sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Chilique Nosso de Cada Dia

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Disclaimer: não sou analista de investimento, não tenho sequer conhecimento médio sobre política e economia, sou somente um Zé Ninguém falando merda na internet, portanto leve esse post somente como uma opinião e não como tentativas de empurrar a "verdade", ok?

Os dividendos serão tributados e isso será o armagedom dos investimentos brasileiros, vamos todos guardar dinheiro na renda fixa porque não vai compensar o risco de investir em ativos de renda variável que terão yield reduzidos drasticamente do dia para a noite.

Tenho visto muita gente desesperada com a tributação dos dividendos, provavelmente as mesmas pessoas que adotam outras modinhas da vez como tomar banho gelado e acordar às 5 da manhã além, é claro, de comprar ouro e falar sobre estoicismo.

Engraçado que se você já estudou alguma coisa sobre estoicismo deveria ser o primeiro a cagar pra essa treta da tributação dos dividendos. Se você ler meia página de qualquer matéria que trate sobre o assunto tributação de dividendos verá que esse assunto não é novidade, já foi proposto zilhões de vezes no passado, verá que o Brasil é um dos poucos países que não tributa dividendos, verá que o governo está dando tiro para todos os lados em busca de aumentar a arrecadação, o fantasma da CPMF está aí também assombrando a todos (acredito que grande parte da galera que frequenta aqui ainda se lembra dela), etc. O que você, Pacato Cidadão da Silva, pode fazer para controlar isso? PORRA NENHUMA!!! Isso aí amiguinho, você não tem controle sobre absolutamente nada disso, então por que caralhos fica bravinho? Ligue o foda-se e faça aquilo que está ao seu alcance.

Ah, Corey, mas evitar investir em ativos que possam ser tributados está ao meu alcance. Será que isso é certo? Se os dividendos de ações e FIIs forem tributados obviamente o yield deles cairão, logo deixarão de ser interessantes e é melhor investir em outro lugar. Onde? Na renda fixa com juros decrescentes e que em breve deve chegar aos 5% o que se traduz em uma rentabilidade de 0,40% menos IR num TD Selic ou CDB 100%? Você acha que as ações e FIIs deixarão de ser interessantes devido à tributação? Acho que não.

Veja bem, sou um cara cagão pra caralho, que deixou de ganhar rios de dinheiro por ficar fora da renda variável simplesmente por não achar que tinha expertise o suficiente para entrar. Sou um Average Joe que mesmo tendo ganhado a vida como empreendedor, não consegue entender direito a complexidade envolvida em análise de balanços de empresas e isso sempre me afastou da bolsa. Mesmo eu, cagão que sou, sei que agora não dá mais pra se manter fora da renda variável e sei também que se você não quer jogar no nível hard brasileiro com sua total imprevisibilidade, deverá estudar maneiras de investir no exterior. É esse o caminho que estou seguindo. Quando os dividendos forem tributados (e digo QUANDO e não SE forem tributados) vou ficar puto da vida porque o governo como sempre jogará uma Scania de merda nas nossas cabeças porém a vida seguirá, com retorno inferior mas seguirá.

Pessoal, vamos deixar de ter Síndrome de Pitbull e achar que somos fodões, pontos fora da curva e que porque lemos A Bola de Neve somos capazes de superar o mercado, analisar relatórios com perfeição sendo que a maioria de nós nem consegue interpretar uma receita de bolo de fubá. Eu devo ser muito burro mesmo porque vejo analistas de internet o tempo todo discutindo sobre números de relatórios, como se fosse a coisa mais fácil do mundo para se interpretar. Acho que para Zé Ruela como eu e você se dar bem no mundo dos investimentos o caminho é um só: constância, cagar pra coisas intangíveis como valuation e coisas do tipo "se eu tivesse investido 5k em Magazine Luíza no passado hoje seria milionário", se achar viável pagar algum tipo acessoria ou casa de research para auxiliar o processo, não tentar reinventar a roda (já me fodi muito na vida por tentar saídas mirabolantes) e ver as notícias ruins de maneira racional.

Uma coisa importante é aprender com caras tipo Barsi e Buffett mas sem jamais esquecer que eles criaram fortuna numa época pré-internet onde informação era escassa e havia poucos players. Não me conformo quando nêgo que tem 50k de ações quer seguir estratégia de valuation porque o Buffett o faz. Caralho, o Buffett comprava 1 dólar por 50 cents quando não havia site informação ao investidor e as informações tinham que ser garimpadas e mesmo o Buffett parece estar um pouco perdido, vide o tamanho do caixa da Berkshire Hathaway e investidores azedos devido à isso. Brother, valuation não faz muito sentido, aportar com frequência faz. Obviamente que se você conseguir comprar mais barato, vai ajudar, mas ficar esperando fundos é burrice, cague nisso e siga a vida. Pare de querer fazer aquilo que poucos conseguem fazer e siga o caminho da média, você provavelmente terá retornos medianos o que já é muito bom.

Por hoje é isso, compartilhem suas opiniões sobre os chiliques da internet e sobre a treta da tributação dos dividendos. Grande abraço!

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Fundos Imobiliários - Agosto/2019

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Hoje venho aqui rapidinho compartilhar minha carteira atual de FIIs e propor algumas reflexões além de pedir algumas sugestões. Vamos lá!

Atualmente minha carteira de FIIs está assim distribuída:

Nos últimos tempos venho aportando mais em fundos de papel com objetivo de chegar à um percentual 50/50%. Fundos de papel me atraem mais nesse momento devido à diversificação. Além disso me desfiz de algumas carniças que tinha na carteira, como por exemplo FVBI e XPMC, não gosto de ficar movimentando a carteira mas também não vou ficar sentado em cima de ativos que não gosto mais. Ainda tenho alguns ativos mono-imóvel ou mono-inquilino, como o NSLU que me incomodam um pouco, mas nesse caso específico fico com dózinha de vender porque me deixa um yield 0,76% (muito próximo ao retorno total carteira que foi de 0,75% em agosto). Também fiz uma possível cagada de comprar SAAG (tenho dúvidas de como o setor se comportará), mas como a parcela é pequena, tá de boa.

Tenho somente 4 fundos de papel e gostaria de acrescentar mais algum, o que sugerem? A relação papel/tijolo e distribuição dos fundos de papel está assim:

A distribuição dos setores dos fundo de tijolo estão conforme o gráfico abaixo e estou meio perdido, não sei direito pra qual lado ir depois que chegar à proporção 50/50% quando terei que aportar em tijolo novamente. O objetivo é diminuir cada vez mais a participação do setor de desenvolvimento (MFII) além de diluir os outros setores que estão quase todos com um ou dois papéis apenas. Sugestões?


Venho entrado em novas ofertas sempre que possível e isso tem ajudado a baixar meus PMs que estão assim:


Entretanto essas mesmas ofertas que ajudam a baixar meu preço médio estão começando a me incomodar. Todo mundo quer lançar novas ofertas, levantar um caminhão de dinheiro, além disso há novos fundos de papel surgindo todos os dias. Ok, o mercado brasileiro de FIIs tem muito o que crescer e a atual queda dos juros empurra investidores para esses ativos, mas será que com a economia andando de lado há onde investir tanta grana que está sendo colocada nessa modalidade e gerar renda decente no fim das contas? Começo à ficar preocupado... O que acham?

No meu atual momento, dentro dos planos atuais (que estou devendo de compartilhar com vocês), fluxo de caixa periódico é cada vez mais importante e isso tem me levado à aumentar substancialmente minha carteira de FIIs. Tenho alguns CDBs vencendo a partir de janeiro e pretendo finalmente alocar em ações com foco em dividendos além de BDRs com foco em proteção, o objetivo é deixar em renda fixa somente uma reserva de oportunidade e dentro desse âmbito estou pensando em me desfazer dos títulos públicos...

Dentro do preço atual meus TDs estão me pagando cupons na ordem de 0,36% ao mês (...lágrimas...), pensei em vende-los, alocar em FIIs o suficiente para ter renda equivalente ao que os títulos me pagam atualmente e o que sobrar colocar em algum papel do setor elétrico, até para já ir testando meu sentimento em relação às ações. 

É isso por hoje, agradeço as sugestões e incentivo as discussões saudáveis. Na medida do possível vou responder a todos.

Grande abraço e boa semana!

domingo, 11 de agosto de 2019

Livro - Company of One: Why Staying Small Is the Next Big Thing for Business

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.


Fazem anos que não faço um post sobre livro, o principal motivo é que ando lendo pouco. Ler é hábito e quando se perde um hábito pode ser meio complicado de se conquistar novamente, anos atrás fui um leitor compulsivo e aos poucos vim diminuindo o ritmo até que praticamente parei de ler, enfim, espero estar retomando com esse hábito.

Fiquei sabendo do Company of One: Why Staying Small Is the Next Big Thing for Business através de um podcast do Matt D'Avella, um dos melhores YouTubers sobre minimalismo, melhora de qualidade de vida e auto-conhecimento, recomendos a todos, o cara é foda e seus vídeos estão me ajudando muito na fase complicada que estou passando. D'Avella entrevistou o autor do livro, Paul Jarvis e fiquei interessado em saber mais sobre essa ideia alternativa de usar o minimalismo em uma empresa.

Comprei o livro "analógico" pela Amazon Espanha e levei pra praia onde comecei a lê-lo, grifa-lo e fazer anotações. Um parenteses: estou pensando em comprar um Kindle porque não quero começar a acumular livros novamente porém gosto de grigar e fazer anotações e não sei se os recursos do Kindle irão me agradar, compartilhem suas experiências, por favor. Então aqui vai meu resumão sobre o livro, o post pode ficar chato mas de qualquer maneira isso servirá para meu próprio estudo sobre o assunto e acredito ser um dos poucos posts sobre o assunto em língua portuguesa, o que estiver entre colchetes ([]) são meus pensamentos sobre o assunto.

No prólogo o autor conta um pouco sua experiência de ter deixado a cidade grande e ter ido viver no meio do mato (no meio da neve seria mais apropriado porque o cara vive no Canadá) e fala um pouco sobre questões psicológicas, de como explorar seus próprios pensamentos pode ser uma das coisas mais assustadoras do mundo, que se você ficar a sós com seus pensamentos eles podem revelar ideias que podem mudar seu modo de pensar para sempre [pura verdade, depois que comecei a trabalhar sem usar a cabeça vi o quanto ficar com a cabeça vazia pode ser assustador]. Quando você faz uma limpeza (decluttering) nos seus pensamentos consegue olhar de maneira mais clara para o dia a dia [essas férias me fizeram isso, dei um reboot nos pensamentos e tudo está mais nítido].

A "empresa de uma só pessoa" [tradução literal e porca de "Company of One", e que daqui pra frente chamarei de COO] não precisa ser necessariamente tocada por seu dono apenas, claro que muitas vezes terá funcionários ou terceirizados mas a ideia é manter uma empresa enxuta buscando diferencial competitivo e resiliência [palavrinha coach mas que nesse contexto faz sentido]. Crescimento não é necessariamente uma boa estratégia quando seguido de maneira cega. Ficar pequeno não precisa ser resultado de fracasso, pode ser um objetivo e uma estratégia inteligente de longo prazo. Uma COO é simplesmente uma empresa que questiona o crescimento e não tenta resolver os problemas com "mais" porque "mais" significa mais complexidade, mais custos, mais responsabilidades, etc. Resolver problemas com os recursos disponíveis ajuda a construir um negócio forte para o longo prazo porque "menos" é necessário para manter o negócio vivo. O negócio deve ser construído ao redor da vida do empresário e não o contrário, o crescimento da empresa pode diminuir os retornos se o dono não cuidar dele mesmo e do bem estar da família. O crescimento de uma empresa pode ser a pior decisão para a longevidade da mesma.

Uma COO tipicamente deve ter 4 características:

1- Resiliência: o dono deve aceitar a realidade em que sua empresa está inserida e trabalhar com isso, querer mudar o mundo não vai funcionar e você não tem controle sobre o mercado. A empresa deve ter um propósito além do financeiro e o trabalho dentro da empresa deve ser minimamente satisfatório mesmo que nem tudo seja legal [durante toda minha vida de empreendedor meu único objetivo era financeiro e por isso me estressava muito e não conseguia pensar a longo prazo, esse talvez deve ter sido meu pior erro como empreendedor]. A empresa deve ter poder de adaptação porque tudo vai sempre mudar, não adianta achar o contrário.

[mais uma cagada identificada: quando eu tinha loja queria sempre fazer tudo do meu jeito que é eticamente incompatível com a realidade brasileira, isso me dava prejuízo e desgaste emocional por ver concorrentes cagando pra lei e lucrando por isso]

2- Autonomia: a empresa deve ser capaz de andar sobre trilhos mas você deve saber para onde esses trilhos vão. O empresário deve ter as habilidades necessárias para tocar o negócio antes de esperar que ela tenha autonomia. Para quebrar as regras você deve primeiro conhecer as regras, deve ter um mind-set de esponja: absorver tudo sobre sua profissão ou ramo de atuação, para ter controle sobre uma empresa requer proficiência em vendas, gerenciamento, projetos, retenção de clientes, marketing, etc. O cara deve ser generalista.

[sempre falei que o dono da empresa deve ser capaz de fazer tudo dentro dela, de lavar o chão até as questões técnicas, deve ser capaz de quebrar o galho em qualquer função, ta aí o exemplo que eu não estava errado. Por outro lado sempre deixei a desejar em muitos desses aspectos como marketing, por exemplo, jamais fiz uma campanha de marketing na minha vida!!!]

3- Velocidade: conforme as empresas crescer, acabam por aumentar as camadas de complexidade. Uma COO pode ter regras e processos mais simples, deve questionar se um processo é eficiente, remover passos que estão atrasando o resultado final, não precisa de reuniões para tomadas de decisões rápidas e rapidamente pode mudar o rumo.

4- Simplicidade: deve ser obrigatória, muitas camadas de complexidade levam à atrofia. O que facilita uma COO é o fato de ter menos gente envolvida, o que torna processos mais facilmente controláveis.

[já vi muita COO com burocracias idiotas que muitas vezes o dono nem sabe o porque existem, o melhor exemplo é estipular limite de compra no cartão: tanto faz passar 1 ou 100 reais na maquininha, a taxa é proporcional, não existe razão para limitar isso! Se for pra limitar alguma coisa seria pra compras de valores altos e não baixos!]

PERMANECER PEQUENO COMO OBJETIVO FINAL

[Aqui o autor fala sobre a importância de ter foco no cliente ao invés de foco puramente nos resultados, a princípio pode parecer bullshit mas faz sentido.]

O trabalho do empresário não é aumentar os lucros infinitamente e sim criar produtos e serviços cada vez melhores para seus clientes, cuidando dos clientes que já possuem, o que sai mais barato que arranjar novos. Clientes gostam de pequenos toques e atenção que a empresa dá a eles, focar nisso é melhor que focar em crescimento. O foco deve ser melhorar e não aumentar.

[Verdade! O relacionamento mais pessoal é o que mantem muitas empresas em cenários ultra competitivos, é por isso que ainda existem quitandas onde o dono te chama pelo nome e porque você vai na farmácia do seu Francisco quando está com hemorróidas invés de ir na Drogasil]
[Embora sempre tive um foco bom nesse tipo de "toque pessoal" meu principal objetivo como empreendedor sempre foi ter um crescimento rápido e vender a empresa com um bom lucro, minha estratégia funcionou mas para longo prazo não funcionaria]

Crescimento como foco principal não é apenas uma estratégia ruim, pode ser perigoso para a empresa. Uma COO foca na estabilidade, simplicidade, independência e resiliência no longo prazo. Uma das maneiras de fazer é isso é começar pequeno e se tornar lucrativa o mais rápido possível sem a necessidade de investimento externo, uma estraatégia legal pode ser aumentar preços de maneira a selecionar clientes, trabalhar menos e lucrar o mesmo. [esse lance de começar rapidamente sem muito investimento e com os pequenos lucros ir ajeitando a empresa é justamente o que a Bia tem feito no negócio dela: começou com uns 100 euros e vem comprando o que precisa com os próprios lucros. Isso também tem a ver com o que sempre disse sobre uma empresa ser lucrativa desde o dia 1]