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O Brasil é um lugar hard core pra empreender e ter uma empresa na Europa é muito mais fácil. Será?
Não, não é mais fácil empreender em Portugal, aliás, o Brasil deveria ser considerado um paraíso pelos empreendedores. Nesse post vou falar um pouco sobre isso e expor a MINHA OPINIÃO, ou seja, é tão somente o meu ponto de vista, voce pode discordar.
Em primeiro lugar é preciso deixar claro que minha experiencia como empreendedor é bem raiz, ou seja, penso que uma empresa é onde voce compra por 1 e vende por 2 ou presta algum serviço para outra pessoa. Não incluirei nesse post "empreendimentos nutella" que, brincadeiras a parte, considero negócios digitais, aplicativos e coisas pouco tangíveis para leigos. Reza a lenda que para empreender dessa maneira hi-tech o buraco é mais em baixo, mas sou caipirão e empresa pra mim é onde se vende pão, carne, dipirona, gasolina, cuecas, pintos postiços, bananas, whisky e whiskas.
Ora bem, a treta de empreender no Brasil é realmente coisa para durões: impostos malucos e pouco inteligíveis até para contadores, autorizações e licenças caras, regras pouco transparentes, concorrencia por todos os lados, uma loja similar a sua em cada esquina, dificuldade de achar mão de obra que presta, etc. Empreender em Portugal deve ser bem diferente porque aqui os poucos obstáculos são: impostos malucos e pouco inteligíveis até para contadores, autorizações e licenças caras, regras pouco transparentes, concorrencia por todos os lados, uma loja similar a sua em cada esquina, dificuldade de achar mão de obra que presta... Sim, amigos, aqui existem todos esse problemas e mais alguns, não pense que só porque Portugal é um país desenvolvido que as coisas são muito diferentes do Brasil, aliás, pensando bem, são bem diferente sim, veja algumas dessas diferenças:
1- Mercado consumidor minúsculo. Quem ve de fora as vezes não se da conta de como Portugal é pequeno e vazio, vamos fazer uma rápida comparação entre Portugal e a CIDADE de São Paulo:
PORTUGAL: Território: 92.256 km² ; Poupulação: 10.374.822 habitantes
SÃO PAULO CAPITAL: Território: 1.521 km² ; População: 12.176.866 habitantes
(fonte Wikipedia)
Conclusões: Dentro de Portugal cabem 60 cidades de São Paulo porém São Paulo tem quase 1 milhão a mais de pessoas que Portugal inteiro! O que isso significa? Não há gente suficiente me Portugal para absorver muitos novos empreendimentos, mas isso é o de menos se voce considerar características bem distintas do povo portugues.
2- Mercado consumidor envelhecido. Podem falar o que for, gente velha não consume tanto como novos e tem certa aversão de tecnologias ou novidades. Meu pai nunca chegou perto de um computador e nem usa o ar condicionado do carro talvez por medo de ser engolido, who knows? Se voce andar meia hora por qualquer cidade de Portugal perceberá (comparado com o Brasil) como tem idoso e como é raro ver uma gestante ou mesmo crianças.
Grande parte dos portugueses mais jovens e que estão no auge da idade de trabalho moram em outros países da Europa como França, Luxemburgo, Suíça e Alemanha porque lá o salário é várias vezes maior, são os chamados pejorativamente de "avecs". Isso é outra coisa estranha para brasileiro, não temos esse costume. Durante as férias de verão, de Natal e spring break as cidades são inundadas por Audis, BMWs, Mercedes e VW tops com placas francesas e luxemburguesas com adesivo da seleção portuguesa no vidro traseiro. São os portugueses imigrantes que voltam a Portugal para visitar a família, consertar os dentes e gastar EUR e CHF nas cidades que ficam abarrotadas de gente, com transito, sem vagas no shoppings. Muito fora da realidade brasileira.
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Todo o bom gosto dos avecs, perceba a placa francesa |
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Golfera também é carro de mano em Portugal, adesivo da seleção e placa suíça, avec starter kit |
Ande por qualquer cidade do Brasil e é um festival de choro de criança, casais de vinte e poucos anos loucos pra comer o mais novo sushi de churros com vinagrete de melancia ou comprar fantasias de unicórnio para Enzo e Valentina.
3- Mercado consumidor educado financeiramente. Desde que comecei a trabalhar com portugueses percebi como em geral são bem educados financeiramente, poucos falam em dívidas, desconheço quem use cartão de crédito e quem tenha financiamento de carro mas conheço vários com menos de 30 anos que já possuem um terreno para construir ou algum dinheiro guardado para dar de entrada num apartamento. Esse pessoal usa carros velhos, muitas vezes herdado dos pais ou parentes próximos, compram roupa na Decathlon ou Primark e não é raro ver pessoas com celular de flip. De certo modo lembram muito as pessoas que frequentam a blogosfera de finanças, mas imagine isso num nível nacional. Pessoas assim pensam muito antes de realizar compras, o que desacelera muito a economia e por consequencia, prejudica empreendedores.
Esse mesmo pessoal quando se ve com pouco dinheiro para realizar seus sonhos simplesmente vai trabalhar numa construção na Alemanha e no próximo verão volta de férias no seu VW Scirocco e com o bolso cheio. Pode dar uma despirocada e virar consumista, mas acaba por consumir fora de Portugal.
4- Mercado consumidor pouco a fim de novidades. Aqui vou usar somente exemplos culinários. Brasileiro adora coisas diferentes, por isso o sushi de churros com vinagrete de melancia vende tanto. Paleta mexicana, torresmo de rolo, sorvete de iogurte, enfim, tudo que for comida diferente brasileiro compra. Em Portugal é bem diferente, eles são extremamente caxias com relação a alimentação. 95% dos restaurantes portugueses tem o mesmo cardápio e em todos eles a refeição é composta por sopa, pão, prato quente, sobremesa, café e pra lavar tudo isso, vinho da casa. Isso é ótimo porque come-se bem e muitas vezes chega-se a pagar 5 euros por toda essa combinação acima citada. Quer comer um macarrão? Faz em casa ou vai num restaurante italiano. Quer comer carne? Vai numa churrascaria "brasileira", pagará por Fogo de Chão e comerá como churrasco da laje. Aqui é raríssimo se ver um self-service, por exemplo. Coisas que descolam um pouco da cultura deles é ignorado.
Tenho exemplos aqui onde moro de brasileiros que vieram com sangue no zóio pra montar restaurantes e no fim das contas acabaram apenas atendendo a própria comunidade brasileira o que pode ser um bom negócio mas é pouco sustentável. Ter uma empresa com foco nos consumidores brasileiros pode funcionar no curto prazo mas tenho dúvidas se é sustentável no longo prazo. Brasileiros veem e vão, hoje chegam meia dúzia e outra meia dúzia vai embora, seja pra outra cidade ou voltam para o Brasil. Nesses quase dois anos que estou por aqui vi muito disso: pessoas mudaram pra outras cidades, foram para outros países da UE ou voltaram para o Brasil, portanto mesmo entre os brasileiros é complicado manter clientela.
Outro fator que complica é que no geral brasileiro em Portugal tem pouco dinheiro, os principais perfis são aposentados que vieram com visto D7 e vivem aqui com renda em BRL, como euro a quase 5 por 1 não é difícil entender como é difícil a conta fechar, ainda mais para um pessoal mais velho que possui mais dificuldade de mudar hábitos em prol de economizar dinheiro. Vejo que 90% desses brasileiros não ficará aqui muito tempo. No outro extremo temos a galera jovem que vem como turista e depende de um contrato de trabalho pra se legalizar, no meio de tempo precisam viver com um salário mínimo ou menos que isso já que muitas vezes são explorados. Pessoas com o meu perfil, ou seja, trinta e poucos anos, que tenha documentos, trabalhe e tenha alguma renda no Brasil é raro de se ver, portanto o empreendedor que dependa de brasileiros está em apuros.
5- Poucas coisas são novidades, não foram testadas ou não estão disponíveis. Quando voce está em Portugal tem fácil acesso a produtos de todos os outros países da Europa a preço acessível. Voce consegue comprar queijos franceses e cerveja alemã no mercado da esquina. Consegue manter sem problemas seu Citroen ou Mercedes de 20 anos de uso. Coisas que são novidades no Brasil aqui já existem a tempos. A ideia de negócio que voce tiver na cabeça provavelmente já foi testada por outro brasileiro, se deu certo já está consolidado, senão deu acabou desaparecendo. Esse é o caso dos restaurantes self-service, reza a lenda que uma década atrás começaram a pipocar em todo canto, poucos sobreviveram porque a galera não curtiu.
6- Impostos altos. Se voce pensa que paga muitos impostos no Brasil, pense novamente. A verdade é que se voce for ver na ponta do lápis paga-se talvez até menos que aqui em Portugal, a grande diferença é o retorno que aqui é mil vezes melhor que no Brasil. Empresas aqui pagam impostos pra caralho, ok que aparentemente o sistema tributário é mais simples e parece não haver essas sobreposições de impostos que existem no Brasil, mas paga-se muito. A grande merda no Brasil é a dificuldade de apurar os impostos devido, ninguém sabe se sua empresa está pagando a mais, sonegando ou pior, pagando mais de um imposto e sonegando o outro. Outra coisa que vejo ser extremamente pesado aqui são as multas imputadas a empresas, não é incomum voce ouvir falar de multas de 2k ou mesmo 10k euros!!!
7- Regras complexas e pouco claras. Se tem uma coisa que brasileiro faz bem é empreender no ramo de comida. Dorinete ficou desempregada e vai fazer brigadeiro pra vender, Creusa faz bolos de aniversário magníficos, Creiton vende churrasquinho de gato na porta do estádio de futebol e Marinelson coxinha na grande da fábrica da VW. Se eles fossem tentar isso aqui em Portugal acabariam em cana e com alguns milhares de euros em multas para pagar. Aqui voce precisa ter uma cozinha industrial que siga todas as regras da UE para preparar qualquer alimento para venda, foda-se que a padaria da esquina deixe os pães expostos para as moscas e Ines pegue o pastel de nata com a mesma mão que te deu o troco, se voce quiser vender um bolo de fubá para seu vizinho deverá ter uma cozinha masterchef e 65665 licenças com a prefeitura.
Ok, voce não é um brasileiro de comidas mas a mão treme quando ve uma oportunidade de empreender em serviços. Manicures, cabelereiros, mecanicos, jardineiros e motoboys brasileiros estão entre os melhores do mundo. Graciane cobrava 10 Reais pra fazer unhas no Brasil, chega em Portugal e percebe que suas colegas de profissão portuguesas cobram 10 Euros e ainda arrancam bifes das clientes. Caralho, Graciane pode ganhar mais que médico fazendo unhas " 'a Brasileira" por 15 Euros!!! No Brasil ela era MEI porque achava correto estar legalizada, mas se não fosse trabalharia na mesma sem ninguém encher seu saco, ao chegar em Portugal decidiu ver como deveria fazer para trabalhar certinho.
Graciane foi a Camara Municipal (prefeitura) onde o funcionário a informou que seria necessário "abrir atividade nas finanças" para começar a trabalhar, ela foi nas "Finanças" onde João explicou certinho que ter atividade aberta seria o equivalente do MEI brasileiro e ela poderia pagar seus impostos e contribuição a Segurança Social gozando de todos os benefícios governamentais. Nesse momento João é interrompido por seu colega, Mario, que estava ao lado e ouviu a história toda. Mario disse que para trabalhar como manicure Graciane deveria antes "tirar um curso" de manicure que lhe desse licença para trabalhar. Ok, Graciane chegou em casa e foi pesquisar os tais cursos, encontrou dois em sua cidade: um que demorava 18 meses, custava 2000 euros e daria o título de "manicure" e outro de 3 semanas, 100 euros e daria um diploma de "técnico em manicure". Não entendeu nada e foi ao sindicato das manicures se informar melhor. Lá foi informada detalhadamente por Filomena que para trabalhar como manicure ela deveria na verdade cursar um "mestrado integrado" em Manicuraria com duração de 5 anos. Desolada saiu do sindicato meio perdida, parou no primeiro salão e perguntou a sua colega como ela tinha feito para trabalhar. Jurema que também era brasileira disse que não tinha feito curso algum e que simplesmente trabalhava no salão desde 2010.
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Muita gente acha que porque tem atividade aberta e emite "recibos verdes" está trabalhando de forma legal, mas nem sempre isso pode ser verdade. |
Assim as coisas funcionam em Portugal, há muita informação desencontrada e é comum ter conflitos gritantes dentro da mesma instituição. Se no Brasil voce nunca sabe se está pagando impostos certos, aqui voce muitas vezes não sebe se está trabalhando dentro da lei ou se está sujeito a multas na casa dos milhares de Euros.
8- Barreiras sinistras de entrada e concorrencia estranha. A maioria dos negócios no Brasil podem ser abertos de maneira simples, voce acha um ponto comercial, paga as licenças e algum tempo depois abre sua loja de coxinha de 50 centavos. Aqui parece ser bem diferente. Quer abrir uma farmácia? Deve ser farmaceutico e prestar um concurso público que dirá onde voce pode abrir. Posto de gasolina? Também existe um zoneamento estabelecido pelo governo.
Se não bastasse as barreiras de entrada aqui temos um tipo de concorrencia estranha. Veja o caso das farmácias, o preço dos remédios é o mesmo para todo o país, portanto preço não é um fator de concorrencia. Gasolina é o mesmo preço, 1 centavo a mais ou a menos, exceto nos postos do Jumbo que é 10 centavos mais barato, mas há promoções nas outras redes de postos onde voce consegue economizar 10 centavos, então no frigir dos ovos gasolina é o mesmo preço em qualquer posto. Também não se houve falar em diferença de qualidade entre posto X ou Y. Cafeterias são um tipode comércio muito popular por aqui e voce encontra literalmente uma em cada esquina, as vezes mais de uma por esquina. Até nas aldeias do interior tem mais de um café. Açougue não parece ser um bom negócio afinal os mercados vendem carne de qualidade superior por preços menores, o oposto do que acontece no Brasil. Aqui não existem lanchonetes, parece bizarro, mas é verdade. Se voce quer fazer um lanche rápido precisa se contentar com os salgados borrachudos vendidos no café. Oportunidade de negócio? Tenho minhas dúvidas... será que ninguém nunca tentou? Será que os portugueses aceitariam a ideia de comer um X Tudo com vitamina de abacate?
Engraçado como aqui temos muitas empresas familiares mas em certos ramos essas desapareceram. Voce praticamente não encontra mercadinhos de vila que foram engolidos pelos grandes, movimento que está acontecendo hoje no Brasil.
Isso são coisas favoráveis do ponto de vista do consumidor mas uma merda para o empreendedor.
9- Preconceito. Jamais sofri preconceito direto por ser brasileiro, mas isso não quer dizer que não exista de maneira indireta ou pelas costas. O fato é que muitos dos nossos conterraneos cagam na imagem no brasileiro, seja por serem barulhentos, grosseiros ou mesmo por fazerem picaretagens como pegar empréstimos e fugir do país sem pagar. Isso é algo difícil de medir mas tenho certeza que muito portugues deixa de frequentar um negócio por ser de brasileiro. Se parar pra pensar isso é até natural e nós mesmos devemos inconscientemente fazer isso no Brasil também ao dizer que pastelarias de chineses são sujas ou não entram em lojas de gente com turbante com medo que explodam igual a Mareas.
10- Peculiaridades. Certas coisas são bem diferentes por aqui e podem passar batido ao brasileiro que não olhar com carinho mas são coisas que podem influenciar negativamente o empreendedor.
Aqui é frio. Estamos no outono e hoje está 7 graus e chovendo. Isso invitavelmente inibe as pessoas de baterem perna na rua. Gente que bate perna é gente que gasta dinheiro porque acaba passando na porta de lojas. Quando tinha loja no Brasil sofria muito com semanas de frio e chuva, o movimento caia consideravelmente mesmo para negócios perenes, acontece que isso acontecia poucas semanas no ano, aqui é assim durante a maior parte do tempo.
Aqui é quente. Contraditório porém verdadeiro. No verão nessa terra faz um calor de torra ro cu, fato que assim como o frio e chuva também inibe o vai e vem das pessoas.
Portas fechadas. No Brasil ao andar numa rua comercial voce entra e sai das lojas com facilidade porque afinal de contas as portas estão abertas, existem até sinonimos de empreender relacionados a isso: "fulano abriu as portas do próprio negócio". Aqui devido ao clima extremo as lojas são fechadas, voce sempre tem que abrir uma porta pra entrar. Isso inibe a entrada de gente porque dá trabalho ir numa loja e muitos, como eu, acabam ficando constrangidos de entrar numa loja e não consumir nada. Além disso prejudica a visualização da loja e impede o uso de coisas que atraem pessoas como promoções de ponta de gondola ou mesmo uso de músicas e narradores.
Baixa desigualdade social. Aqui o peão da fábrica ganha 700, o enfermeiro 900, o médico 2000. Embora isso contribua muito para a qualidade de vida, principalmente dos pobres, estrangula o consumo de quem ganha mais porque voce pode chegar a pagar mais de 50% de imposto de renda se ganhar bem. Além disso tem menos gente com renda fora da curva como acontece no Brasil. No Brasil temos uma massa ganhando 2000 mas também temos muita gente ganhando 20.000. Aqui não tem isso.
Todos tem acesso a tudo. O pobre tem acesso a medicamentos gratuitos assim como no Brasil mas aqui ele consegue seu remédio na mesma farmácia que o presidente da república, só não paga por ele. Os filhos do pobre tem acesso a material escolar paga pelo governo através de vouchers que são trocados em qualquer papelaria. O governo também paga por tratamentos dentários dos mais pobres através do mesmo sistema de vouchers. Aqui não tem Pão de Açúcar ou outros mercados premium porque voce compra produtos nobres no Lidl que é low cost. E muito difícil empreender por nicho social como acontece no Brasil onde voce pode ter um mercado popular ou uma lanchonete gourmet.
Brasileiro é descontrolado com dinheiro. Isso é bom por dois motivos. Se seu cliente é descontrolado com dinheiro vai gastar mais, pesquisar menos e aceitar pagar mais caro. Se seu concorrente é descontrolado e voce não ele terá mais chances de quebrar rapidamente deixando mais mercado pra voce. No Brasil é extremamente comum nego misturar PF com PJ, não sei como isso é aqui mas o fato do brasileiro empreender nas coxas é um ponto favorável pra quem tem um pouco de dinheiro, um pouco de planejamento e dinheiro. Não é preciso muito para se sobressair e ter uma empresa mais saudável.
Idioma. voce nasceu no Brasil, logo fala portugues, certo? ERRADO!!! O que voce fala é IDIOMA BRASILEIRO, sim, aqui em Portugal todos dizem que brasileiro fala brasileiro e que esse é um idioma muito parecido com o portugues, por isso nos entendemos bem. Nossa versão do portugues é muito diferente do de Portugal, isso não é um problema para ser entendido porque os portugueses tem muito contato com cultura brasileira e estão acostumados em lidar com gente do mundo inteiro mas o oposto é sim um desafio. Voce não terá problemas para entender Ines que é recepcionista de um hotel em Lisboa, ou Pedro, garçom de uma casa de "
francesinhas" no Porto porque eles estão acostumados com turistas e falam de maneira mais pausada, limpa e com poucas gírias. Agora a partir do momento que voce está numa
Vilarinho de Samardã da vida, mermão, estará em apuros para entender o que Helder e Dona Conceição estão a falar. Parece mentira, mas a barreira da língua também existe por essas bandas.
Poderia continuar esse post por páginas e páginas mas já ficou demasiado grande. Acredito que agora já é possível entender o porque (desculpe a falta de acento) empreender em Portugal pode ser uma grande furada por mais que pareça fácil. Tudo isso que escrevi também deve se aplicar aos outros países da Europa com agravantes da ainda mais complicada diferença cultural e de idioma. Nem falei de EUA onde todos dizem ser o país das oportunidades (e realmente pode ser) mas passa longe de ser um paraíso para empreendedores já que lá a galera gosta de torrar dinheiro mas a concorrencia é a mais competente do mundo, há muito dinheiro disponível para se investir em qualquer merda, etc.
Brasil é tão bagunçado que faz surgir muitas oportunidades e isso muitas vezes é ignorado por nós, somente é possível ver essas oportunidades de fora, é justamente isso que aconteceu comigo. Hoje vejo como fui um empreendedor de merda durante o tempo que tive loja, só sobrevivi devido ao oba oba da era PT e porque meus concorrentes eram piores que eu. Achava que estava abalando mas na verdade estava surfando nas ineficiencias brasileiras. Tenho certeza absoluta que não sobreveviria e muito menos ganharia dinheiro se tivesse empreendido da mesma maneira em Portugal. No Brasil qualquer Zé Ruela consegue se virar empreendendo, isso é óbvio pra mim hoje, mas nem sempre foi.
Abraço a todos que ficaram até aqui!
P.S. Falei, falei, falei e esqueci de falar sobre a "empresa" da Bia. Ela está tendo sucesso mas sabemos que é algo sazonal e que cai dentro de várias armadilhas acima mencionadas, sem contar que pra ser sustentável a longo prazo toda empresa deve rodar sem necessariamente o dono presente, o que não é o caso dela. Enfim, ela está surfando na onda enquanto existe.