terça-feira, 10 de julho de 2018

Carro em Portugal - Parte 1

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Comecei a escrever esse post e acabou ficando grande demais, então dividi em duas partes. A parte 2 sai na sexta (se conseguir editar a tempo). Hoje vou falar um pouco sobre os carros portugueses e na próxima parte o processo de compra do meu carrinho. Vamos lá...

Um dos meus sonhos é não ter carro, sério, mesmo sendo amante de carros, tendo conhecimento acima da média, admirando diversos modelos. Como já disse aqui no blog, carro à muito tempo deixou de ser algo que me atrai para ser somente aquilo que realmente é: uma ferramenta que te leva de A para B. Quando decidi mudar para a Europa, era praticamente certo que não precisaria comprar carro, afinal a imagem que temos é que a Europa inteira é bem servida de transporte público. Em partes...

Como vim parar no interior de Portugal o sonho de não ter carro não pôde ser realizado, o transporte público nas grandes cidades e entre cidades portuguesas é excelente porém aqui pro interior é praticamente inexistente. Aqui na minha região todo mundo tem carro e as ruas são preparadas para isso, há estacionamento a vontade, quase sempre grátis, até parece um pouco com o que acontece nos EUA. Engraçado que não há trânsito! Mais um ponto a favor da baixa concentração demográfica.

Então durante o planejamento para a mudança decidi provisionar uma grana para a compra de um carro, além disso aluguei um para o primeiro mês, peguei esse carro no aeroporto, um Fiat 500, paguei € 90,00 para 27 dias de aluguel por esse site.

Assim que cheguei e as caí dentro da casa, comecei a caça ao carro. Meu orçamento de € 3.000,00 me permitiria escolher um carro dentro de uma gama variadíssima, afinal aqui há carros para todos os gostos e bolsos. Sério, há muito mais opção que no Brasil, creio eu que mesmo sendo um país pequeno Portugal se beneficia por estar dentro da Europa e aproveitar a gama de opções dos outros países.

No momento que escrevia esse texto era possível comprar um Peugeot 96 por € 250
(ok, motor falhando, mas é um carro que anda) - clique na imagem para ampliar

Confesso que fiquei bem perdido e sem saber o que fazer, visitei "stands" (lojas de carros) e percebi que os velhinhos vendidos em lojas são quase sempre bem caros, coisa do dobro do preço praticado por particulares. Mesmo sendo caros a maioria não tem garantia, e se você deseja garantia deve pagar a parte, coisa de € 500,00 por 1 ano de garantia. Desanimei de loja e decidi arriscar e fazer aquilo que muitos podem achar loucura: procurar um carro de particular em anúncio de internet. Aqui em Portugal os principais sites de anúncios de carros são:


Comecei a fuçar todos os sites, filtrando pelos carros da minha região. Mesmo assim a escolha estava muito difícil devido à grande variedade de opções. Meu lado fan boy de carro ficava buzinando na orelha para comprar um carro "da hora", uma BMW ou Mercedes, mas ainda bem que a razão falou mais forte e fugi dessas buchas. Ok, você compra uma BMW por € 3.000,00 mas vamos ser francos, não será uma BOA BMW...

Combustíveis

Outro problema era o combustível. Ao contrário do Brasil, aqui há carros à diesel, sendo que pelo menos 60% são à diesel, calculo que 30% são à gasolina e os 10% restantes ficam com os à GPL (gás) e híbridos. Diesel sem dúvida é uma excelente opção porque custa mais barato que a gasolina e rende mais. Basicamente um carro que faz 17 Km/L de gasolina (€ 1,50/L) fará 25 Km/L se tiver um motor à diesel (€ 1,30/L), porém a manutenção do diesel é bem mais cara e eles possuem turbinas, filtros de partículas e outras complicações técnicas que podem ser sinônimos de dor de cabeça. Além disso um mesmo modelo à diesel custa até 3x mais caro que à gasolina, o que no frigir dos ovos pode sair mais caro dependendo do tipo de uso que você fará. 

Veja essa comparação, detalhe que o Corsa à diesel além de ser mais caro é também bem mais rodado (desculpe minha edição de imagens tosca feita no paint):



Carro à diesel tende à ser bem mais rodados que um similar à gasolina justamente pelo fato do combustível ser mais barato e render mais. 

Os carros à GPL (gás) também são bem populares e possuem uma vantagem em relação ao Brasil, como o step não é obrigatório, existem kits de gás cujo tanque vai no lugar do step, nesse caso você anda com um kit de reparo (spray com espuma vedante e um compressor que liga no acendedor de cigarros) e não perde espaço no porta-malas.

Interessante, não?
Há também outras diferenças entre o GNV brasileiro. O GPL é na verdade uma mistura de propano e butano, como o GLP (gás de cozinha) brasileiro, ao contrário do GNV que é metano (tá, eu sei, pura nerdice). O GNV é vendido no Brasil ao metro cúbico e tende a ter um rendimento por metro cúbico melhor que a gasolina por litro, por exemplo um carro que faz 17 Km/L de gasolina fará uns 20 Km/L de GNV. O GPL português é vendido por litro e tem rendimento inferior à gasolina, um carro que faz 17 Km/L de gasolina fará uns 14 Km/L de GPL. Entretanto o GPL custa menos da metade do preço da gasolina (hoje, € 0,60/L contra € 1,50 da gasolina ). Assim como nos EUA, aqui a maioria dos postos é self-service e inclusive o GPL é você que abastece usando uma válvula que somente agora está sendo padronizada para uso em toda Europa. Os bocais de abastecimento de GPL são sempre junto ao da gasolina, não havendo necessidade de abrir o capot do carro.

As desvantagens do GPL é pagar mais caro pela inspeção anual (não sei ao certo quanto mais caro), ser proibido de estacionar em alguns estacionamentos cobertos e ter que usar um "dístico", um adesivo que deve ser colado na traseira do carro

Que merda, heim?
Porém esse lance do dístico azul está mudando, os carros mais novos saem com um selo verde colado no para-brisa (esteticamente muito melhor) e a proibição do estacionamento coberto está sendo revista. Existem muitos carros zero vendidos com GPL, a Dacia (linha low cost da Renault: Sandero, Logan, Duster) e Opel (Chevrolet: Corsa, Astra, Zafira) oferecem quase toda a linha "bi-fuel" que é como chamam os GPL aqui.

Carros à GPL costuma custar nada ou pouco mais caros que seus semelhantes à gasolina porém as desvantagens estão na alta quilometragem e possíveis tormentos que um kit adaptado antigo pode causar. Esse foi o motivo de não optar por esse combustível num primeiro momento. Sou muito a favor desse combustível, tive carro GNV no Brasil e adorava, não tem nada das viadagens de perca absurda de potência e morte do motor como dizem...

A gasolina "simples" tem 95 octanas, para ter uma ideia, a octanagem da gasolina brasileira e americana é 87. Existe também gasolina 97 que é a mesma octanagem da podium brasileira, essa custa uns € 0,10 a mais. É possível encontrar gasóleo (diesel) e gasolinas aditivadas. O combustível mais barato costuma ser das "gasolineiras Jumbo", postos de combustível do mercado Jumbo, porém as outras redes como Repsol e Galp oferecem descontos de diversos tipos: fim de semana, associados à cartões de supermercado, etc. O bico de gasolina costuma ser sempre verde e o diesel preto, isso para não confundir as pessoas. A gasolina vendida em Portugal é uma das mais caras da Europa, abasteci na Espanha por € 0,15 a menos por litro, o cheiro da gasolina não é "gostoso" como no Brasil (completamente diferente) e é transparente, nada de gasolina amarelinha. A porcentagem de álcool é de no máximo 5%.

Na segunda parte, explico como foi a compra do meu carro, até lá...

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