sábado, 6 de junho de 2015

Um Experimento Capitalista

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Meus funcionários ganham bem, no mínimo 30% acima da média de mercado, sendo que alguns chegam a ter um ganho 120% maior que o mercado. Não dou muitos benefícios, somente o básico, mas faço-os perceber que não vale a pena ter benefícios, que é muito melhor ganhar mais e decidir com gastar seus salários. educo meus funcionários com a cabeça capitalista e de livre mercado: se você trabalhar duro, ganhará bem e terá o poder de decisão sobre seu dinheiro. Se você não se esforçar, ganhará pouco e será substituído. Meritocracia aplicada, somente isso.

Grande parte do salário dos meus funcionários, sejam eles auxiliares ou gerentes, é proveniente de renda variável baseada no desempenho da loja em diversos tópicos: venda, rentabilidade, inventário, limpeza, apresentação pessoal, etc. Faço avaliações constantes e atribuo peso a cada um desses tópicos. Infelizmente não posso explicar mais do que isso (poderia entrar em questões específicas do ramo). O que tudo isso significa? Se a venda for uma merda (falta de esforço em agregar venda ou ao menos não perde-la), se a rentabilidade for ruim (não vender produtos mais rentáveis), se a loja estiver suja e os funcionários com cara de mendigo; a renda de todos será afetada, logo é interessante que todos contribuam de maneira eficaz para o desempenho global da loja. Isso cria um efeito colateral interessante: o auto-gerenciamento, um cobra esforço do outro. Se um faz uma cagada, todos perdem, se um faz uma coisa legal que agregue positivamente para a empresa, todos ganham. Simples, não? Esse é o máximo de socialismo que acredito funcionar.

O fruto desse meu esquema de trabalho não poderia ser mais positivo: funcionários sempre de bom humor (se não for assim, rua), motivados, felizes por terem uma renda bacana e ter o privilégio de usufruir dos benefícios que mais dinheiro no bolso proporciona, baixa rotatividade, boa fama perante funcionários dos concorrentes (sempre recebo currículos desse pessoal). Adoro quando vou fazer os pagamentos e tenho altas cifras pra pagar porque isso é sinal que a empresa vai bem. Meus funcionários de venda e gerência possuem carros bons, fazem viagens de férias, pagam escolas particulares para seus filhos... Fico muito feliz em poder contribuir pra isso, mas na realidade eu somente dou a oportunidade, o resto é com eles.

Esse experimento capitalista onde quem trabalha mais e melhor ganha mais é muito interessante. Você consegue ver socialistas em potencial virarem a casaca, petistas se envergonharem pelo voto 13, preguiçosos pedalarem pra não passar vergonha perante os colegas mais esforçados, operadores de caixa tretando com vendedor por algo não muito bem feito... Confesso que as vezes tenho que apartar algumas tretas, mas isso faz parte do experimento. As pessoas vestem a camisa e viram "torcedores" da empresa, só que ao contrário do futebol, aqui elas ganham dinheiro por isso.

Comemoro cada vitória dos meus funcionários, cada carro novo, apartamento comprado ou ao menos alugado pra melhorar de vida, fico contentíssimo em ver um garoto de 17 anos encostando seu Gol bola recém comprado na porta da loja e falando: "Corey, vem ver meu carro, você vai ser o primeiro, nem meu pai o viu ainda..." Isso é muito gratificante, de verdade! Tudo isso é proporcionado pelo dinheiro, quem disse que ele não traz felicidade?

Enquanto isso a grande maioria dos comerciantes chora, reclama, fica de mi-mi-mi... Reclamam de funcionários que roubam (não estou imune a isso, aliás já aconteceu, mas funcionário bem pago tem menos tentação em foder o patrão). Nêgo paga dízimo na igreja, dá brinde pra cliente, faz doação pra ONG e esquece dos próprios funcionários. Quem para pra pensar um pouquinho percebe que os caras mais ricos do mundo são também os maiores filantropos, eu acredito que se você faz coisas boas, é ético, sério e correto e se compartilha com outros, você terá mais. Minha filantropia está em casa mesmo (considero minhas lojas como extensão da minha casa e meus funcionários como parte da família (sem demagogia)), acredito que se eu puder ser mão aberta com quem trabalha pra mim, os negócios serão cada dia melhores. Até agora isso tem se mostrado verdadeiro.

Mas o lance não é dar dinheiro como o SS faz, e sim distribuir com aqueles que merecem, que demonstram interesse pelo trabalho. Por isso não tenho um padrão de pagamento, funcionários de cargos iguais não recebem a mesma coisa, minhas lojas são relativamente pequenas, consigo conhecer o jeito de trabalhar de cada um, então pago de acordo com o desempenho individual. Essa é uma vantagem de não crescer muito, você consegue ter o negócio mais na mão.

O capitalismo, o dinheiro é uma das coisas mais maravilhosas que inventaram. Me convença do contrário!

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