quarta-feira, 28 de março de 2012

Empreendedorismo: comprando uma empresa em funcionamento 4ª parte : A Negociação e o Pagamento

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Continuando a nossa “épica” odisseia da compra de uma empresa, agora chegou a hora de fechar negócio. Você identificou a viabilidade do negócio e decidiu fechar negócio, e agora?

Da mesma forma que eu disse no tópico sobre precificação das empresas, cada ramo comercial tem um método de negociação e pagamento, ou seja, segue uma “praxe”. Por praxe, entende-se os hábitos de determinada coisa, nesse caso, os hábitos de negociação e pagamento. Um dos exemplos clássicos disso é a negociação de padarias, com o famoso “41 dias”, ou seja, uma parcela da entrada é paga 41 dias após a compra. Por que 41 dias e não 30 ou 42? Não tenho ideia!

No geral a praxe de pagamento é uma entrada de 50% com saldo em 10 à 20 parcelas (sem juros), isso é válido para a maioria dos negócios. A entrada costuma ser facilitada, ou seja, dificilmente será paga integralmente no ato do fechamento do negócio, podendo ser dividida em 2 ou 3 vezes, a serem pagas a primeira no ato e as demais no curto prazo, normalmente em 15 e 30 dias, no máximo. Também é comum a negociação de uma carência, ou seja, um determinado período onde não são feitos pagamentos das prestações, a carência costuma ser negociada em casos que o comprador não se sinta totalmente seguro com as afirmações de faturamento ou quando o comprador assume dívidas da empresa. Reparem que mesmo com essas negociações não são feitos ajustes de preço. Aliás, isso dificilmente ocorre e quando existem, não são atrelados a nenhum índice, são acertados entre as partes no ato da compra. 

Algumas vezes é possível comprar uma empresa sem entrada. Isso é muito comum com o que chamo de “trader” de empresas. Pessoas que compram uma loja quebrada, saneiam as contas, aumentam um pouco o faturamento (sem chegar no limite) e vendem. Para esses, o negócio não é a loja e sim a venda delas, por isso maximizam os lucros vendendo sem entrada e, obviamente, cobrando por isso. O preço final costuma ser 50% maior e o prazo de pagamento às vezes é o dobro, porém a grande vantagem para o comprador é não precisar dispor de recursos para bancar a compra. Além disso, o comprador pode ter a certeza que conseguirá pagar as prestações, por mais alta que sejam, já que o vendedor sabe o poder de pagamento da empresa e não quer deixar de receber.

Como meio de pagamento, normalmente o comprador paga a entrada com cheque ou dinheiro, porém é muito fácil colocar um carro ou uma propriedade no negócio. Na época que as linhas telefônicas valiam uma fortuna era comum a negociação usando-as como parte de pagamento. As prestações são representadas pelas boas e velhas “notas promissórias”, numeradas e discriminadas no contrato de compra e venda. Mensalmente o vendedor deverá sacar uma promissória com o comprador. Dependendo da situação, é comum o vendedor pedir um fiador, o qual costuma entregar cheques ou assinar notas promissórias para lastrear as prestações. Esses cheques ou promissórias vão sendo devolvidos à medida que o comprador efetua os pagamentos. Isso pode parecer rudimentar mas ainda é a praxe.

A legislação obriga o vendedor acompanhar o comprador no primeiro mês no dia-a-dia da empresa para comprovar faturamento e passar os macetes. Na prática isso só ocorre quando o comprador não é do ramo. O comprador pode dispensar o vendedor dessa obrigação a qualquer momento assinando um termo de dispensa que deverá ser registrado e anexado ao contrato.

É muito comum que o vendedor tenha recebíveis (chamados de ativos) como vendas pré-datadas, cartão de crédito, fiado, convênios, etc. Nesse caso há duas possibilidades: o vendedor pode segurar a conta corrente da empresa, realizando periodicamente o repasse das vendas que já forem do comprador até acabarem os recebíveis ou o comprador pode assumir a conta e realizar o pagamento dos ativos do vendedor numa data posterior ao último recebimento.

Bem, por hoje é só pessoal... No próximo episódio, entenda o perigo dos primeiros dias como propriOtário.

Postagens relacionadas:
Empreendedorismo: Comprando uma empresa em funcionamento 1ª parte: A Decisão

terça-feira, 27 de março de 2012

Por que minhas despesas são tão baixas?

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Os comentários da minha última postagem foram inesperados, muitos se assustaram com os baixos valores das minhas despesas. Então decidi escrever este para detalhar um pouco mais pra onde vai minha grana.

Primeiramente quero lembrar que o principal motivo das minhas despesas serem baixas é o fato de ter somente 2 pessoas morando em casa: minha esposa e eu. Como eu já comentei, não temos e nem teremos filhos, então, obviamente as despesas reduzem muito.

Os valores relatados são as despesas da casa, ou seja, aquilo que é gasto em conjunto por minha esposa e eu. As despesas individuais não estão computadas, assim como despesas esporádicas, porém individuais como anuidade de entidade de classe, multas (sim, tomou multa com o carro, então paga!), sindicatos, IR entre outros.

Habitação:
Condomínio (R$ 200,00): moro num apartamentinho minúsculo, num prédio extremamente minimalista, sem quadras, salões de festa e essas coisas. Portanto, o condomínio é até caro para o padrão da coisa.
Luz (R$ 40,00): A única coisa que fica ligada o dia todo é a geladeira, usamos lâmpadas econômicas, sempre apagando uma pra acender a outra (sou extremamente chato com isso), o chuveiro é a gás.
Gás (R$ 30,00): Cozinhamos bastante em casa, comemos marmita por opção quando estamos trabalhando. Usamos 2 ou 3 bocas do fogão durante 1 hora 3 ou 4x na semana. Além disso, temos o chuveiro, maravilhosamente quente e confortável.
Tv a cabo e internet (R$ 50,00): não precisamos de uma baita conexão. Assinamos o pacote básico de TV que inclui internet e telefone fixo que nunca usei (nem tenho aparelho).
Faxina: item muito importante. Só pagamos faxineira quando os dois estão trabalhando, como é o caso atual (ah, é mesmo, nem disse que eu comprei uma loja, né???). Durante meu período sabático adivinha quem fazia faxina em casa?

Saúde:
Plano de saúde (R$ 200,00): meu plano de saúde é básico. Poderíamos pagar um plano mais “recheado” porém como usamos pouco, não faria sentido. Se um dia for preciso (espero que não), podemos pagar algum plus separado.
Farmácia (R$ 100,00): somos jovens e saudáveis, não fazemos uso de nenhum medicamento de uso contínuo, portanto às vezes passamos meses sem entrar numa farmácia.Esse valor é mais uma provisão pra quando for necessário.
Veterinário (R$ 100,00): também é uma provisão. Meu cachorro é saudável mas vez por outra aparece uma surpresinha, além das vacinas. A ração é comprada com o dinheiro do mercado.

Lazer:
Fim de semana (R$ 300,00): na média duas baladas por m~es a 150 reais cada, incluindo valet (mal paulistano), ingresso e bebidas. Somos um casal, portanto não precisamos encher a cara pra arrumar companhia pra noite, então não gastamos muito: 2 ou 3 Heinecken, 1 ou 2 Coca Zero ou água mineral são suficientes. Boa parte das casas noturnas oferece desconto ou transformam o ingresso em consumação pra quem chega cedo, usem esse benefício.
Viagens (R$ 500,00): Ahhhh, viagens!!!! Que palavra doce, bonita... Somos viciados em viajar, esse é nosso fraco! 500 reais por mês são 6k por ano, o suficiente para uma ou duas viagens nacionais de 4 ou 5 noites de duração ou ainda 2 mini-cruzeiros. Esse dinheiro é usado para compra de passagens, hotéis e passeios. Compras do duty-free quando acontecem é a cargo de cada um.

Mercado:
(R$ 600,00) Muitos acharam meu gasto com supermercado muito baixo. Eu acredito que é alto para duas pessoas. 600 reais por mês são 20 reais por dia ou 10 reais por dia por pessoa. Não é pouco.
Fazemos compras semanais, usamos lista de compra, compramos quantidades compatíveis com o consumo e durabilidade dos alimentos, não compramos promoções (isso é besteira, quando temos grande quantidade de um item provavelmente iremos desperdiçar). Compramos carnes boas, de 1ª, são mais caras mas rendem mais e são mais saudáveis. Temos uma alimentação equilibrada, comemos poucas porcarias (salgadinho, bolacha, sorvete), você já somou quanto gasta com essas porcarias que só servem pra aumentar o “panceps”? Não compramos alimentos de grife: premium, extra, gourmet, essas coisas. Usamos produtos de marca própria quase sempre.
O consumo de produtos de limpeza é baixíssimo, e não tem a ver com falta de higiene não, rsrs. O apê é pequeno, logo o consumo também é. Nosso maior gasto é com desinfetante específico para o cafofo do cachorro, custa 40 reais, mas é super concentrado e dura muito.

Carro:
Combustível (R$ 200,00): esse valor já está acima do gasto atual, estamos usando menos o carro. Minha esposa vai trabalhar de ônibus e eu de bicicleta. Ela optou pela economia (teria que gastar 7 conto com estacionamento) e eu por saúde (preciso perder barriga!).
Manutenção (R$ 100,00): carro popular tem manutenção muito mais barata que outros mais sofisticados. Ex: você já comparou os preços de pneus aro 13 e aro 15?

Impostos:
(R$ 250,00) Acabei de descobrir que minhas contas estavam erradas, pra menos!
Descobri a roda! Após uma conta complexa que envolve fundamentos de física nuclear e química orgânica, descobrindo o delta da equação jogando na raiz cúbica dos números primos, descobri que posso somar o valor total dos impostos de janeiro, dividir por 12 e guardar essa quantia todo mês. Sou ou não sou um gênio?

Então pessoal, viram como minhas despesas são possíveis?




segunda-feira, 26 de março de 2012

Despesas x Poupança

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Esse mês muito se discutiu sobre valor de poupança a ser atingido, rentabilidade líquida, valor de aporte mensal, valor de retirada pós independência financeira, etc. Acho que a ferramenta mais importante para determinar todas essas variáveis é a despesa mensal. Você precisa saber quanto gasta para determinar quanto precisa de renda passiva. Parece simples, mas não é. Com o passar do tempo, nossos padrões de consumo se modificam, gastamos mais dinheiro com algumas coisas e menos com outras. Então como saber quanto gastaremos daqui a 10 anos? Minha resposta: sei lá!

A pesar da impossibilidade de mensurar exatamente qual será nossa despesa futura e qual a influência da inflação (que não é igual a todos) podemos estabelecer uma variação desse valor baseada no estilo de vida pretendido. Se hoje você anda de busão e amanhã quiser andar de Porsche, com certeza sua variação de despesa será enorme, obvio... Particularmente pretendo manter minha vidinha de pacato cidadão.

Levo uma vida frugal, gasto pouco dinheiro com despesas fixas, moro num apartamento próprio, quitado e do tamanho da minha necessidade, meu carro não é lá essas coisas, mas nada que uns 15 ou 20k não resolvam. Acredito que minhas despesas daqui há 10 anos serão proporcionalmente semelhantes as de hoje, o item que terá maior elevação é o lazer, obvio. Adoro viajar, quando eu atingir a IF, vou usar boa parte do tempo livre para viajar, isso é fato. Quanto isso vai representar de aumento de gastos? Não sei! Não vejo como mensurar isso no dia de hoje, mas acredito numa variação de 50 à 70% para cima.

Atualmente as despesas de casa são essas:

Habitação
condomínio, luz, gás, tv a cabo, internet, faxina
450,00
Saúde
plano de saúde, farmácia, veterinário
400,00
Lazer
saídas de fim de semana, viagens
800,00
Mercado
compras de mercado, padaria (não inclui restaurantes)
600,00
Carro
combustível, manutenção
300,00
Impostos
IPVA, IPTU, seguros, licenciamento (não inclui IR e entidade de classe)
300,00
total
2.850,00



Cerca de 20% desse valor é pago por minha esposa, essa razão tende a aumentar com o aumento da renda dela. Despesas do dia-a-dia, roupas, anuidade de entidade de classe e supérfluos são pagos por cada um, não dividimos, cada um gasta como achar necessário. No meu caso esses gastos não ultrapassam 300 reais por mês.

Percebam que nossos maiores gastos são com lazer e mercado. Não abrimos mão de sair no fim de semana, viajar uma ou duas vezes no ano e comer um alimento de qualidade. Não sou talibã, se algum desses valores for ultrapassado, outro acaba cobrindo. Por exemplo, posso gastar mais de 600 reais no mercado, mas o gasto de combustível tem que diminuir. Confesso que esse balanceamento é feito com muita naturalidade, não vejo problemas em conter as despesas dentro desses parâmetros, até porque esses valores não são bem cotas e sim a média dos respectivos gastos nos últimos 12 meses. Eu quero me aposentar cedo, mas quero viver bem enquanto isso não acontece.

Dentro dessa realidade, uma poupança de 300k rendendo 10% ao ano seria o suficiente para minha esposa e eu nos livrarmos do trabalho no dia de hoje. 500k seria suficiente para o futuro, acredito que em 4 ou 5 anos conseguirei esse valor. Por mais que eu pare de trabalhar, uma rendinha extra sempre virá, um bico aqui, outro ali, um rolinho de carro, uma comissãozinha da venda de um imóvel de um amigo, essas coisas sempre acontecerão, então não penso em viver somente da renda passiva. Arrumar um emprego temporário visando comprar algum item de valor alto, como trocar o carro ou fazer uma grande viagem, sem depender da renda passiva, também é perfeitamente viável.

E você? Modificará muito seu padrão de vida quando atingir a IF? Vai viver somente da renda passiva? Vai trabalhar no que, ou não vai trabalhar mais?


sexta-feira, 23 de março de 2012

Link. Você quer ser empresário?

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Hoje saiu uma matéria, curta porém abrangente e realista no Clube do Pai Rico falando sobre o preparo necessário para se tornar empreendedor. Acho que veio a calhar com o assunto que estamos debatendo.


Só não concordo no ponto que o autor diz ser necessário inovar para ser bem sucedido. É claro que boas ideias novas possuem grande chance de sucesso, mas investir em negócios tradicionais é muito rentável, mesmo com concorrentes e sem nenhuma inovação. Afinal, todo mundo vai continuar comprando pão, roupa e remédio.


Segue o link:


http://www.clubedopairico.com.br/colunistas-voce-esta-pronto-para-se-tornar-um-empresario/11394?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+clubedopairico+%28Clube+do+Pai+Rico%29



quarta-feira, 21 de março de 2012

Empreendedorismo: comprando uma empresa em funcionamento: 3ª parte – A Viabilidade

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Você já decidiu virar empresário, localizou a oportunidade de negócio, levantou as certidões negativas da empresa via corretor e já concordou com o preço. Antes de negociar a condição de pagamento você deve fazer uma análise crítica da viabilidade do negócio. Nesse sentido, acredito que você deve ser pessimista, ou seja, o extremo oposto que uma pessoa costuma ser numa hora dessas. O que normalmente ocorre é o encantamento: o cara só vê as qualidades do negócio, se auto-bloqueia para ver os defeitos.

Antes de mais nada atente-se se o negócio é realmente bom, ou seja, se você terá lucro. Independentemente do motivo pelo qual você decidiu virar empresário eu imagino que você vai querer ganhar dinheiro. Você deverá descobrir a viabilidade do negócio. Como descobrir? Aí que entra o feeling, análise de mercado e matemática.

O feeling é importante, porém subjetivo. O perigo mora aqui, como eu disse, você pode estar encantado e não ver a realidade. Por exemplo, ao fazer uma consulta de certidão negativa, aparecem débitos que o proprietário diz não conhecer. Isso pode realmente ser verdade ou também pode ser que ele esteja encobertando algo pior. O encantado acaba por não considerar essa segunda opção, acreditando totalmente no vendedor. Se você faz essa análise com pessimismo, vai pensar que o vendedor está te enganando, o que pode te blindar, caso essa seja a verdade. Nesse caso eu aprofundaria a pesquisa um pouco mais.

Análise de mercado é um nome complicado para atitudes simples. São exemplos de análise de mercado:

  Ø  Pesquisar a existência de concorrentes: o que eles tem de melhor e o que são deficientes. Aproveite que seu rosto ainda não é conhecido, entre nas lojas concorrentes, faça compras, analise os preços, atendimento, conservação da loja, essas coisas.

  Ø  Local em decadência. Muitos centros comerciais simplesmente morrem. Isso é muito comum, posso citar N regiões aqui em São Paulo. Isso acontece por vários motivos: aumento da criminalidade, fechamento de indústrias, obras públicas que acabam por bloquear ruas, etc. Os principais sinais disso são: grande quantidade de salões fechados com placas de aluga-se em uma região que teoricamente deveria te-los todos preenchidos; lojas de atividades tradicionais como padaria, açougue e farmácia de grande tamanho físico porém pouco estoque, instalações mal conservadas e falta de produtos e presença de um centro comercial forte a poucos metros (indica mudança de zona comercial). Normalmente o vendedor de uma empresa numa região dessa mostra relatórios com movimentos impressionantes (de 2 anos atrás) e diz estar vendendo por cansaço, problema de família ou algo do gênero.

  Ø  Conversar com os comerciantes vizinhos. Numa fase mais avançada da negociação é interessante conversar com outros comerciantes da região a fim de sondar a qualidade do ponto, tipo de público, etc. Cuidado para não parecer chato, jamais faça perguntas sobre a empresa dele, lance questões genéricas.

  Ø  Sonde a região em diversos dias e horários. Ande de carro ou a pé numa segunda feira pela manhã, num quarta a tarde, num domingo (caso a empresa abra de domingo), num feriado, etc. O que você enxergar pode ser um defeito ou uma qualidade, mas com certeza pode te dar informações importante para você bater com os dados fornecidos pelo vendedor.

A matemática será usada para fechar o diagnóstico de viabilidade do negócio. Particularmente acredito que ao comprar uma empresa em funcionamento, ela deve começar a ser lucrativa no máximo 6 meses após a compra. Se você monta a partir do zero, um ano é um bom prazo. Atente para esse fato, durante esse período de amadurecimento você não estará trabalhando de graça, você estará PAGANDO para trabalhar. Isso mesmo! Você precisará injetar um capital na empresa, seja na compra de equipamentos, matéria prima, mercadoria, reformas, etc. Junte a esse capital, uma boa quantia para capital de giro, isso é fundamental para manter as contas em dia. Resumindo, para comprar uma empresa você precisará investir o valor da compra, do capital de giro e da injeção para crescimento. 

Considero que após o período de amadurecimento, o retorno desse capital deverá ser superior à 5% ao mês, caso contrário não é um bom negócio. Veja bem, você investe, sei lá, 150k, fica meses sem ganhar 1 real em cima desse capital, trabalha 12, 14 horas por dia, fim de semana e feriado pra ganhar menos de 7k de retorno? Você acha isso bom negócio? Esse é o principal fator que compromete a viabilidade das franquias, mas isso é assunto pra outro dia...

Quero dizer para nunca deixar o coração passar por cima da razão. Esse erro pode ser gravíssimo, vai te custar muito dinheiro e principalmente muito tempo, Você investirá muitas vezes anos de trabalho, o retorno deve ser certo. Devo informar que a maioria dos negócios disponíveis para venda são inviáveis, ainda mais para alguém que não tem experiência técnica no ramo, mas não desista, faça a coisa com o pé no chão e a chance de dar certo será muito maior.

terça-feira, 20 de março de 2012

Carro, o assunto do momento

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Mais uma vez vou aproveitar o assunto do momento e dizer o que penso sobre carros. Em primeiro lugar, carro é uma máquina de gastar dinheiro. Isso é um fato incontestável! Carro dá muita despesa, independentemente se for zero ou usado. O gasto costuma ser proporcional ao uso e aí que mora o perigo.  Normalmente os homens são mais tentados em comprar carro, pergunte a qualquer moleque de 17 anos que começou a trabalhar qual seu sonho de consumo. Provavelmente a resposta será CARRO.  É fácil comprar um carro, comprei o meu primeiro com 17 anos, meses depois de entrar no primeiro emprego, isso porque na época não haviam financiamentos fáceis como hoje.

Ter um carro é muitas vezes vantajoso financeiramente. Na região onde moro o transporte público é um lixo e caro, então sai mais barato ter e manter um carro que depender de ônibus. Isso sem contar o tempo economizado e a flexibilidade de viagens, baladas de última hora, etc. Carro começa a se tornar um problema quando é incompatível com a renda do proprietário. É muito fácil comprar um carro de luxo usado, custam menos que um popular zero quilômetro, quero ver manter um carro assim, a manutenção costuma ser muito mais freqüente e muitíssimo mais cara. Um amigo gastou 4 mil reais numa manutenção de rotina dos freios do seu A3 (eca! Carro de favelado metido a besta, só serve pra pegar piriguetes funkeiras), fiz o mesmo serviço no meu popular por 400 reais. Carrão é ilusão, e a molecada costuma cair nessa, gastando fortunas pra deixar a “viatura” andando. Claro que aí começam as gambiarras, nem sempre muito seguras.

Não é todo mundo que precisa de um carro, muitos sustentam uma caranga que fica a semana toda na garagem, andam 200, 300km por mês. Nesses casos é muito melhor alugar um carrinho no fds, sai mais barato, não precisa se preocupar com manutenção, seguro e ainda dá pra variar.  Ou se fizer questão de ter um, comprar um com mais de 20 anos pra não pagar nem IPVA nem seguro.

Caso você use o carro diariamente, é mais inteligente comprar um popular completinho 0Km e ficar com ele uns 5 ou 6 anos. Dessa forma, a desvalorização é diluída no decorrer do tempo; além disso aproveita a melhor característica de um carro zero: pouca manutenção. Seguindo as revisões de fábrica você sempre terá um carro pronto pra viajar com custo muito baixo. Não é recomendado, mas um carro zero “sobrevive” até 50.000km somente com troca de óleo, alinhamento e balanceamento sem nenhuma visita à concessionária. Digo isso porque eu já fiz isso! Depois vendi sem nenhuma manutenção feita, para uma loja que provavelmente abaixou o hodômetro e o vendeu como semi-novo, o novo proprietário provavelmente acreditou que o carro estava “zerado” e após o término da garantia teve péssimas surpresas. Comprar um carro usado é loteria, pode pegar um muito bom, como pode pegar um péssimo. Novamente vou usar um exemplo próprio: vendi o tal semi-novo de 50.000km e peguei outro semi-novo com 15.000km. Esse já deu muito mais despesa que o antigo, provavelmente trocaram umas peças dele por outras com defeito. Ou seja, me ferrei!

Como o Pobretão disse, é muito difícil para um homem solteiro não ter carro. A minha vida adulta toda foi com carro, e fico pensando em quantos "esquemas" o carro me ajudou. Aliás, acho que só estou casado devido ao carro. Então, eu recomendo que todo homem, jovem, solteiro compre um carro, qualquer que seja, desde que não prejudique a vida financeira. Nesse caso é investimento, sem retorno financeiro, mas com retorno afetivo.

O Vivendo de Dividendos também comentou o assunto, deu bons exemplos, achei um pouco exagerado ao citar a compra de um carro zero como babaquice. Acho que cada caso é um caso. Imaginem um vendedor que roda 200km por dia comprar um Audi. Imaginem o custo de manutenção, seguro, combustível... Nesse caso é mais vantagem comprar o Celta zero: econômico, seguro barato, manutenção barata, etc. Cada um é cada um, amigos!

Um dos meus ideais de vida é morar num local melhor servido por transporte público e abrir mão de ter carro. Sim, meu sonho é não precisar de carro. Terei no máximo uma moto 125. Enquanto isso vou torrando uma boa quantia anual com meu carrinho...

sábado, 17 de março de 2012

Empreendedorismo: Comprando uma empresa em funcionamento 2ª parte: O Preço

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Hoje vou falar da formação de preço das empresas de varejo.

O preço das empresas de varejo é formado multiplicando o faturamento por determinado fator, que varia de acordo com o ramo, quanto mais lucrativo, maior esse número. Essa forma de precificação pode não ser a mais justa, já que dentro do mesmo ramo há empresas com rentabilidades diferentes, mas é o consagrado e também mais prático, eliminando consultorias e outros gastos de tempo e dinheiro. Não podemos esquecer que ainda hoje é muito comum empresas do varejo que não possuem controle informatizado de vendas, estoque, rentabilidade, etc. Isso impede uma análise mais rebuscada que possa precificar de maneira mais coerente. Exemplo:

Padaria: o fator costuma ser entre 4 e 5, ou seja, uma padaria com faturamento de 50k é avaliada entre 200 e 250k.

Lava-rápido ou estacionamento: o fator costuma a ser acima de 10 (devido á grande margem de lucro);

Lanchonetes, perfumarias e pet-shops: o fator varia de 3 à 5. A rentabilidade pode variar muito de acordo com o tipo de produto vendido e serviço prestado.

Esse fator de precificação pode variar de acordo com o meio de pagamento: para baixo nas negociações com prazo menor e para cima nas negociações com prazo maior. Vou falar disso em outra postagem.

Normalmente o vendedor coloca o preço, não raro o faz totalmente fora do mercado, com esses é melhor não perder muito tempo. O típico vendedor com essa atitude é o pré-aposentadoria: o senhor trabalhou a vida toda naquela empresa e acha no direito de pedir horrores pela loja, normalmente isso ocorre por dó de vende-la. Outro típico vendedor dessa categoria é o “iludido”, geralmente alguém que trabalhou a vida toda numa multinacional, se aposentou ou foi demitido, pegou uma bolada, investiu tudo numa empresa e sem conhecimento quebrou. Esse super-valoriza sua loja para recuperar o prejuízo. Essas são pessoas difíceis de se negociar. Nesses casos, a presença de um corretor especializado pode trazer o comprador de volta à Terra e as vezes dá negócio.

A variação de preço embute individualidades de cada empresa: ponto, conservação das instalações físicas, qualidade e quantidade de equipamentos, tipo de faturamento (tipo de produtos vendidos ou serviços prestados), presença de dívidas, etc. Falando em presença de dívidas, comprar uma empresa endividada pode ser ótimo negócio. Normalmente o vendedor está passando por dificuldades financeiras, e acaba fazendo qualquer negócio, você pode assumir as dívidas, parcelando-as ou quitando a vista, após saneada, a empresa fica novamente rentável, mas isso exige experiência e feeling.

Os melhores negócios normalmente não estão nos classificados de jornal ou na internet e sim no boca-a-boca das pessoas do ramo. As melhores oportunidades costumam ser apresentadas para quem já tem uma empresa no ramo ou para trabalhadores dessas empresas. Isso acontece porque a negociação quase sempre é sigilosa, não é legal um funcionário saber que o patrão está vendendo a loja, portanto as ofertas muitas vezes são feitas na surdina. Isso não quer dizer que procurar um negócio no jornal é errado, pelo contrário, as grandes imobiliárias costumam ter departamentos especializados na compra e venda de empresas o que é especialmente interessante para quem não é do ramo.

A forma de pagamento e os trâmites das negociações fica para uma próxima postagem onde também vou falar sobre os tipos de empreendedores.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Enquanto isso na blogosfera...

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Eu disse na última postagem que falaria sobre a precificação dos comércios. Vou postergar um pouco esse post pra falar de outras coisas.

Como eu disse, estou comprando outra empresa, então estou lendo bastante sobre empreendedorismo, daí surgiram alguns assuntos que eu gostaria de comentar. O primeiro é a falsa ilusão que as pessoas têm da figura do microempresário. A maioria das pessoas enxerga esse cara como o pintado no Pequenas Empresas Grandes Negócios todo domingo pela manhã: o cara inquebrável que investiu 1 real há 2 anos e hoje tem um faturamento de 1 trilhão de reais por dia exportando para 697840 países do mundo. Isso acontece? Sim. Vai acontecer com você? Provavelmente não.

O microempresário padrão começa com pouco dinheiro, trabalha absurdamente muito durante algum tempo e com sorte, consegue manter uma empresa mediana com uma carga de trabalho acima do normal, geralmente acima das 80 horas semanais. Ganha mais dinheiro que um empregado? Claro! Caso contrário não valeria a pena. Fica rico? Provavelmente não.

Quando você decide “abrir seu próprio negócio” (sem duplo sentido crianças!) não terá chefe, em compensação terá um sócio, aliás uma sócia, o nome dela é Dilma. O governo além de arrancar boa parte da sua margem de lucro ainda impõe N dificuldades para a prosperidade da sua empresa. Você terá que estipular metas, e pior, cumpri-las. Se você não cumprir, não será mandado embora nem sofrerá assédio moral, porém também não terá dinheiro no fim do mês. Não existe almoço grátis, você ganhará mais que a média, mas trabalhará mais também. Abrir uma empresa pensando que vai trabalhar menos ou que vai ganhar 30% no primeiro ano é pura ilusão.

Se você já atingiu a independência financeira, tem seus investimentos sob controle quer sossego e tempo disponível, não recomendo em hipótese alguma abrir ou comprar um empresa; mas se você quer alavancar uma grana, tem tempo e vontade de trabalhar eu recomendo que antes de se aventurar adquira conhecimento teórico para que quando chegar a hora, você ao menos não fique perdido. E nunca, jamais, invista toda sua grana num negócio. Faça um plano de negócios, veja onde você quer chegar. Quais seus objetivos? Criar uma empresa do nada e faze-la faturar milhões? Ter uma empresa que caminhe com pernas próprias sem a sua presença diária? Ter uma rede de lojas pra deixar de herança? Tudo isso é possível de ser feito, mas cada caso há uma peculiaridade. Se você não deseja ficar o dia todo, todos os dias na empresa, não vá exigir que ela renda 100% do possível; do mesmo modo você não pode ser centralizador e querer ter uma rede.

Outro assunto interessante que surgiu, como sempre com discussões acaloradas no blog do Pobretão, é o valor que devemos ter em empresas boas pagadores de dividendos para ter uma renda perpétua de 10k. Há comentários de todos os níveis e opiniões, coisa que acho extremamente saudável. Não vou entrar no mérito da correção dos cálculos ou se é melhor manter toda a grana na RV ou RF, porém acredito que a rentabilidade apurada é perfeitamente viável na RF, não justificando alocar em ações.

Particularmente, ainda não sei qual meu número mágico, mas está bem longe dos 6kk que o pessoal comentou. Há muita complicação envolvida. Tudo bem que sou o rei da conta burra, e que nem sempre elas são corretas, mas grosseiramente 600k me daria 48k ao ano (8% líquido de IR é viável), ou seja, 4k por mês, se eu gastar 3k (mais que meu gasto atual) ainda sobra um troco pra equilibrar a inflação. Eu digo que não sei qual minha meta de massa crítica porque não sei qual será meu gasto futuramente, provavelmente viajarei muito mais, então minha necessidade de dinheiro aumentará mas não sei quanto.

Pretendo usar o conceito de semi-aposentadoria do Investidor Defensivo, ou seja, após atingir uma determinada quantia de renda passiva, trabalhar muito menos apenas para igualar receitas com despesas. Uma alternativa seria usar a renda passiva para pagar o dia-a-dia e trabalhar um determinado período quando fosse necessário, por exemplo, trocar de carro, fazer uma grande viagem ou algo que demandasse uma grana mais alta. Sou frugal por opção, então acho essa minha idéia bem viável, já que por mais que minhas despesas cresçam, não será tão grande assim, afinal não terei filhos nem comprarei um carro com mais de 4 cilindros.

Aprendi que 90% dos planos que fazemos serão mudados no curto prazo. Portanto, não uso meu tempo para quantificar ou qualificar nos mínimos detalhes o meu futuro.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Empreendedorismo: Comprando uma empresa em funcionamento 1ª parte: A Decisão

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Quem acompanha o blog sabe do meu dilema: comprar uma empresa ou ser empregado. Já decidi, vou virar empresário novamente.

Tomada essa decisão há duas possibilidades a seguir: comprar uma empresa em andamento ou começar do zero, montando tudo novo. Eu fico com a primeira opção, mas não digo que a segunda é ruim, cada negócio é um negócio. Montar uma empresa do zero é mais apropriado pra quem quer ficar muitos anos com a empresa, deseja crescimento contínuo, etc. Eu só quero alavancar uma grana em alguns anos.

Na cabeça do leigo, um empresário vende sua empresa devido à motivos financeiros causados por ela mesma, ou seja, está quebrado e o negócio é inviável. Isso nem sempre é verdade, há inúmeros motivos para alguém se desfazer de um comércio: aposentadoria, mudança de ramo, remanejamento de investimento e também dificuldades financeiras que normalmente tem mais a ver com a incapacidade de gestão que com a empresa propriamente dita. Dependendo da situação, ótimos negócios podem aparecer. Há prós e contras:

PRÓS: a loja já tem faturamento, histórico com fornecedores, documentação em dia (teoricamente), presença junto ao público alvo, estoque formado, carteira de cliente, etc. Você já começa faturando no primeiro dia.

CONTRAS: tudo na vida tem um preço e quanto mais saudável a empresa for, mais cara será, contudo, mais segurança o comprador terá. O faturamento pode ser maquiado pelo vendedor, podem existir multas, débitos e outras “buchas” escondidas, o valor pode estar inflado por manobras comerciais muitas vezes imperceptíveis, existência de vícios comerciais, etc.

Os contras podem ser administrados, quanto mais experiência você tiver no ramo, mais difícil será alguém te enganar. O faturamento quase sempre é proporcional ao estoque, cabe uma avaliação por parte do comprador. Para empresas prestadoras de serviço, essa projeção já é mais complicada. Multas e outros débitos podem ser checados com certidões negativas, aqui vale uma observação, ao menos que você esteja fazendo negócio com alguém de sua total confiança, contrate um corretor para fazer a transação, ele saberá quais certidões são necessárias e principalmente, como tira-las. Alguns débitos não aparecem em certidões negativas como diferenciais de alíquotas não pagos, ou mesmo surgirem após a transação, como contestações trabalhistas; por isso é importante um contrato bem alinhavado de maneira a resguardar as partes. Possíveis débitos podem ser descontados das prestações, falando nisso, nunca compre uma empresa a vista, mesmo que você tenha todo o capital para isso, faça pelo menos algumas parcelas justamente para poder descontar algum "presentinho". É mais fácil você descontar de uma parcela que fazer o antigo proprietário pagar.

Ao comprar uma loja em funcionamento saiba que terá muito trabalho para coloca-la nos eixos, rodando da maneira que você quer. Os funcionários quase sempre tem vícios, isso quando não são desonestos, mas você precisará dos empregados antigos para pegar os macetes da empresa. A empresa pode ter uma carteira de cliente incompatível com sua maneira de trabalhar: clientes de fiado, chorões, resmungões entre outros não costumam trazer muito lucro pra empresa, logo devem ser eliminados. Esse negócio de todo cliente é bom é mentira. Alguns clientes dão prejuízo, mesmo gastando: gastam desnecessariamente o tempo dos funcionários, diminuem a margem de lucro dos produtos pra no final gastar pouco.

Na próxima postagem vou falar sobre a formação de preço dos comércios.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Debêntures: novidade na Renda fixa

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Hoje pela manhã, ao abrir o Reader, me deparei com uma matéria do Valores Reais sobre a emissão de debêntures pelo BNDESPar. Eu não sabia muito sobre essa modalidade, então fui pesquisar.

O que são debêntures?

Debêntures são títulos de crédito emitidos por empresas, nesse caso, o BNEDSPar, braço do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que possui participação em diversas empresas, entre elas a Vale. As debêntures possuem vencimento pré-definido, a possibilidade de revenda antes do prazo de vencimento depende da aceitação no mercado secundário. Há debêntures simples e conversíveis em ações, ou seja, letras que podem ser trocadas por ações da empresa na data do vencimento. O investidor possui como garantia o patrimônio da empresa.

Emissão, validade, remuneração e tributação

A última emissão de debêntures pelo BNDESPar foi em 2010. O período de reserva para pessoas físicas termina em 03/04/2012. A compra deve ser feita por um agente de custódia, pesquisei no site da Banif (minha atual corretora) e já há disponibilidade de compra, sendo que o início de negociação será 23/04/2012.

Os títulos emitidos serão de 3 modalidades:

  Ø  Série A: pré-fixada
  Ø  Série B: flutuante, com remuneração baseada nos contratos futuros de DI
  Ø  Série C: IPCA + juros pré-fixados até o limite de 0,7% acima da NTNB150820

Os investimentos são a partir de R$ 1.000,00, com vencimento em 01/07/2016 para as séries A e B; 15/05/2019 para a série C.

A remuneração desses títulos tende a ser maior que os títulos públicos equivalentes. A primeira série tem teto de rentabilidade definido em DI + 0,7% e a terceira paga cupom de juros anuais a partir de 15/05/2014.

Histórico de rentabilidade das debêntures emitidas em 2010:

  Ø  Série A: 12,51% a.a.
  Ø  Série B: DI + 0,3%
  Ø  Série C: 6,3% + IPCA

Como eu disse, as debêntures tendem a ter rentabilidade maior que o TD (já que são sobretaxadas), com mesmo nível de risco, já que o credor é o Governo Federal, mas não possuem a taxa de compra (0,1%), taxa de cústódia da CBLC. A taxa de cústódia semestral é de R$ 6,90 e pode ser zerada, caso você possua ações na corretora.

A tributação é a mesma da renda fixa, ou seja, 22,5%; 20%; 17,5% e 15% dependendo do prazo do investimento, sobre qualquer tipo de operação: venda, recebimento de cupom de juros, liquidação ou resgate. Observação: o primeiro pagamento de juros da 3ª série já estará na zona de alíquota menor (15%).

Particularmente acho que vou ficar fora dessa, preciso de liquidez, então foco minhas compras em modalidades que tenham resgate em 2 anos, pagando assim menos IR, mas com possibilidade de reinvestimento. Se minha massa crítica já estivesse formada, com certeza entraria na 3ª série devido ao recebimento de cupons de juros.

Fontes:

sexta-feira, 9 de março de 2012

[Off] As babaquices dos imóveis atuais

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Somos todos consumidores, e teoricamente, temos a chance de escolher o que queremos ou não consumir. Muitas vezes, para comprar algo que precisamos, somos obrigados a pagar por coisas totalmente desnecessárias.

Vejam o exemplo de imóveis. Você, morador de São Paulo, já experimentou comprar um apartamento novo que não tenha salão de festas, brinquedoteca, “espaço gourmet”, academia e piscina? Isso é missão impossível, não existe um empreendimento em Sampa que contenha somente o básico: quarto (ou quartos), sala, cozinha, banheiro e lugar pra guardar carro. Aliás, muitos abrem mão do básico (e necessário) em prol dos supérfluos, grande parte dos novos apartamentos de São Paulo possuem apenas uma vaga, mas tem todas as quinquilharias que relatei. Então, se você é casado, sua esposa (ou marido) terá que guardar o segundo carro da família na rua, isso é, se a região permitir, mas por outro lado poderá fazer pizza no forno a lenha pros amigos.

Esse conceito de condomínio-clube é um desperdício de dinheiro, quase ninguém usa efetivamente todos os recursos do condomínio, fora que normalmente esses agregados são cenográficos: academias com pouquíssimos equipamentos, piscina pequena, brinquedoteca sem brinquedos, etc. O desperdício de dinheiro ocorre duas vezes: a primeira no ato da compra, e a segunda, e pior, mensalmente ao pagar o boleto da taxa condominial. Claro! Tudo isso gera custo, manutenção, funcionários, e quem paga é você, usando ou não.

Eu me interesso bastante por engenharia e arquitetura, leio muito a respeito, principalmente sobre os prédios de São Paulo, alguns lindos e icônicos. E nessa busca de informação aprendi muitas coisas, entre elas que os construtores antigos eram muito mais inteligentes que os atuais. A começar pelo estilo dos prédios, hoje os prédios residenciais são caixotes com janelas. Antigamente eram obras de arte. O conceito de apartamento era mais racional:

Ø  Kitnetes: os conjugados são úteis para muitas pessoas: solteiros, casais sem filhos, pessoas que precisam de uma segunda moradia perto do trabalho, estudantes e pessoas minimalistas são beneficiados por esse tipo de moradia. O centro de São Paulo é povoado de prédios de kits, hoje, um apartamento desses em bom estado e num local menos ruim (leia-se: meio longe da cracolândia) vale uma fortuna, chegam a custar mais de 10k/m2, isso se você achar um para comprar. Com passos de tartaruga, alguns novos empreendimentos estão despertando para essa necessidade, lançando os chamados studios, nova nomenclatura para as kits. Hoje é cool morar num studio, obviamente os preços se elevam num ritmo maior que a construção dos prédios.Particularmente eu acho o conceito de kit extremamente inteligente.

Ø  Personalização de planta: durante os anos 40 e 50 era muito comum a possibilidade de escolha da distribuição dos cômodos já que a construção em concreto armado possibilita o remanejamento de paredes. Hoje, no máximo você consegue tirar ou colocar uma parede, antes você poderia escolher se sua cozinha ou a sala iria ficar na entrada do apê. O Edifício Viadutos (de Artacho Jurado) é um exemplo disso, o comprador tinha a possibilidade até de remover colunas, juntar 2 ou mais unidades, entre outros arrojos até para os dias atuais.

Ø  Áreas comuns na cobertura: grande quantidade dos antigos prédios paulistanos possui em sua cobertura áreas de uso comuns: salões de festa, piscina, pista de Cooper, etc. Tudo isso num espaço morto e não ocupando áreas que poderiam ser usadas com vagas de garagem ou locação para fins comerciais.

Ø  Áreas de locação: grande parte dos prédios residenciais de São Paulo construídos nos anos 50, possuem salões comerciais no térreo, o aluguel desses espaços contribui para a diminuição do valor da taxa de condomínio. Antes da lei Cidade Limpa, muitos alugavam suas fachadas ou coberturas para publicidade, infelizmente, muitos condomínios sofrem com essa perda de renda.

Infelizmente é raro encontrar um apartamento “pelado” pra comprar, o que obriga o consumidor a pagar por coisas que raramente vai usar. Não sei o que vem primeiro: a necessidade da construtora lucrar agregando valor ao imóvel ou a “necessidade” do comprador que exige esse tipo de coisa.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Anti-modelo: você também precisa de um!

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Lendo um post do Rafael  comecei a refletir sobre as atitudes financeiras da minha família. Sou filho de baby boomersbrasileiros, e talvez devido a tudo que passaram, essa geração costuma ter um comportamento no mínimo estranho em relação ao dinheiro.

Minha mãe tem curso universitário, mas nunca atuou ativamente na área. Durante a vida toda ganhou menos que o piso salarial da categoria, mas durante muito tempo, essa grana nos sustentou.

Meu pai tem curso técnico. Cresci vendo-o fazer besteiras financeiras: negócios errados com gente errada na hora errada. Ele é um negociante nato, entende da arte, aprendi muita coisa vendo-o, porém sabe ganhar dinheiro, só não consegue mante-lo. Jura de pé junto que todos os negócios errados que fez foram culpa dos outros, aliás, eu acredito que na cabeça dele essa é a verdade.

Durante minha infância e adolescência, vi meu pai quebrar e se levantar inúmeras vezes. Era sempre a mesma coisa: quando a grana acabava, vendia o carro e alguma propriedade (quando tinha) pra custear a vida, normalmente isso não era suficiente e recorria a empréstimos com amigos e agiotas. E lá iam anos das vacas magras. Quando a grana entrava, mais da metade era pra pagar cartões de crédito e agiotas, sobrava pouco pra entrar em outro negócio. Comprava um carro financiado, em casa havia fartura, até o próximo negócio dar errado e, vender o carro...

No início dos anos 2000, com a melhora da economia, meu pai finalmente se acertou, nunca mais quebrou, não está rico mas não passa mais aperto. Acredito que por mais cagadas que faça, não vai parar no fundo do poço novamente, afinal está mais velho e tem consciência que não pode se expor a riscos elevados. Porém continua fazendo coisas “estranhas”. Veja:

1-    Compra carro de 30k, financiado em 36x ou mais, sem entrada. Adianta meia dúzia de prestações, se gaba por ter economizado ”muita” grana. Após o término do financiamento, vende o carro e compra outro da mesma maneira. Resumindo: paga 50k num bem de 30k que será vendido por 20k.

2-    Tem todos os cartões de crédito que existem, e claro, paga anuidade de todos, já que pegar o telefone, ligar pra operadora e pedir isenção é “mendigar”;

3-    Não compra nada a vista, tudo parcelado. O lema é: “porque pagar agora se posso pagar depois”. Se a grana viesse de algum investimento aí seria bom negócio...
4-    Não viaja nem compra roupas porque não tem dinheiro, mas pagar juros num financiamento é com ele mesmo;

5-    Insiste nas idéias “anos 60”. Com certeza ele poderia ganhar muito mais se modernizasse seus métodos. É uma pessoa totalmente fechada a inovações.

Meu pai não é a única pessoa com esse comportamento, aliás, a grande maioria das pessoas nascidas nos anos 40 e 50 que conheço são exatamente da mesma forma e todos, sem exceção, passaram por situações semelhantes à do meu pai e acham que quebrar é algo totalmente normal e aceitável, e mais, que todo mundo vai quebrar um dia. Sai urubu!!!! 

Acredito que esse comportamento vem da falta de informação (hoje temos Google, eles tinham jornais censurados) e das fases hard core que o Brasil passou nos últimos 30 anos. Nós que estamos na faixa dos 30 anos somos privilegiados: temos informação disponível em quantidade imensa, um país estabilizado, uma política relativamente boa (ainda é um lixo, mas é muito melhor do que já foi), uma única moeda com todos os zeros originais há 18 anos e contato com outros que pensam da mesma maneira.

Quero chegar num ponto: aprendo muito vendo as coisas erradas que os outros fazem. Aprendi muito mais com os erros do meu pai que com seus acertos. Todos os amigos dele, meus tios e outras pessoas dessa idade quebraram de maneira estúpida, e eu aprendi com isso. Não cometerei o mesmo erro. Esse tipo de aprendizado não tem preço! Aprendi com o dinheiro dos outros e não com o meu, só por isso tudo já valeria a pena. Essas pessoas, e seus erros são meus anti-modelos, quando me deparo com alguma situação semelhante a que os vi passar, tento fazer exatamente o oposto e, costuma dar certo.

E você tem um anti-modelo pra seguir?

quinta-feira, 1 de março de 2012

Atualização mensal: Fevereiro/2012

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Esse mês decidi testar a nova moda da renda fixa, a LCI, até pouco tempo as Letras de Crédito Imobiliário eram oferecidas somente à grandes investidores, mas isso está mudando, vários bancos tem oferecido a modalidade pra quem quer investir quantias pequenas. A grande vantagem da LCI é a isenção de imposto de renda. A principal desvantagem é a falta de liquidez, mas isso tb ocorre para outras modalidades como os CDBs.

Investi R$ 5.000,00 numa LCI do Banco Sofisa (onde já tenho CDBs), que paga 91% do CDI em 3 meses. Decidi fazer esse com prazo curto porque pretendo usar essa grana pra entrar na bolsa quando eu terminar minhas leituras.

Resumo da carteira em 24/02/2012:

tesouro direto
3.079,00
cdb
11.113,00
lci
5.000,00
total
19.192,00
rentab do mês
0,69%

A rentabilidade não é a mensal, já que o período apurado é inferior à 30 dias, pelas minhas contas, a rentabilidade do mês será de aproximadamente 0,86% líquido. Felizmente está dentro da minha meta de 0,8%/mês.

O aporte foi menor que o esperado. Devido á minha viagem, não recebi toda a grana a tempo e o Sofisa não faz agendamento. Mesmo assim ainda estou à frente da meta mensal de poupança para esse ano. Veja o gráfico abaixo:
Se eu chegar em dezembro com os 100k pretendidos ficarei muito feliz, mas como disse, estou estudando sobre rv e pretendo dar uma turbinada nesse valor.


Lembro a todos que estou viajando, portanto demorarei pra responder os comentários, mas por favor, comentem. Os comentários são o combustível do blogueiro!