segunda-feira, 20 de maio de 2013

Enquanto isso na academia...

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Dia desses fiz uma viagem para tratar do meu novo negócio, estava de bobeira e resolvi fazer um pouco de esteira na academia do hotel. Chegando lá havia poucas pessoas, incluindo dois homens na faixa dos 50 anos conversando nas esteiras, um ao lado do outro. Subi na esteira vizinha a deles, coloquei o fone de ouvido e comecei o meu exercícios. Minutos depois comecei a ouvir as palavras: imóveis, bolha, investimentos, lucro... Aquilo me chamou atenção, desliguei a música mas permaneci na esteira, prestando atenção no papo deles que foi mais ou menos assim:

(nomes inventados)

Jorge: ...mas me conta, como começou?

Manoel: Ah! Foi em  2009, meu pai faleceu e deixou algumas coisinhas pra minha irmã e eu. Ela ficou com a casa onde ele morava antes de adoecer, uma casa grande mas um pouco derrubada no bairro X em Porto Alegre. A casa era muito bem localizada, moramos lá a vida toda e ele só saiu quando adoeceu e mudou pra casa da minha irmã. Pra mim ficaram 2 apartamentos. Minha irmã estava com aquele papo de bolha imobiliária na cabeça, isso é coisa do meu cunhado, e decidiu vender a casa. Acabamos fazendo um rolo, ela ficou com um dos apartamentos, voltei uma grana e peguei a casa. Fiz isso no primeiro momento devido ao apego sentimental por aquela casa, onde fomos criados...

Jorge: Ela acabou vendendo a casa por um preço bem inferior ao que valeria hoje né?

Manoel: Sim, mas ela estava com aquele negócio na cabeça... Passaram-se uns meses e eu não sabia o que fazer com aquela casa, o IPTU chegou e levei aquele susto, a casa só me dava prejuízo... Conversando com um amigo ele me sugeriu demolir a casa e aproveitar o terreno que fica num bom bairro residencial de Porto Alegre [nesse momento o Manoel ficou explicando a localização da casa]. Fiquei com aquela ideia na cabeça e comecei a pesquisar a respeito, pra resumir decidi demolir a casa e construir um predinho no lugar.

Jorge: Caramba! Pra quem era apegado a casa você tomou uma decisão radical, heim?!

Manoel: Ah, cara, quando tem grana envolvida... Não tinha grana pra tocar a obra, então vendi o outro apartamento da herança, fiz um rolo com meu filho mais velho, ele me comprou um dos apartamentos na planta por preço praticamente de custo. Não peguei 1 real emprestado em banco, aliás, nunca fiz isso, e comecei a obra. Antes mesmo do término, já haviam pessoas interessadas, não vendi nenhum durante a obra, mas logo que o habite-se saiu, todos foram vendidos.

Jorge: Mas naquela época estavam todos na euforia, facilidade de crédito, economia sustentável apesar da crise...

Manoel: Sim, mas no segundo [prédio?], foi praticamente a mesma coisa. Comprei uma casa velha, que ninguém queria na mesma rua e fiz o mesmo, não tem muito segredo, basta você dividir o valor pago no terreno pelo número de unidades, somar o valor da construção, os impostos e jogar a margem...

Jorge: Tá, mas a partir desse segundo você deve ter pago bem mais alto pelo terreno, não?

Manoel: Sim, claro, os preços dos imóveis inflaram muito, ainda mais nas capitais, mas dane-se, se eu pago caro pelo terreno, repasso ao preço do imóvel e meu lucro é o mesmo. Faço tudo com meu próprio dinheiro, pago tudo a vista, faço negociações, agora tenho um certo poder de compra... tudo isso acaba facilitando minhas contas...

Jorge: E a tal bolha, qual sua opinião?

Manoel: Pqp! Essa p... de bolha deve ser de aço né, nunca estoura, rsrs! Ah cara, não tenho opinião sobre isso, só sei que meu negócio vai bem, tenho mercado para meu produto, não tenho dívidas, se a obra atual encalhar devido a o estouro da possível bolha, o máximo que vai acontecer é eu ter que parar a obra, mas não tomarei prejuízo, tudo tá pago lá, não dou o passo maior que a perna, só toco uma obra por vez, não coloco todo meu capital numa obra só...

...meu produto tá acima do Minha Casa Minha Vida, quem compra normalmente já tem algum imóvel mais simples e quer fazer um upgrade, acabo pegando carro, até terreno no Paraná eu já peguei, pego qualquer coisa com preço bom e que eu consiga me desfazer rápido sem perder dinheiro...

...o foda é que o cara começa a ir bem, constrói um sobradinho, vende fácil, depois coloca o lucro em dois sobradinhos, vende, pega a grana toda, constrói um predinho, vende... aí o pessoal do banco começa a oferecer linha de crédito... o cara decide construir um de 10 andares, se atrapalha e fica com dívida milionária...

Bom, consegui tirar algumas lições dessa história:

1- Fique atento e haja com discrição, dessa maneira é possível captar muita coisa boa e quem sabe alguma informação privilegiada;
2- Minha fala repetitiva que “negócio que dá dinheiro é aquele que sempre deu” é verdadeira;
3- Não acredite nos profetas do apocalipse, estude os fatos e tire suas próprias conclusões dentro da sua realidade;
4- Oportunidades aparecem a todo instante, muitas vezes na nossa cara;
5- Guarde ideias legais no seu HD mental, uma hora essa ideia pode te ser útil.

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