domingo, 11 de outubro de 2015

Desacelerando

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Primeiramente gostaria de agradecer as palavras de incentivo que vários leitores deixaram nos comentários do meu último post, onde relatei os dias difíceis que tenho passado. É por essas e outras que ainda mantenho esse espaço. Mesmo com meia dúzia de haters imbecis, a esmagadora maioria dos meus leitores são pessoas do bem, que estão aqui pra agregar, não pra destruir.

Pois bem, as coisas pioraram ainda mais desde a última postagem, outros problemas surgiram o que afetou ainda mais minha saúde incluindo uma passadinha rápida no hospital pra tomar algumas injeções e comprimidos pra fazer minha pressão sair da casa dos 20 e também para levar um esporro do médico bicho-grilo tatuado e de sotaque estranho mais novo que eu que disse literalmente: "ou você desacelera ou será mais um no ranking dos homens de 30 anos que morrem por stress". Sério, fiquei assustado, não só pelas palavras e esporro muito bem colocado do médico mas também com a cara de desespero (misturado com ódio) da Bia que estava comigo. Percebi que tudo o que estou fazendo está errado, não me dará futuro.

O fato é que eu TENHO que desacelerar. Não há outra alternativa, todos os meus planos não serão concretizados se eu continuar nesse ritmo de stress simplesmente porque possivelmente não estarei aqui ou estarei com uma saúde podre pra usufruir. Preciso dar um jeito na minha vida, não quero isso mais pra mim. Bia e eu tivemos uma conversa muito séria e chegamos a conclusão que mais uma vez (que ódio eu tenho de errar a mesma coisa novamente) planejamos nossa vida de maneira muito audaciosa e detalhada ao mesmo tempo que não somos audaciosos e sabemos que não temos controle sobre os detalhes. Puta que pariu, como é frustrante se dar conta de algo tão simples!!!

A grande merda é que uma vez que se começa a ganhar dinheiro e descobre-se maneiras de multiplicar esse dinheiro mesmo tendo que enfrentar problemas. Num primeiro momento pensa-se que os problemas serão driblados com facilidade, que é tudo por um curto prazo e bla bla bla. Porém, a realidade é que temos uma aversão muito forte ao risco ao mesmo tempo que temos uma extrema dificuldade em lidar com ineficiência, burocracia e tempo perdido. Empreender é uma atividade de altíssimo risco aqui no Brasil, ainda mais com toda essa ineficiência estatal, o alto risco legal e a crise que estamos iniciando. O objetivo principal de multiplicar as lojas sempre foi ter mais dinheiro para colocar nosso plano de emigração em prática. Sem entrar no mérito de qual plano imigratório seria o mais apropriado o fato é que qualquer um deles esbarra num "pequeno" detalhe: a cotação do dólar. Com o dólar subindo ou ao menos instável, sem perspectiva de melhora no médio prazo nossos planos de emigração se tornaram inviáveis pois todos eles partiam do princípio da utilização de renda passiva proveniente do Brasil o que nos dia de hoje quer dizer menos dólar por real e mais risco a cada dia que passa. Ter renda passiva viável e segura no Brasil é algo, vamos ser francos, bem difícil. Então todo o esforço que eu vinha fazendo para manter as lojas de repente se torna inviável pois o objetivo principal se tornou inviável.

Concluímos que é hora de suspender nosso plano de emigração. Não desistimos, mas suspendemos. Suspendendo esse objetivo fica mais fácil de agir e é isso que já comecei a fazer. Vendi parte do meu estoque em excesso a um colega, logo minhas lojas agora estão praticamente com o estoque para o dia a dia. Fiz um remanejamento dos funcionários, vendi alguns itens de mobília, negociei recebíveis. As lojas estão oficialmente a venda, por um preço justo porque quero vender rápido. Não calculei quanto deixei de ganhar com toda essa operação, mas tenho certeza que não perderei dinheiro e ainda sairei com um bom lucro levando em consideração a carga de trabalho que tive no último ano. Infelizmente esse não é o melhor momento pra vender as lojas, mas foda-se, eu preciso fazer isso, caso contrário não terei saúde pra continuar. Empreender é gostoso somente quando você vê o dinheiro engordando a conta bancária, mas de resto é um exercício de frustração diária. Embora eu saiba fazer muito bem, não é algo pra mim.

E depois, o que farei? Não sei! Pode ser que eu me mande para os EUA com visto de estudante e faça como milhares: arrume um sub-emprego e vá ficando até "quando der"; pode ser que eu fique por aqui, compre um imóvel pequeno porém bem localizado, arrume um trampo na minha área de formação e leve uma vida classe média baixa; pode ser que eu me mande pro nordeste, para uma capital onde o preço dos imóveis é a metade de Sampa; pode ser que eu use toda a grana pra comprar paçoquinha... Sei lá, depois eu penso nisso, por pensar muito e planejar muito é que cheguei a esse ponto de esgotamento físico e mental. Só tenho uma certeza: quero levar uma vida mais simples a cada dia, quero minimalizar tudo o que for possível, quero curtir mais o presente e tocar o foda-se com o futuro. Do jeito que estou, não vou ficar.

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