quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Como Lido com Funcionários

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

A ideia dessa postagem surgiu com o excelente artigo do meu amigo Mr Rover sobre como se portar como homem, entre outras importantes dicas ele mencionou as roupas que usa para trabalhar e como isso é importante para que ele seja respeitado como chefe:


Eu poderia ir trabalhar de camisa polo, jeans e sapatênis na minha empresa também. Eu posso mas eu não vou. Sabe por que? Porque se eu me vestir assim eu não vou mostrar seriedade para meus funcionários, vou mostrar que não sou um profissional sério o suficiente. Vou mostrar que estou no mesmo nível que eles lá dentro, na hierarquia da empresa. Eu sou o chefe, o proprietário, o cara que eles precisam levar a sério, seja por respeito ou por medo de perder o emprego. Eles precisam saber que eu sou o líder ali e que sou eu quem eles devem procurar para qualquer coisa. Seja uma conquista, uma dúvida, um pedido ou seja um pepino. Sou eu que pago o salário deles.

Ao ler isso percebi que faço o extremo oposto, ou seja, me visto exatamente como meus funcionários, uso uniforme e tento passar desapercebido junto aos clientes. Eu não quero ser visto como o chefe. E agora, quem está certo, Mr Rover ou eu? Eu respondo: ambos estamos certos, a única diferença é que temos abordagens diferentes na lida com os funcionários.


Dentro da minha realidade de trabalho, no meu ramo e dentro daquilo que acho certo, é importante que os funcionários me vejam como referência de trabalho. É importante que eu saiba fazer (e bem feito) todas as funções da loja, desde lavar banheiros até atendimento passando por entrada de mercadoria, etc. Eu sou a referência quando um funcionário tem dúvida de como executar certa ação, eu sei fazer absolutamente tudo lá dentro e quero que seja feito da minha maneira (nem tanto também, mas isso é assunto pra outro dia). Claro que isso não é possível em todos os ramos, claro que muitas vezes contratamos profissionais mais qualificados que nós para fazer determinado trabalho, esse é o motivo pelo qual se contrata contadores e advogados, mas no dia-a-dia da minha empresa (novamente, é a MINHA empresa, o MEU ramo) eu sei fazer absolutamente tudo.

Minha abordagem com funcionários é tentar ser o mais próximo possível deles, dessa maneira tento tornar o ambiente de trabalho o mais familiar possível. Tem dado certo, quase não temos desavenças entre colegas de trabalho, existe respeito na hierarquia, existe "por favor" e "obrigado". Na minha opinião o funcionário deve me identificar como aquele cara capaz de fazer tudo, de me identificar como "amigo", ou seja, que não tenha vergonha ou medo de vir conversar comigo seja sobre o último lançamento da Fiat ou para pedir um aumento ou troca de horário. Para isso procuro me parecer o máximo possível com eles e aí entra o lance de vestir uniforme (todos meus funcionários vestem o mesmo uniforme, independente do cargo), estar no "chão de fábrica" o maior tempo possível, almoçar minha marmita no refeitório junto com eles; dividir o refrigerante, café e pizza; falar palavrão, discutir assuntos banais, etc. Tenho plena convicção que isso jamais será totalmente natural, como comentei aqui, mas funciona muito bem para o objetivo de manter os funcionários ao meu lado. Eles me respeitam e não contrariam ordens pois sabem que se eu posso fazer alguma coisa, eles também podem.

Tenho convicção que sou um patrão legal, por ter poucos funcionários consigo ter uma relação personalizada com eles, coisa que numa empresa grande é impossível e daí vem boa parte das queixas que normalmente as pessoas fazem. Numa empresa pequena como minhas lojas, é possível que o funcionário tenha uma relação pessoal com o patrão, então tento usar isso a meu favor e também como maneira de segurar bons funcionários. Não vejo problemas em troca de folgas, em juntar banco de horas de maneira a garantir folgas emendadas, converso sobre a melhor época pra se tirar férias, etc. Procuro ser bacana dentro daquilo que está ao meu alcance, não dificulto a vida dos meus funcionários e isso se reflete em bom humor.

Outra coisa que faço é amarrar desempenho coletivo a renda variável, meus funcionários de vendas recebem suas comissões baseadas não só no desempenho individual, mas também através de métricas do desempenho não só da loja que trabalham, mas das outras lojas também. Dessa maneira eles trabalharam em equipe, um tomando conta do outro porque sabem que seus salários dependem do desempenho do colega. Dá certo.

Sou aquele patrão que dá ordens sem ser autoritário, peço as coisas, não mando. Quase sempre dá certo e se não está rolando o problema está com o funcionário que não tem perfil pra trabalhar comigo. Não consigo trabalhar com gente que só funciona na base do grito, esses eu dispenso logo. Não sou autoritário mas também não sou mole, se fazem cagadas, chamo atenção sem o menor pudor, não uso a técnica de "elogie em público e corrija privado", comigo não funciona assim. Se tenho que elogiar, faço na frente de todos, se tenho que comer o toco, também faço da mesma maneira. Isso inibe cagadas porque ninguém quer ser chamado atenção na frente dos outros. Sou um cara estourado, fico nervoso com facilidade mas no trabalho faço o possível para que isso jamais aconteça, é como eu disse, as vezes temos que ser pessoas diferentes da gente mesmo pra conseguir se sair melhor de determinada situação, como Mr Rover disse: use o sistema a seu favor.

Mr Rover tem uma abordagem diferente, ele ganha pela diferenciação de hierarquia, essa é uma abordagem mais comum e natural. Já tentei fazer isso no passado e até hoje de vez em quando uso dessa maneira quando percebo que minha abordagem de proximidade não está dando certo por algum motivo. Ele está certo, cada um sabe a maneira de lidar com seus funcionários, tem gente que simplesmente não te obedece se você não falar grosso com elas, outras só te obedecem se você der voltas e voltas pra pedir algo, outras só entendem se você for direto ao assunto. Lidar com gente é sem dúvida a pior parte do empreendedorismo. Não existe fórmula mágica, não existe receita pronta de como devemos lidar com nossos funcionários e essa é uma das razões pelas quais muita gente quebra a cara quando tenta empreender. Também não acredito em técnicas mirabolantes de "liderança", em jargões estúpidos como: "líder", "associado", "colaborador". Isso pode funcionar num ambiente engessado de grande corporação, mas nas "Lojas do Corey" definitivamente esse tipo de coisa só me faria parecer um babaca.

Resumindo: não existe fórmula perfeita pra lidar com funcionários. É preciso se adequar ao tipo de gente que você contrata e vice-versa. Não dá pra ter funcionários com perfil muito diferente do que a empresa busca. O ideal é não tratar todos de maneira igual, mas nem sempre isso é possível. Enfim, essa é mais uma coisa que só se aprende com o dia-a-dia.

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