quinta-feira, 28 de maio de 2015

Sobre os Perrengues da Primeira Loja

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Cresci ouvindo meu pai falar que não é possível ter as coisas sem fazer prestações, que absolutamente não existe possibilidade de se guardar dinheiro por livre e espontânea vontade. Esse mesmo pai sempre quis ser rico, ter carrões, se achar o fodão quando tivesse dinheiro. Só que ao longo da minha infância e adolescência o vi quebrando e se reerguendo ao menos umas 10 vezes. Não tiro o mérito da batalha, coisa que o velho sempre fez, jamais ficou com a bunda no sofá esperando o governo ajudar ou um Dharma pack cair do céu, sempre foi pra cima pra tentar se levantar.

Mesmo reconhecendo esse lado batalhador do meu velho eu sempre soube que ele fazia coisas erradas, ridiculamente erradas e nunca acreditei 100% nas coisas que ele me falava sobre grana, sempre tive um pé atrás. Não é preciso ser um gênio pra concluir que uma pessoa com sérios problemas em manter dinheiro não é o melhor exemplo a ser seguido. Quando eu estava com meus 16 anos trabalhava com um velho português o qual considero meu "pai rico", uma clássico exemplo de pessoa esperta (portugueses são burros... sei... você já viu português ou japonês pobre?), uma pessoa com tino pra lidar com dinheiro. Enfim, com 16 anos já tinha ouvido alguns conselhos que me pareciam mais inteligentes que os do meu "pai pobre" (meu pai mesmo), mas a falta de maturidade não me deixava discernir o certo do errado.

Aos 17 anos, após muita pressão da família (todo mundo da família do lado do meu pai é algum tipo de empreendedor e acha que ser funcionário é assinar o atestado de fracasso) comprei minha primeira loja. Uma biboca que, embora em excelente ponto comercial, não tinha mercadoria, era feia, velha, ultrapassada, endividada com fornecedores, tinha dívidas trabalhistas, processos municipais, estaduais e federais. Meu pai, quase sexagenário me fez acreditar que aquele era um bom negócio, afinal eu não entraria com dinheiro, somente assumiria as dívidas que, na cabeça dele, eram fáceis de serem negociadas e pagas. Nunca ninguém me disse que era necessário dinheiro pra comprar mercadoria, reformar o espaço, fazer propaganda, contratar funcionários e, pasmem, ligar uma linha telefônica (nem telefone a loja tinha!). Naquele momento eu sentia que algo não estava certo, mas afinal de contas eu estava seguindo os conselhos do meu pai e de pessoas que se diziam experientes. A única pessoa que me alertou que aquilo não tinha muita chance de sucesso fora meu "pai rico". O portuga disse educadamente que achava aquilo uma furada, mas se fosse preciso, as portas da empresa dele estariam abertas pra mim. Dito e feito, pouco tempo depois eu estava usando o uniforme amarelo das lojas do português novamente. O óbvio aconteceu, o negócio não deu certo, devolvi ao antigo proprietário. Não tive prejuízo porque não tinha dinheiro pra investir, por muito pouco não perdi o Chevette, porque tive sangue frio de segura-lo.

Lá pelos 20 e poucos anos eu já tina um carrinho popular, uma moto e alguns trocados. A vontade de empreender estava mais forte do que nunca graças a pressão familiar e a vontade de ter o status de empreendedor que eu via todos os domingos no Pequenas Empresas Grandes Negócios. Eu realmente achava que ser empresário era algo bacana, que traria moral perante os familiares, tanto da minha família quanto da família da Bia (já namorávamos). Achei o anúncio de uma loja no jornal, no dia seguinte eu já estava trabalhando na minha nova aventura. Essa segunda loja foi realmente onde "peguei o ofício" de ser empresário. Fiz tudo de errado que poderia, cometi todas as cagadas possíveis, no fim ainda consegui sair com alguma grana que acabou originando minha carteira de Independência Financeira que se transformou em carteira de Emigração. Mas até chegar nesse ponto, sofri muita coisa e finalmente é sobre isso que eu quero falar hoje, sobre como é foda viver na pindaíba quando você tem uma loja.

Considero essa loja como sendo a minha primeira, a loja "zero", a loja problemática, eu nem conto porque aquilo foi algo completamente maluco e fora de propósito. Entrei nessa primeira loja com todo o dinheiro que eu tinha no banco e um refinanciamento do meu popularzinho, além disso assumi altas prestações durante alguns meses (acho que 24, se não me falha a memória), sem contar uma sociedade atrapalhada que não durou muito. A loja precisava de mercadoria, então peguei empréstimos familiares pra estoca-la. Durante o decorrer da coisa, fui tomando novos empréstimos bancários, afinal o CNPJ era antigo então linha de crédito é o que não faltava. No meio do caminho Bia e eu fomos morar juntos, mobiliamos apartamento, dobramos nossa despesa mensal do dia pra noite, compramos mais um carro... Pouco depois disso compramos nosso apê financiado. Separação entre PJ e PF? Pra quê? "Isso é coisa de empresa grande, lojinha de bairro o dono gasta o que ganha" (palavras do meu pai pobre). Quando nos demos conta a bucha era gigante, eu devia um rim e quem sabe um pedaço considerável do fígado...

Aí a ficha caiu de quanto degradante é para um micro-empresário não ter dinheiro. Se você é uma pessoa com problemas financeiros provavelmente sabe das frustrações que passa por não ter coisas que gostaria de ter, por não poder ir naquele restaurantes com os amigos, ou ter que andar de busão por não ter grana pra comprar um carro, enquanto seus colegas de trabalho andam ao menos de Uno financiado. Eu era um empresário, estávamos no auge econômico do Brasil, meus vizinhos comerciantes estavam reformando suas lojas, os concorrentes tinham estoque transbordando as gôndolas e eu contando cada centavo das compras da loja, perdendo vendas por falta de mercadorias, com a loja caindo aos pedaços e sem um puto pra reforma-la... Só não quebrei porque o ponto era (ainda é) muito bom e mesmo com essas dificuldades eu tinha clientela. Ao mesmo tempo vendi o carro novo, troquei o carro velho por um mais velho ainda, andava de moto pra economizar gasolina, comíamos salsicha com pão toda noite. Nossa diversão era pedir uma pizza barata da padaria no sábado a noite e assistir SBT na nossa 20". Após mais de um ano nessa pindaíba, eu trabalhando 12 horas por dia mais faculdade, Bia em 2 empregos mais faculdade, finalmente terminamos de pagar todas nossas dívidas. Continuei nessa loja mais algum tempo, melhorei o movimento e o estoque, troquei de carro (por um popular zero) e fizemos nossas primeiras viagens. Vendi a loja, tirei um sabático, iniciei o blog e comprei minha loja atual.

Passar perrengue quando você é pessoa física é uma coisa, como pessoa jurídica é outra completamente diferente porque além de sua empresa estar ruim das pernas, automaticamente suas contas pessoais também estarão. Não gosto de ser vitimista, mas a verdade é que é extremamente humilhante você ser o comerciante quebrado perante os outros que estão bem, com suas lojas bonitas e com faturamento crescente. isso me fez muito mal. Além disso os próprios clientes percebem quando sua loja está mal das pernas e isso é de matar. Certa vez um cliente vira pra mim e pergunta: "Vocês estão pra fechar? Quase não tem mercadoria...". Fiquei sem reação, nem lembro qual foi minha desculpa pra aquilo. Eu sei é que aquelas palavras jamais saíram da minha cabeça, fiquei muito mal na época, mas por fim aquilo serviu de incentivo pra eu sair ainda mais rápido daquela crise. 

Não sou daquelas pessoas que sente orgulho de ter passado necessidade, até porque eu não passei tanto perrengue assim, mas essa experiência de estar quase quebrado me fez aprender muita coisa. Aprendi que não quero ser como meu pai, com altos e baixos financeiros, não quero ser rico, mas quero sempre ter uma vida confortável, espero nunca ter que dar passos pra trás. Aprendi que os sustos e crises nos fazem aprender muito. Quando eu vendi essa primeira loja, meus colegas de ensino médio estavam entrando no mercado de trabalho após terminarem suas faculdades e pós graduações. Na época 100% eram sustentados pelos pais e eu já tinha passado por tudo aquilo. Eu estava anos luz a frente deles em todos os aspectos. isso me deixava contente. Já sabia como repartições públicas funcionavam, já havia aprendido como a camaradagem, o "buddy system" político brasileiro funcionava (meu concorrente tinha uns brothers na política e levava muitas vantagens com isso), já havia sofrido violência, já havia trabalhado 18 horas por dia por mais de 10 dias consecutivos, já contratara e demitira, já lidara com fiscais dando indiretas por propinas (me orgulho por ter pago multas, não propinas), por saber lidar com toda sorte de clientes, etc... Essa loja me deixou alguns "calos" como o de fugir de dívidas, mesmo aquelas boas, de tentar fazer todo negócio somente a vista, de fugir de todo tipo de imprevisibilidade.

Passar perrengue nos faz crescer mas espero não mais ter que passar por isso.


segunda-feira, 25 de maio de 2015

Reflexões sobre Maturidade Masculina - Parte 2

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Em janeiro, após um post sobre Marriage Strike eu publiquei o seguinte texto sobre Maturidade Masculina:

http://coreyinvestidor.blogspot.com.br/2015/01/reflexoes-sobre-maturidade-masculina.html

Agora, aconteceu a mesma coisa, após o meu último post sobre ciúmes e finanças de casal me vejo obrigado a voltar a tocar nesse assunto: a imaturidade masculina.

Prometo que essa foi a última vez que toco no assunto casamento, mulher ou coisas do gênero. Não dá, simplesmente não dá... Quando escrevo sobre esse tema que considero muito importante, chovem comentários imaturos, coisas bizarras, que parecem terem sido escritas por meninos de 10 anos de idade. Eu nem consegui responder os poucos comentários que consegui aprovar tamanho besterol e confusão que essa molecada fez em relação ao assunto.

No post de janeiro eu comentei sobre as teorias malucas que os jovens homens de hoje em dia tem em relação a mulheres, até aconselhei, dei dicas de como você pode passar de um punheteiro pra alguém que consegue ao menos conversar com o sexo oposto. Hoje quero somente complementar uma coisa, falar o porquê eu acho que a molecada chegou nesse fundo do poço de maturidade.

Na minha opinião a televisão, com suas séries e filmes, o vídeo game e as mídias sociais destruíram a capacidade masculina de lidar com mulheres, mas a raiz do problema é muito mais grave que isso, a raiz do problema se chama FAMÍLIA. Isso mesmo, família, aquela coisa tão idolatrada por todos, tão bem falada, tão declarada em posts de Facebook. A família destrói o homem! Como? Muito simples! Marmanjos totalmente dependentes de mamãe e papai, que não sabem fazer porra nenhuma numa casa (lembram-se do meu post sobre habilidades?). A grande maioria dos jovens homens que conheço são dependentes dos seus pais, mesmo com 30, 35, 30 ou mesmo 40 anos nas costas! Meu Deus do céu, isso é errado!

Saí de casa com 20 e poucos anos, me arrependo amargamente de não ter saído com 17, 18. Casa dos pais é casa dos pais, não é a sua casa. A partir do momento que você trabalha, e você deve começar a trabalhar cedo (foda-se que você estuda, 18 anos você tem obrigação de ao menos estar procurando aprender uma profissão, com 22, 23 você deverá ter uma profissão, a faculdade vem depois, o dinheiro, a independência devem vir primeiro), você tem obrigação de procurar um canto e morar sozinho ou dividir a moradia. A carga de maturidade que isso lhe trará com certeza compensará o sacrifício financeiro. Pare de mimimi de saudade, nada de ligar pra mamãe todo dia, corte o cordão umbilical. Viva sua vida e deixe seus pais viverem a deles.

Na minha opinião um dos principais motivos pelos quais a sociedade norte americana é mais evoluída que as latinas tem a ver justamente com esse desapego familiar. O jovem gringo sai de casa aos 17, normalmente trabalha ao menos durante as férias da faculdade e visita a família somente no thanksgiving. Os pais também não ficam lambendo a cria por muito tempo e em alguns estados é vergonhoso morar com os pais após os 20, mesmo se você faz faculdade na mesma cidade. Se você criar esse desapego desde cedo, garanto que vai ter muito mais sucesso em todos os aspectos da sua vida.

Bom, recado está dado. Não voltarei a tocar no assunto mulher/casamento, infelizmente meu público tão maduro quando o assunto é dinheiro não tem um pingo de maturidade pra discutir o assunto mulher. Abraço!

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Sobre Ciúmes, Pseudocasamentos e Finanças de Casal

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Faz tempo que quero tocar nesse assunto aqui no blog, sempre que escrevo algo relacionado a casamento, a minha vida com a Bia alguém toca no assunto ciúmes e separação de bens com frases do tipo:

"Corey, você não tem medo de levar um chifre da sua esposa? Ela tem Facebook e você não..."
"Corey, você não se preocupa pelo fato da sua esposa trabalhar numa empresa com outros homens?"
"Corey, como você protege seu patrimônio de um eventual divórcio?"

Meu amigo Izzy Nobre fez um ótimo vídeo sobre esse assunto, ele resume bem o que penso sobre isso, invista 8 minutos do seu tempo e assista:


Acredito que esse medo exacerbado da traição é algo intrínseco da cultura brasileira porque a grande maioria dos homens traem suas esposas, logo, eles tem medo de serem traídos. Nisso caímos em algo bem incoerente (e já estou esperando os comentários me apedrejando): o cara pode ficar com várias, é o fodão por sair contando vantagem para os amigo que comeu fulana e ciclana, mas sua mulher não... ela não pode dar uma pulada de cerca... Hipocrisia e machismo juntos numa pessoa só! E pior que a grande maioria dos homens pensa assim!

Se você é mulher e está lendo esse texto, saiba que as chances de seu marido já ter te traído são de no mínimo 9 em 10.

Eu realmente não tenho ciúmes da Bia, sabemos separar sexo de amor e somos muito felizes dessa maneira, como sempre digo, siga o caminho contrário da manada e as chances de sucesso se multiplicarão exponencialmente. É isso que fazemos, temos um relacionamento baseado na verdade e nos acertamos dentro disso, no fim das contas é um jogo ganha/ganha.

Outra pergunta clássica que recebo é: "Corey, você não tem medo da Bia se apaixonar por outro cara e te deixar?". Brother, se isso acontecer, melhor pra ela que estará ao lado de uma pessoa mais interessante que eu e melhor pra mim que estarei sem uma pessoa que não gosta mais de mim. Simples, muito simples... Não tem porque querer impedir isso! O importante é ser feliz, porra! Claro que se isso acontecesse eu sofreria bastante, mas também pode acontecer a história contrária, por que não? O importante é a racionalidade imperar sempre.

Agora o medinho de todo homem: divisão de patrimônio. Eu penso assim, se eu estou casado, se essa pessoa está do meu lado, se ela contribuiu mesmo que indiretamente na formação do patrimônio então por que caralhos ela não tem direito de parte desse patrimônio numa possível separação? Isso chama-se justiça. Se você não topa dividir seu patrimônio com sua esposa você é no mínimo egoísta e injusto, pra não dizer que você é um grande filho da puta mesmo! Num casamento de verdade os dois caminham juntos no mesmo sentido, um ampara o outro quando necessário, um faz absolutamente qualquer coisa pra ajudar o outro desde limpar a bunda da pessoa amada quando enferma ou doar um rim pra ela, então não vejo porque ser mesquinho e ficar com mi mi mi pra dividir patrimônio numa possível separação. Se você não for capaz de dividir seu patrimônio, nem doar um rim a sua esposa/marido, há algo muito errado no seu casamento e talvez seja melhor reavaliar já antes que seja tarde.

Não vejo razão pra ter ciúmes porque não vejo razão pra desconfiança se o casamento for realmente sério e verdadeiro, porém o fato é que pouquíssimos casamentos possuem essa característica. A grande maioria dos casamentos que conheço se resumem nos passos abaixo:

  • Namoro, noivado de 5, 6 anos
  • Compra e decoração de um apartamento da MRV de 40m² onde a noiva quer gastar mundos e fundos com decoração luxuosa pra mostrar pros parentes
  • Casamento numa chácara ou buffet ao custo de R$ 20.000,00
  • Luz de mel em Paris
  • Discussões, brigas, e demais tretas
  • Nascimento do primeiro filho do casal
  • Separação antes do primeiro aniversário da criança
Nesses casamentos normalmente o marido não sabe quanto a esposa ganha e vice-versa. Quando o marido pega uma gripe, sai correndo pra casa da mamãe e por lá fica a té se recuperar. A esposa quer ter aquela batedeira Kitchen-aid fodástica mas não é capaz de usa-la pra fazer um bolo de surpresa pro marido. Ninguém se preocupa com as finanças da casa, cada um paga uma parte das contas e deu... Simplesmente não há entrosamento, não há carinho, não há amor! 

Sou uma pessoa extremamente egoísta, não sou hipócrita em falar que me preocupo com a situação do Congo porque eu não me preocupo mesmo! Tenho minha vida e me importo com o que está relacionado a ela. Tenho minhas maneiras de ajudar o próximo, uma delas acredito que seja o blog onde consigo expor minhas ideias que podem ajudar as pessoas. Porém, quando o assunto é dividir patrimônio eu acharia justíssimo fazer se necessário, até porque dinheiro, mermão, dinheiro vai e vem, não tem muito o que você possa fazer sobre isso. Dinheiro é algo relativamente fácil de ganhar, por isso me preocupo mais em ganhar conhecimento que é um bem mais difícil de conseguir e também de perder.

Falando sobre dinheiro e casamentos, esse ano estamos testando o sistema socialista lá em casa. Bia e eu não dividimos mais despesas, nós simplesmente colocamos ganhos e custos tudo na mesma cesta. Facilitou horrores o controle financeiro, perco bem menos tempo controlando o que entra e sai, além disso passamos a usar prioritariamente o cartão de crédito, também com intuito de facilitar a contabilidade e ganhar pontos pra trocar por passagens. Aí você vai falar: "Corey, você provavelmente ganha mais então você sustenta a Bia". Eu não sustento a Bia, mas sim, é verdade, eu ganho mais, e esse é o motivo pelo qual o socialismo é a coisa mais idiota numa sociedade, o que contribui mais vai levar o que contribui menos nas costas, o problema é que se você é o mais forte, é obrigado a sustentar o mais fraco que você nem conhece. Agora, dentro de uma casa, num casamento de verdade, onde ambos são apenas um, onde ambos trabalham em prol de uma só coisa, não há motivo pra não ter um regime socialista.

Bom, é isso o que eu gostaria de falar hoje. E você, o que pensa a respeito desses tópicos?

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Devaneios: Estar Empresário

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Hoje o post não é sobre um assunto específico, aliás, nem considero esse um post, mas sim uma reflexão/desabafo.

Não SOU empresário, definitivamente. Ser empresário no Brasil não é algo pra mim: lidar com ineficiência generalizada, ser ineficiente por conveniência, lidar com pessoas falsas e acomodadas e principalmente lidar com a ineficiência do estado, com suas leis malucas inaplicáveis, perdas de tempo e dinheiro, taxações imbecis, entraves burocrático que não fazem o menor sentido, etc. A verdade é que ESTOU empresário, estou trabalhando como empresário em prol de um bem maior que no dia de hoje é emigrar.

Levo uma vida simples, não no sentido de simplicidade que a maioria das pessoas conhece, de ser "simprão", se esquivar de coisas caras e sofisticadas. Não, não é bem assim. Sou um cara simples mas que gosta de coisas de qualidade e esse é justamente o principal motivo que me leva a querer sair do Brasil, aqui não se tem qualidade em praticamente nada! Pra ter um mínimo de qualidade é necessário gastar dinheiro, pra ter dinheiro suficiente pra bancar minhas "qualidades" e tocar meu plano de emigração é necessário ser empresário. É um ciclo. Algumas coisas de qualidade no Brasil estão disponíveis somente para pessoas que estão dispostas a pagar um alto preço: carro de qualidade e confortável, uma moradia confortável (mesmo que pequena) e segura...

Então eu pago o preço de ser empresário, de sentir frio na barriga diariamente com os problemas inerentes dessa ocupação, mas definitivamente não será pra sempre... não mesmo! Não quero seguir o ciclo do micro-empresário brasileiro: trabalhar feito um burro na roça, crescer (menos do que poderia em relação a carga de trabalho), ganhar dinheiro, sofisticar a vida, ter coisas, continuar trabalhando, sofrer violência pelo fato de ser "rico", trabalhar pra recuperar o prejuízo, se divorciar, trabalhar, pagar mais impostos, trabalhar, infartar, trabalhar pra ter saúde...morrer. Não, isso não é pra mim, dinheiro está longe de ser tudo.

Quero um dia na vida trabalhar com algo mais tranquilo, que me de algum tipo de prazer. Já quis não precisar trabalhar, não tenho mais essa vontade, ao menos não agora... Quero sim trabalhar, isso me faz bem, mas quero que seja algo mais tranquilo e previsível... Não me importo de ganhar só pra viver, desde que eu consiga viver... Não quero acumular por acumular, sem propósito, sem viver...

Nesse negócio que me meti aprendi muitas coisas sendo que a coisa mais importante foi que não quero jamais ser escravo do sistema empresarial brasileiro. Você deve me achar um louco, você deve ser escravo do sistema empresarial brasileiro mas como funcionário, garanto pra você que por pior que seja, sua situação é mais confortável que a minha (e que a do seu patrão).

Sorte minha que baseio tudo na minha vida num mantra: "não faça nada de maneira definitiva, tenha sempre uma via de escape". Posso escapar, e isso me deixa confortável, em saber que não preciso ser como a maioria, escravo do carro blindado, da família numerosa e do status. Posso escapar! Posso ao menos tentar viver. Minha vida pode custar barato se assim for necessário, tenho uma esposa trabalhadora, esforçada e companheira. O que pode dar errado na minha vida? Perder todo meu patrimônio financeiro? Se for isso estou tranquilo, isso não é problema pra mim, pode ser um atraso, um empecilho, mas não é o fim do mundo. Tenho conhecimento, inteligência, experiência... Isso é o que pode fazer diferença na minha vida.

Desculpem o texto non sense, é que colocar os pensamentos "no papel" as vezes se faz necessário.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Tenha Sucesso na Sua Empresa em 5 Passos Vergonhosamente Simples

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Como sabem fui contratado para repaginar uma pequena rede de lojas, durante esse trabalho cheguei a me sentir envergonhado por ter que implantar coisas que são absurdamente simples e idioticamente (essa palavra existe?) básico pra qualquer vendedor de pipoca/cachorro quente/DVD pirata; que dirá pra uma rede de empresas que aspira ser profissional e obter sucesso em seus mercados. Se você seguir os 5 passos que colocarei a baixo, com certeza sua empresa terá tudo pra ter sucesso (o porquê está no final):

Passo 1: Loja de galinha deve ter galinhas pra vender. Se você tem uma loja de galinha, você deverá ter galinhas em estoque pra servir seus cliente independente da hora, dia ou circunstâncias. Se sua loja está aberta, ela deve ter galinhas disponíveis pra venda. Usei essa metáfora pra explicar o seguinte: toda loja, independente do ramo, vende coisas que são peça chave. Você espera comprar pão francês na padaria, Dorflex na farmácia, cimento no depósito. Foda-se que são 22:00 e a padaria fecha as 22:30, ela deve ter pão em estoque!

Passo 2: Sua loja não é playground de funcionário. As pessoas andam cada vez mais imaturas, é normal ver caras de 30 anos que parecem moleques (tenho minhas teorias pra isso, quem sabe escrevo um tópico... ele será polêmico), mulheres de 25 falam pelos cotovelos. Funcionários não podem em hipótese alguma ficar com brincadeirinhas entre eles durante o expediente. Se isso acontece na sua loja, ela jamais terá cara de profissional, jamais será respeitada.

Passo 3: Mesmo que seja falso, seus funcionários devem ser educados. Foda-se que seu funcionário está com o saco cheio ou tem que atender aquele cliente chato. Ele TEM que falar bom dia/tarde/noite, obrigado, volte sempre e sorrir. Foda-se que será falso. É melhor ser falso e manter as aparências que sincero e espantar clientes.

Passo 4: Prazos devem ser cumpridos a risca. Se você promete algo em algum prazo para um cliente, você tem obrigação de cumprir sua promessa ANTES do fim do prazo. Atrasos são totalmente inadmissíveis e se acontecerem devem ser desculpados com o cliente com algo financeiro: um desconto na mercadoria, um serviço gratuito, um brinde... O cliente não tem culpa se os caminhoneiros estão de greve, se tem trânsito ou se o pneu da sua Kombi furou. Se prepare para as greves, conte com o trânsito e mantenha a manutenção de sua frota impecável.

Passo 5: Aparência e conforto é tudo quando você está lidando com cliente que podem pagar. Se você tem uma empresa numa região um pouco mais sofisticada que uma favela, sua loja deve ser bonita, clara, iluminada, limpíssima, organizada, com conforto térmico e acústico, os funcionários devem ser uniformizados, barbeados, com cara de gente! Isso atrai cliente. O faturamento de uma das minhas lojas aumentou 20% só porque troquei a fachada e agora temos cara de rede... Pense nisso...

Tudo isso pode soar ridiculamente simples e obvio porque tudo isso é ridiculamente simples e obvio! Agora proponho um exercício: visite 10 lojas do seu bairro ou próximo do seu trabalho. Quantas seguem os 5 passos que coloquei acima? Não 2 , não 3 e sim os 5?! Aposto que pouquíssimas e as que seguem com certeza possuem um movimento melhor que seus respectivos concorrentes. Será coincidência? Não, acho que não...

Os exemplos que coloquei no texto aconteceram comigo. Certa vez fui num All Parmegiana num shopping as 20:50, a loja fecha as 22:00 e advinha... não tinha arroz!!! Já fui em padaria que por diversas vezes não tinha pão e já fui em rede de farmácia que não tinha Dorflex! Certa vez não consegui comprar um saco de cimento num depósito desses de rede (o cara não tinha pronta entrega, só pra delivery). Pelo amor de Deus, eu sou muito chato ou tem coisa errada aí?

Quantas das lojas que você frequenta que os atendentes são simpáticos? Particularmente eu acho isso raríssimo, quase sempre as pessoas estão de cara fechada/olhando no celular. É melhor lidar com o caixa eletrônico de um banco, pelo menos eles agradecem suas operações. Isso sem contar as brincadeirinhas inapropriadas na frente dos clientes, palavrões, conversas paralelas...

A anos só compro frutas no Pão de Açúcar. Quando morava no meu apê próprio dirigia toda semana 8km só pra comprar frutas e legumes. Por quê? Porque é limpo, organizado, climatizado, agradável de se comprar. O sacolão do lado da minha loja tem bons produtos e é barato, mas é sujão, bagunçado, um nojo só... Não suporto fazer compras num Extra aqui perto, aquele cara berrando com todas as forças a oferta de somente 3 unidades da Tv Led de 49865497 polegadas é de cair o cu da bunda. Se você tem uma organização e limpeza melhor, você pode cobrar por isso, as pessoas pagam sem reclamar, acreditem.

Todos os dias vejo empresas que tinham tudo pra dar certo caminhar para o buraco por não seguir essas coisas básicas. Depois engrossam as estatísticas de empresas que fecham, ao mesmo tempo que as lojas que estou no comando só crescem em faturamento e rentabilidade. Sou um Midas? Tenho super poderes? Porra nenhuma! Sou somente um cara que faz o óbvio num mundo onde todos os ignoram. Vou repetir o que sempre falo: nicho é o caralho, inovação é o caralho! O que você precisa é vender produtos bons, ter um bom atendimento e pronto! O sucesso é certo!