terça-feira, 27 de maio de 2014

Os Melhores Perfis de Funcionários

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Numa postagem recente, falei sobre os piores perfis de funcionários, aqueles que provavelmente serão eliminados antes mesmo de uma entrevista de emprego, hoje falarei do oposto, ou seja, os melhores funcionários para uma pequena empresa.

1- Homem na faixa de 18 a 35 anos: no extremo oposto das mulheres dessa faixa etária estão os homens, enquanto as moças de 18 a 35 anos estão na lista negra principalmente pela grande chance de engravidar, os rapazes estão entre os melhores funcionários que podemos ter numa pequena empresa e um dos motivos é justamente a gravidez. Deve ser instintivo, homens cujas parceiras estão grávidas tendem a trabalhar melhor, rendem mais e normalmente estão mais contentes, mas mesmo se esse não for o caso, homens dessa idade costumam trabalhar melhor por outros motivos. Os mais jovens normalmente possuem o grande desejo de comprar um carro ou uma moto (se bem que isso tem diminuído de uns tempos para cá) e conquistar a liberdade de ir e vir e o bônus de facilitar a lida com as mulheres. Se não querem ter o carro provavelmente são nerds e nerds possuem outras necessidades financeiras como vídeo games, figuras de heróis e eletrônicos. Os mais velhos estão pensando em casar, logo precisam de dinheiro para dar de entrada num apartamento e fazer a festa, se não são comprometidos precisam de dinheiro para gastar nos puteiros e em baladas, em todos os casos, trocar de carro frequentemente é algo natural, ou seja, homens jovens possuem muitos incentivos para trabalhar e ganhar dinheiro.

A lida profissional com homens dessa faixa etária costuma ser muito boa, o maior problema envolve justamente mulheres, como disse no outro post, misturar homens e mulheres de mesma faixa etária é pedir para ter problemas. Nesse caso prefiro excluir a mulher da relação porque como vemos, homens costumam ser melhores profissionais dentro dessa faixa etária.

2- Idosos: sou suspeito para falar porque adoro conviver com idosos, tem muita gente que não gosta e não as critico, não é exatamente fácil conviver com pessoas mais velhas cheias de vícios, costumes e métodos, mas pra mim compensa muito. O que essas pessoas tem para nos ensinar, o conhecimento de vida que oferecem de maneira gratuita são inestimáveis, claro que é preciso ter a cabeça aberta pra aprender, mas como gosto de ouvir histórias de vida, adoro conversar com idosos. Profissionalmente falando temos alguns perfis de idosos que são ótimos funcionários. O primeiro é aquele idoso que tem uma vida estabilizada mas está com o saco cheio de ficar de pijama dentro de casa e decide descolar um emprego, costumam trabalhar de ótimo humor, mas podem se desligar da empresa a qualquer momento. Outro perfil é daquele que precisa trabalhar para complementar a renda, perde-se um pouco no humor mas ganha-se no rendimento e na permanência na empresa, afinal, precisam de dinheiro.

No geral, idosos são pontuais, metódicos e se relacionam bem com clientes, dificilmente faltam, por incrível que pareça não costumam meter atestado e são comprometidos com a empresa. A maioria só rende legal quando trabalham pela manhã já que é uma coisa natural a eles dormir cedo e acordar cedo, é preciso observar as condições de trabalho que devem favorecer o desempenho de suas funções. Nos EUA é comum ver velhinhos de mais de 80 anos trabalhando como repositores em cima de escadas nos supermercados, isso é visto com naturalidade pelos americanos, aqui no Brasil se você colocar um idoso em cima de uma escada é capaz de chamarem a polícia, portanto é preciso ter cautela com isso, mesmo que o funcionário não tenha problemas com funções mais braçais. O maior problema que tenho com idosos é relacionado a tecnologia, um idoso demora muito pra aprender usar sistemas de gerenciamento e lidar com equipamento tecnológico, mas quando a pessoa quer aprender, ela consegue.

3- Deficientes físicos: infelizmente não tenho condições de empregar deficientes físicos, o tipo da minha empresa não comporta, porém tenho um colega cujo quadro de funcionários é formado em sua maioria por deficientes, já deu até entrevista sobre isso. Segundo ele por existir grande preconceito com deficientes, eles costumam se dedicar mais ao aprendizado de uma profissão e se grudam mais quando conseguem um emprego por saber que não é fácil arrumar outro. Alguns cuidados são necessários como adaptação de estações de trabalho, banheiros e acesso, mas com certeza o investimento acaba valendo a pena por diminuir a rotatividade e retenção de funcionários mais capacitados e dedicados. Além disso existem maneiras de abater impostos por esse tipo de contratação, acho que é um jogo de ganha-ganha pra todo mundo.

 4- Homossexuais, negros e "outras minorias": como disse no outro post, ainda existe sim muito preconceito com alguns perfis de funcionários, discordo da maioria deles mas alguns até consigo entender. Particularmente não tenho problema algum em contratar pessoas "diferentes" porque sinceramente não acredito que existam diferenças e que preconceito é algo que muitas vezes parte justamente da parte que se sente rejeitada. Já tive funcionário homossexual e não entendo como a vida privada dele poderia interferir no trabalho, ele se desligou da empresa mas até hoje somos amigos. Aqui nesses grupos normalmente não vemos diferença de comportamento profissional, mas quando isso acontece costuma ser de maneira positiva. 

O que eu faço: depois de anos contratando e demitindo, comecei a perceber que como tudo na vida, devemos pensar fora da caixa e que geralmente fazer as coisas de maneira diferente que a maioria costuma ser um bom negócio. Fui um dos primeiros do meu ramo a contratar idosos, hoje colegas fazem o mesmo. Tenho uma "fauna" bem diversificada de funcionários, tem dado certo, a rotatividade é bem baixa o que ajuda em tudo, principalmente nos custos e na confiança que você ganha em determinada pessoa.

sábado, 24 de maio de 2014

Inspire-se no Fim de Semana

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.


O que você foca se expande! Bom final de semana!


terça-feira, 20 de maio de 2014

Os Piores Perfis de Funcionários

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Hoje vou falar de algo pouco comentado na internet: os piores perfis de funcionários para uma micro empresa, acredito que essa escassez de informação acontece por ser necessário abordar temas cujo "politicamente correto" impera, como não estou nem aí pra essa merda que vem destruindo a humanidade, vou tacar merda no ventilador e jogar a real que acontece atrás do balcão da maioria das micro empresas.

O primeiro ponto que é preciso esclarecer é que uma micro empresa tipo um comércio de bairro, uma pequena firma prestadora de serviço ou até mesmo uma pequena rede de varejo, possuem relativamente poucos funcionários, normalmente tocamos nossos negócios no fio da navalha, com somente funcionários que são extremamente necessários. Isso porque somos muquiranas e queremos reter todo o lucro? Sim, as vezes. Mas a principal razão é alta carga burocrática, despesas e dor de cabeça que um funcionário pode dar aqui no Brasil com a política trabalhista mais injusta que conheço (sim, existem empresas fdps e não são poucas, mas isso é tema pra outro post). Se houvesse brecha para contratação de funcionários part-time, se a carga tributária em cima de um funcionário não fosse tão elevada, se não fosse tão complicado registrar uma pessoa, com certeza as empresas contratariam mais gente, trabalhariam mais folgadas e todos ganhariam: o patrão que ficaria menos preocupado com a possível falta de um funcionário, o funcionário que teria maior empregabilidade, o consumidor que seria melhor atendido... Uma pequena loja não pode se dar ao luxo de ter funcionários faltando diariamente, também dificilmente conseguirá manter funcionários de reserva, ou seja, tem que ter plena confiança que seus funcionários não deixarão na mão.

Bom, voltando ao assunto, quero dizer que por ter poucos funcionários, uma micro empresa não pode sair errando na contratação, logo é interessante aplicar vários filtros antes da contratação de um funcionário de maneira a minimizar a rotatividade e o consequente gasto desnecessário que isso impõe. O principal desses filtros é eliminar logo de cara os perfis ruins de funcionários. Aqui vão os piores perfis de funcionários na minha opinião e na opinião da maioria dos comerciantes:

1- Mulher na faixa de 18 a 35 anos: isso inclui solteiras e casadas. As meninas mais novas, solteiras e bonitinhas são um grande problema dentro de uma pequena empresa, na convivência com homens da mesma faixa etária as chances de relacionamento são de 101% e isso atrapalha o andamento da empresa, sem contar com o risco de gravidez (no próximo post vocês entenderão o porquê de não eliminar o homem da equação). As de vinte e poucos anos recém casadas provavelmente engravidarão em breve. Você deve estar pensando: "O Corey tem preconceito contra grávidas e não quer que suas funcionárias engravidem", e é parcialmente verdade. Cada um faz o que quer da vida, quer ter 12 filhos, que tenha, acontece que isso provoca um rombo nas finanças de qualquer empresa. Funcionária grávida além de render muito menos provoca um prejuízo incrível quando sai de licença. Esse gasto é melhor absorvido por uma empresa grande, mas pra uma pequena empresa pode muitas vezes levar a falência (conheci o caso de um comerciante que teve 3 das 5 funcionárias grávidas no mesmo período, pra resumir, quebrou!). Sim, é preconceito, mas acontece que o oposto acontece com homens da mesma faixa etária (veja no próximo post). Acima de 35 anos as mulheres provavelmente já engravidaram uma vez ou possuem mais cabeça pra planejar um filho, mesmo assim evito contratar mulheres (desculpem!).

No geral o convívio no ambiente de trabalho com mulheres é mais complicado, são mais sensíveis, tem TPM, etc. Isso pode ser um problema, mas acredito que é algo perfeitamente contornável se todas as partes (a funcionária, o patrão e os colegas) estiverem dispostos a aprender a conviver. O fato é que trabalhar com mulheres faz o dia-a-dia profissional mais agradável e não estou falando de peitos e bundas. Infelizmente vejo muitas mulheres sacanas, que entram num emprego só pra ter onde se segurar quando engravidar, outras fazem braço curto justamente pelo fato de serem mulheres, algumas arrumam um emprego mas não querem serviço... As boas profissionais acabam se queimando por causa das ruins, essa história de mulher ser menos valorizada é verdade, mas a culpa é delas mesmas (ou pelo menos de algumas).

2- Jovens de "comunidade": sim, mais preconceito, mas essa é a verdade. Molecada de 16, 18 anos que vive em comunidades carentes não costumam ser bons funcionários, possuem forte tendência a faltar, atrasar, e infelizmente, roubar. É uma grande pena essas pessoas estarem enquadradas como perfis ruins, porque o trabalho poderia ser uma saída digna da vida miserável que levam, mas o empresário precisa ser muito altruísta pra encarar essa galerinha que na maioria das vezes não possuem estrutura familiar alguma, normalmente não sabem o mínimo sobre matemática, são analfabetos funcionais, não conseguem se comunicar de maneira clara (muitas gírias) e que na grande maioria das vezes precisa receber toda a educação no ambiente de trabalho, coisa que deveria ter recebido em casa. Conheço um senhor, comerciante antigo que sempre tem uns jovens com esse perfil em sua loja, tiro meu chapéu pra ele porque não é nada fácil (já tentei, e tive problemas).

3- Qualquer pessoa que tenha problemas na justiça ou tenha processado antigos patrões: essa serve mais para pessoas mais experientes, com anos em determinada função. Amigo, você tem todo o direito de colocar seu antigo empregador "no pau" e muitos deles realmente merecem, mas no geral se você fez isso uma vez seu nome estará queimado. Particularmente não dou muita atenção pra isso por concordar que muitas empresas realmente merecem ser processadas por agirem fora da lei (não importa se a lei é justa ou não, uma vez no jogo você deve aceitar as regras), procuro analisar caso a caso, inclusive um dos meus melhores funcionários já processou um empregador, pesquisei a história, dei razão e o contratei (mas ele jogou limpo comigo desde a entrevista). Agora, se você foi preso, condenado ou fez alguma merda do gênero, desculpe, mas elimino de primeira.

4- Tipo físico, idade, tatuagem: aqui é algo que discordo dos meus pares, conheço muito comerciante que não contrata gente com tatuagem, cicatriz, negra, homossexual, idosa, etc. Discordo totalmente, muito pelo contrário, como vocês verão nos melhores perfis, é justamente aqui que tenho encontrado os melhores profissionais e talvez esteja o segredo para a baixa rotatividade e desempenho acima da média dos meus colaboradores, felizmente estou "fazendo escola" e outros colegas estão seguindo pelo mesmo caminho.

Na próxima falarei dos melhores perfis de funcionários (pra você não ficar achando que sou um mala sem alça, arrogante, fdp...).

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Copa do Mundo e Protestos Parte 1

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Essa é a parte 1 das postagens com o tema copa do mundo e protestos, não tenho parte 2 redigida mas infelizmente tenho certeza que esse assunto ainda vai render muito nos próximos dias.

Tive uma semana corrida, fui ao interior de SP tentar desenrolar aquele meu negócio, mas infelizmente não tive muito sucesso, parece que nossas instituições públicas não querem colaborar. Fiquei por fora dos acontecimentos da capital por alguns dias e acabei voltando ontem a tarde, no olho do furacão das manifestações. Nem vou entrar no mérito da questão do que passei na Marginal Tietê, quero falar um pouquinho sobre minha opinião a respeito de tudo isso.

Acho engraçado como o brasileiro deixa tudo pra última hora, até as manifestações. Puta merda, agora, a um mês da copa nêgo resolve fazer manifestação contra a Fifa, contra copa, contra construção de estádio-elefante-branco? Então quer dizer que até mês passado ninguém sabia que ia ter copa e que, de repente, descobriram que foram construídos estádios e (nossa, que novidade!) as obras foram superfaturadas? Acabaram de descobrir que o Brasil tem péssimos hospitais e escolas e que (meu Deus!) o dinheiro investido em estádios poderia ter sido investido em infra estrutura que trouxesse benefícios a população!!! [ironic mode on] Nossa que novidade, como ninguém me avisou disso antes, vou lá na Paulista tacar pedra em viatura policial e incendiar busão... [ironic mode off]. Puta que pariu, porque raios a galera não foi protestar contra copa do mundo na época da assinatura do contrato com a Fifa. E por que raios ninguém está protestando contra as olimpíadas de 2016? Alguém acredita que a construção da infraestrutura necessária para as Olimpíadas será diferente que a da copa? Amigo, se você acredita nisso, por favor, se jogue na frente de um trem sucateado da CPTM!

Pode ter certeza que essas mesmas pessoas que estão "se manifestando" (Ou seria destruindo? Ou seria depredando? Ou seria roubando?) comemoram tempos atrás quando souberam que o Brasil sediaria a copa e que estarão daqui a alguns dias fugindo do trabalho, como baratas que recebem dose de SBP, para assistir os jogos da Seleção Canarinho em suas televisões de LED compradas pelo triplo do preço que custa num país sério em 36x no carnê das Casas Bahia (afinal, ano de copa é ano de trocar a TV), enchendo a cara de cerveja barata (essa é a parte boa pra que tem Ambev na carteira de ações) e chorando quando o Brasil for eliminado na primeira fase (se bem que seria interessante perder a final para a Argentina (mas não perderia, está comprado)). O FUTEBOL É O PIOR CÂNCER QUE JÁ ATINGIU A SOCIEDADE BRASILEIRA. O futebol deixa as pessoas burras, o que era pra ser um lazer se transforma em doença, prejudica o trabalho, a família e a sociedade. Eu diria que o futebol tem o mesmo poder destruidor do alcoolismo. Atenção patriotas otários: sei que o mesmo fanatismo com futebol acontece em outros países.

Amigos, vamos ser francos, vamos ser racionais, vamos deixar o otimismo de lado (recomendo o ótimo post do Nerd) e usar o cérebro: alguém realmente acredita que o Brasil tem saída? Bem, eu sei a saída para o Brasil, aliás, vejo várias saídas para o Brasil, elas possuem até siglas: GRU, CNF, GIG, POA...

domingo, 11 de maio de 2014

Mudança Expressa e Casa Nova

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Primeiramente gostaria de pedir desculpas pela ausência no fim de semana, publiquei um post na quinta e sequer vim aqui comentar, não gosto de fazer isso, sempre que publico algum post procuro estar presente o máximo possível para agilizar a publicação dos comentários e poder trocar ideia com os amigos. Responderei a todos com calma. Acabei me atrapalhando por uma causa boa: as chaves do meu novo apartamento saíram antes do imaginado e tratei de correr com a mudança. E é sobre isso que falarei hoje por aqui.

No fim do mês passado, publiquei um texto falando sobre minha volta para São Paulo após um ano em outra cidade, comentei que possivelmente dessa vez eu iria morar num bairro mais nobre o que encareceria um pouco o valor do aluguel mas facilitaria a vida principalmente da Bia, pois foi exatamente isso que fiz, aluguei um apErtamento num bairro mais arrumadinho da capital paulista. O imóvel não tem absolutamente nada a ver com o apartamento anterior: tem menos da metade do tamanho, é novíssimo (primeira locação), o prédio tem uma infraestrutura de lazer razoável além de contar com serviços pay-per-use, são duas realidades totalmente diferentes.

Falando um pouco sobre a experiência de voltar ao aluguel após morar muitos anos num apartamento próprio, só posso dizer que foi uma das melhores decisões que já tomei na vida, esse 1 ano morando em outra cidade, num lugar mais civilizado e com a flexibilidade que só aluguel me proporciona me serviram pra muitas coisas entre elas conviver com pessoas de nível sociocultural mais elevado, estabelecer a simplicidade e minimalismo em nossas vidas e principalmente, ver que é besteira ficar amarrado a situações intoleráveis somente por causa de um punhado de reais. Percebi também que gosto muito de São Paulo e que é difícil ficar longe dessa cidade maluca, meus amigos estão aqui, os lugares que frequento estão aqui... O aluguel me permitiu voltar!

Voltando ao assunto do novo apartamento, fechei negócio rapidamente essa semana, só houve um empecilho que logo tratei de resolver da maneira mais fácil possível, ou seja, usando dinheiro. O locatário só iria alugar mediante seguro fiança, o que é totalmente justo ainda mais aqui no Brasil que temos uma política de crédito as avessas, onde você tem que provar que não é picareta e não que é um bom pagador como acontece nos EUA, por exemplo. Não tinha conversa, ele não queria depósito (como fiz no antigo apê) nem fiador (essa nem eu queria porque detesto esse negócio de fiador). Não estava disposto a torrar uma grana sem necessidade em seguro fiança, então propus de pagar o contrato inteiro adiantado. Bom negócio para o dono do imóvel por ficar despreocupado e para mim que ganhei poder de barganha. Pra resumir consegui um desconto de praticamente um mês, tudo bem que pra isso precisei torrar todo meu colchão de segurança, mas não é pra isso que ele existe? Só precisei esperar a imobiliária fazer a papelada e a ligação da luz e gás que por incrível que pareça (para os padrões brasileiros) foram realizados no mesmo dia do pedido.

Típico veículo de carga do "Tio do Carreto"
Peguei as chaves na quinta a noite, Bia e eu agilizamos nossos trabalhos na sexta pela manhã e a noite fomos empacotar as coisas. Aqui entra o pulo do gato de se levar uma vida minimalista, em poucas horas e principalmente poucas caixas, nossa vida estava totalmente empacotada e organizada. No sábado pela manhã o tio do carreto apareceu e a tarde tudo já estava no apê novo. Aqui um detalhe: a diferença de preço entre um "tio do carreto" e uma empresa de mudança chega a ser doentia, pra quem tem pouca coisa como nós não vale a pena de maneira alguma contratar uma empresa. Aliás, só precisamos de carreto por causa da geladeira, sofá e colchão, porque o resto poderia ser levado no carro em algumas viagens sem problema algum (aliás, minhas roupas foram no carro, nos próprios cabides, nem me dei o trabalho de dobrar, rsrs!). Pensei em alugar uma pick-up mas o preço sairia equivalente ao tio do carreto e ainda teríamos que fazer tudo sozinhos.

No sábado a noite ainda saímos para conhecer um pouco a vila boêmia do bairro, descobrimos que uma cooperativa de taxis cobra preço fixo para moradores do condomínio (ótimo!). Descobrimos também que o prédio tem wi-fi inclusa no condomínio, não é os 15 mega que estava acostumado mas dá pro gasto, inclui também um pacote básico de TV a cabo e não se paga para usar as máquinas de lavar (ótimo, a nossa já foi vendida junto com a TV jurássica para um conhecido, valor esse que pagou o carreto). Só precisarei comprar uma TV nova. Impressionante como tudo foi mais fácil em relação a outra mudança, formatamos nossa vida pensando em mudanças frequentes, logo temos poucas quinquilharias de cozinha, poucos móveis (os que temos são pequenos, desmontáveis e de uso flexível) e as poucas coisas que guardamos estão armazenadas no meu escritório da loja, logo não precisamos nos preocupar de ficar levando-as para cima e para baixo.

Hoje pela manhã arrumamos umas coisas e ainda sobrou tempo para visitar as respectivas mães, agora é noite, minhas roupas estão todas arrumadas no armário, o escritórinho de casa montado e tem um rango cheirando bem na cozinha, Bia está reclamando que ainda tem roupas para tirar das malas e que os 5848574895743 cosméticos dela ainda estão na caixa, mas uma mudança feita com toda tranquilidade em dois dias é um feito e tanto, não?! Na próxima, como prometido, postarei os números referentes a essa mudança.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Imigração - Um Pouco Sobre o Visto Americano L1

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Na última postagem falei sobre a fase de decisão que estou passando e sobre uma das possibilidades que tenho que é expandir meus negócios que, entre outras coisas, pode me ajudar a conseguir um visto L1 e emigrar (imigrar?, migrar? sei lá essa porra...) legalmente aos Estados Unidos, hoje vou falar um pouco sobre o que é essa modalidade imigratória.

O visto L1 permite que um funcionário ou sócio de uma empresa trabalhe na montagem e gerenciamento de uma filial da empresa brasileira em solo americano (mi-mi-mi, Brasil também é América, você tá puxando saco dos NORTE-americanos, mi-mi-mi...acontece que lá nos EUA, todos se referem a esse país como América, ok? Se você é um pau no cu e não entende isso, vai lá reclamar com os gringos). O requerente do visto L1 deve:

1- Comprovar experiência na função de administração de empresa, nada a ver com faculdade de ADM e sim provar na prática que sabe criar e ter sucesso com uma empresa.

2- Ter exercido a função de executivo durante ao menos 1 ano nos últimos 2 anos (ou algo parecido com isso).

3- Não trabalhar no operacional da matriz brasileira, ou seja, a operação brasileira deve ser capaz de se manter sem a presença do requerente do L1. O L1 deve ser somente administrador e estrategista.

O L1 pode levar sua família, que terá o visto L2. A esposa do L1 (com visto L2) pode trabalhar legalmente e ambos terão SSN (Social Security Number), o equivalente ao nosso CPF que facilita tudo desde alugar um imóvel até obter crédito. Não é preciso comprovar fluência em inglês, na prática, o L1 nem precisa falar inglês.

A empresa brasileira requerente do L1 para seu funcionário/sócio deve seguir algumas regrinhas, tais como:

1- Ter plano de negócios e nível hierárquico definido onde o L1 apareça como administrador. É preciso comprovar que a empresa continuará bem administrada mesmo na ausência do L1.

2- Comprovar uma série de exigências desde documentações dos órgãos brasileiros até fotos físicas da empresa.

A filial americana que será administrada pela L1 também precisa seguir alguns critérios:

1- Ter plano de negócios mostrando a viabilidade de crescimento e expansão da operação. A empresa deve ter uma sede americana que não pode ser um escritório virtual e deve demonstrar capacidade de investimento.

2- Ter bom número de funcionários legais, sejam eles cidadãos americanos ou residentes permanentes (que possuem Green Card). Quanto mais funcionários, melhor a empresa é vista pelo governo americano.

O processo para requerer o L1 pode ser feito na raça e na coragem, mas é óbvio que é mais racional contratar um advogado americano para encarar o desafio, eles possuem experiência, sabem como agilizar e não cobram muito caro (cerca de USD 5k). O primeiro L1 tem validade de 1 ano, dentro desse período é necessário iniciar a operação da empresa e seguir o plano de negócios tanto da matriz brasileira quanto da filial americana. Após o 1º ano é possível aplicar para o Green Card que pode demorar mais 2 anos para sair, nesse período o L1 deve ser renovado, o governo americano somente renovará se acreditar que seu negócio está indo bem, caso contrário a renovação é negada e você recebe um prazo para se livrar da empresa e deixar o país.

Em tese o L1 é o caminho mais rápido, prático e relativamente barato para obtenção do Green Card. A filial americana não precisa ser do mesmo ramo da matriz brasileira. Você pode ter uma padaria no Brasil e abrir uma empresa de faxina nos EUA sem o menor problema. Conversei com advogados brasileiros e americanos especializados nesse tipo de processo, eles são unânimes em falar que é um processo fácil pra quem tem dinheiro pra investir e coragem pra tocar um negócio nos EUA. Conversando com imigrantes (brasileiros e latinos) nos EUA, descobri que o buraco é mais em baixo...

O L1 costuma ser aprovado com relativa facilidade, os problemas costumam  surgir na hora da renovação. Normalmente a empresa americana vai bem, os EUA são um país fácil de empreender, se você tem sucesso com empresa no Brasil, lá na terra do Tio Sam tudo será ainda mais fácil, o problema ocorre no Brasil. A experiência desses imigrantes é a seguinte: normalmente a empresa brasileira é deixada nas mãos de sócio ou de gerentes que costumam falhar com o plano de negócios o que demonstra ao governo americano que você está fazendo falta no Brasil. Além disso, a burocracia brasileira traz graves entraves, procurações nem sempre resolvem tudo o que obrigam o L1 a visitar constantemente o Brasil, encarecendo de sobremaneira o custo de vida e fazendo-o descuidar da operação americana. A coisa acaba virando uma bola de neve... De mais ou menos 10 pessoas que conheci com L1, principalmente na Califórnia, alguns tiveram a renovação negada, outros estão com o processo travado por algum motivo e somente um teve o pedido do Green Card aceito, coincidentemente (ou não) essa mulher é a que tinha melhor e maior estrutura no Brasil.

Os advogados acabam te convencendo que se você tem uma vendinha no Brasil e USD 15k ou 20k conseguirá seu Green Card em 3 anos. Em teoria isso é possível, mas na prática só consegue quem tem um bom nível de inglês, bastante grana pra investir nos EUA (acima de USD 100k) e uma empresa ao menos de médio porte bem estruturada aqui no Brasil, além disso é necessário ter um baita colchão de segurança porque todos são unânimes em falar que o governo americano espera que você reinvista tudo o que ganhar na sua filial em outra filial ou na expansão. Claro, eles querem fazer a economia girar, não é toa que são a potência que são! Então o ideal é você ter grana pra se manter pelo menos 2 anos nos EUA incluindo pelo menos 4 ou 6 viagens ao Brasil por ano. Faça as contas!

Na prática é muito simples: se você não tem que mascarar ou maquiar sua empresa brasileira, se você realmente consegue se ausentar 1 ou 2 anos dela e quando voltar tudo estará em pé, se você tem uns USD 100k, mais a grana pra se manter nos EUA por 2 anos, se tem um bom nível de inglês, vontade de encarar um desafio novo e bastante experiência; tem grande possibilidade de sucesso na obtenção do GC via L1. Como podem ver, são qualidades possíveis de serem alcançadas com um pouco de dedicação e tempo. Acontece que boa parte das pessoas que conseguem o L1 não possuem essas qualidades e acabam quebrando a cara, não quero engrossar esses números nem passar perrengues, logo, se for pra tentar o L1, prefiro formatar um modelo de negócios aqui no Brasil, juntar dinheiro, treinar minhas habilidades administrativas e de inglês pra só então encarar esse desafio. Pé no chão, paciência e estudo não fazem mal a ninguém...

terça-feira, 6 de maio de 2014

Ou Vai ou Racha!

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Estou numa fase de decisão. Preciso tomar um rumo e não posso errar, minhas opções basicamente são:

1- Focar na Independência Financeira no Brasil: Esse é o caminho mais fácil e é o que tenho trilhado nos últimos dois anos. Para isso preciso manter minhas despesas baixas, meus ganhos altos, reinvestir a diferença com sabedoria e contar com a sorte. Em poucos anos consigo atingir a Independência Financeira plena, mas e depois?

2- Sair do Brasil: essa é a minha maior vontade atualmente, tenho muito desejo de abandonar o Brasil deixando pra traz toda a podridão e ineficiência do nosso Estado. Esse é o caminho mais difícil, para toma-lo precisaria estudar muito bem as opções de países e processos imigratórios, além de investir um bom dinheiro e tempo me qualificando pra trabalhar legalmente em outro país, iniciando a vida do zero distante dos amigos e a estabilidade que conquistamos no Brasil.

3- Expandir meus negócios: várias oportunidades de crescimento tem aparecido nos últimos tempos, sinto até que deixei passar negócios de ouro por estar focando na IF. Em qualquer uma dessas oportunidades o foco é fazer dinheiro. Os negócios que posso entrar basicamente são:

a) Compra da rede do interior: conforme comentei aqui, tenho a oportunidade de comprar uma pequena rede de varejo no interior de SP. Para isso angariei sócios e começamos a negociar. É uma negociação complicada devido ao tamanho e burocracias de sempre. As chances desse negócio dar certo são pequenas, mas se rolar, meus aportes poderão ser de inflados substancialmente. 

b) Compra de pequenas lojas: ter uma rede de pequenas operações é uma maneira legal de expandir os negócios, além disso é sempre fácil achar pequenas lojas a venda e quase sempre a negociação costuma ser boa. No último mês fui procurado por duas pessoas cujas empresas estão mal administradas e possuem potencial de crescimento.

c) Formar uma rede de franquias: ao estilo americano posso entrar para uma franquia e focar na expansão através da abertura de novas operações com a mesma bandeira. Ideia interessante pelo ponto de vista da estabilidade, o duro é achar uma marca de confiança com investimento razoável.

A alternativa nº1, da IF está cada vez menos atrativa, não vejo graça em ficar recebendo 0,8% de aluguel de FII ou ter que caçar ações com potencial de crescimento e boa distribuição de dividendos enquanto posso investir minha grana num negócio próprio e ter rentabilidade mensal de dois dígitos. Além disso a perspectiva do país anda muito obscura, não tenho confiança em colocar dinheiro em coisa alguma que não tenha no mínimo um pouco de controle

A alternativa nº2, da imigração é atrativa mas tenho consciência que não é simples, aliás, é complicada demais caso queira fazer de maneira lícita. Bia e eu não estamos dispostos a pagar o preço que está sendo cobrado ultimamente para sair legalmente do país. Digo isso em relação a grana necessária nesse investimento e principalmente ao trabalho descomunal de ser fluente em outra língua, estudar nessa língua, arrumar um emprego e começar a vida novamente.

A alternativa nº3 pode servir de intermediária para chegar na nº2. Expandir os negócios trará mais dinheiro e principalmente, trará a estrutura necessária para obtenção de um visto americano L1 que permite a instalação da filial de uma empresa brasileira nos EUA. Se mesmo assim a possibilidade de sair do Brasil não for viável, pelo menos terei mais dinheiro e patrimônio que pode ser transformado em dinheiro com relativa rapidez, atingindo a IF praticamente da noite para o dia. Dinheiro nunca é demais. O custo disso é ter que encarar a burocracia e barreiras ao empreendedorismo durante mais alguns anos, terei que trabalhar bastante, mas pelo menos sei onde estarei colocando a mão. O investimento será alto mas pode ser titulado aos poucos (explicarei no futuro).

Fico devendo para vocês um pouco sobre o visto L1 e a estratégia de expansão (nº3) pelas possibilidades A, B e C. E aí, o que acham? Preciso de opiniões!

sábado, 3 de maio de 2014

Sobre Planejamento, Sorte e Previsibilidade

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Recentemente comentei aqui no blog sobre as vantagens de frequentar lugares mais caros e ter contato com pessoas de nível socioeconômico maior (leia aqui e aqui), coincidentemente essa semana aconteceu um fato curioso. Algum tempo atrás, Bia e eu conhecemos um casal na balada, essa semana nos encontramos novamente e acabamos indo no McDonalds no fim da noite onde rolou um papo muito interessante. Vou chama-los de Samara e Raul e essa é a história de Paulo, pai da Samara:

1976: Paulo, então com 16 anos, recebe de presente um Fusca 1966 de seu pai como incentivo por ter passado na prova do Senai. Paulo começa a frequentar a escola e logo consegue um emprego no qual sairia somente décadas depois, aposentado.

1980: Paulo passa no vestibular para engenharia numa faculdade pública, junta suas economias, vende o Fusca e compra um Opala 0Km, decide fazer como seu pai, só trocará de carro na próxima década.

1983: Paulo conhece Gorete na Universidade e começam a namorar, começam a juntar dinheiro para comprar uma casa e casar.

1989: O fator sorte entra em ação. Paulo e Gorete compram uma pequena casa no Campo Belo (bairro então de classe média-baixa em São Paulo), a vista, uma semana antes do confisco da poupança. No fim do ano se casam somente no civil, o dinheiro da festa foi confiscado pelo Collor.

1990: Nasce Samara. O Opala de Paulo está com 10 anos e é trocado por um Monza 0Km.

1995: A casa do Campo Belo é alugada e um bom apartamento é comprado em Moema, que começa a efervescer.

2000: Samara estuda em boas escolas particulares, não as tops, mas escolas boas. Samara não entende porque seu pai anda de carro velho enquanto os colegas de trabalho dele possuem importados alemães, não entende porque suas amiguinhas vão todo final de semana para Maresias e ela somente uma vez por ano pra Santos. Paulo troca o Monza por um Vectra 0Km.

2005: Samara começa a trabalhar, é a única de seu grupo que tem um emprego e vai ao cinema com seu próprio dinheiro, paga do próprio bolso um curso técnico e consegue uma boa colocação.

2010: Samara está no segundo ano da faculdade, Paulo a presenteia com o Vectra, compra um Fusion, se aposenta e muda-se pra Santos. Samara conhece Raul, um comerciante, e começam a namorar.

2014: Samara repete o caminho de seu pai, troca seu carro-presente de 14 anos por um 0Km vendendo o Vectra e comprando um Peugeot 308. Ela e Raul já compraram um apartamento no Campo Belo (agora um bairro classe média-alta) estão juntando dinheiro para o casamento somente no civil porque as festas de casamento são totalmente fora da realidade de uma pessoa racional. Ah! Diz Samara que só trocará de carro em 2024...

Obviamente mudei um pouco a história para preservar o anonimato do casal, mas a essência está aí: planeje, tome atitudes racionais, tenha paciência, não siga modinhas e conte um pouco com a sorte que mais cedo ou mais tarde acaba aparecendo. Fazendo isso as chances de ter sucesso na vida são muito grandes, sua vida será ao menos previsível. Por outro lado o contrário, uma vida sem planejamento, com gastos a toda e qualquer modinha, contando sempre com a sorte com certeza rumará ao fracasso e depois só restarão reclamações, sua vida também será previsível, mas de uma maneira não muito agradável. Fazer a lição de casa não é garantia de passar de ano, mas não fazer é garantia de repetência.

Gostei muito de ter conhecido um pouco da vida pessoal desse casal, são pessoas com as quais Bia e eu nos identificamos muito. É uma pena termos demorado tanto tempo pra ter uma conversa além da balada. A história da Samara é dessas que adoro ouvir nos detalhes, impossível não aprender e se estimular com cases de sucesso. Interessante também fora as circunstâncias nas quais conhecemos essas pessoas, isso serve para corroborar o que digo: conviva com pessoas de bom nível socioeconômico, more num lugar bacana, frequente ambientes bons, estimule-se com papos inteligentes. Fuja de pessoas que não te agregarão nada, de papos idiotas e sem sentido, de pessoas negativas e fracassadas, de ambientes que não te agradem e de todas as coisas que possam te nivelar por baixo. Fazendo isso, com certeza as chances de uma vida bem sucedida, não só no sentido financeiro, serão bem maiores.

Expandindo os Negócios - Como Fazer?

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Recentemente publiquei que tenho a possibilidade de expandir meus negócios (sem trocadilhos, ok?), hoje vou falar como isso é possível de ser feito.

a) Compra da rede do interior

Como vocês sabem, fui procurado por uma pessoa que me ofereceu a compra de uma pequena rede varejista no interior de São Paulo, o negócio requer investimento alto, portanto fui atrás de sócios para essa empreitada, conversamos com um corretor de empresas conhecido nosso (já fizemos negócios com ele, sabemos que faz um bom trabalho) e o colocamos para realizar as pesquisas nos órgãos governamentais antes de continuarmos com a negociação junto ao intermediador. Aí começam os problemas... Por se tratar de mais de uma loja, é necessário puxar uma enormidade de certidões negativas, o vendedor se esquivou de pagar por esses documentos, mas foi convencido do contrário pelo intermediador. Para ajudar, cada loja fica numa cidade diferente, logo os trâmites entre municípios mudam totalmente, isso inclui as taxas. O mesmo documento pode custar RS40 ou R879 dependendo da cidade, outros podem ser impressos pela internet ou demorarem 30 dias para serem emitidos. Junte a isso o fato de precisarmos ter certidões absolutamente em dia e dentro da validade e verá a ponta do iceberg que é a complexidade desse negócio.

Ao ver a burocracia que estamos enfrentando somente para analisar papéis, estamos imaginando como será a transferência de CNPJ, órgãos federais, estaduais e municipais, demora para legalização disso tudo... Sem contar a enorme quantidade de dinheiro envolvida, que fará eu e os 2 sócios rasparem a panela e ainda ficar devendo. Sei lá, tá enroscado demais, não está fluindo... O prognóstico do negócio em si é ótimo: uma retirada de 5 dígitos mensais para cada um no médio prazo é um fato que não pode ser deixado de lado!

b) Compra de pequenas lojas

Essa ideia não é uma novidade, a muito tempo pessoas tem feito isso e obtido muito sucesso. Consiste em montar uma pequena rede de lojas através da aquisição de concorrentes e lojas do mesmo ramo num mesmo perímetro urbano. Cria-se uma marca, logotipo, uniformes, padronagem de fachada e instalações e aplica-se a todas as unidades. O pulo do gato não está em ter operações grandes e sim o contrário, lojas pequenas ou médias que podem ser compradas de empresários falidos por preços módicos, ao dar uma injeção de capital e renovação, o negócio tende a crescer vertiginosamente no primeiro ano, estabilizando no segundo, aí é a vez de partir pra outro... É possível obter um crescimento rápido, é como combustível de foguete que uma vez aceso se auto-alimenta. Uma vez criada a estrutura de padronização e investido uma quantia, as demais lojas se pagam sozinhas, sendo desnecessário reinvestir dinheiro do bolso.

As principais dificuldades desse modelo de negócio são:

- Criar uma marca forte e torna-la conhecida por algum diferencial em pouco tempo;
- Montagem de um time de gerentes que realmente trabalhe direito e em prol do negócio;
- Abre os olhos da concorrência, em quanto você está quieto comendo pelas beiradas ninguém te incomoda, ninguém chuta cachorro morto. Uma vez que você começa a aparecer, os concorrentes também aparecem o que pode levar a uma desgraçada concorrência desleal e guerra de preços.
- Conseguir número suficiente de operações numa mesma região para fortalecer a marca ao invés de dispersa-la. Nem sempre isso pode ser fácil quanto parece.
- Ter que lidar com algum possível fracasso e prejuízo no meio do caminho.
- Nível de trabalho pode ser descomunal se não houver bons funcionários, treinamento e padronizações de operações.
- Dificuldade na venda das empresas. Lojas pertencentes a redes são mal vistas no mercado de compra e venda.

As vantagens ao meu ver:

- Investimento inicialmente baixo. Por exemplo: com 150k é possível comprar e reformar uma loja que deixe uns 5k de início, 12k após 1 ano. Com o lucro de 12 ou 18 meses é possível replicar o modelo sem ter que reinvestir dinheiro. É como dividendos comprando novas ações (mais uma vez um tapa na cara de quem ignora a importância do fluxo de caixa).
- Diversificação relativa: relativa porque não se diversifica o principal que é o ramo de atuação, mas diversifica-se a localização. Um dia o faturamento de uma loja está fraco, o da outra cobre.
- Criação de uma imagem de empresa bem sucedida, muitas vezes sendo confundido com franquia, o que é bem interessante.
- Possibilidade de levantar dinheiro rapidamente ao se decidir parar a expansão.

c) Formar uma rede de franquias

Os americanos costumam fazer muito isso: montam uma rede de franquias, usam uma marca consolidada a seu favor e expandem dentro da padronização da rede. Modelo muito semelhante ao anterior, mas com foco diferente. Se no modelo anterior o foco é ganhar dinheiro na compra pagando barato e em cima da formação de uma marca, aqui a marca está formada e o investimento é alto. Mas qual a vantagem?

A vantagem está justamente na eliminação do fator mais complicado do exemplo B: a formação e consolidação de uma marca forte aliada a padronização completa que isso exige. Aqui a marca já está formada, a padronização já foi feita e claro, você pagará por isso. A questão é analisar se vale a pena. Para ter os mesmos 5k iniciais numa franquia você provavelmente precisará investir mais de 150k e existe uma grande chance de você não atingir os 12k de rentabilidade como acontece mais facilmente no exemplo B. A vantagem está na previsibilidade, franquias costumam ter linha de faturamento mais previsível. Claro, estamos falando de franquias sérias, conhecidas e dedicadas e aqui entra o principal problema desse modelo: Qual franquia escolher?

Minha visão sobre franquias é bem simples: só vale a pena entrar num negócio franqueado se a marca for um player principal, de preferência o líder do setor. Caso contrário, esqueça. Só com essa regrinha já eliminamos uns 95% das marcas que existem por aí. Além disso não apostaria em nada sazonal ou da moda. O próximo passo é definir o valor do investimento, com digamos, 200k, poucas boas franquias são viáveis... Resta garimpar uma boa marca aliada com investimento baixo ou juntar mais grana e partir para operações mais caras. Acontece que operações mais caras são menos lucrativas, o que trará mais demora para a expansão. É uma bola de neve!

Resumo da ópera: se o negócio da rede do interior não der certo, devo focar na alternativa B que está mais dentro do que estou acostumado, seja no tipo de mercado quanto ao perfil de funcionários necessários. A rede de franquias pode ser mais viável no longo prazo, com operações de marcas consagradas. Isso caso eu fique no Brasil... E você, o que acha?