminuir o ritmo por causa da própria fábrica dos carros que obrigava uma determinada taxa de expansão. Diz ele que o tamanho que atingiu era mais que o suficiente pra viver de maneira muito confortável, mas a empresa controladora da marca podia tirar a representação dele caso não atingisse determinadas metas... O cara virou escravo e empregado do próprio negócio. Tenho muito medo de me ver numa condição dessas e um negócio desse porte tem grande chance de me enfiar num caminho sem volta... Enfim, estou com uma mistura de medo, empolgação, alegria e tristeza... Vou deixar rolar, outra coisa que costumo acreditar é que as coisas fluem como um rio, se tudo fluir de maneira calma, sem maiores entraves, é sinal que dará certo, caso contrário, se algo começar a cheirar mal, serei o primeiro a pular fora do barco. No mundo dos negócios você deve ser racional, mas sem abrir mão da intuição.

domingo, 6 de abril de 2014

Sobre Turismo Interno Brasileiro

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Semana passada embarquei para uma curta viagem rumo ao nordeste brasileiro. Bia pegou alguns dias de banco de horas e corremos atrás de marcar uma viagem. Por ser poucos dias, não era possível fazer uma viagem mais ao nosso estilo: internacional, visitando cidades, museus, etc. Tentamos o Peru e Uruguai mas os valores eram muito puxados, então decidimos curtir aqui no Brasil mesmo.

Fazia algum tempo que não viajávamos dentro do país, conhecemos quase todas as capitais do nordeste e por gostarmos de calor e praia decidimos rumar ao norte novamente. Nossa última viajem tinha sido para os EUA no fim do ano, onde ficamos mais de 30 dias, o choque de realidade foi brutal. O turismo dentro do país beira a inviabilidade: preços exorbitantes, aeroportos ridiculamente precários, estradas perigosas e esburacadas, pessoas sem preparo, falta de educação, falta de informação, exploração... enfim, um show de horrores!

Tudo começa no embarque em Guarulhos, um aeroporto ridiculamente apertado perante o fluxo de passageiros, GRU tem tamanho de aeroporto executivo nos EUA, salas de embarque lotadas, falta de informação, mudanças de portões de embarque na última hora, internet inoperante, preços criminosos nos cafés e restaurantes (Pizza Hut cobra exatamente o dobro do preço que as lojas de shopping), embarque realizado pela pista...

Dentro do avião o tormento não difere muito das classes econômicas da maioria das empresas internacionais, nesse aspecto as nacionais somente nivelam por baixo o que encontramos nas demais linhas aéreas gringas. A Gol tem a cara de pau de cobrar 8 conto por um lanchinho meia boca pior que aqueles servidos nas doações de sangue, o ar condicionado só é ligado no momento da decolagem pra economizar combustível... Com sorte o voo sai na hora, aliás, o problema nem é sair e sim chegar em GRU (vou falar mais na frente...).

Chegando no aeroporto do destino, que mais parece um galpão com uma pista de pouso ao lado, os taxis piratas são maioria, os passageiros são disputados no grito. Um show de horrores! No caminho para o hotel é melhor você mandar o taxista seguir o GPS do seu celular, caso contrário a corrida pode custar o dobro ou mais que o normal (como aconteceu com um casal conhecido nosso ano passado no mesmo destino).

No hotel, que custa preço de 3 estrelas e oferece serviço de, digamos, meia estrela, você se depara com atendentes mal educados e de mal humor, lençóis puídos, ar condicionado barulhento, chuveiro elétrico (meu Deus, chuveiro elétrico num hotel não, por favor!), colchão barulhento, café da manhã meia boca, sujeira pelos corredores (isso porque as avaliações do TripAdvisor eram favoráveis).

Na hora de fazer os passeios você deve escolher entre alugar um carro e pagar uma fortuna (impossível alugar carros no Brasil) ou ficar de boa e pagar uma van. Nossa opção foi a segunda e o problema começou para decidir qual "vanzeiro" faria o transporte. Não sou de julgar as pessoas pela aparência (regra número 1 do comércio), mas se você vê um motorista de van de chinelo, cheirando cachaça e fedendo sovaco o mínimo que deveria pensar é na sua segurança... É impossível saber qual empresa é autorizada e qual é clandestina, todas apresentam documentos grudados no para brisa da van, uns parecem xerox da xerox, da xerox, não dá pra saber se é clandestino ou não. Ok, você decide arriscar e embarca em uma das vans rumo a praias prometidas como paraísos na terra, porém pra chegar a esses paraísos você passará por estradas do inferno, cheias de curvas perigosas, buracos, acidentes pelo caminho... motociclistas sem capacete em todos os lugares, playboys com SUV dirigindo em alta velocidade por estradas precárias. No destino tudo é realmente muito bonito, mas sem preparo, sem lixeiras, sem chuveiros para você tirar o sal do mar... uma água de coco pode custar de 1 a 10 reais, dependendo do vendedor!

Depois de uma experiência não muito agradável com um passeio de van, Bia e eu decidimos ficar nas praias do centro mesmo, próximo ao hotel, o passeio havia perdido a graça e o destino não era nem de longe o que estávamos esperando. Lembranças das praias dos EUA? Pode ser... Não dá pra comparar a estrutura. O Brasil é cheio de belezas naturais, isso é fato e inegável, temos cartões postais de tirar o fôlego, mas pouco ou nenhum preparo para exploração turística. Outros países também possuem belezas naturais, isso não é privilégio nosso, falar que o Brasil é lindo e que não tem furacão é muleta. Voltando a praia do centro, praias feias, tipo Santos, sujas, tanto pelas algas (que assolam todo o nordeste) quanto por garrafas, latinhas e papéis. Também pudera, se vi 3 lixeiras na cidade inteira foram muitas.

Os restaurantes e quiosques de praia servem excelente comida, mas espero no mínimo 1 hora para comer, tudo demora muito! Não é porque estou de férias que minha fome pode esperar, acho um absurdo uma comida demorar tanto. Os preços nos quiosques são altos mas compatíveis com a realidade. Alguns quiosques se destacam por uma decoração mais moderna, fechamentos de vidro temperado, ar condicionado, alguns parecem pequenas baladas e vivem lotados, enquanto outros estão sempre vazios. Usando minha curiosidade de empreendedor descobri que boa parte desses quiosques diferenciados são de forasteiros, pessoal do eixo RJ-SP ou estrangeiros. Cadê o pessoal do Sebrae pra capacitar os nativos? Por que é que o governo não interfere de maneira útil e ensina o pessoal local a empreender, precificar corretamente, atender bem os turistas, falar inglês (por 2 vezes precisei socorrer gringos em apuros), por que não limpa as praias, arruma os calçadões? Porque o nordeste é dominado por famílias, são praticamente feudos e os senhores feudais (políticos) fazem lavagem cerebral nos seus colonos (moradores) fazendo-os adorar essas famílias como se fossem seus protetores!

Antes que venham me crucificar dizendo que estou com preconceito quero dizer duas coisas: 1º sou nordestino de nascimento; 2º estou falando da região que conheço, não sei como são as outras regiões do Brasil, tirando Foz do Iguaçu, BH, RJ e claro SP, só conheço as principais capitais do nordeste e minha experiência em todas elas foi muito similar. Gratas exceções para Natal e Fortaleza que parecem léguas a frente das outras. Talvez minhas experiências anteriores não foram tão chocantes por falta de parâmetros de comparação, após essa grande viagem aos EUA percebi como um país decente se prepara para receber turistas.

Ah! Sobre a volta a GRU, ficamos 50 minutos dentro do avião na pista esperando vaga pra estacionar!

Imigração: EUA pelo visto L1

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Como sabem, tenho planos para sair do Brasil, existem várias possibilidades mas basicamente as que se enquadram dentro da minha realidade são:

1- Canadá: usar minha profissão que consta na lista das profissões que o país precisa. As exigências a serem cumpridas seriam a validação de diploma e o nível de inglês adequado. O inglês é algo que poderia ser melhorado no próprio país para só então aplicar para um processo imigratório, o problema maior seria a validação de diploma. Fiz uniesquina, cujo curriculo nem de longe bate com o canadense. No meu caso seria melhor refazer a faculdade por lá. Confesso que ter que provar nível de inglês e refazer uma faculdade em outro país são coisas que me desanimam demais além de custar uma fortuna e não ter grandes garantias de sucesso.

2- EUA: os Estados Unidos possuem uma modalidade de imigração muito interessante que se dá através do visto L1 onde basicamente é possível morar e tocar um negócio legalmente durante 2 ou 3 anos e depois aplicar para o Green Card. Ao menos que você seja cubano, a maneira mais rápida de se chegar ao Green Card é através do L1.

Detalhando rapidamente, o L1 é o seguinte: uma transferência de executivos entre empresas brasileiras e americanas. Na prática o interessado deve possuir uma empresa no Brasil ou ser um executivo