quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Empreendendo com Simplicidade

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Um assunto muito interessante surgiu no meu último post. Um leitor perguntou como faço pra viajar se tenho empresas e devo permanecer de olho nelas, outros abordaram a questão de indicadores que podem ou não ser úteis na administração de um negócio. Hoje vou destrinchar um pouco mais esse assunto...

Sei que as vezes sou meio repetitivo, mas serei novamente hoje. Sou minimalista, tento levar tudo na minha vida da maneira mais simples possível, partindo desse princípio vou esmiuçar algumas opiniões que tenho sobre administração de empresas.

Deixar a empresa na mão de funcionários e viajar: nunca tive problema com isso, não tenho o menor apego com minhas lojas, nunca tive. As lojas são somente algo que me trazem dinheiro, mais nada. Ter loja não me traz prazer algum, não me desenvolve como profissional (muito pelo contrário, na última década abandonei minha profissão de verdade em prol de ganhar dinheiro com lojas), não tenho um "propósito", uma "missão" com minhas lojas, não quero transformar o mundo, melhorar o dia-a-dia das pessoas, nada disso. Eu só quero dinheiro, ponto final. Logo não vejo razão alguma em ficar com ciuminho, mi mi mi com minhas lojas... Se um funcionário fizer uma cagada, foda-se, se um funcionário me roubar, foda-se. Ter empresa é aprender a enfiar dinheiro no orifício corrugado, diariamente você perde dinheiro: impostos que você nem sabe o que está pagando, mercadoria que você perde por vários motivos, taxas e mais taxas, etc. Logo se eu perder um pouco porque meu funcionário me roubou estou cagando e andando... Não vale a pena esquentar com isso, não há controle absoluto sobre isso. O máximo que consigo fazer é tentar selecionar pessoas que aparentemente são honestas, manter um ambiente de trabalho que favoreça o funcionário e pagar um pouco acima da média, coisas que podem desestimular fraudes (veja, eu disse desestimular e não eliminar). Você acha que as grandes empresas fazem muito diferente disso? Já estive por dentro de uma empresa assim e sei que não muda muito, quem quiser roubar, vai roubar! Você acha que se o Sam Walton se preocupasse tanto com roubo de funcionário o Wal Mart seria o que é hoje? Então porquê caralhos eu vou esquentar com isso?

O outro assunto, os indicadores da saúde da empresa, aquelas siglas bizarras que os colegas investidores em ações sabem de cor e salteado e que eu não sei porra nenhuma. Não sei calcular, não sei o que são e pra que servem e mesmo assim minhas lojas sempre me deram lucro. Por quê? Essa é uma pergunta que vou tentar responder de forma simples: Porque não preciso! Esses dados são totalmente irrelevantes pro dia a dia de uma loja do varejo. Na minha opinião tudo o que você precisa pra ter sucesso no varejo é:

1- Um ramo "comum", ou seja, ter uma loja de algo que todo mundo compra, o pobre, o rico compra diariamente ou mensalmente, nada sazonal, nada revolucionário, nada inovador. Você não precisa reinventar a roda! Claro que seu o seu aplicativo pica das galaxias for descoberto pelo Google você ganhará quatrilhões de dolares mas qual a chance disso acontecer? E qual a chance de ter sucesso vendendo carne, batata, remédio, gasolina? Entende?

2- Um ponto que presta. Não adianta montar sua loja no meio do nada, no meio de uma vila sem comércio algum por perto, num lugar sem vaga de estacionamento, sem visibilidade, sem acessibilidade, etc. Não adianta pagar um aluguel barato se o ponto é um bosta.

3- Empresa deve ter lucro. Esse negócio de ter lucro negativo é coisa de empresa aérea e não consigo entender como conseguem. Sua lojinha deve dar lucro desde o primeiro dia, se isso não acontecer seu negócio não dará certo. Se você vende um produto por 10 reais ele deve custar 10 reais ou menos. Parece óbvio, mas tem muita gente perdendo dinheiro por aí na ilusão que queimar um produto vai trazer cliente, visibilidade or whatever. Esqueça, isso é tiro no pé. Se você não consegue manter uma margem de lucro decente porque seus concorrentes queimam mercadoria, retire-se do local ou mesmo saia fora do negócio.

4- Sua venda deve ter volume. Não adianta ter uma rentabilidade de 90% se você vende 1000 reais por mês. Se sua loja não tiver um volume decente de vendas não vai pagar aluguel, não vai pagar funcionários, impostos e muito menos seu pro labore. Vejo um monte de lojinha de 5, 6k de venda mensal sendo vendida. Porra, como você vai sustentar algo assim que na melhor das hipóteses vai te deixar 3, 4k BRUTO?!?!

5- Por último e mais importante: você deve saber um mínimo de matemática. Sim, matemática, aquela de primário (no meu tempo era primário), aquela matemática realmente útil que você aprende na escola até a 3ª série (depois disso só aprende coisa inútil pra encher linguiça). Você precisa saber somar, subtrair, multiplicar, dividir, fazer conta de porcentagem e mais nada. Lembre-se que você usará uma calculadora ou planilha pra fazer as contas propriamente ditas mas deve conhecer e entender como chegar no resultado desejado. Mais uma vez parece óbvio, mas conheço muita gente que não sabe isso, não tem noção de matemática básica, conheço gente que não conhece dinheiro, isso mesmo, parece não conhecer as cédulas e moedas (como acontece conosco no exterior). É amigos, o mundo está bem pior do que você pensa....

6- Trabalhar com dinheiro dos outros é coisa de empresa gigante, pobrões como nós trabalhamos com capital próprio SEMPRE. Acredite, 99% das empresas familiares, das pequenas redes de varejo e dos independentes de sucesso não usam dinheiro emprestado, eles crescem organicamente com auto-financiamento. Repense o lance de "dívida boa"...

Grande parte dos comerciantes de sucesso são semi-analfabetos mas eles são espertos o suficiente pra ter empresas de sucesso. Por quê?  A cautela e medo de fazer merda os fazem crescer melhor, todos eles seguem os 6 passos que relatei acima. O resultado são pequenas redes de mercadinhos regionais, farmácias de vila, bares e lanchonetes que bombam na mão de seus criadores e quebram quando caem nas mãos dos filhos formados na FGV com MBA na Casa do Caralho... Por quê? Porque eles querem goumertizar o negócios de seus pais e acabam fazendo merda. O jeitão tosco e simples dos velhos, que 100% das vezes nem sabem ligar um computador e fazem sua contabilidade na caderneta ou papel de pão SEMPRE dá certo.

Resumindo: sou militante pela desgoumertização da administração de empresas!

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