sábado, 21 de fevereiro de 2015

Vai dizer que ele tá errado...

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Posso parecer um chato, que sempre volta no mesmo assunto, aparece com o mesmo tipo de vídeo... Posso ser chato, mas sou um chato realista. Não vou falar mais nada, assistam esse vídeo e tentem discordar desse rapaz, bom final de semana!


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O Mito do Retorno do Investimento

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

100% dos textos, reportagens, séries sobre empreendedorismo, programas do Pequenas Empresas Grandes Negócios, sites sobre franquias e demais materiais relacionados ao empreendedorismo sempre falam do tal "retorno do investimento" que nada mais é que o tempo necessário pra recuperar o investimento. Exemplo: você investiu 100 mil reais num negócio, ele te dá 10 mil líquido por mês, logo seu retorno de investimento é de 10 meses. Mas até que ponto isso é importante?

Na minha opinião o retorno de investimento é totalmente irrelevante, veja algumas variantes que podem impedir o cálculo correto disso:

1- Qual a maneira de calcular isso? Considerar somente o lucro líquido? E o pro-labore? Desconta o pro-labore? O pro-labore é um valor justo? O proprietário tira pro-labore? O proprietário cumpriu qual função? Qual o salário justo pra ele?

2- O lucro líquido pós pro-labore existiu? Se existiu, sobrou? Ou foi reinvestido na empresa? Esse reinvestimento provocou aumento no faturamento? E nos lucros? Quantos porcento? Considerou esse aumento de lucro no cálculo do retorno?

3- O valor investido no negócio foi fixo? Ou foi preciso investir um "cadinho" mais nos primeiros meses? Esse dinheiro foi contabilizado como investimento na empresa? Você tinha esse capital ou foi um empréstimo? Se empréstimo, o lucro líquido considera os juros ou o principal?

Pode até existir uma fórmula correta, saída de alguma faculdade de empreendedorismo, mas na prática ninguém sabe como calcular isso. Exatamente por esse motivo, é besteira perder tempo com isso, até porque no final das contas, o número que você obtiver não quer dizer absolutamente nada. Por quê?

Dane-se quantos meses você demorará pra recuperar o investimento que fez na compra de uma empresa. Isso é irrelevante! Um negócio é melhor que o outro por "retornar" o investimento antes? Jamais! O que importa é lucro, o resultado da seguinte conta: VENDA MENOS DESPESA FIXA MENOS VALOR DA MERCADORIA. Isso é o que chamo de RENTABILIDADE LÍQUIDA, chame como quiser, mas é o que realmente tem importância numa empresa. Esse é seu lucro, o que você vai fazer com ele não importa. Vai comprar tudo de vinho? Vai fumar de maconha? Vai guardar na poupança? Dane-se, faça o que quiser com ele, mas é esse valor que importa!

Mas a irrelevância do "retorno de investimento" não para por ai. Por que caralhos você quer saber em quantos meses terá o retorno do que você investiu se o investimento ainda estará investido? Confuso? Nem tanto. Digamos que você compre uma empresa no valor de 100k, daqui um mês essa empresa poderá estar valendo os mesmos 100k, você a vende e voilà, você tem o retorno do seu investimento do dia pra noite! Ou melhor ainda, você reinveste um pouco dos lucros e um ano depois ela está valendo 150k, você a vende e tem o retorno do investimento mais 50% de lucro do dia pra noite. O contrário também pode ser verdadeiro... você sugou a empresa e após um ano ela está valendo 50k. Você jura de pé junto que ela retornou o investimento porque você tirou 10k por mês nesse período... será mesmo? Não, amigão, você foi iludido pelo conto do "retorno do investimento". O retorno do investimento REAL é o valor pelo qual você consegue vender a empresa e você só verá a cor dele na hora que vende-la.

Quer outro exemplo de quão besta é esse negócio do retorno de investimento? Você compra um apartamento para locação. Você pagou 200k e alugará por 1k. Qual o retorno do investimento? 200 meses? Claro que não! O 1k mensal é seu fluxo de caixa, o retorno do investimento você terá quando e se vender o apartamento. Uma loja de varejo como uma quitanda, um posto de gasolina, um boteco é um ativo como outro qualquer!

Outro exemplo mais palpável. Vejam como foi a compra da minha loja nova aqui. Quando comprei a loja do Seu João, paguei a ele Ba$ 75 mil (75 mil bananas , lembrando que Ba$ 1 não vale R$ 1, ok?), gastei mais Ba$ 30 mil na reforma. Logo o investimento total que fiz na loja foi de Ba$ 105 mil. Atualmente o faturamento bruto da loja é Ba$ 110 mil mas não tirei Ba$ 0,01 dela ainda... Como ficaria o retorno do investimento no meu caso? Ainda não tive o retorno porque não fiz retiradas? Os lucros reinvestidos entram na soma do valor investido? Foda-se! A loja vale Ba$ 600 mil, se eu vender hoje, coloco os Ba$ 105 mil que tirei do bolso novamente dentro dele e ainda coloco o troco. Se não vender e decidir parar de reinvestir os lucros colocarei pelo menos Ba$ 15 mil mensalmente no meu cofrinho e os Ba$ 105 mil continuarão lá, investidos. Deu pra entender?

É por essas e outras que sou extremamente cético com textos sobre empreendedorismo. Se as pessoas consideram essa besteira como algo relevante e esquecem do que realmente importa, que é a rentabilidade líquida, não posso dar credibilidade a esse tipo de matéria. Aí você pode me perguntar: "Corey, todo mundo usa esse parâmetro pra analisar uma empresa, só você está certo e todos errados?" Eu respondo: Posso estar errado, mas não estou sozinho, o português da padaria, dono de metade do bairro está comigo, o japonês dono da quitanda também, o Seu Jorge da farmácia também está pouco se lixando pro retorno do investimento... Você, sabichão de internet pode não dar valor pra esses caras, mas são eles que durante décadas fizeram e continuam fazendo muito dinheiro com comércio. Jamais desvalorize essas pessoas, elas podem ser simples, sem conhecimentos sobre siglas da Bovespa mas sem dúvida, sabem ganhar dinheiro. Aprenda mais com elas e menos na internet. Arrisco dizer que 95% do material sobre empreendedorismo que achamos na rede é totalmente irrelevante se não errado e utópico. Na prática, o buraco é mais em baixo...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Vídeo - "Por que eu não vivo no Brasil?" - por Alex

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

O Alex é dono de um interessante canal no Youtube chamado America Uncut, ele mora nos EUA a muito tempo, ficou fora de status, se legalizou por casar com uma cubana e hoje leva uma vida tranquila trabalhando na construção civil no sul da Flórida. Seus vídeos são interessantes porque ele não é um vislumbrado recém chegado aos EUA que acha tudo perfeito, como o próprio nome sugere, ele conta a verdade, sem cortes, do que é viver na América (mi mi mi, Brasil também é América! Vai se foder!).

Esse vídeo que apresento a vocês hoje é o mais recente onde ele argumenta o porquê não quer mais voltar a viver no Brasil. Contra fatos não existem argumentos, e é impossível não concordar com as razões relatadas por ele. Esse vídeo veio a calhar com o assunto debatido aqui nesse blog nos últimos dias após minhas postagens sobre os empresários que estão deixando o sucesso financeiro no Brasil e mudando pra outros países e minha breve análise das cidades pequenas da Flórida. Alguns comentários questionaram-me da vida "sem graça" que se vive nos EUA, onde as ruas são limpas, planejadas, sem buracos; onde as pessoas não ficam se agarrando e gritando umas com as outras nas ruas; onde você não frequenta a casa dos amigos com tanta frequência como no Brasil; onde supostamente a comida é ruim, etc.

Acredito que tudo é uma questão de valores e preferências, tem gente que realmente gosta de bagunça, gosta de viver rodeado de "amigos", de beber 3 vezes por semana, de frequentar a casa do vizinho, de fazer churrasco todo domingo e chamar quem quiser ir, que gosta de carnaval e suas consequências como praias e estradas lotadas, disseminação de DSTs, de desfiles repetitivos das escolas de samba, etc. Essas pessoas estão erradas? Não, claro que não! Há gosto pra tudo... Particularmente eu prefiro uma vida "sem graça", pagar que seja 50% de impostos mas ter retorno, viver numa cidade planejada onde é possível se deslocar sem GPS porque a localização das ruas é óbvia; eu jamais recebo amigos em casa, fazemos reuniões em bares e restaurantes. Aliás, nem tenho tantos amigos, boa parte dos meus amigos de verdade não estão mais no Brasil (seria coincidência?), portanto fazemos "churrascos virtuais por Skype" pra confraternizar...

Eu sempre digo uma coisa: se você visitar um país de primeiro mundo, seja EUA, Canadá, países da Europa (por mais fodidos são melhores que o Brasil) e não sentir a mínima vontade de morar lá é porque seu lugar definitivamente é o Brasil. E se você está morando num país desses e só reclama, se tudo está ruim, se você não consegue conviver com pessoas "frias" (eu prefiro chama-las de educadas), fique a vontade, o Brasil te espera e ao menos que você renuncie a cidadania brasileira, você poderá morar aqui a qualquer momento. Faça esse favor pra você, pra sua família e amigos (tenho certeza que eles sempre preferirão que você esteja por perto) e também aos brasileiros que querem e gostam de viver no exterior, deixe-os viver a vida por lá em paz.

Segue o vídeo do Alex, insisto para que assistam até o final, vale a pena pra todos, para reforçar a ideia de sair do Brasil para quem, como eu, deseja e também para abrir os olhos dos vislumbrados pelas terras tupiniquins.


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Arrendamento de Comércios, dúvidas, dúvidas e mais dúvidas

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Amanhã o Blog do Corey completa 3 anos de idade, desde a primeira postagem muita coisa mudou na minha vida, no começo meu foco era a Independência Financeira através de renda passiva, hoje é emigrar para outro país. Durante esse tempo passei alguns perrengues na vida pessoal, mudei muita coisa na profissional e principalmente amadureci bastante. Enfim, acho que estou tendo um progresso razoável como pessoa.

Consulte sempre um advogado
O assunto de hoje não é o aniversário do Blog e sim o Arrendamento de Comércios. Em março de 2013, portanto quase 2 anos atrás, eu fiz duas postagens falando sobre a possibilidade de arrendar um comércio ao invés de compra-lo, que isso pode ser um bom negócio para ambas as parte, etc. Veja a primeira parte aqui e a segunda parte aqui. Desde então venho recebendo inúmeros emails de pessoas que estão querendo arrendar seu comércio ou ao contrário, pessoas que estão em busca de um comércio para arrendar. Respondi diversos mas confesso que parei de responde-los de um tempo pra cá por achar que poderia estar falando merda. Vou explicar por quê:

Até onde sei, o arrendamento de comércios não é algo "legalizado", isso não quer dizer que seja clandestino ou proibido, quer dizer que não há uma legislação específica sobre o assunto. Se eu estiver errado, por favor me corrijam, como eu disse, isso é o que acho. Partindo desse pressuposto, toda e qualquer forma de arrendamento pode ser justa, desde que acordadas entre as partes. As principais dúvidas que surgem nos emails podem ser resumidas em 3 questões:

1- Vou arrendar um comércio. Quem paga a conta dos funcionários? Eu ou o dono do comércio?
R: Vamos partir do princípio que existem duas principais maneiras de se obter remuneração através do arrendamento do comércio. A primeira é você acordar com o dono da empresa um valor específico de retirada. Por exemplo: João arrendou uma loja para Pedro, este receberá 5 mil reais por mês, o restante do lucro será de João. Outra maneira é o oposto: João arrendou uma loja para Pedro, João receberá de Pedro mensalmente 5 mil reais, o restante do lucro será de Pedro.

Dentro desse cenário fica fácil visualizar quem pagará o que. Se for a primeira maneira, o valor pago aos funcionários sairá da retirada de João e vice-versa. Não tem mistério, tudo dependerá do acordo feito. Qual opção é melhor? Depende da realidade de ambos, impossível falar, nem adianta escrever emails perguntando isso que não irei responder, rsrs (não quero me colocar no meio de algo que pode dar confusão amanhã).

2- É necessário dar baixa e acertar os funcionários antes de iniciar o arrendamento?
R: Na minha maneira de ver, não! Isso seria necessário no caso de uma operação de compra/venda, no caso do arrendamento na teoria a empresa voltará às mãos do proprietário um dia, loja isso é desnecessário.

Podemos pensar um arrendamento como no caso do patrão deixar a empresa nas mãos de um gerente. Só que nesse caso, a influência do patrão e intromissão no negócio será muito menor ou nula. Logo, não é necessário encerrar CNPJ, dar baixa em funcionário, mudar contrato social, nada disso. Mas atenção, sempre é bom fazer um contrato com advogado e colocar tudo no papel, o que é responsabilidade de um e de outro.

3- Não tenho dinheiro, não tenho experiência e me ofereceram um açougue falido em sistema de arrendamento, é bom negócio?
R: NÃO, PELO AMOR DE DEUS, NÃO FAÇA ISSO! O arrendatário perfeito é aquele que é funcionário ou ao menos uma pessoa de muita confiança do arrendador, além disso, deverá ter experiência de gerenciamento do negócio em questão, além de conhecer muito bem a região. Não esqueça que se você for o arrendatário, estará lidando com algo de muito valor que não é seu, é como dirigir um carro caro, emprestado e sem seguro. Atenção redobrada se você é o arrendador, você vai deixar sua empresa na mão de qualquer um?

Mais uma vez repito, não sou advogado, não conheço o que é certo ou não. Já fui arrendatário durante um curto período de tempo, foi um acordo temerariamente feito de boca, o arrendador é uma pessoa muito querida que confiou em mim durante um período complicado da sua vida. Deu super certo devido a relação de confiança, foi um acordo feito sobre o fio do bigode.

Estudarei mais a fundo mais a frente quando eu for implantar o plano de emigração aos EUA pelo visto L1 (leia mais aqui). Provavelmente será sobre essa modalidade comercial que moldarei meu plano de negócios, afinal eu precisarei manter ao menos uma loja no Brasil para poder dar seguimento ao plano (exigência do governo americano). Para isso já tenho a pessoa certa e estou preparando-a para tal, será um bom negócio para ambos. Voltarei ao tema mais pra frente.

Isso é tudo o que sei sobre o assunto arrendamento de comércio, tudo o que posso opinar genericamente. Desculpem-me se posso parecer arrogante, mas infelizmente não tenho tempo (nem paciência) para analisar casos específicos e dar uma opinião sobre determinado negócio, não posso deixar meus afazeres pra isso, até o faço para amigos, mas aí é diferente. Essa postagem servirá de FAQ para os emails sobre esse assunto daqui pra frente.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Cidades Pequenas nos Estados Unidos

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Primeiramente gostaria de parabenizar os leitores desse blog, as discussões estão em altíssimo nível, estou conseguindo atrair gente inteligente o que está bem raro hoje em dia. Olhe os comentários do meu último post e entenderá o que estou falando.

Quando penso numa cidade pequena brasileira é uma
imagem assim que me vem na cabeça
Quando falamos em cidade pequena nos vem a mente uma cidadezinha pacata, com meia dúzia de ruas, uma igreja, agência dos Correios e Banco Do Brasil, uma praça com coreto, aposentados jogando dominó, um boteco sujão, ruas de paralelepípedo e pouca coisa além disso. Será que as cidades pequenas americanas também são assim?

Essa foi a região da Flórida que
visitei
A resposta é um sonoro NÃO. No começo de janeiro fiz uma viagem de carro por todo o centro-sul da Flórida. É sempre um prazer dirigir nos EUA, ano passado rodei mais de 5.000 e cortei 5 estados, passando por paisagens diversas, calor, frio, seca, chuva... Só uma coisa não mudou: a qualidade das estradas, sempre um tapete, com acessos e saídas absolutamente seguras, sem pedágios, sinalização abundante, comércio e serviços completos... Esse ano devido a falta de tempo e planejamento decidi focar somente no centro-sul da Flórida, o objetivo era sair do eixo turístico Miami- Orlando e embrenhar nas cidades pequenas, pra saber como são e colher informações de maneira a amadurecer as ideias na cabeça, afinal meu principal plano de emigração é a compra de uma empresa nos EUA que pode me dar um visto L1 e caminho ao Green Card (falei sobre isso aqui).

A primeira coisa que me chamou a atenção é o fato de ser difícil mensurar o tamanho da população e mesmo extensão territorial de uma cidade americana estando dentro dela. Explico: as cidades são muito parecidas, possuem características em comum independente do tamanho:
  • Possuem grandes redes varejistas com lojas enormes como WalMart, Target, Home Depot, Best Buy. Por exemplo o WalMart de Haines City, que tem pouco mais de 20 mil habitantes tem o mesmo tamanho dos WalMarts de Orlando, com mais de 2 milhões de pessoas.
O WalMart de Haines City, cidade com 20 mil habitantes é tão grande que nem dá pra ver direito, mas é aquele prédio bege a direita da foto, atrás das árvores. Note a largura da avenida.
  • As cidades pequenas possuem praticamente todas as redes varejistas e de franquias que as grandes. Mesmo numa cidade de 5 mil habitantes você encontrará Mc Donalds, Starbuks, Wendys, Five Guys, UPS, Holiday Inn, etc. 
  • Não é incomum encontrar aeroportos, mesmo que pequenos, em cidades pequenas. Avon Park tem menos de 9 mil habitantes e tem um aeroporto estruturado pra receber aviões de pequeno porte.
  • Cidades pequenas possuem as mesmas avenidas largas, de 4 pistas que as cidades grandes possuem. Nos EUA tudo se faz de carro, todo mundo tem carro, então eles priorizam as vias de alto fluxo.
  • As sinalizações de trânsito são idênticas em qualidade e quantidade que nas cidades grandes.
O fato que me deixou bem empolgado em relação a Flórida é o fato de ser um estado em crescimento. A Flórida é um estado pouco urbanizado, com vasta vegetação em todos os lugares, relevo extremamente plano (não existe morro algum), abundância de água devido a incrível quantidade de lagos. Junte a essas qualidades o preço de terra ser bem baixo e terás um prato cheio para o crescimento. As plantações de laranja e outros cítricos são abundantes, principalmente no centro-sul. Tudo na Flórida é mais barato que boa parte dos outros estados americanos, nas cidades pequenas o preço dos imóveis, é ainda mais baixo que as pechinchas de Orlando, por exemplo. As cidades pequenas possuem bairros inteiros em construção, outros percebe-se que estão começando a ser loteados. Ao contrário do Brasil, nos EUA você não compra o terreno e depois constrói a casa. Você compra a casa pronta, as construtoras devem seguir padrões arquitetônicos e de segurança, dessa maneira os bairros são padronizados, nada de gambarras e puxadinhos e as casas são resistentes a furacões tão normais na região.

Muitas vezes cidades são criadas do dia para a noite. O que chamamos de bairros em São Paulo são cidades nos EUA, existem muitas cidades minúsculas o que favorece o governo, o prefeito consegue ter um controle melhor sobre a cidade por ter menos espaço pra se preocupar. O governo municipal é muito próximo da população que se envolve ativamente na política. Será que é por isso que vemos gramas verdes, ruas limpas, sinalizações impecáveis, nenhum poste ou fios pendurados, crianças vão todas de ônibus pra escola independente da classe social? Não, acho que não, o certo é o que acontece aqui no Brasil (sqn).

Cidadinhas num raio de 100 milhas de uma cidade grande são consideradas cidades-dormitório. Na cultura americana não há nada de absurdo rodar 100 milhas (160km) pra chegar no trabalho (o cara vai gastar menos tempo que ir de Santo Amaro para o centro de SP no horário de pico). Essas cidades possuem subúrbios (bairros residenciais) enormes com trocentas casas e condos (condomínios de apartamento para locação). Não se permite comércios dentro dessas zonas residenciais, mas todos esses "bairros" possuem uma vasta quantidade de comércios nas suas avenidas de acesso ou centros comerciais próximos, os chamados "malls" que nada mais é que um mini-shopping a céu aberto com um estacionamento enorme na frente. São exatamente esses malls que me chamaram a atenção.

Típico Mall americano, em Orlando


Todas as cidades americanas que visitei possuem malls, esse é o padrão de comércios nos EUA, aqui no Brasil temos ruas comerciais, lá eles tem os malls. Nesses malls normalmente você encotra uma loja âncora, de marca conhecida e enorme, como um WalMart, uma Best Buy ou um Home Depot e lojas menores que normalmente são franquias ou de propriedade individual sem marca. Nas regiões com grande número de imigrantes normalmente essas lojas individuais e mesmo as franquias menores são de propriedade de estrangeiros. Lembram de quando o governo caçou o visto de investidor do indiano dono da conveniência em Springfield onde os Simpsons moram? Pois é, imigrante tocando loja nos EUA é cultural.

Este posto de combustível na região de Orlando
 está a venda por 90 mil dólares
É justamente aí que está o meu interesse! Uma loja como uma conveniência, um posto de gasolina (são baratos nos EUA), uma loja de 1 dólar, um pequeno super mercado ou uma prestadora de serviços instalado num mall de uma cidade pequena americana. Por que uma cidade pequena e não uma grande? Simples: crescimento. Como disse, várias cidades parecem canteiros de obras, casas surgindo em todos os cantos possíveis, com isso mais gente morará na cidade, mais os comércios serão fortes... Simples, muito simples... Outra grande vantagem nisso é ficar longe das colônias brasileiras. Brasileiro quando chega nos EUA se instala em cidades com grande número de brasileiros, isso é ótimo pra quem precisa descolar um emprego, comprar um carrinho usado ou ter serviços feitos por compatriotas, acontece que pra mim, que deixarei o Brasil justamente por causa dos brasileiros, é preferível ficar longe deles. Outro fator importantíssimo é o idioma, enfiado em casa de brasileiro você jamais falará inglês. Patriotas, joguem as pedras!

Subúrbio de Ponciana, uma cidade de 80 mil habitantes, veja
a organização geográfica das casas
As cidades americanas crescem com planejamento, com bairros planejados (olhe o Google Maps de qualquer cidade americana, você verá um quadriculado de ruas, isso é planejamento), zonas comerciais, residenciais, infra estrutura de transporte (não público porque não é o forte deles, mas estradas e avenidas de qualidade), centros médicos, escolas (51% do equivalente ao IPTU vai para as escolas) e serviços públicos. A construção de madeira permite uma expansão rápida, cm menos de 1 ano é possível sair de uma terrenão cheio de mato a um bairro de casas com gente morando, tudo é muito dinâmico em parte graças a eficiência pública e livre mercado que estimula a concorrência. Até as poucas ruas sem pavimentação da zona rural são bem cuidadas, são estradas construídas para serem estradas, aguentam caminhões sem esburacar, somente não possuem pavimento. É tudo absurdamente diferente do Brasil que eu poderia ficar aqui até amanhã...

Quando falamos em país desenvolvido como os EUA imaginamos que verbo desenvolver no passado significa que está tudo pronto e que não há mais nada a ser feito, explorado ou desenvolvido. Errado! Os EUA são enormes, um país muito desenvolvido mas com muitas áreas a serem exploradas, eles se preocupam em espalhar as coisas pelo imenso território. Eles não tem, por exemplo, uma São Paulo, que concentra não sei quantos porcento das indústrias do Brasil, tudo é espalhado, construído com espaço de sobra, isso leva a um esparramamento das cidades, das casas, dos comércios, de tudo! Com isso ainda existe muito o que ser desenvolvido e muitas chances pra quem quer empreender.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Nem o Sucesso Financeiro nos Segura no Brasil

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Hoje pela manhã Bia me chamou atenção para um texto que está rolando no Facebook. Esse texto tem 100% a ver com nossa realidade de vida, somos empreendedores de sucesso querendo sair do Brasil o mais rápido possível.

O texto, escrito por Fabio Zugman cita um trecho do programa Conta Corrente da Globo News onde um empresário do setor de Food Trucks que aparentemente está no auge do sucesso devido a explosão de popularidade dessa modalidade na cidade de São Paulo (após décadas de leis imbecis que somente permitiam a venda de Hot Dog nas ruas da cidade) diz com todas as letras que não tem a mínima pretensão de expandir a empresa e que seu sonho é vende-la e sair do Brasil. O tom de sinceridade do cidadão deixou até o entrevistador sem graça. Vejam:


O texto do Fabio é extremamente realista, o que mais me chamou atenção foi a seguinte frase: "Como disse outras vezes, não é uma questão de partido, da cor da camiseta ou aquele blá, blá, blá de esquerda ou direita. A questão é o tipo de sociedade que estamos criando e o tipo de país em que queremos viver.". O grande problema do Brasil não é a política e sua roubalheira, o problema é a sociedade brasileira, as pessoas, vivemos numa sociedade podre, de inversão de valores absurdamente grande, onde se valoriza tudo o que há de mais errado e sujo e se condena o trabalho e as ações que levam pessoas ao sucesso, sucesso esse que é visto com olhos tortos por grande parcela da sociedade.

O principal motivo que me faz querer deixar o Brasil e encarar todos os problemas inerentes a essa decisão não é financeiro, assim como o cara do vídeo, eu tenho sucesso financeiro no Brasil, poderia facilmente me incluir na classe alta, tudo seria questão de tempo porque sei como ganhar dinheiro por aqui, porém o buraco é mais em baixo. Pra ganhar dinheiro de verdade nesse país é necessário entre outras coisas passar por cima de questões éticas e de honestidade; encarar ineficiência extrema por todos os lados, sem contar dos problemas de sempre como violência, educação, infra estrutura... Enfim, fico contente por saber que mais gente além de mim quer sair do Brasil e o motivador não é financeiro. Essas pessoas, assim como eu, querem viver numa sociedade menos podre e num ambiente mais favorável a vida.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

O Tesão de Ousar

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

13 anos de idade, o moleque desengonçado tem a audácia de "chegar junto" naquela menina bonitinha, o primeiro beijo finalmente acontece. 16 anos, o mesmo garoto no auge hormonal consegue um "esquema" com a irmã do amigo, ele trabalhou muito pra isso, ensaiou falas, pensou em todas as possibilidades, ela é mais velha, bonita e experiente. Finalmente a primeira vez acontece... Com 20 anos o garoto pega suas economias e compra uma lojinha no seu bairro. Apanha pra caramba, mas de uma maneira ou outra, tem sucesso. Audácia, uma qualidade que está em falta no mercado ultimamente.

Esse garoto sou eu, todas as vezes que ousei fazer algo, que tive coragem de agir, que consegui sair do lugar e encarar um desafio grande, todas essas vezes me deram um tesão maluco. Um prazer incrível de saber que estava fazendo algo que poucos teriam coragem de fazer, que se eu fracassasse, as consequências seriam graves. O fracasso não era uma opção, eu precisava fazer dar certo, estava nas minhas mãos, como Bear Grylls caçando uma rã para o jantar, essa responsabilidade imensa, assustadora e temerária é um sentimento que me fez crescer como gente, que me trouxe auto-confiança e me fez conhecer a mim mesmo ainda mais.

O tempo passou, a internet com suas teorias sobre absolutamente tudo trouxeram as palavras planejamento, planilhas, análise de risco, custo X benefício para minha vida e com isso tirou o tesão da ousadia da minha vida. Me acomodei, virei um chorão, reclamando de absolutamente tudo o que não vinha de encontro ao que eu almejava, estacionei, fiquei anos sem ousar, preferi a segurança no lugar do risco de ter ainda mais. Foi quase uma morte, a morte da minha auto-confiança, isso me trouxe depressão e sentimento de inutilidade, ou seja, somente coisas ruins. A segurança, as teorias e o pássaro na mão quase acabaram com minha vida.

Acordei, percebi que estava sentindo falta do frio na barriga de ousar, a ficha caiu e vi onde estava o problema que travava minha vida: a segurança e o medo de ousar. Ousadia, justamente a qualidade que me trouxe até aqui. Que me fez ter o primeiro beijo com uma menina linda (e ela não sabe até hoje que aquele fora meu primeiro beijo), a ousadia me fez transar com a irmã linda de um amigo, 5 anos mais velha, na faculdade, desejada por todos. Ousadia me fez ter sucesso financeiro ao comprar uma empresa sem ter dinheiro nem conhecimento (não faça isso em casa), ousadia me fez descer de um avião em Miami sem falar praticamente nada de inglês, esse simples fato me despertou para aprender o idioma de maneira descente, com o nível de inglês melhor, aprendi mais sobre outros países e percebi que o Brasil não é o meu lugar, com o inglês melhorado encarei uma road trip pelos EUA onde conheci lugares e pessoas que mudaram minha vida e me fizeram tomar a decisão de mudar de país. Ousadia desencadeou uma série de acontecimentos na minha vida que me trouxeram até aqui e me levarão muito mais longe. Ousadia e audácia são qualidades sensacionais, quero continuar assim...

Agora a ousadia se misturou um pouco com loucura e me fez arriscar praticamente tudo o que tenho. Comprei uma terceira loja, doravante chamada loja 3, negócio altíssimo, com números tão grandes que jamais pensei que fosse usa-los no dia-a-dia. Não usei 1 real do bolso, estou 100% alavancado em um negócio na casa dos 7 dígitos, uma empresa completamente destruída por administração precária e incompetente, com dívidas em todas as esferas que você puder imaginar, devendo para praticamente todos os grandes bancos brasileiros, dívidas com fornecedores, dívidas trabalhistas, processos na justiça... Uma empresa tão limpa quanto banheiro de rodoviária, tem absolutamente todos os problemas que consigo imaginar. Esse será sem dúvidas o maior desafio que já encarei e possivelmente irei encarar em toda a minha vida, mas quando tudo der certo (porque dará, não tenho escolha, tenho que ter sucesso) será sem dúvidas um dos melhores negócios que já ouvi falar, um negócio (modéstia a parte) digno de Buffet. Tudo isso num cenário político-econômico podre, num país que faz de tudo pra foder a vida do empreendedor, num cenário de baixíssima qualidade de mão de obra. Eu sei de tudo isso, mas também sei que o melhor caminho é sempre aquele diferente, aquele que poucos seguem. Empreendedorismo é um misto de matemática e sensibilidade, eu tenho um pouco dos 2, então os anjos estão do meu lado.

Quando esse negócio estiver estabilizado, será a grande reviravolta financeira da minha vida, levantarei uma grana "porreta", mais que suficiente pra me arrancar do Brasil.

AMIGOS, NÃO FAÇAM ISSO EM CASA, SOU INCONSEQUENTE E ISSO NÃO É SAUDÁVEL PRA GRANDE PARTE DAS PESSOAS. ESTOU AGINDO DE MANEIRA ERRADA, NÃO É ASSIM QUE SE FAZ AS COISAS. TOMEI ESSA ATITUDE POR CONFIAR NA MINHA EXPERIÊNCIA, MAS JAMAIS RECOMENDAREI QUE VOCÊ SEJA TEMERÁRIO COMO EU.

Fazer loucuras como essa não quer dizer que sou melhor que você, quer dizer apenas que sou mais louco e isso não é necessariamente algo positivo, NÃO SIGA MEU EXEMPLO. Estou expondo isso aqui no blog porque esse é o espaço que tenho pra conversar com pessoas diferenciadas, pessoas que possuem objetivos de vida semelhantes aos meus ou ao menos diferentes da maioria das pessoas. Se eu puder inspirar alguém, quero que seja para essa pessoa repensar as atitudes, não para que ela faça loucuras.