domingo, 25 de junho de 2017

Simplificando os Investimentos - FIIs

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Comecei a investir em FIIs em 2012, desde então tenho passado por bons e maus momentos nessa modalidade, na verdade não tenho um parecer, não sei dizer se FIIs prestam ou não prestam, diria que como tudo na vida possuem lados bons e ruins.

FIIs são legais por proporcionar a possibilidade do João Assalariado ter um pedaço de imóveis de escritórios, shoppings, hospitais e receber aluguel disso. A mecânica do investimento em FII é sensacional: você compra e espera os dividendos brotarem na conta da corretora. Além disso o bom retorno que muitas vezes ultrapassa a barreira dos 1% ao mês deixa tudo muito mais doce. Teoricamente os aluguéis são corrigidos pela inflação, a diversificação diminui o risco de vacância e os cacete...

Logo que comecei a investir em FIIs levei a primeira paulada: pouco tempo depois do grande aporte inicial que fiz as cotas começaram a cair e quando abria o home broker via tudo vermelho, estava "perdendo" dinheiro em todos os fundos. Claro que eu entendia que aquilo era volatilidade das cotas e que o máximo que havia acontecido era falta de timing, e que era bom sinal porque conseguiria pagar mais barato ao reinvestir os dividendos, isso não quer dizer que aquilo não me incomodava. Assim foi por anos até que no atual momento minhas cotas estão no verde novamente.

Sempre houve movimentação na carteira através do reinvestimento dos aluguéis e de alguns aportes esporádicos, esse fato mascarava algo que só fui perceber pra valer mesmo a uns 2 anos trás: o tal reajuste da inflação é meio obscuro. Penso assim, se eu recebo 1000 reais por mês e a inflação é de 50%, devo passar a receber 1500 reais, óbvio... mas na prática não é bem assim. Durante coisa de 1 ano retirei, por diversos motivos, os aluguéis, ou seja a carteira ficou parada. Nesse meio de tempo houve diminuição do valor total de aluguéis recebidos. Alguns fundos realmente corrigiram, outros não, outros sabe Deus... Acontece que FIIs não são investimentos totalmente passivos como tentei fazer, eles exigem atenção, leitura e entendimento dos relatórios, o investidor precisa estar por dentro do que acontece com seu fundo. As vezes o aluguel diminui porque ocorre vacância, as vezes aumenta porque ocorre redistribuição... são diversos detalhes a serem observados. Um cara preguiçoso como eu que malemá sabe de que fundo se trata ao olhar o código de negociação roda nessa modalidade.

É preciso fazer algumas modificações, acompanhar vacância, decidir se vale a pena encerrar posição e investir em outro papel... Isso não é exatamente difícil (desde que você não tenha 3652436 fundos na carteira), mas enche o saco. Hoje tenho cerca de 15 papéis e não tenho saco pra companhar tudo. Recentemente dei uma mexida, vendi o resto de VLOL, comprei de MFII, vendi HTMX, diminui BCFF, aumentei FAED... Resumindo, meu retorno melhorou de 0,65 pra 0,8%.

Acho que devo colocar um pouco mais de atenção nos FIIs, afinal uma parcela considerável da minha grana está nessa modalidade. Tenho feito isso nos últimos meses, ao menos voltei a acompanhar os aluguéis numa planilha (sim, é vergonhoso mas nem isso eu fiz durante algum tempo), estou acompanhando o Tetzner pra tentar entender que porra acontece com os papéis que tenho encarteirados. Na minha cabeça é muito mais fácil entender FIIs que ações, mas mesmo assim eles tem nuances meio estranhas e que o burrão aqui não entende direito.

Embora não esteja 100% contente com o retorno dos FIIs continuarei com eles por 2 motivos: na minha cabeça dinheiro investido é dinheiro desaparecido, ou seja, não mexo mais; então não tenho porque encerrar a posição. O segundo motivo é porque não tenho onde colocar os proventos recebidos. Na média os FIIs me proporcionam um retorno razoável com risco que até agora estou disposto a correr.

Resumo da ópera, FIIs não são tão simples quanto gostaria mas sei que sou preguiçoso e gosto de tudo mastigado então assumo a complexidade. Em breve farei um resumo aqui sobre os papéis que tenho na carteira, sei que isso me ajudará bastante a voltar a dedicar atenção a eles, além de contribuir com discussões na blogosfera. Aguardem...

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Despesas Mensais (Revisited)

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Começarei a revisitar alguns posts ou assuntos que já foram tratados no passado, acho legal ver como as coisas mudam no decorrer dos anos, como as opiniões mudam, ideias novas surgem...

O primeiro post com essa temática é o de hoje, onde falo sobre minhas despesas mensais. A ideia de começar por aqui surgiu a partir de um comentário do nosso amigo Viver de Renda num comentário do meu último post:


Corey, como q vc paga 4,5k pagando aluguel, condominio, plano de saude pra 2 pessoas em sp-sp? Se puder detalhar os gastos eu agradeceria!
 O VR não foi o primeiro a questionar como Bia e eu vivemos com 4.500,00 por mês, outras pessoas já fizeram a mesma pergunta e o engraçado que o mesmo aconteceu 5 anos atrás quando divulguei pela primeira vez minhas despesas. Veja o post antigo aqui.

Na ocasião, em 2012, coloquei as despesas da seguinte maneira:


Habitação
condomínio, luz, gás, tv a cabo, internet, faxina
450,00
Saúde
plano de saúde, farmácia, veterinário
400,00
Lazer
saídas de fim de semana, viagens
800,00
Mercado
compras de mercado, padaria (não inclui restaurantes)
600,00
Carro
combustível, manutenção
300,00
Impostos
IPVA, IPTU, seguros, licenciamento (não inclui IR e entidade de classe)
300,00

total
2.850,00


O detalhamento ficou bem meia boca então decidi fazer melhor dessa vez, atualmente nossas despesas são:


Habitação  R$ 1.338,00
Combo TV+internet  R$ 150,00
Celular  R$ 80,00
Netflix R$ 19,90
Luz  R$ 75,00
Mercado  R$ 850,00
Restaurante  R$ 250,00
Transporte  R$ 200,00
Lazer  R$ 150,00
Plano de saúde  R$ 218,00
Farmácia  R$ 50,00
Veterinário  R$ 150,00
Manutenções  R$ 50,00
Provisão despesas anuais R$ 150,00
Educação R$ 400,00
Diversos  R$ 200,00
   
TOTAL MENSAL R$ 4.330,90

Bom, vou detalhar cada item para que vocês entendam os porquês dos valores e decidam se é muito ou pouco:

Habitação: em 2012 eu ainda morava no meu apartamento próprio, logo a despesa que tinha em relação a isso era somente o condomínio que se me lembro bem era menos de R$ 200,00. Na ocasião coloquei luz, gás, internet e faxina no mesmo bolo. Hoje moro de aluguel, pago entre aluguel, condomínio, IPTU, seguro, gás e água (esses dois inclusos no condomínio) o total de R$ 1338,00. Esse valor já foi perto de 3k quando morávamos num bairro nobre. Hoje estamos num bairro periférico não tão ruim que no momento em que nos mudamos para cá fazia sentido, hoje já não faz mais. Provavelmente esse valor aumentará consideravelmente nos próximos meses devido a uma quase certa mudança, vantagens de morar de aluguel...

Combo TV e Internet: aqui sem mistérios, é o combão velho de guerra da Net. Tenho meia dúzia de canais (alguns a mais do pacote básico e 15MB de internet. Aqui entra uma coisa que vejo todo mundo falando mas que na prática não funciona (ao menos no Brasil): impossível pagar somente a internet, se pudesse eu faria, afinal pouco assisto TV, mas a Net sempre quer casar venda, portanto, deixa os canais... Nesse combo tem telefone fixo também mas a 9 anos não usamos mais (nem sei o número).

Celular: tive pós pago durante 2 anos, a ficha caiu que é uma furada e a 10 anos voltei a ter pré. Coloco 40 conto de crédito no meu e no da Bia todo dia 1º (deixo programado), esse valor é suficiente pra internet (1GB por semana). Jamais fazemos ligação pelo celular, quando uma ligação se faz necessária (o que é raríssimo hoje em dia) utilizamos o Skype onde 20 merréis de crédito dá pra mais de 6 meses e pouco importa a operadora, se é interurbano ou internacional, o valor por minuto é praticamente o mesmo (fica a dica).

Netflix: pagamos mais pela Bia que curte filmes, eu quase nunca assisto filmes mas gosto de algumas séries, enfim, 20 conto não mata ninguém.

Luz: todas as lâmpadas do apartamento são de Led (obrigado landlord!), não temos ar-condicionado (felizmente dá pra ficar sem, o sol não bate diretamente de frente), a geladeira é pequena e nova e não temos muitos cacarecos de cozinha que funcionem a eletricidade, o que consome mais é o chuveiro. Observação: durante mais de 10 anos esbravejei aos 7 mares que chuveiro elétrico é uma merda e que vale a pena investir o dinheiro que for num aquecedor a gás para ter um banho quente de verdade melhorando assim a qualidade de vida. Bem, quando mudamos pra cá tinha somente um chuveiro e o local de instalação do aquecedor, decidimos tentar ficar com o chuveiro mesmo e se o bicho pegasse, instalaríamos um aquecedor por conta. Vamos para o segundo inverno com o tal chuveiro, finalmente achei um que presta, claro que não é perfeito como o gás mas dá muito bem pra usar. Opiniões foram feitas para serem mudadas!

Mercado: Inclui toda comida comprada pra preparo em casa e demais coisas de mercado, em 2012 gastávamos 600 conto com mercado, hoje em torno de 850. A inflação pegou pesado porém de outro lado mudamos (e ainda estamos mudando) vários hábitos alimentares. Bia e eu temos uma alimentação nada sofisticada e de uns tempos pra cá paramos de consumir álcool (post sobre isso em breve) e estamos diminuindo muito coisas industrializadas, estamos cozinhando muito, praticamente tudo o que comemos é feito from scratch por nós mesmos. Impressionante como isso derruba o preço da alimentação e olhe que sou um carnívoro de carteirinha, mas não ligo pra carnes sofisticadas, como basicamente: frango (filé e sobrecoxa), porco (filé e pernil (tá bom, costelinha de vez em quando!)) e bovino é mais alcatra bife grelhado, peixinho cozido (fica a dica de uma carne de segunda muito barata e muito boa), carne moída e contra filé que compro peça e faço steak pra grelhar.

Restaurante: é toda comida comprada na rua, inclui refeições, café, lanches, etc. Aqui é algo muito relativo, atualmente estamos fazendo praticamente todas as refeições em casa porque estamos sem trabalhar, óbvio que isso facilita muito mas mesmo trabalhando temos o hábito de levar marmita. Aliás nada melhor que marmita, tenho alimentação simples mas sou fresco pra comer então saber exatamente o que terei pro almoço é importante. Outro motivo é que comemos tanto em restaurante durante as viagens que já enjoou.

Transporte: inclui gasolina, Uber, ônibus, metrô. Acho que esse valor está muito alto e o principal motivo disso é que estamos morando num lugar onde não se faz praticamente nada a pé, se mudarmos pra outra região esse valor deve cair mais ainda. Penso assim: se preciso ir ao local X e ele fica a menos de 60 minutos de distância a pé e não tenho pressa eu vou a pé ou de bicicleta. Isso me faz economizar dinheiro e gastar calorias. Entenda que isso não tem a ver com mesquinharia ou pão durice, é algo meu. Desde moleque eu usava bike como meio de transporte ou fazia longas caminhadas, eu gosto.

Lazer: Olha como as coisas mudam com a idade! Em 2012 coloquei 800 pilas pra lazer que incluía viagens e baladas. Posso afirmar que de viagem isso aí quase não tem, grande parte desse dinheiro era gasto com balada. Bia e eu estávamos numa fase de sair 2, 3 vezes por semana e mesmo tendo "os esquema" pra não pagar tanto é claro que uma boa grana ia nisso (só de valet e gasolina...). Hoje enjoamos da night, saímos no máximo 1 vez no mês e olhe lá. Aqui também incluo R$ 35,00 do Club Smiles (é, eu sei, disse que pararia de juntar milhas... explicarei melhor em outro post).

Saúde: Aqui os números se mantiveram. Pagamos menos pelo plano de saúde hoje que a 5 anos atrás, graças a um plano coletivo que fiz quando ainda tinha as lojas, continuamos pagando o plano de lá (era menos de R$ 200,00 até mês passado, mas esse mês veio com aumento devido idade). Farmácia é muito raro, somente alguma coisa esporádica, não consumimos nenhum tipo de medicamento de uso contínuo. Veterinário é aquilo: passa vários meses sem usar, aí quando precisa é uma paulada de uma só vez, por isso fiz uma média. A única coisa que gastamos com o cachorro além do vet quando precisa é ração e remédio. Banho só em casa (sempre foi assim).

Manutenção do carro e moto: aqui é um kinder ovo, é sempre uma surpresa. Meu carro tem 20 anos e por mais que está em forma, sempre aparece uma coisinha ou outra pra arrumar. A moto por outro lado é só colocar gasolina e andar (aliás não existe meio de transporte mais eficiente que uma moto de baixa cilindrada).  O valor é baixo porque quase não dirigimos: cerca de 200, 300km por mês no carro e outro tanto na moto.

Provisão despesas anuais: separar por mês o que você tem que pagar por ano é tão óbvio mas não conheço ninguém que o faça. Bem, eu sempre fiz e sempre deu certo. Em 2012 separava R$ 300,00 por mês pra isso e não dava pra pagar IR e entidade profissional. Hoje separo R$ 150,00 e pago as entidades de classe tanto minha quanto da Bia e seguros dos apês (IR é outra história). Isso é graças a não pagar IPVA nem seguro no carro e pagar menos de R$ 60,00 de IPVA da moto (por outro lado o seguro obrigatório da moto machuca).

Educação: decidi incluir esse item, aqui estão os cursos e aulas on-line que fazemos. Aprender de graça é bom mas nem sempre é o suficiente.

Outros: Todas as categorias acima são controladas através do cartão de crédito (sim, eu também disse que ia usar débito...), pagamos tudo que for possível com cartão. A categoria outros é basicamente dinheiro que sacamos e utilizamos em cash mesmo, logo é difícil de controlar pra onde está indo, saber o quanto é gasto dessa maneira é o suficiente pra mim.

Em 2012 o pagamento das despesas entre Bia e eu era feito da seguinte maneira:
Cerca de 20% desse valor é pago por minha esposa, essa razão tende a aumentar com o aumento da renda dela. Despesas do dia-a-dia, roupas, anuidade de entidade de classe e supérfluos são pagos por cada um, não dividimos, cada um gasta como achar necessário. No meu caso esses gastos não ultrapassam 300 reais por mês.
Hoje é bem diferente. De uns anos pra cá abolimos isso de você paga X e eu pago Y e instituímos o socialismo de casal, ou seja, todo mundo coloca e tira dinheiro de uma só conta. Pra gente pelo menos funciona muito melhor porque um acaba policiando o outro e principalmente por facilitar as contas. Lembre-se que tento levar o minimalismo e simplicidade pra todos os campos da minha vida.

Algumas observações:
  • Não incluí na planilha os gastos com viagens porque isso é muito relativo. Esse ano gastamos mais de 30k nisso porque tiramos um sabático mas esse número não é normal então prefiro não colocar. 
  • Despesas com roupas também não foram contabilizadas porque entram no orçamento das viagens, só compramos roupas nos EUA anualmente e vez ou outra alguma coisa que realmente precisamos. Isso deve dar em torno de 200, 300 dólares por ano.
  • Não damos presente pra ninguém portanto não temos orçamento pra isso.
  • Também não orçamos eletrônicos porque não gastamos com isso a não ser se for necessário. Dois celulares por menos de mil reais foi nosso gasto do ano passado.
  • Faz muito tempo que não pagamos faxineira, nós mesmos limpamos o apê.
  • No momento não estamos fazendo academia, mas isso deve acontecer em breve o que encarecerá em torno de 180, 200 reais por mês.
  • Todos os valores acima são médios dos últimos 12 meses. 

Nosso orçamento pode parecer grande pra uns e apertado pra outros. Acredito que a maioria dos leitores devem achar apertado e por isso vou explicar pra esses: nosso estilo de vida não é forçado, não vivemos a miojo e água, a economia que fazemos é natural e sacrificamos pouco pra isso. Talvez eu sacrifique de ter um carro melhor, afinal sou um cara que gosta de carros, mas a razão me diz que o atual é mais que o suficiente (se parar pra pensar nem deveria ter carro). Bia talvez sacrifique uma tranqueira ou outra de mulher (maquiagem principalmente) mas tenho certeza que não é big deal pra ela. Os gastos dependem do estilo de vida, quanto mais simples sua vida, menos você gasta. Quanto menos coisas você tem, menos você gasta (porque coisas trazem despesas fixas). Não estou aqui pra dizer que meu estilo de vida é melhor que o seu, estou somente relatando minha experiência. E aí? Como estão suas despesas? Muito diferentes das minhas? Comentários please!

terça-feira, 13 de junho de 2017

Simplificando os Investimentos - Imóveis de Locação

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Hoje vou falar um pouco a quantas andam meus investimentos, como sempre faço vou dar um resumo: estou 80% em imóveis e 20% em FIIs. Vou tentar explicar os porquês:

Após o negócio que deu errado, meu medo de arriscar, que já era alto, aumentou mais ainda. Podem me chamar de cagão, porque é isso que sou. Tenho muito medo de perder dinheiro, afinal pra cada 50% de perda são necessários 100% de ganho pra amortizar. Essa minha aversão ao risco vem de muito tempo, quando moleque vi meu pai sendo completamente irresponsável e temerário com dinheiro, vivemos sempre nos altos e baixos devido as decisões de merda que o velho tomou a vida toda. Acredito que isso criou algum tipo de "trauma" na minha cabeça e a ideia de quebrar sempre foi assustadora, desde muito moleque prometi a mim mesmo que não queria ficar rico e sim jamais quebrar, jamais ter baixos mesmo que os altos não fossem tão altos assim e demorassem pra chegar.

Outra característica da minha personalidade que ajuda a explicar minhas últimas decisões financeiras é a preguiça de aprender coisas que não me atraem. Eu gosto de estudar, de pesquisar, de me aprofundar em assuntos, mas somente naquilo que me interessa, que me dá prazer em aprender. Confesso que investimentos não é mais (se é que um dia foi) um assunto que me dá prazer de ler. Quando comecei esse blog, em janeiro de 2012 eu acreditava estar gostando do assunto, achava legal aprender sobre bolsa, fundos e demais investimentos. Acabou, não tenho saco pra estudar sobre isso, se não estudo, não entendo; se não entendo, não invisto. Simples! Sei que isso pode doer no ouvido dos colegas de blogosfera que tanto estudam e colocam em prática seus conhecimentos através de investimentos assertivos e posts maravilhosos; porém essa é a minha realidade.

Não estou dizendo que sou mais espertão que os brothers que investem em ações, muito pelo contrário, se tem alguém perdendo dinheiro aqui esse alguém sou eu, o bestão preguiçoso aqui é que fica enfiando dinheiro no cu por ser vagabundo e não investir em modalidades mais rentáveis. Acontece que tenho algumas vantagens do meu lado: sou minimalista, tenho uma vida frugal e barata (por vontade, nada obrigado), não tenho filhos que demandariam muito mais dinheiro, sou casado com uma mulher cuja expectativa de vida vai ao encontro a minha (diria que isso é 50% da razão de estar tudo dando certo) e consegui ganhar uma grana bem interessante, bem maior que a grande maioria das pessoas conseguem fazer até a minha idade (middle 30s). Resumindo eu tenho grande entrada e pequena saída de dinheiro.

Mesmo investindo de maneira porca o volume de dinheiro que consegui aportar é mais que suficiente pra me gerar renda passiva suficiente para cobrir minhas despesas, ou seja, investimentos preguiçosos me levaram a independência financeira. Isso não quer dizer que ganhei milhões de reais e tenho 7875672563 imóveis de aluguel, nada disso. Minha carteira é do tamanho suficiente para minhas necessidades.

Quando vendi as 3 lojas em 2016 peguei uma boa quantia em grana que foi aportado em FIIs, mesmo não estando muito contente com essa modalidade na época (mais num post futuro), decidi que era melhor colocar dinheiro nisso que deixar boiando na poupança, além disso na minha cabeça dinheiro investido é dinheiro desaparecido, ou seja, uma vez que comprei FIIs é como se não tivesse mais aquele dinheiro. Isso traz tranquilidade o que pra mim tem um valor bem elevado. Além disso entrou no rolo alguns imóveis e prestações. Os imóveis já estavam alugados e possuem esse perfil: de locação. Nesse meio de tempo eliminei minha posição em TD e CDBs sendo essa grana distribuída para FIIs e imóveis.

Nesse meio de tempo arrisquei com um imóvel nos EUA, não curti muito o resultado e o vendi. A grana ficou lá pra comer de Cinnabon e beber de Dr Pepper. Sem detalhar muito o tal imóvel era tipo um quarto de hotel alugado como apartamento, essas coisas estranhas que só existem na gringa. Pode ser um bom negócio pra quem tem vários e consegue pôr certa dose de trabalho em cima, não é um investimento 100% passivo, por isso (e por não entender 100% das nuances do negócio) pulei fora. Não perdi dinheiro e o investimento nem foi tão grande. Talvez coloque parte dessa grana em alguma ação ou fundo americano, mas se não entendo nem os do Brasil...

Bom, hoje tenho FIIs e imóveis de locação. Sim, imóveis, o investimento mais mal falado da internet, aquilo que só dá prejuízo, trabalho, dor de cabeça... É verdade? Sim, claro que é! Mas acontece que nada é tão simples de entender quanto imóveis: é um trem feito de tijolo que você mora dentro. Uma vez que você compra saporra você pode alugar pra outra pessoa. Imóvel vai estar sempre lá e se cair um meteoro em cima o seguro (que custa 100 reais por ano) paga. O retorno do investimento é baixo mas é corrigido pela inflação ano a ano, o que teoricamente acontece com FIIs mas na real é meio obscuro. Inadimplência é um risco contornado por seguro (pago pelo inquilino), fiador ou depósito. Vacância é um risco minimizado por imóvel bom, local bom, preço bom. Meus apartamentos estão localizados em diversas regiões da grande São Paulo e possuem diversas tipologias. Isso ajuda e diminuir o risco. Outra coisa que conta a meu favor é o fato de não depender da renda passiva pra sobreviver, ou seja, se rolar uma vacância ou outra, um preju ou outro, consigo amortizar tranquilamente pois não dependo dessa grana (obs: no momento estamos vivendo sim da renda passiva, mas em breve voltaremos ao trabalho e por menos que Bia e eu ganharemos, será mais que suficiente pra cobrir nosso padrão de vida, ou seja, os aluguéis serão reinvestidos) Simples assim!

Ah, mas Corey, e a bolha imobiliária? Respondo: fazem 10 anos que ela está pra estourar, nesse meio de tempo quem ficou esperando o estouro ganhou zero reais e quem comprou, vendeu, alugou? Quanto dinheiro ganhou? Não sei se tem bolha ou não, não sei como será o futuro da economia (até porque mal sei que o presidente é um tal de Temer), mas sei que as pessoas continuarão precisando morar em algum lugar, continuarão formando famílias novas que precisam de teto, que os prédios de apartamentos duram séculos... Quem se preocupa com a bolha imobiliária é a mesma pessoa que assume o risco de confiar em relatórios de empresas pra enfiar seu dinheiro ali. Cada um assume um tipo de risco, imóveis pra mim possuem um risco razoável.

Tento levar minha vida de maneira mais simples possível, Bia e eu percebemos no decorrer dos anos que sempre que simplificamos algo isso nos trás grande ganho de qualidade de vida, o que é inversamente proporcional quando complicamos algo. Foi assim com o carro barato de 20 anos que nos trouxe liberdade de parar onde quiser, não se preocupar com ralados e pequenos amassados, nem pagar seguro e IPVA. Foi assim quando trocamos 30m² por 80 e viemos morar numa região zoada de transporte público, vizinhança estranha e pouca oferta de comércios (ao menos morar aqui fazia sentido quando nos mudamos). Com investimentos não é diferente, quis ganhar muito em pouco tempo com a última loja e quebrei a cara, por outro lado os imóveis de aluguel só me dão alegria. A vida é simples, a gente que complica!

Imóveis de aluguel tem proporcionado renda e vida tranquila pra milhares (milhões?) de pessoas em todo o mundo durante séculos. Vá em Portugal e tente alugar um imóvel, ele provavelmente será de algum idoso ou viúva que além desse terá outros imóveis. O que os comerciantes italianos costumavam fazer aqui no Brasil? Compravam um terreno, construíam salões no térreo onde instalavam suas lojas e apartamentos para locação no primeiro andar. Quero dizer que esse é o investimento do pacato cidadão, daquela pessoa que não tem sofisticação de conhecimento, pode não ser o mais rentável mas está dentre os mais seguros. Como sempre tento aprender com os erros e acertos dos outros, vou nesse caminho também.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Fracasso?

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Hoje vou falar um pouco sobre o tal negócio que deu errado, aquilo que considero o maior fracasso da minha vida.

Após vender minhas 3 lojas, descansar alguns meses, viajar e pensar na vida eu precisava fazer algo. Bia e eu perdemos um pouco a vontade de emigrar (acreditamos que não devemos fazer isso agora), arrumar um emprego na minha área de formação me traria muito trabalho e baixo retorno financeiro (embora traria benefícios não financeiros), logo a ideia de comprar outra loja veio a tona. Por quê não fazer uma grana rápida?

A ideia era comprar uma loja quebrada e com um pouco de grana dar uma reformada, estocar e dar um up no faturamento. O esperado era aumentar o movimento em 200% em 4 meses e então "realizar lucro" vendendo-a. Nada diferente do que eu estava acostumado, nada diferente do que eu já tinha realizado. Resumo: a grana necessária foi 50% maior que o esperado, o faturamento aumentou 50% após 8 meses. Vendi a loja por menos que paguei/investi, perdi dinheiro mas poderia ter sido muito mais, esse prejuízo é algo que não fará muita diferença na minha vida, posso "queimar" essa grana sem muita preocupação. A vida não é só dinheiro. Trade de empresas (ou business flipping) é um negócio altamente lucrativo, até que dá errado, rsrs!

Não quero entrar em detalhes dos porquês da coisa ter azedado mas resumindo foi o seguinte: errei a escolha do ponto (no caso, a loja quebrada), errei no tipo de estratégia de vendas para o lugar (bairro classe média-baixa, fora da minha zona de conforto que sempre foi classe média-alta), errei no tipo de produtos e subestimei os concorrentes e a situação que o país se encontra. Acho que não preciso dizer mais nada...

O aspecto mais importante que quero tratar não é o porquê o negócio deu certo ou não e sim o como me sinto perante essa experiência. Mudei muito nos últimos anos, se um "fracasso" desses ocorresse 3 anos atrás eu estaria depressivo e bravo. Nada disso aconteceu! Assumo o fracasso, sei que errei, que quebrei a cara. Na minha opinião assumir isso já me deixa melhor, não tento procurar culpados ou razões porque a culpa toda foi minha, das minhas escolhas e estratégias erradas, logo não preciso justificar isso pra ninguém, só comigo mesmo. Aprendi pra caralho com esse negócio e a lição mais valiosa é que risco sempre existe e que você pode dirigir moto bêbado na chuva várias vezes mas uma hora você vai cair. Eu caí pela primeira vez, e machucou...

Aprendi que tenho forte aversão ao risco e com certeza esse negócio irá mudar várias decisões daqui pra frente, eu sempre lembrarei da loja ruim e do risco que assumi e quebrei a cara. Você pode dizer: "Corey, no pain no gain", e eu digo que sim, acredito nisso, acredito que todos devemos sair da zona de conforto, assumir riscos e ter resultados excepcionais, resultados diferentes daquelas pessoas que ficam sentadas no sofá comendo pipoca. Não se trata de fugir de riscos como o diabo da cruz e sim de saber até que ponto vale a pena assumir esses riscos. Tudo tem um limite, riscos tem limites. O meu limite é bem baixo, não tenho saúde pra ficar arriscando todo o tempo.

Fracassei mas saio de cabeça tranquila por ter feito o que estava a meu alcance, tenho certeza que meu sucessor terá mais sucesso que eu porque a situação dele é completamente diferente, o perfil dele é diferente, enfim, a loja é mais a cara dele que a minha. Fico feliz por isso, por ter passado a "bronca" pra alguém que saberá lidar com ela e não simplesmente ter me desfeito pra qualquer um. Continuo com certo risco envolvido no negócio afinal tenho prestações pra receber e faço votos que o brother lá tenha muito sucesso. O fracasso de uns é o sucesso de outros.

Aprendi que não sou o pica das galáxias do mundo do empreendedorismo que talvez um dia pensei ser, aprendi que sou um Zé Qualquer que teve muita sorte na vida e não um expert no assunto. Agradeço aos Deuses pela sorte e capacidade de fazer a coisa certa tantas vezes e não me queixo por não ter dado certo em todas elas, faz parte. Aprendi que devo ter mais cautela com meus investimentos porque provavelmente não terei mais da onde tirar somas vultuosas de dinheiro (como fiz durante esses anos de empreendedorismo), provavelmente minha fase de acumulação se encerrará com a última prestação que tenho pra receber das lojas. Sabe aquela história de "quem ganhou ganhou, quem não ganhou não ganha mais"? Pois é, se encaixa perfeitamente na minha realidade. Daqui pra frente muito provavelmente terei somente dividendos reinvestidos, nada de grana nova.

No fim das contas encaro esse fracasso como um curso onde paguei (caro) pra aprender a ter mais cuidado com o dinheiro, a ser mais humilde e não me achar fodão só por ter feito coisas certas algumas vezes, onde aprendi o custo do tempo (perder tempo foi o que mais me chateou nessa história toda), etc. Posso estar sendo Poliana e vendo o lado bom de algo ruim mas enfim, é assim que me sinto. Espero que todos sempre possam tirar lições de acontecimentos ruins invés de ficar choramingando e com mimimis.

Como diz a música: "reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima"