quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Vida fora da Matrix - Um Ótimo Exemplo

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Recentemente recebi um e-mail com uma história muito interessante, o Raul Souza, de Santo André -SP me escreveu após ler meu texto sobre o Brasil e meus planos de morar no exterior, achei a história dele um excelente exemplo de pensamento fora da caixa e ele me autorizou a publicar no formato de post:

Olá Corey, meu nome é Raul Souza, moro em Santo André, tenho 40 anos, casado, sem filhos. Acompanho alguns blogs de finanças e me identifiquei muito com suas ideias principalmente sobre o Brasil, sobre não querer filhos, sua visão realista sobre o comércio, etc. Sigo uma vida avessa ao que seria esperado para uma pessoa do meu perfil. Não fiz faculdade porque na época que todos estavam indo pro vestibular eu já trabalhava com meu pai no açougue dele, o tempo passou e hoje não me arrependo nenhum pouco por isso, vou explicar o porquê mais pra frente. Aos 20 e poucos anos meu velho faleceu e deixou o açougue de herança, o que era pra ser um sucesso financeiro certo se tornou um grande pesadelo ao descobrir os rolos que o velho se meteu durante os 30 anos que ficou com o comércio: dívidas trabalhistas, processos por sonegação não acordados, dívidas municipais entre outras. Trabalhei pelos próximos 7 anos pra saldar essas dívidas, mal fazendo uma retirada mensal pra sobreviver, trabalhando 14 horas por dia, depois de saldar tudo decidi que ter comércio não era pra mim, que se fosse pra trabalhar pro governo era melhor prestar um concurso público. Vendi o açougue e pensei seriamente em sair do país, na época alguns amigos estavam ganhando muito dinheiro nos EUA, até tentei ficando lá uns 6 meses mas o comodismo e o medo de não conseguir me legalizar falaram mais algo e voltei pra essa merda, a grana que sobrou do açougue foi suficiente pra comprar um apartamento. Decidi ter uma vida simples e como vocês dizem, frugal. Decidi também que pagaria o menos imposto possível. Hoje moro no mesmo apartamento pagando apenas R$280,00 de IPTU por ano, meus carros sempre tem mais de 20 anos pra não pagar IPVA nem seguro (sabendo procurar e fazendo uma boa revisão antes de começar a usar, dá pra andar com excelentes carros de 20 anos), trabalho de garçom, ganho no mínimo R$3.000,00 sendo que somente R$800,00 é registrado, o resto é serviço, então sou isento de IR, minha esposa é cabelereira, ganha mais ou menos a mesma coisa que eu e também não paga IR. Isso pode não ser certo, mas é justo perante a roubalheira do nosso governo. Com esses pelo menos R$6.000,00 vivemos muito bem, com conforto, viajamos todos os anos pro exterior quando aproveitamos pra renovar as roupas e eletrônicos (não compro nem cueca no Brasil). Ganhamos mais que muita gente com curso superior, por isso disse que não me arrependo de não ter faculdade, acho besteira fazer faculdade a não ser um curso top, mas o cara tem que ter consciência que deixará 1/4 do salário pro governo. Acho que o mais importante é ter educação financeira, vejo meus colegas no restaurante, muitos possuem 3 filhos 1 de cada mulher pagando tudo de pensão, outros andam de carro do ano gastando tudo que ganham num bem que só desvaloriza. Eu escolhi ter uma vida simples, pensar diferente e por enquanto tá dando muito certo, os últimos 10 anos da minha vida foram muito tranquilos. Gostaria de compartilhar minha história com o pessoal que acompanha os blogs de finanças, não penso sem ser independente financeiro porque não tenho problema em trabalhar, eu gosto, mas estou me preparando pra aposentadoria investindo todo mês um pouquinho. Um abraço.
Gostei muito desse e-mail do Raul, é ótimo ler histórias de sucesso de gente que decidiu pensar fora da caixa e seguir o caminho contrário da manada. Esse é um excelente exemplo que vale muito a pena pensar diferente. Acho que todos nós que buscamos liberdade financeira estamos, de um jeito ou de outro, no caminho certo. Na dúvida, faça aquilo que a maioria não faria e suas chances de sucesso aumentarão.

sábado, 16 de novembro de 2013

Brasil, um país de merda!

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Se você se ofende com opiniões fora do padrão, se ofende com gente que pensa diferente de você, faça-me um favor, pare de ler agora e não apareça mais nesse site, ok?

Em agosto do ano passado publiquei um post falando sobre política e morar no exterior, naquela ocasião eu tinha dúvidas sobre se valia a pena largar tudo aqui e me mandar para outro país em busca de uma vida mais tranquila num lugar mais equilibrado. Hoje não tenho mais dúvidas, vale a pena sim! 

Daquele post até hoje muita coisa aconteceu tanto na minha vida quanto no país. Minha vida melhorou muito em vários aspectos, já o Brasil... Uma das coisas que aconteceram na minha vida durante esse período foram três viagens que fiz ao exterior nas quais tive oportunidade de conviver com residentes e nativos, acompanhando o dia-a-dia deles e fugindo um pouco dos clichês turísticos; outra coisa legal foi o fato de ter voltado a estudar inglês e descobrir que consigo sim aprender coisas novas e ganhar conhecimento em outro idiomas, o mesmo vale para Bia. No antigo post citei minha preguiça e que não tenho saco pra tentar mudar coisas difíceis de serem mudadas, isso explica o porquê que fui “do contra” na época das manifestações, essas características continuam comigo porém percebi que uma boa fatia da preguiça se devia a falta de tempo, esgotamento físico e mental causado pelo trabalho. Claro, trabalhando 14 horas por dia quem tem pique pra estudar alguma coisa? Agora que trabalho bem menos, tenho mais tempo e menos preguiça pra coisas que agregam. Por outro lado a preguiça de bater em ferro frio, de tentar mudar aquilo que dificilmente será mudado continua firme e forte e minha característica de virar as costas e ir embora e tentar uma solução simplificada só aumentou.

O Brasil não tem mais jeito, o maior problema desse país é o brasileiro, eu, tu, ele, nós, vós, eles... o brasileiro gosta de bagunça, gosta de levar vantagem em tudo, gosta de ter um esqueminha pra resolver os problemas, gosta de furar leis... enfim, o brasileiro é o grande culpado pela situação nojenta que nos encontramos. O país é sujo, corrupto, mal educado, pouco cidadão, pouco cortês, etc. Ahhhhhh Corey, vai dizer que você nunca fez nada disso? Claro que fiz! Sou brasileiro, mas não me orgulho disso e venho tentando fazer as coisas de maneira mais ética e honesta possível, mas infelizmente muita coisa nesse país foi feita pra funcionar debaixo dos panos. A cada viagem pro exterior vejo que meu lugar não é aqui, que jamais serei plenamente feliz por aqui simplesmente porque não vejo perspectiva de macro-melhora (essa palavra não existe, né?).  

Desculpe, mas se você já foi a qualquer país de primeiro mundo e não sentiu ao menos uma pontinha de vontade de ficar por lá, amigo, seu lugar é aqui no Brasil mesmo, você provavelmente é um brasileiro típico que se irrita com pessoas que cumprem leis, que acha exagero países onde a corrupção é combatida, que não vê necessidade de falar “por favor”, “obrigado”, “bom dia/tarde/noite”, que não se desculpa ao esbarrar em alguém, que se atrasa pra compromissos, que adora contar vantagem por ter dado algum golpe, que mete atestado no empregador no dia seguinte do jogo do corintians, que reclama da segunda-feira e abençoa a sexta, que só pensa no trio cerveja-futebol-buceta, etc. A atitude pseudo-patriota brasileira é ridícula, chega a ser patético alguém dizer “amo meu Brasil”, c'mon man, pare pra pensar nisso, como amar um lugar nojento como esse? Isso é quase como dizer que gosta de comer merda, é algo totalmente non-sense! 

Se você é um desses patriotas esquerdistas que idolatram Che e Marighella e acham que o governo deve te dar até um vale-cigarro, já deve estar se coçando pra falar a seguinte frase: “Se aqui é tão ruim, Corey, sai fora, vai pra outro país!!!”. Já vou responder como se fosse um FAQ. Sim, estou mexendo os pauzinhos pra fazer isso, essa ideia tem martelado muito na minha cabeça e na da Bia. O que antes eu achava impossível, que é pra poucos e que dá muito trabalho, o Google já fez o favor de me elucidar e me fez perceber que há sim várias possibilidades para imigrar e que não é tão difícil quanto parece a primeira vista. Felizmente temos muita coisa a nosso favor: um pouco de dinheiro, não temos filhos, não temos frescura com relação a trabalho, temos possibilidade de dupla cidadania, desapego de família, minimalismo de objetos, etc. O que nos falta? Definir um plano de ação bem delineado: Para onde ir? Como legalizar? Onde trabalhar? E o idioma? Quando? Nossa vida é quase uma aventura, fazemos um monte de planos e mudamos o rumo deles quase que 100% das vezes, esse tipo de plano é muito sério e as decisões na maioria das vezes não cabe arrependimento, tem que ser algo definitivo ou perto disso. Por não saber exatamente o que queremos e como queremos, estamos por enquanto na faze do brainstorm. Já sei a segunda pergunta: "Ahhhh Corey, até parece que você vai trocar sua vidinha de vagabundo que trabalha via remota 2 horas por dia pra trabalhar sabe Deus no que em outro país durante 20 horas por dia?!?!" Resposta: amigo, sou vagabundo sim, reconheço isso, mas pra viver num lugar decente eu trabalharia cuidando de criança no frio da Suíça (quem me conhece sabe o quanto "adoro" crianças e frio!). 

Admiro as pessoas que largam o Brasil e vão fazer suas vidas em outro lugar, muitos se dão muitíssimo bem, outros nem tanto, mas todos saíram da sua zona de conforto, pararam de reclamar e foram atrás de melhoria e só essa ação já é digna de todo respeito e admiração. Se você tem essa vontade, vá em frente! 

Pra terminar, fiquem com um vídeo do Magrelo que explica muito bem meu sentimento:
 
 

P.S. Fiquei triste com a saída do Mobral, mas o acontecido serve de exemplo para o que digo sobre brasileiros, um fdp que não tinha nada pra fazer decidiu cagar com um blog bacana a troco de nada. Depois não sabem o porquê que brasileiros são mal vistos em sites mundo a fora...
 
P.S.2: Os comentários são moderados, publico qualquer comentário que agregar a discussão e que não sejam ofensivos, ok? Peço a todos os blogueiros que moderem seus blogs, tenham mais controle sobre os comentários, você pode perder visualizações, mas só assim conseguirá ter mais credibilidade. Também peço para que eliminem de seus blogrolls aqueles que forem ofensivos e mal educados.

sábado, 9 de novembro de 2013

A verdade sobre cachorros

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Adoro cachorros! Sou apaixonado por esses bichos sensíveis, inteligentes, bobos e extremamente amáveis. Cachorros são seres muitíssimo superiores que o ser humano, são fiéis, amigos, carinhosos e amam de verdade. Ter um cachorro em casa tem um lado muito gostoso: chegar em casa e ver a felicidade do bichinho, dormir no sofá com ele, acordar com lambidas... Enfim, quem gosta de cachorro entende o que estou falando. Porém como tudo na vida, também tem o lado ruim, e é isso que quero falar hoje.

As pessoas tem o péssimo costume de endeusar certas coisas: pais sempre falam que "crianças dão trabalho, mas adoro a experiência..." mas dificilmente contam o que realmente passam com seus filhos, tenho certeza que muitos se arrependeram de ter filhos, mas jamais confessam. O mesmo acontece com cachorro, que os tem adora falar as coisas fofas que seus peludos fazem, mas jamais confessam certas coisas como:

1º Cachorro dentro de casa é furada! Moro em apartamento e meu cachorro vive dentro de casa, obvio. Ele é pequeno, tem porte adequado para ambientes "indoor" mas nem por isso deixa de causar problemas. Casa que tem cachorro, tem cheiro de cachorro! Eu não sinto mais porque já me acostumei, mas com certeza meu apê tem cheiro de cachorro! E isso não tem nada a ver com limpeza, você pode limpar diariamente, mas o cheiro continua. Meu cachorro fica em um dos quartos, limpamos o cantinho dele diariamente, damos banho toda semana, mas mesmo assim o cheiro fica. Ao menos que você tenha disposição para passear com seu bicho diversas vezes ao dia pra fazer as necessidades somente na rua, ele inevitavelmente cagará no chão da sua casa! Claro que boas rações diminuem o volume e cheiro das fezes, mas merda é merda, amigo, merda fede, não tem o que fazer! Outro problema são os pelos e a destruição que algumas raças costumam fazer (ainda bem que o meu não tem esses problemas). Resumindo: não faz sentido ter cachorro dentro de casa.

2º Cachorro custa caro! Amigo, manter um cachorro é caro. Boas rações custam mais caro por quilo que filet mignon, água tem que ser mineral ou ao menos filtrada, vacinas, consultas, remédios... Tudo isso custa caro, muito caro. Se você for sorteado com um bicho com alguma doença crônica (a maioria das raças tem algum problema crônico, prefira os SRDs) aí se prepara! O gasto anual com meu cachorro é em torno de R$ 3.000,00 isso sem contar o fato que, se não tivéssemos cachorro, poderíamos morar num apartamento de 1 dormitório cujo aluguel seria menor.

3º Você amará seu cachorro! Isso não é necessariamente um problema, depende o ponto de vista. Conviver com um ser tão amável durante anos dentro da sua casa é algo que ou você odiará ou amará fervorosamente, não existe meio termo. Amo muito meu cachorro, muito mesmo! É complicado até de explicar, amo mais ele que grande parte dos meus parentes e amigos, acho que acima dele só o amor que sinto pela Bia. Isso é ruim, porque inevitavelmente ele morrerá e eu sofrerei de uma maneira que nem imagino como. Já tive outros cachorros, mas a relação com o atual é muitíssimo mais forte.

4º Cachorros limitam sua vida! Bia e eu detestamos coisas definitivas, gostamos sempre de ter opção de mudar de rumo no meio do caminho e esse é o principal motivo que nos levou a optar por não ter filhos. Nosso cachorro causa muita limitação, seja pra viajar ou para mudar radicalmente o rumo de nossas vidas. Pra viajar, sempre o deixamos com um amigo de extrema confiança, mas leva-lo para casa desse amigo é sempre uma operação logística complicada: cachorro, caixa de transporte, ração, jornal pra cagar em cima, cobertor, bichinhos de borracha... Quando estamos no meio da viagem sempre bate aquela saudade, o que é horrível, dá sensação que o abandonamos. Um dos nossos planos é passar um tempo no exterior, poderíamos muito bem fazer isso agora mas.... e o cachorro? Nossa experiência internacional fica pra depois que ele se for! Nos arrependemos por pegar um cão? Sim, claro que sim, sem demagogia, nossas vidas seriam mais tranquilas sem bicho pra cuidar, mas agora não tem o que fazer além de ama-lo (e isso a gente faz mesmo!) e cuida-lo da melhor maneira possível. De maneira alguma sinto raiva ou mágoa dele.

5º Cachorro dá muito trabalho! Cachorro late nas horas mais inapropriadas, sem contar aqueles que latem o dia todo e você nunca saberá o perfil de latidas até ele ficar adulto. Cachorros de raça são muito sensíveis, se você der um pedacinho de salsicha, no dia seguinte a casa estará toda cagada. Machos castrados ainda filhotes e fêmeas costumam aprender onde cagar e mijar, mas a pontaria dos cachorros não costuma ser muito boa, então se prepare pra limpar pelo menos em 20% das "obras". Cachorros fazem muita bagunça, espalham seus brinquedos pela casa, desarrumam o lugar de dormir, etc. Essa bagunça na maioria das vezes é engraçada, mas chega uma hora que cansa.

Essa é minha experiência, ter um cachorro é legal mas tem muitas coisas contra, cabe a cada um ponderar muito bem antes de adotar ou comprar um cachorrinho. Também não vejo nada de errado em declarar que não gosta de cachorro, vivemos no mundo onde o politicamente correto domina e fazer uma declaração dessas pode desencadear uma guerra, as pessoas tem todo o direito de não gostar de cachorros ou seja lá do que for só não podem maltrata-los.

domingo, 3 de novembro de 2013

6 dicas para não enlouquecer sendo empreendedor

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Ter uma empresa, seja ela de qual ramo for, exige um esforço diário quase sobrenatural. Todos, absolutamente todos os dias, existem problemas pra resolver. Alguns desses problemas são coisas relativamente simples, como a internet que cai, uma fechadura que emperra; outros são bem mais complexos: licenças vencidas, funcionário que falta, etc. Ao longo dos anos desenvolvi "técnicas" anti-enlouquecimento que me ajudam muito a manter a sanidade mental perante a torrente de zicas que acontece diariamente na empresa.

1º Ligue o foda-se: essa técnica é a principal de todas. Na maioria das vezes por mais boa vontade que você tenha, dificilmente um problema será resolvido no tempo esperado. A grande maioria dos problemas não depende só de você, depende de outras pessoas e pior, depende do governo, depende de outras empresas... Essa técnica normalmente serve para problemas menores. Computador pifou? Foda-se, liga pro técnico e nem se preocupe. Seu pedido não chegou? Foda-se, faça novamente.

2º Back-up não serve apenas pra arquivos: todo mundo tá careca de saber que devemos manter back-up de nossos arquivos importantes, mas pouca gente lembra que é importante ter um plano B pra outras coisas. Sua empresa não vive sem computador? Tenha ao menos uma máquina reserva. Depende de energia elétrica? Tenha um gerador. Depende de água? Providencie uma caixa d'água reserva. O mesmo vale pra funcionários, as vezes é melhor empatar dinheiro mas ter back-up humano quando necessário.

3º Problema que pode ser resolvido com dinheiro não é problema: sempre repito essa frase, é quase um mantra... Vejo muitos empreendedores enlouquecidos por problemas que poderiam ser resolvidos tirando a mão do bolso. Ninguém quer perder vendas, mas poucos querem investir num sistema que faça um bom controle de estoque; todos querem atrair clientes, mas poucos se preocupam com a renovação do lay out da loja; o mesmo serve para o caso do computador e funcionário reserva.

4º Ética total é utopia no Brasil: por mais ético, correto e caxias que você seja, jamais conseguirá fazer tudo do jeito que manda a lei. Tudo no Brasil foi feito pra funcionar na base do jeitinho, inclusive a maioria dos jeitinhos são "oficializados". Se você não fechar os olhos pra algumas coisas, amigo, você terá sérios problemas de saúde. Um exemplo: minha loja depende de um documento pra funcionar, esse papel é renovado anualmente, porém o prazo legal pra essa renovação é de 180 dias! Isso mesmo, eu tenho que ter o documento atualizado, mas a prefeitura demora 6 meses pra me fornecer. O pior é que só posso dar entrada na renovação um dia após o vencimento, ou seja, quando já estarei "ilegal". O custo dessa licença é em torno de R$ 700,00, porém se eu pagar a "taxa de urgência" de mais R$ 500,00 o papel é liberado em uma semana. É de cair o cu da bunda, mas é assim que funciona...

5º Tente ficar na média: se você é um neo-empreendedor, tem ilusões de inovações, de ficar trilhardário por inventar uma mega maneira de vender um produto ou algo do gênero ignore esse parágrafo. Mas se você, assim como eu, vê no empreendedorismo a chance de ganhar um pouco melhor que como empregado, não se preocupe em ser o melhor do bairro, de ser o pica das galáxias do seu ramo. Isso quase sempre é impossível e se for possível será as custas de muito trabalho, o que nem sempre pode valer a pena financeiramente. Empresas top possuem alto faturamento mas margens pequenas, são visadas por órgãos de fiscalização, há grande rotatividade de funcionários, etc. Ou seja, o bônus pode ser bom, mas o ônus é enorme. Hoje trabalho fisicamente na empresa uns 10 dias no mês, tenho um faturamento razoável, mas não me mato. Foi minha escolha. A empresa tem potencial pra aumentar o faturamento? Claro que sim! Calculo uns 20%, mas não tenho saco pra isso, não quero me matar como já fiz muitas vezes.

6º Funcionários também são gente: quando você vê o discurso do presidente de alguma empresa no Show Business o papo é "nossos colaboradores são a parte mais importante da empresa, passam por treinamento constante, etc". Quantas empresas levam esse papo furado realmente a sério? Aposto que são poucas. Acredito que a maneira de reter bons funcionários, inibir fraudes e ter pessoas felizes trabalhando é baseado em 3 coisas:
  • Remuneração acima da média: ninguém trabalha de graça, pagar um pouco mais entra no conceito da 3ª dica acima, é um problema que pode ser resolvido com dinheiro. Meus funcionários ganham em torno de 20 a 50% mais que os colegas deles na concorrência, isso ajuda muito a reter bons funcionários;
  • Tratamento digno: o cara que trabalha na sua loja é gente como você, sabia? Muita gente não sabe disso, são arrogantes e mal educados com as pessoas que colocam dinheiro nos seus bolsos! Não consigo entender a dificuldade em cumprimentar pessoas, usar palavras como "por favor" e "muito obrigado". Dar o dia do aniversário de folga é algo que não encarece nada pra empresa mas faz uma tremenda diferença na vida do funcionário, então por que não fazer isso?
  • Cobrar resultados, mas sem agressividade: isso acompanha o raciocínio da 5ª dica. Você pode (e deve) cobrar resultados dos seus funcionários, mas sem exageros. Estipule metas escalonadas de ganho de acordo com faturamento ou rentabilidade, mas faça que ao menos 50% dessas metas possam ser atingidas.
Ter uma empresa está longe de ser algo fácil, o retorno de uma loja, por exemplo, tem que ser muito maior que se você investisse essa grana pra gerar renda passiva para valer a pena. Acredite: os problemas são diários e podem te levar a loucura, estou falando sério. Imagine você simplesmente não conseguir trabalhar um dia de maneira azeitada com tudo funcionando. Os probleminhas mais simples são os que tem maior potencial de enlouquecimento porque normalmente se acumulam e você não tem controle sobre eles, portanto se preocupar menos e ser mais racional é a melhor coisa a fazer.

domingo, 27 de outubro de 2013

Como faço exercícios?

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

No último post, comentei sobre meu método de estudo de inglês, hoje falarei sobre outra meta para 2013 que era começar a praticar atividade física de maneira regular.

Sou uma pessoa mais caneta e menos tênis, quero dizer que troco qualquer atividade física por ler um livro, estudar alguma coisa... Faço o estilo nerd, porém um nerd que não curte quadrinhos e vídeo game! Na escola, nunca participava das aulas de educação física, como o professor ia com minha cara e era amigo do meu pai, fazia vista grossa e me passava pela média. Educação física era sempre minha pior nota! Por outro lado, a bicicleta foi meu meio de transporte por anos, eu sempre curti muito andar de bike!

Bom, desde o ano passado comecei a usar a bike no dia-a-dia indo trabalhar várias vezes pedalando o que me permitiu perder os quilinhos que estavam sobrando, mas eu queria mais, por isso comecei a fazer musculação. Na primeira academia que me matriculei comecei fazendo adaptação e por incrível que pareça, comecei a gostar de treinar. O lance de liberação de endorfina e outras substâncias que provocam bem estar é realmente verdade! Comecei a fazer um treino de definição, de leve e gostei bastante, a única coisa que não me agradava eram os frequentadores: muita molecada, fazendo bagunça, enrolando nos aparelhos, azarando as meninas... Quando me mudei, achei uma academia antiga (como tudo por aqui, rsrs) com maior frequência de pessoas acima de 40 anos. De repente o moleque era eu! O lado ruim dessa academia é ser superlotada, mas como tenho flexibilidade de tempo, consigo ir nas horas mais tranquilas. Tem poucos equipamentos mas são bem cuidados.

O objetivo em exercitar-me é obter condicionamento físico, definição muscular e outros benefícios inerentes da prática de exercícios físicos. Não quero hipertrofia por não querer me matar com cargas enormes, contusões, tomar suplementos e ficar com frescura na alimentação, além disso acho feio qualquer músculo de tamanho anormal, seja em homem ou mulher. Por esse motivo faço treino de definição, com cargas menores e mais repetições. Procuro treinar ao menos 3 vezes por semana, 2 grupos musculares por vez. Não faço treinos mirabolantes com exercícios combinados ou que demandem ajuda de outra pessoa, aliás acho que simplificar é a chave do sucesso pra tudo na vida. Faço abdominais todos os dias (um lado por dia).  Gosto muito de fazer aeróbico, ando de bicicleta quase que diariamente, mas quando não dá, faço ao menos 45 minutos de esteira na "academia" do prédio (que só tem 1 esteira, 1 elíptico e alguns alteres).

Os resultados desse tempo treinando foram:

  • Controle de peso: inicialmente perdi os quilos que estavam sobrando, depois que comecei na musculação, ganhei 2kg que atribuo a massa muscular;
  • Definição muscular: a pança de paulista sumiu, o bíceps ficou distinguível do tríceps, mas a maior mudança foi no peitoral e trapézio.
  • Diminuição do stress: é difícil atribuir isso somente a academia, já que o tempo de treino coincidiu com a decisão de trabalhar de forma remota. O fato é que estou bem mais calmo e tranquilo que antes.
  • Condicionamento físico: quando voltei a andar de bike, 5km eram equivalente a uma maratona! Eu cansava muito rápido, as pernas doíam, o coração parecia que ia explodir. Hoje mesmo pedalei 20km e estou ótimo.
  • Auto estima: nunca tive muito problema com auto estima, mas ver as mudanças no corpo me fizeram muito bem!
Bom, meu conselho é o seguinte: pratique ao menos alguma atividade física. No começo é um saco, mas quando as dores passam e o bem estar pós treino aparece, você verá que vale a pena. Tenho preguiça até hoje, tem dia que fico postergando pra treinar, mas durante o treino a preguiça vai embora e sigo em frente. Não faça nada além do que seu organismo suporta, aliás, faça menos que esse limite. Devagar e sempre!

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Como estudo Inglês?

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

PEÇO DESCULPAS POR TER RETIRADO ESSE POST DO AR, ACONTECE QUE ERA APENAS RASCUNHO, FIZ ALGUMA TRAPALHADA E ACABEI PUBLICANDO ANTES DA HORA. O ARTIGO FOI REFEITO.

Uma das minhas promessas de ano novo era melhorar meu inglês. Até então meu conhecimento da língua era bem limitado, além das aulinhas toscas da escola, cursei o idioma numa escola de idioma tradicional durante algum tempo durante a adolescência. Escolas de idiomas, pelo menos na minha época, somente serviam para fazer o aluno ler e escrever em inglês, falar e compreender já eram outros quinhentos... Meus colegas que possuíam melhor domínio da língua eram aqueles que tiveram a oportunidade de fazer intercâmbio ou ao menos aulas particulares com nativos.

O tempo passou, jamais precisei usar o idioma e obviamente o pouco aprendido foi se perdendo, até que durante minha primeira viagem internacional me dei conta que falar inglês não é opcional, é necessidade, ao menos pra quem pretende viajar e conhecer novos lugares e culturas, o que é meu caso. Até o começo de 2013 eu era capaz de ler e entender um texto simples em inglês usando o dicionário muitas vezes. O curso da adolescência serviu para que eu entendesse a formação de frase (acho que chama-se análise sintática, me corrijam por favor), os tempos verbais e a estrutura do texto, porém o vocabulário diminuiu drasticamente desde então. Por outro lado eu não era capaz de entender nem 5% de um episódio de série sem usar legendas, ou seja, eu não era capaz de entender absolutamente nada. Falar, eu até falava, ou melhor, me fazia entender. Lembro-me que quando cheguei nos EUA pela primeira vez precisei pedir para o atendente do balcão do aluguel de carro para que escrevesse o que estava tentando me dizer. Foi constrangedor, mas ele foi bacana e até pediu desculpas por não ter nenhum latino lá no momento que pudesse falar comigo em "Portunhol".

Dessa viagem até o começo desse ano pouco me dediquei para melhorar o idioma, comprei um cursinho desses de banca de revista no Mercado Livre (semelhante a esse), fiz algumas lições, mas deixei de lado. Peguei minhas apostilas da adolescência, mas também acabei encostando. Eu não sentia prazer em estudar inglês e parece que aquilo tinha se perpetuado até a atualidade... Até que um dia fuçando na internet descobri o motivo: eu não via sentido em estudar gramática, eu precisava falar e principalmente entender inglês, e estudar gramática (embora importantíssimo) não me ajudava nesse objetivo. Descobri que existiam maneiras de estudar inglês sem me preocupar com gramática e então fui procurando a melhor forma de fazer isso. Tentei muitas coisas:

1- Curso de inglês on-line: a promessa de ter professores nativos, não ter compromisso com horários, não ter que pegar trânsito e estacionar aliado a preço bacana me levaram a tentar essa possibilidade. Após testes vi que não servia pra mim: as lições são chatas, cheias de gramática, existe uma grande dificuldade de saber em que nível começar, etc. Porém considero uma excelente alternativa, a Bia mesmo está se dando muito bem com a Englishtown

2- Curso de banca de jornal: decidi tentar fazer o curso de banca de jornal que havia comprado eliminando as lições de gramática e focando na conversação, porém não deu certo justamente por não ter com quem conversar e pelo curso não ser voltado a conversação.

3- Aulas no Youtube: o Youtube é repleto de aulas de inglês para os mais variados gostos, tem muita porcaria mas tem muita coisa boa também. Acabei ficando perdido no meio de tanta variedade e sem saber por onde começar, acabei desistindo. Com paciência acredito ser possível fazer um curso completo por esse canal, recomendo o Elswinner e Inglesonline, além de canais que não dão aulas, porém ajudam com dicas, como o da Julia. Recomendo também o excelente site English Experts, com dicas para todos os tipos de estudantes.

4- Leitura: eu queria entender inglês mas a falta de vocabulário me impedia, então decidi começar a ler textos de maneira a agregar vocabulário. Comecei com textos relacionados a um hobby. Eu lia e quando uma palavra desconhecida surgia, consultava no Google Translate, anotava numa planilha e continuava. No começo foi muito chato, parava muito, mas aos poucos foi fluindo. Deu muito certo, comecei a aprender palavras novas pelo contexto, continuo fazendo isso até hoje.

5- Podcasts: a internet tá forrada de podcasts para aprender inglês, a maioria gratuita ou mediante uma assinatura módica. A partir da hora que consegui melhorar o vocabulário, parti pra cima dos podcasts com intuito de melhorar o listening. Foi aí que meu aprendizado deu um salto fantástico! Os podcasts que mais uso são:

a) Eslpod: voltado ao ensino, é formado por lições sobre temas variados que são explicadas (em inglês bem falado e lento) detalhadamente. Vale a pena assinar para ter acesso ao learning guide (transcrição do texto, vocabulário extra, etc). Uso como aula mesmo, tentando entender todas as palavras e expressões e fazendo traduções.

b) VOA: o site é bem bagunçado e confuso, tem material novo diariamente, desde notícias até áudios sobre a história dos Estados Unidos. Gosto dos programas similares a rádios, com entrevistas e bate papo. Não tem o caráter de aula como o Eslpod, uso para treinar o ouvido já que o ritmo de fala é mais rápido que o Eslpod porém mais lento que o "native speech"

6- Séries: os seriados americanos são extremamente úteis pra aprender inglês, prefiro aquelas com episódios curtos (cerca de 20 minutos) e tom bem humorado. Um das mais recomendadas é Friends. Comecei assistindo uma vez com legenda em inglês e outra com legenda em português, agora assisto a primeira vez sem legendas e depois com legendas em inglês. Não faço interrupções nem traduções, procuro entender pelo contexto. Uma vez que você se acostuma com os personagens e suas vozes e com o vocabulário próprio do estilo da série, tudo fica mais fácil.

Atualmente consigo entender uns 70 a 80% de uma série sem legendas, comecei a ler meu primeiro livro em inglês e estou conseguindo entender nessa mesma porcentagem (fazendo somente traduções relevantes). Tive a oportunidade de conversar com nativos da língua e consegui manter um diálogo aceitável. Meu speaking continua bem ruim, mas só vou me preocupar com isso mais pra frente, uma coisa de cada vez...

Evito traduzir palavras, faço somente quando estudo o learning guide do Eslpod ou quando a tradução é extremamente relevante para o entendimento do contexto. Quero pensar em inglês, ouvir uma frase e entende-la em inglês sem querer traduzir mentalmente para português. No começo é difícil mas depois, conforme se adquire vocabulário, fica bem mais fácil. Quer um exemplo? Se você tem um mínimo de conhecimento em inglês, ao ouvir a frase "the book is on the table", a imagem que virá na sua cabeça provavelmente é a seguinte:


O objetivo é ver o "livro em cima da mesa" em qualquer frase em inglês. É igual dirigir: no começo ter que tirar o pé da embreagem, acelerar e virar ao volante ao mesmo tempo demanda uma concentração surreal, depois tudo é feito no automático.

Gostei tanto de estudar inglês que comecei com francês, mas desisti. Quero fluência no inglês, depois farei outras línguas "acessórias". Saber inglês abre uma gama de oportunidades muito interessantes como a possibilidade de mudar para outro país, mais confiança em viagens, melhor aproveitamento de conteúdo cultural, etc. O teste de fogo será em breve, Bia e eu faremos um tour pelos EUA visitando locais de interesse turístico local, ou seja, sem o monte de latinos da Flórida o que facilita em muito a vida do turista que arranham espanhol. Falando em EUA, uma coisa que é preciso estabelecer ao querer melhorar a fala e entendimento em inglês é qual "tipo" de inglês você quer aprender: americano ou britânico. Particularmente acho o britânico muito mais fácil de ser entendido, melhor pronunciado e tem o ritmo de fala mais lento, porém, tenho mais interesse em conhecer os EUA que o UK, além da maioria do material encontrado na net ser americano, então meu foco é o inglês da américa.

Basicamente é isso, gostaria que vocês compartilhassem suas técnicas de estudo de inglês.

sábado, 12 de outubro de 2013

Lixo nos eua


A Polêmica Idiota da Independência Financeira

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

No texto de despedida do blog (que não durou 2 meses), relatei que um dos motivos por encerrar o blog é o fato de ter atingido a independência financeira. Como sempre, surgiu uma horda de imbecís com as mais diversas contestações a respeito do meu estado financeiro, falando que é impossível minha carteira gerar tamanho volume de proventos (como se eu tivesse dito que os proventos vinham da carteira, coisa que jamais disse por não ser verdade), que a decisão de parar de trabalhar é precipitada (como seu eu tivesse dito em algum lugar que iria parar de trabalhar), falaram até que minha carteira é um lixo por não ter nem tesouro (e tem, quem me acompanha sabe).

Então, vamos primeiramente, definir o que é Independência Financeira. Segundo a Wikipedia (pai dos burros modernos), independência financeira é:

Financial independence is a term generally used to describe the state of having sufficient personal wealth to live, without having to work actively for basic necessities.
(Independência Fianceira é o termo geralmente usado para descrever o estado de ter riquezas pessoais suficientes para viver, sem precisar trabalhar ativamente para suprir necessidades básicas)

Bom, acho que a frase é auto explicativa. O conceito não diz que é preciso ter 1 milhão de dólares, 500 mil rúpias, 8 cabritos e um casal de papagaio. O conceito diz ter riquezas pessoais suficientes para manter as necessidades básicas sem a necessidade de um trabalho ativo. Continua:

For financially independent people, their assets generate income that is greater than their expenses.
(Para pessoas financeiramente independentes, seus ativos geram renda que é maior que suas despesas)

Novamente frase auto explicativa. Meus ativos financeiros como fundos imobiliários, títulos do tesouro e poupança; e não financeiros como meus negócios e meu apartamento locado geram periodicamente renda e essa renda é superior as minhas despesas. Então por que raios não posso dizer que sou financeiramente independente?

Atingir a IF "matemática", ou seja, demonstrada por números não quer dizer que posso parar de trabalhar, aliás, nem quero. Tem muitos motivos que explicam esse comportamento:

1- Como qualquer investimento, preciso fazer uma gestão de risco que permita manter essa renda ad-eternum, coisa que ainda não me preocupei em fazer. Atualmente o maior responsável pela renda passiva é um dos meus negócios que, como todo negócio próprio, possui risco altíssimo, mesmo assim estou replicando-o. Meu amigo, no pain, no gain!

2- Tempo. Esse negócio que relatei acima precisa de cerca de 30 minutos mensais pra controlar, por isso considero renda passiva, porém minha loja principal necessita de controle ativo que atualmente faço a maior parte por via remota, embora fique on-line praticamente 24 horas, o trabalho ativo requer pouco tempo, por isso é extremamente cômodo manter esse negócio.

3- Desempenho da loja. Fiz uma pequena reforma e investimentos na loja que provocaram um retorno positivo surpreendente, desde que assumi o controle dela, praticamente quintupliquei o valor venal e vejo maneiras de melhorar isso ainda mais. Ainda não está madura pra venda.

4- Novos negócios. Um fato curioso que tem acontecido comigo é de aparecerem pessoas, do nada, oferecendo negócios.  A grande maioria é ruim, mas quem sabe aparece uma bituca de charuto esperando ser fumada?

5- Bia. Minha esposa está trabalhando em algo que gosta, ganha super bem, tem problemas, claro, mas não tem porquê sair do trabalho agora. Pra quê vou parar de trabalhar totalmente se não posso curtir isso com minha esposa?

6- Previsão do futuro. Não consigo nem quero perder tempo vislumbrando como será minha vida futura, quanto terei que gastar, estipulando metas e cotas... Sinceramente, tanta coisa aconteceu no último ano, coisas que não havia previsto, que duvido que consigo prever o que vai rolar no Natal. Tenho mil ideias passando na cabeça, algumas precisam de muito dinheiro pra serem realizadas, e pelo sim, pelo não, vou ganhando dinheiro...

Acredito que achei um tipo de trabalho que posso tolerar por mais algum tempo, enquanto isso, vou reinvestindo os proventos. Consigo conciliar vida pessoal, lazer e trabalho. Sou um abençoado! Sei que a grande maioria das pessoas não tem esse benefício, mas pra essas digo uma coisa: corra atrás, saia da zona de conforto e principalmente: arrisque, faça coisas que podem parecer loucura, muitas vezes as loucuras dão certo. Não escute os profetas do apocalipse, mas não deixe de analisar os riscos, se você é jovem, arrisque ainda mais, tente coisas diferentes, ganhe dinheiro mas viva com conforto, sem muitas privações. Mantenha seus amigos e parentes longe dos seus planos e negócios, com eles apenas beba cerveja, coma churrasco e dê risadas, sua vida será mais saudável assim. Pelo menos esse caminho tá dando certo pra mim!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Ensaiando a Volta, Imbecis da Internet e Blogosfera

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Primeiramente sugiro que você assista esse vídeo do PC Siqueira, pule direto para 5:55 caso você esteja sem paciência:


Acompanho os vídeos do PC Siqueira a bastante tempo, embora discorde de muita coisa que ele fala, principalmente do fato dele ser um típico neo-socialista, gosto de muitas opiniões dele e do jeito que se expressa. Esse vídeo veio a calhar no momento que estou passando em relação ao blog. Quem me acompanha sabe que eu havia decidido encerrar com as postagens do blog devido ao ataque de haters que venho sofrendo a algum tempo, junto a isso fiz uma fachina virtual onde até meu Facebook foi parar no lixo, por incrível que pareça comecei a sentir mais falta da interação que o blog me proporciona do que o próprio Face! Decidi ensaiar uma volta.

Ainda não sei como essa volta será, provavelmente não terei compromisso algum com periodicidade, tema de postagens, etc. Vou ficar mais relaxado, escreverei quando der na telha sobre o assunto que me der vontade, é bem provável que fuja do tema original do blog que era independência financeira, com certeza vou desagradar leitores, muitos vão me criticar, falando que estou postando bobagens, conteúdo sem qualidade e blá, blá, blá... Mas aí que entra o vídeo do PC, se você vier aqui com filha-da-putagem, peço-te um favor: SAIA DAQUI. Ninguém é obrigado a ler nada que está escrito na internet, se estou falando merda, foda-se, o blog é meu, o espaço é meu e faço o que quiser. Se você não gostar do que falo, problema seu, vá ser filho da puta em outro lugar, invista seu tempo em algo mais útil, entra no Xvideos ou Redtube, garanto que seu tempo será melhor investido. Seja um imbecil da internet longe do meu blog. Se você quiser me corrigir, contribuir para melhorar a qualidade da informação, fique a vontade para faze-lo, porém faça-o com EDUCAÇÃO, cordialidade, respeito...

É óbvio que eu quero audiência, todo blogueiro quer, mas acima de tudo, quero usar o espacinho que tenho na internet pra expôr minhas opiniões, que muitas vezes não posso expôr da maneira que gostaria na "vida real", também quero contribuir com algo de útil que posso ensinar, ou seja, compartilhar informações. A internet é o maior arquivo de informações que a humanidade já construiu, e milhões de pessoas são responsáveis por criar essas informações. Por explorar a internet diariamente em busca de informações que me possam ser úteis, me acho no dever de abastecer a rede com conteúdo que tenho, e que pode ser útil para outras pessoas. Como já era esperado, a blogosfera de finanças arrefeceu, isso é totalmente aceitável, se até o Orkut (que saudades!) que foi uma das maiores fontes catalogadas de informações atualizadas de todos os tempos virou zumbi, nada mais natural que nossa blogosfera definhace. Restou muito conteúdo bom, que vale a pena ser lido e acredito que muito texto bom ainda vai surgir, afinal tem gente muito fera por aqui, mas com certeza num ritmo bem menor do que foi a um ano atrás.

Os comentários continuarão moderados, me dou o direito de deletar qualquer comentário, por qualquer motivo. Também tenho o direito de não responder ou mesmo demorar para publicar comentários, pode ser que eu enjooe, pode ser que fique empolgado com algum tema... Não sei quando o enjoo e a empolgação chegarão, mas é fato que chegarão, mas o blog será o mais natural possível, seguindo meu ritmo.

domingo, 18 de agosto de 2013

Sobre Manifestações, Cargos Públicos e Brasileiros

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Primeiramente gostaria de pedir desculpas pela minha ausência nos últimos dias, decidi que daqui pra frente escreverei somente quando tiver algo relevante pra falar e, principalmente, vontade de escrever. Os posts sobre livros e FIIs não estavam agradando e decidi corta-los, logo o número de postagens diminuirá bastante.

Hoje voltarei um pouco no assunto manifestações, que já abordei aqui, e falarei um pouco sobre os empregos públicos. Recomendo a todos que ficam putinhos com opiniões diferentes que parem a leitura por aqui, àqueles que são sérios e possam se sentir ofendidos com algo que eu falar aqui recomendo que leia o texto inteiro e tente entender meu ponto de vista.

Outro dia estava num churrasco com colegas de trabalho da Bia, grande parte deles fazem parte da nova classe média, estão inseridos nos Facebooks da vida, possuem iPhones, alguns são hipsters e a maioria é seguidora de modinhas: alguns possuem HB20, vestem moletons da Hollister e todos se dizem muito orgulhosos com as manifestações dos últimos meses repetindo os textos-padrão: o gigante acordou, brasileiro tá cansado de corrupção, blá, blá, blá... Papo vai, papo vem, o assunto manifestações surgiu, cada um começou a dizer em qual manifestação participou, como foi, nêgo orgulhoso por ter levado bala de borracha e outros explicando cientificamente como o gás lacrimogênio pode ser prejudicial a saúde...

Até que pro meu desespero, alguém pergunta: e você Corey, participou de alguma manifestação? Bia olha pra mim com um sorrisinho Monalisa, já prevendo a confusão. Por um momento pensei em fazer como sempre faço quando tocam num assunto cuja minha opinião é minoria: desconversar e sair de fininho pra pegar uma breja, mas não sei porquê, fiz diferente. No dia anterior estava conversando esse assunto com um amigo porra-loca como eu e comentamos sobre como a maioria das pessoas é demagoga, mesmo sem se dar conta disso e decidi, naquele momento soltar uma resposta estranha:

Corey: Não participei por causa da TV a cabo...
Pessoas: Como assim, Corey?
Corey: Ué, eu tenho gato de TV a cabo!
Pessoas: E daí? O que isso tem a ver com as manifestações?
Corey: Tem tudo a ver, claro! Como posso cobrar honestidade se eu sou desonesto com a operadora de TV a cabo?
Pessoas: Ahhh!!! É diferente, né? Uma coisa é você ter um gato de TV a cabo, outro é ser um político corrupto...
Corey: Claro! Uma coisa é você roubar um pirulito da tia da cantina da escola, outra coisa é assaltar um banco...
Pessoas: [1 minuto de silêncio]
Corey: Na boa, a gente faz um monte de coisa errada todo dia: rouba sinal de TV a cabo, passa sinal vermelho, paga uma propininha aqui, outra alí; pede um favorzinho pra um amigo político... Isso sem falar dos cargos públicos, onde um monte de gente se engalfinha pra conseguir mamar nas tetas dos governo...

Pronto! A guerra foi declarada! Questionar o sistema do serviço público é mexer em caixa de marimbondo! Boa parte alí estava atrás de um cargo público e me viram como um maluco. Como que alguém pode criticar quem se mata de estudar pra conseguir um emprego público? Como alguém pode ser contra isso!

Vou explicar: Sim, eu acho um absurdo os altos salários que os cargos públicos pagam! Vamos ser sinceros, uma grande parte (não estou generalizando, ok?) dos cargos públicos paga uma fortuna pra gente sem vontade de trabalhar prestar um serviço medíocre e viver depressivo por ter que lidar com burocracia, falta de estrutura de trabalho e falta de perspectiva de crescimento profissional. Essa é a verdade! Sei que tem um monte de servidor público pronto pra me detonar, mas sei que vários vão concordar! Tenho amigos muito próximos que são servidores públicos e já falei isso a eles, alguns não gostaram, mas outros concordaram.  A correria pelos concursos públicos é um dos maiores indicativos que o brasileiro quer moleza e que são bem semelhantes aos milhares de políticos que esses mesmos brasileiros vivem criticando. Brasileiro quer que o mundo acabe em barranco pra morrer encostado!

Também sou brasileiro, também quero moleza, e quem não quer! A diferença é que tenho consciência do que estou fazendo, não sou hipócrita. Roubo sinal de TV a cabo e sei que isso é errado, me sentiria extremamente constrangido em cobrar honestidade de alguém se eu mesmo faço uma coisa desonesta. Você pode estar dando risada, mas acontece que isso me incomoda sim! Eu tentaria um cargo público se fosse interessante pra minha realidade. Não critico quem o faz, mas critico quem é servidor público, ganha 5k por mês pra carimbar papel e sai em manifestação pra cobrar diminuição de gasto público. É óbvio que a maior parte da grana pública é gasta com político corrupto e seus dutos de captação de dinheiro alheio, mas é inegável que o setor público com seus salários gigantes em troca de pouco trabalho também tem culpa no cartório. 

Como bom brasileiro, acho que sim, devemos tirar até o último centavo possível do governo, afinal ele nos estupra diariamente com impostos altos e retorno zero, não acho isso CERTO, mas acho NECESSÁRIO. Da mesma forma acho necessário explorar a operadora de TV a cabo. Eles prestam um serviço de merda por uma fortuna então me vejo no direito de explora-los da maneira que posso. Percebam que se tudo fosse correto, esse tipo de atitude desonesta que tomamos pra buscar algum tipo de compensação não seria necessária. Se o governo retribui os impostos pagos, menos gente se sentirá no direito de mamar nas tetas públicas, da mesma forma que se a operadora de TV cobrasse um preço coerente pelo serviço prestado, eu preferiria pagar o valor correto ao invés de ter um gato. A solução? Talvez uma bomba que dizimasse esse paizinho de merda!


Ah! Voltando ao churrasco, quando a coisa pegou fogo, sai de mansinho, peguei uma dose de whisky, acendi um cubano e fui conversar com a Bia (que já tinha fugido do papo) e uma amiga dela. Sou brasileiro, joguei gasolina na fogueira e sai fora, rsrs! Ah! Só pra constar, quem voltou dirigindo foi a Bia, posso roubar sinal de TV a cabo, mas não coloco a minha e a vida de outras pessoas em risco por dirigir depois de beber.

domingo, 4 de agosto de 2013

[Off] - Modinha de Manifestações

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Ui, o gigante acordou! Ui, não é só por 20 centavos! Ui, o capitalismo é uma merda! Ui, vamos mudar o mundo! Rsrs! Só você acreditou!!! Quero ver nas urnas...



quarta-feira, 31 de julho de 2013

Atualização - Carteira - Julho/2013

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Mais um mês acaba e com ele o ano vai chegando ao fim, começo a pensar no fim de ano, montando estratégias de aumento de faturamento para a empresa e, claro, planejando uma excelente viagem de férias. Falando em viagem, em julho fiz uma viagem curta, mas que abriu meus olhos pra uma realidade muito diferente, injetando na minha cabeça maluca, mil ideias... Conheci nova cultura, me envolvi com pessoas nativas e no dia-a-dia da população, adorei a experiência, além disso, consegui tocar a loja pela internet sem maiores problemas, posso dizer que essa foi uma viagem de negócios.

Em relação aos investimentos, consegui fazer um aporte de R$ 3.000,00; dinheiro esse vindo de uma bonificação da Bia. O mês foi mais tranquilo, o que permitiu uma rentabilidade de 2,18%, recebi juros do tesouro direto, que fizeram o valor dos proventos crescer bastante nesse mês. Os proventos do TD foram investidos no TD, os proventos dos FIIs e o aporte foram investidos em FIIs. Houve um decréscimo do valor recebido dos FIIs (0,69%) e pela primeira vez fiquei abaixo dos 0,7%, minha meta. Isso me incomodou um pouco. Em breve começarei a receber proventos do meu segundo empreendimento, por ser renda passiva (exige pouquíssimo acompanhamento de minha parte), será somado aos FIIs, aluguel do apê e juros do TD.

Durante essa próxima semana farei um fechamento completo das contas da empresa, digo completo pois revisarei dados, montarei novas planilhas  e acompanharei novos dados. Essa mudança é necessária devido ao fato de eu estar administrando a loja de maneira remota, alguns dados que anteriormente eram absorvidos por osmose, hoje em dia precisam estar numa tela de computador para fazerem sentido. É sempre preciso fazer ajuste na rota, caso contrário, você sai do rumo e vai parar num lugar totalmente diferente do pretendido. Fazer um plano, fechar os olhos e deixa-lo levar é furada total! Arrumarei alguma forma de dividir isso com vocês, talvez use a técnica do Estagiário, grosso modo, houve um crescimento importante da loja, mesmo num período complicado para o setor como os últimos meses.

Resumo da carteira em 31/07/2013:




domingo, 28 de julho de 2013

Os Empregos do Corey

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Recentemente falei sobre os empreendedores da minha família, deu o que falar, com gente me ofendendo, chamando minha família de bandidos, etc. Essas pessoas tem razão, vários integrantes da minha família fizeram (e talvez ainda façam) coisas fora da lei para ganhar a vida, mas isso não quer dizer que eu apoie e tampouco que eu faça o mesmo, muito pelo contrário, esse é um dos motivos para que eu mantenha distância dos meus familiares e o principal motivo que me leva a manter a ética dentro daquilo que me proponho a fazer. Você pode achar que estou com discursinho politicamente correto, mas se você já leu algumas linhas dos meus textos, pode perceber que a última coisa que sou é politicamente correto. Aliás, me esforço pra não escrever sobre o que realmente penso sobre alguns assuntos pra não parecer radical de mais e ser chamado de louco, nazista, essas coisas...

Bom, mas voltando ao post de hoje, decidi, ao invés de falar sobre o começo da minha vida de empreendedor, falar sobre os primeiros empregos que tive na vida, ou seja, a fase pré-empreendedorismo. Não fui daquelas crianças loucas por dinheiro, não seria capaz de fabricar moedas com tubos de pasta de dente como fez o Kiosaky, nem entregar jornais com 6 anos como fez Buffett. Nunca fui consumista, mesmo criança, nunca exigi presentes, não era pidão... então a minha necessidade de dinheiro nunca foi muito grande, mas aos 14 anos eu queria uma bicicleta nova, meu pai estava quebrado e decidi arrumar um bico. Por sorte, um amigo do meu pai, dono de uma oficina topou empregar ilegalmente um moleque de 14 anos, trabalhei alí durante uns meses, juntei a grana da bike e pedi as contas.

Estudava em escola particular de vila, meus colegas, embora não fossem ricos, tinham o que queriam, provavelmente financiados pelos cartões de créditos dos pais, e nenhum trabalhava, desde então passei a ser o diferente da turma, mas isso (juro) nunca me incomodou, muito pelo contrário, eu até sentia um certo status por ir trabalhar todas as tardes, quando sai da oficina, comprei a bike, mas comecei a me sentir um inútil. Durante um réveillon, conheci um amigo do pai da minha namorada na época. Ele era dono de diversos comércios e topou me arrumar um trabalho numa delas. E assim foi, no dia 2 de janeiro eu estava trabalhando naquela empresa que ia fazer toda a diferença na minha vida profissional.

Passado alguns meses fazendo serviço de auxiliar, de limpar banheiro a descarregar caminhão, fui
promovido pro setor de vendas. O salário era o mesmo (acho que 1 salário mínimo mais ou menos), mas havia possibilidade de inflar os ganhos com comissões. E que inflada! Lembro-me que no primeiro mês ganhei muitas vezes mais  o meu salário anterior, por algum motivo eu consegui ter um desempenho fantástico, acima até de gente com mais tempo de casa que a minha idade. Um moleque de 15 anos, ganhando 1 mil ou 1,5 mil reais a mais de 10 anos atrás era rico! Comprei carro, tinha dinheiro todo fim de semana, fazia muitas baladinhas, e não me importava em juntar dinheiro, nunca fiquei devendo, nunca atrasei uma prestação, mas também nunca juntei 1 real dessa época. Quer saber? Acho que fiz a coisa certa! Não faz sentido para um moleque de 15 ou 16 anos ficar juntando todo e qualquer dinheiro, acho que essa idade é fantástica e deve ser curtida, dane-se a grana!

Algum tempo passou e surgiu uma proposta melhor de trabalho, fiquei chateado de deixar a empresa, mas conversei com o patrão que me incentivou a trocar de trabalho e fez questão de ligar ao novo chefe e dar boas referências minhas. A outra empresa era maior, não tinha o trato familiar da primeira, demorei umas semanas mas me adaptei, fiz amizades que mantenho até hoje e comecei a mudar minha cabeça em relação ao dinheiro, principalmente após uma longa conversa com um supervisor. Descendente de turcos (ou algo assim), ele enfiou na minha cabeça a regra de se guardar pelo menos 10% do que se ganha e assim comecei a juntar uma grana na poupança. Mesmo assim durante esse período, nunca deixei de sair, troquei de carro, comprei moto (saudades, muitas saudades da minha motoca!)... A filosofia em relação ao dinheiro do meu pai era: se você tem dinheiro hoje, gaste, porque pode ser que amanhã você não tenha mais... Imaginem como foi difícil lidar com opiniões conflitantes entre meu “pai pobre” (meu pai mesmo) e meus “pais ricos” (os diversos homens que encontrei na vida e que me ensinaram um pouco sobre a maneira correta de tratar o dinheiro).

Foi nessa época que conheci a Bia, e a vontade de “subir de vida” começou a martelar na cabeça. Eu ganhava substancialmente mais que meus colegas, quase todos estavam nos primeiros anos da faculdade, sendo sustentados pelos pais, mas mesmo assim queria mais e é nesse cenário que a ideia de empreender começou a ser maturada, meu pai vivia repetindo o mantra do meu avô que “todo homem deve trabalhar pra si mesmo”. O status de ser propriOtário era muito tentador. Na época eu já tinha um cargo de supervisão e ganhava o que considero muito bem, uns 3 ou 4 mil, o que é uma puta grana pra um moleque de 18, 19 anos até hoje! Mesmo assim larguei tudo pra comprar a primeira loja, mas esse é assunto do próximo post.


Quero dizer que acredito que tive muita sorte, conheci pessoas boas, honestas e dispostas a ajudar, comecei muito cedo, o que permitiu ter uma larga experiência profissional (e de vida) mesmo antes da maioridade. Reconheço que são poucas as pessoas que tiveram essa oportunidade e sei que meu exemplo dificilmente será replicado, hoje em dia é muito mais complicado. Eu mesmo morro de dó em negar emprego a um garoto de 14 anos, penso na oportunidade que eu poderia oferecer, mas não faço por ser ilegal. Por outro lado, nesses anos de empreendedor ajudei a formar alguns profissionais e dei chances a gente que fez por merecer. Trabalhar com vendas, ter grande parte do salário atrelada a desempenho pessoa me fez amadurecer muito, aprender muito mesmo e isso é uma coisa que recomendo a todos: trabalhe com vendas, ao menos uns meses, você verá que é um aprendizado fantástico pra tudo o que você fará na vida. Outra coisa que recomendo é: ao menos no começo da sua vida profissional, trabalhe por dinheiro, dane-se status, trabalhe em serviços pesados, mas que sejam bem remunerados, isso fará toda diferença.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

[FIIs] –Opinião - Corporate Macaé Fundo de Investimento Imobiliário (XPCM11)

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

O XPCM é um fundo formado de um único imóvel localizado na cidade de Macaé, no estado do Rio de Janeiro. Este prédio é um projeto built to suit para a Petrobrás, ou seja, o prédio foi construído de acordo com as necessidades do inquilino. A Petrobrás será a única inquilina do imóvel, o aluguel previsto para o primeiro ano é de 8,5%, ou seja, cerca de R$ 0,708 por cota, com reajuste pelo IGP-M, o contrato de locação é para 10 anos.

O fato desse fundo ter somente um locatário, a Petrobrás, traz controvérsias. Alguns dizem que ter apenas um inquilino de primeira linha é melhor que ter vários inquilinos menores; outros dizem que é arriscado demais manter em carteira um fundo que tem somente um imóvel, totalmente personalizado, alugado para somente uma empresa. Minha opinião vai com esse último grupo.

Não conheço Macaé, mas pelas informações colhidas na internet é possível saber que a cidade vive em função da Petrobrás e do pré-sal, reza a lenda que o imóvel seria um elefante branco se não for utilizado pela Petrobrás, possivelmente não haverá outro inquilino em potencial para um imóvel com tamanha personalização. Além disso, o imóvel ainda não foi entregue a Petrobrás que, aliás, nem assinou o contrato de locação. Obviamente as chances desse contrato não ser assinado são remotas, afinal o prédio foi feito para a Petro, mas se um risco existe, deve ser considerado. Possivelmente o contrato será assinado nos próximos dias, está dependendo apenas do habite-se que logo sairá (a prefeitura já fez a vistoria e aprovou o imóvel.).

O fundo pagará RMG de 8,5% ao ano até o recebimento do primeiro aluguel integral, o que deve acontecer nos próximos meses, já que como disse acima, só está faltando o habite-se para a Petro assumir o prédio, as obras estão praticamente concluídas. O fundo encontra-se num momento interessante de entrada, com a cota negociada por cerca de R$ 92,00 a rentabilidade esperada é de 0,77% o que considero bom para um fundo de tijolo.

Recomendo a quem estiver pensando em entrar nesse fundo que considere o cenário apocalíptico da Petro não assinar o contrato ou devolver o imóvel antes do fim do prazo do contrato ou não renova-lo daqui a 10 anos. O que será feito com o prédio? Esses riscos podem ser remotos, mas existem. Na minha opinião, se for para encarteirar esse papel, deve ser somente uma pequena fatia, para diluir o risco do mesmo. Eu até entraria nesse papel, em pequena quantidade, caso não estivesse com grande participação no seguimento de escritórios, aliás, agora estou revendo esse tipo de distribuição, pretendo manter uma distribuição mais uniforme entre os setores, provavelmente terei que entrar em novos papéis para atingir esse objetivo. Não pretendo me desfazer de nenhum fundo, na minha estratégia atual, fundo comprado é fundo que não será desfeito.

Todos os textos desse blog representam a opinião do autor, portanto, não devem ser levados como sugestões de compra tampouco como verdade absoluta. Antes de entrar num investimento, estude e tire suas próprias conclusões. Não me responsabilizo por decisão alguma de investimento que você possa tomar.

Estou viajando, os comentários e suas respectivas respostas podem demorar a serem publicados.

domingo, 21 de julho de 2013

[Livros] – Sonho Grande

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Antes de mais nada, gostaria de explicar algumas coisas a respeito dos meus posts sobre livros e fundos imobiliários. Quando falo sobre algum livro, como o post de hoje, o objetivo não resenha-lo ou resumi-lo como acontece em vários blogs e sim usar a temática como tema para comentários e opiniões, por esse motivo as postagens podem fugir um pouco do texto da publicação, fazendo com minha opinião apareça mais que o próprio livro. O mesmo acontece com os FIIs, quando falo sobre determinado papel, não me preocupo em colocar números e fazer análises aprofundadas, afinal esses dados podem ser encontrados facilmente e com grande qualidade na internet. Meu objetivo é somente opinar sobre o papel em questão.

Bom, o post de hoje é sobre o livro Sonho Grande, que conta um pouco da história do trio de empresários brasileiros: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, que entre outras empresas foram responsáveis pelo sucesso do Banco Garantia, Brahma que veio a se fundir com a Antarctica e depois com outras cervejarias mundiais formando a AB InBev, Lojas Americanas, Burger King, Heinz, 3GP... Acredito que grande parte dos leitores desse blog já devem conhecer um pouco a respeito dessas figuras.

O livro tem uma leitura fácil e agradável, é daqueles que não dá vontade de parar de ler. O que mais gostei foi o fato de poder aprender um pouco como funciona a meritocracia, sistema de administração empresarial que valoriza acima de tudo o desempenho de um determinado funcionário, ignorando tempo de casa, idade, função, parentesco, etc. Eu já conhecia um pouco sobre esse tema, já havia lido alguma coisa, mas é legal ver como isso foi e é amplamente utilizado pelo trio em suas empresas. A meritocracia tem características controversas, acredito que há muita falta de ética, respeito e cidadania envolvida nisso, mas de qualquer forma demonstra ser algo eficaz, e que faz grande diferença quando aplicada. Não serve pra todos, não são todas as pessoas que conseguem trabalhar 20 horas por dia, com pressão por todos os lados, sofrendo uma dose de humilhação diária... mas com certeza existem pessoas que se adaptam a esse sistema e se dão muito bem, ganhando muito dinheiro. É o capitalismo na sua forma mais pura e alguns conceitos com certeza podem e devem ser utilizados por pequenos empresários.

Interessante entender a maneira pouco ortodoxa adotada pelo trio na hora de fazer um grande negócio: ignorar planos de negócio, abrir mão de due diligence, negociar através de terceiros, etc. Isso serve de exemplo pra aquilo que costumam dizer: “quem pensa demais, não casa”, ou seja, se você pensar demais, vai empacar, não vai sair do lugar e não vai chegar a lugar algum. O objetivo deles ao adquirir um negócio é muitíssimo semelhante ao do Buffett: controlar empresas. Não se contentam em adquirir um negócio lucrativo, precisam assumir o controle, colocar em prática o padrão “Garantia” de gestão garantindo o melhor resultado possível. Falando em Buffett, Lemann é amigo do Oráculo de Omaha e agora sócios na compra da Heinz. Como estou lendo (e quase acabando) a biografia do Buffett, é impossível não encontrar coincidências entre o modus operandi do Buffett e Lemann.

O trio tem características complementares e esse é talvez o porquê de terem uma sociedade de tanto sucesso, cada um é bom numa coisa diferente, juntos são uma máquina de negociação, administração e de ganhar dinheiro incrível. A frugalidade e informalidade é uma característica comum aos três, ao menos no começo do Banco Garantia, o primeiro grande negócio deles: nada de salas e secretárias exclusivas, vagas demarcadas no estacionamento, muito menos terno e gravata. Usar calça jeans, camiseta, tênis e ter um carro de 10 anos era o padrão (mais semelhanças com o Buffett). Por outro lado, com muito dinheiro no bolso, os sócios do Garantia começaram a desviar atenção da empresa para os próprios investimentos, carros importados começaram a ser maioria nas vagas da empresa (isso no começo das importações nos anos 90) e esse foi um dos motivos para a derrocada do banco. Mas pensando bem, isso não seria algo natural? O que um bando de jovens endinheirados fariam? Não dá pra guardar toda a grana que se ganha, principalmente quando as quantias são grandes e crescentes. Não dá pra ignorar as finanças pessoais, focando somente no trabalho. Pelo menos eu não conseguiria...

É inspirador entender como gente grande faz negócio, abre a cabeça para oportunidades de negócio que muitas vezes deixamos passar por medo de encarar coisas desconhecidas. O trio não consome hamburgers, mas isso não impediu de comprarem o Burger King, não conheciam nada sobre cervejas e mesmo assim compraram a Brahma, que ia de mal a pior nos anos 80, cuja cerveja era diferente de uma fábrica para outra e mesmo sem serem mestres cervejeiros, conseguiram padronizar o produto. A ideia que captei é a seguinte: seja bom na administração, conheça os números da sua empresa, cerque-se de profissionais capacitados e que possam cuidar da parte técnica para você. O sucesso é consequência! Ideias simples, estratégias simples, trazem resultados fantásticos!

Bom, é isso, recomendo a leitura a todos que gostam de saber como acontecem cases de sucesso. Particularmente ando muito interessado nesse tipo de texto, o próximo da lista é "Os Bastidores do Wal Mart", vamos ver o que ele me guarda...

Estou viajando, os comentários e suas respectivas respostas podem demorar a serem publicados.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Aluguel Residencial X Aluguel Empresarial

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

O ser humano é irracional! Um sujeito pode fazer coisas sem o menor sentido e ninguém vai achar estranho simplesmente porque o senso comum diz que aquilo está certo.

No Brasil, temos a cultura da casa própria, as pessoas fazem loucuras para conseguir a sua tais como assumir uma dívida que comprometerá 30% do salário por 30 anos, morar pro resto da vida no mesmo local, privando-se de novas experiências em lugares diferentes, muitas vezes perdendo oportunidades incríveis de realização profissional simplesmente porque mora longe demais do trabalho, etc. Tudo isso é visto como uma coisa totalmente normal, aceitável e louvável, afinal, “quem casa quer casa”, “pagar aluguel é jogar dinheiro fora”, etc.

Por outro lado, o mesmo cidadão que faz loucuras pra ter a casa própria, quando decide virar empreendedor, paga aluguéis altíssimos nos salões e salas comerciais onde está instalado seu comércio, seu ganha pão, ficando susceptível a quebras de contrato por parte do locador e perda de flexibilidade na alteração física do local. No mundo do comércio, ocorre o extremo oposto que na vida “PF”: é naturalmente aceito pagar aluguel de ponto comercial, estranho é o cara que compra ou constrói um prédio para instalar sua empresa.

Qual lado está certo? Qual lado está errado? Difícil responder, mas na minha opinião ter um teto próprio para morar é uma atitude muito sensata, mesmo morando de aluguel, acho que não conseguiria vender meu apartamento próprio. Gosto da sensação de saber que, se caso tudo der errado, pelo menos tenho um lugar pra morar. Não consigo imaginar como é ter uma dívida de 12 meses, imagine 360! Pra mim não serve, não vejo o menor sentido nisso, mas reconheço que pra muita gente essa é a única maneira de ter um imóvel. O discurso que diz: “junte X por mês e depois de 10, 15 ou 20 anos você terá dinheiro pra comprar sua casa a vista” não entra na minha cabeça, isso não dá certo. Um pobre mortal, por mais equilibrado e focado que seja dificilmente conseguirá seguir um plano desses. Por outro lado, quem tem uma renda alta, bom controle financeiro e chances de crescimento constante não tem porquê comprar um imóvel, pode muito bem pagar aluguel com a renda de seus investimentos e ainda terá troco. A título de comparação, o aluguel que pago hoje é cerca de 0,3% do valor do apartamento.

Agora falando do empreendedor, que dificilmente pensa em comprar um imóvel para instalar sua empresa. Acho que muitos empreendedores, principalmente aqueles que possuem, de uma forma ou outra, possibilidade de comprar seu ponto, deveriam pensar seriamente nisso. Imagine que você encontrou um super ponto, montou sua loja que cresceu e está bombando, 5 anos depois o contrato de locação termina e o dono do imóvel decide pedir o salão. O que acontece? De um dia para o outro seu pequeno império derreteu! Esse é um risco que pouca gente leva em consideração quando pensa em virar comerciante, mas existe. Outros que deveriam pensar com carinho na possibilidade de comprar seu imóvel são os profissionais liberais. Tenho um exemplo bem próximo: minha dentista. Após 20 anos ocupando a mesma sala comercial, o proprietário do prédio faleceu e foi feita divisão dos bens entre os filhos, por algum motivo, ela foi obrigada a desocupar a sala. Não conseguiu alugar outra nas proximidades e teve que mudar de bairro. Ela me confessou que teve oportunidade de comprar a sala e não o fez, e que com a mudança, perdeu cerca de 30% dos pacientes.

Países como Canadá, Espanha e França, além de algumas regiões dos Estados Unidos são repletos de imóveis de aluguel, as pessoas muitas vezes não compram imóveis, entendem que a despesa de aluguel é como a despesa de mercado ou farmácia. Em alguns locais, a tradição é comprar um imóvel quando se aposenta, ou seja, quando você tem certeza que não irá mais mudar.


Resumindo, acho muito melhor morar de aluguel, principalmente para aqueles que, como eu, não tem o futuro profissional bem traçado. A flexibilidade de mudar de bairro, cidade ou país, a possibilidade de economizar (ao pagar o aluguel com a grana dos investimentos) compensa a maioria das desvantagens. Por outro lado, o empreendedor deveria sempre pensar na possibilidade de comprar a sede da sua empresa, eliminando o risco de ser chutado do mercado devido ao fim de um contrato de aluguel não renovado.

domingo, 14 de julho de 2013

Os Empreendedores da Família Corey

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Algumas pessoas tem perguntado como foi o começo da minha vida de microempresário, como comprei a primeira loja, as motivações, as dificuldades... Acho um assunto interessante de ser abordado, mas como é bem extenso, pretendo faze-lo aos poucos ao longo de algumas postagens. Pra começar esse papo e tentar fazer as pessoas se situarem na minha realidade, hoje vou contar alguns causos da minha família que tem tudo a ver com o assunto.

As famílias dos meus pais são totalmente diferentes. O lado da minha mãe é dominado por pessoas com curso superior (poucos não o fizeram), funcionários públicos, militares e por pessoas com funções, digamos, intelectuais. Não há ninguém rico, mas todos estão financeiramente estabilizados (embora vira e mexe tem um quebrado aqui e outro acolá!).

Até as bochechas de bulldog do Vito são
parecidas com as do meu avô!
O lado do meu pai é totalmente diferente, é formado por self made men, com pouquíssima instrução formal, nenhum dos meus tios tem curso superior (alguns primos tem, mas são minoria), mas todos eles tem grande criatividade e visão comercial, mas nem sempre utilizam essas vantagens de maneira ética, como contarei adiante. É esse ramo da família que descreverei na postagem de hoje.

Meu avô paterno é semianalfabeto, minha avó também. Iniciaram a formação da família no pós guerra, no que costumo chamar de baby boom brasileiro. Ambos trabalharam muito duro pra criar a penca de filhos. Pelos relatos do meu pai e meus tios, a família vivia confortavelmente, no que hoje seria considerado classe média, foram os primeiros do bairro a ter televisão, fogão a gás, batedeira... Passaram alguns apertos financeiros, mas devido a flexibilidade do meu avô de encarar qualquer trabalho, jamais passaram fome. Meu avô mantinha certas práticas hoje vistas como totalmente inconcebíveis, ele colocava a molecada pra trabalhar muito cedo, estudavam no máximo até a 8ª série ou enquanto conseguissem conciliar trabalho e escola, o que era bem difícil. Após começar a trabalhar, o velho cobrava estadia dos filhos, ou seja, cada um tinha que contribuir com X todo mês para “pagar o teto e o rango” e era bem rígido em relação as normas domésticas.

Meu avô dizia com todas as letras que trabalhar de empregado é a mesma coisa que trabalhar de burro pra puxar carroça, que “homem que é homem” trabalha pra si mesmo, que não queria filho dele sendo mandado por outras pessoas, etc. É natural que uma pessoa que cresce ouvindo esses conselhos acabe, mesmo inconscientemente acreditando que isso é verdade. Pra resumir a conversa, aos 18 anos todos os meus tios (inclusive meu pai) eram, de uma maneira ou de outra, donos de algum negócio ou profissionais liberais: pedreiros, mecânicos, vendedores de carros usados, feirantes... Meu pai se orgulha até hoje de ter somente um registro em carteira que durou uns 2 meses, tenho somente um tio que, após anos batendo cabeça como profissional liberal, arrumou um emprego formal recentemente.

Nesse meio de tempo, meus tios fizeram muita coisa pra ganhar a vida, inclusive muita coisa errada como sonegar impostos, vender terrenos que não existiam, vender carros acidentados como novos, entre outras contravenções de maior ou menor gravidade. Reunião de família na casa dos meus avós parece uma reunião da família Corleoni, onde cada um se gaba e dá risada dos golpes que já aplicaram na vida. Todos, sem exceção, tiveram altos e baixos: momentos com muita grana e momentos de quase miséria e nenhum deles consegue administrar dinheiro. Quando tem, gastam tudo, quando não tem, gastam por conta!

Desde criança tive pouco contato com a família da minha mãe, junte a isso o fato de ser homem e viver colado ao pai, fica fácil descobrir a qual porção da família eu puxei. Cresci envolvido em negociações comerciais, acostumei desde cedo com jargões e nomenclaturas específicas. Desde sempre andei junto com meu pai, se não estava na escola, estava colado ao velho, que sempre estava envolvido com algum negócio, conversando com pessoas, visitando bancos e repartições públicas, etc. Como era de se esperar, passei a acreditar que os "jeitinhos" brasileiros eram coisas totalmente necessárias e que não havia outra maneira de fazer as coisas, mas isso me incomodava um pouco... justo eu que sempre fora caxias e CDF na escola, que nunca matou aula e cujo maior crime era dirigir sem habilitação... Meu pai compartilha, até hoje, a velha máxima do meu avô: um homem de verdade deve ser dono do seu próprio nariz. Ele não simpatiza nenhum pouco com a ideia de ter um filho empregado, cresci com esse conceito na cabeça.

Com 14 anos arrumei meu primeiro emprego, passei por algumas empresas até que, com 17 anos a pressão pra “procurar algum negócio pra ser seu” começou a apertar. Meu pai vivia caçando negócios para eu entrar, ele sabia que, ao contrário dele, eu tinha facilidade pra juntar dinheiro e já tinha uma boa poupança (tive sorte, os empregos que tive pagavam muito bem) e um carrinho que valia uns trocos (carro pro velho é o mesmo que dinheiro na carteira). Meus tios sempre me perguntavam se eu não pensava em comprar ou montar um negócio, alguns primos mais velhos já eram donos de seus negócios e a pressão psicológica disso em cima de um garoto imaturo era bem incômoda. Foi aí que o negócio da primeira loja apareceu... mas isso vou deixar pro próximo capítulo!