O título dessa postagem tem a ver com dezenas de comentários que tenho recebi nos últimos dias, mais precisamente desde o post onde comento sobre meu carro novo (O carro de R$ 12 mil). Muita gente veio comentar que: "Corey, você está quebrado e está com vergonha de falar", "Corey, você vive falando que devemos ter coisas de qualidade e agora compra um carro velho... você tá quebrado". "Ahahaha! O dia chegou, o Corey quebrou", "Corey vai voltar a morar na favela porque ele tá quebrado..". E por aí vai... Claro que não liberei todos os comentários afinal grande parte deles era só pra trollar mesmo.
Não fiquei bravo, chateado ou coisa assim em relação a esses comentários. Na verdade eu fiquei preocupado. O que de princípio parecia uma brincadeira de mal gosto logo transformou-se em preocupação. Será que as pessoas realmente pensam que o patrimônio/riqueza tem a ver com o carro que o cidadão tem? Será mesmo? Espero que não... Muito me preocupa que uma grande parcela das pessoas possam ter esse pensamento: anda de BMW 2015 é rico, anda de Uno 1994 é pobre. Se as pessoas que acompanham os blogs de finanças pensam isso, acho que deveríamos todos encerrarmos nossos site porque tudo o que discutimos nesses quase 4 anos de blogosfera foi completamente inútil.
Vejam meu caso: em 2006, no auge do meu endividamento eu tinha 3 carros: um popular, um hatch médio e um sedã médio. Todos novos, com no máximo 2 anos de uso. Eu era rico? Não sei, respondam vocês mesmos baseados nas próximas linhas. Os 3 carros foram financiados sem entrada em 72x. Nosso apartamento, recém comprado, fora pago com R$ 30 mil de entrada (dinheiro emprestado) e o resto financiado. A loja que eu tinha na época estava sem estoque, com 3 contas bancárias no vermelho, eu devia mais da metade das prestações ao antigo proprietário. Eu era rico? Com certeza absoluta eu era, pelo menos nos olhos míopes da população que pensa que carro novo é sinônimo de riqueza e estar bem de vida. Veja minha situação hoje: tenho 3 lojas, todas quitadas, estocadas, com capital de giro na conta bancária, gerando 7 a 8 vezes a renda que preciso pra viver. Caso eu as vendesse hoje e colocasse a grana na poupança, os juros mensais seriam mais que o suficiente para manter meu padrão de vida. Isso sem contar minha carteira de FIIs e o apartamento (quitado) alugado que me geram uma renda passiva interessante. Hoje em dia sou pobre porque apesar desse patrimônio eu ando de carro 1996.
Outra coisa interessante. O lance da qualidade dos produtos, coisa que sempre bato na tecla por aqui. Ao comprar um carro 1996 eu segui essa minha regra (de comprar produtos de qualidade). Meu carro tem mais itens de segurança e conforto que grande parte dos carros que saem das fábricas hoje em dia. Meu carro tem robustez mecânica superior a média (tanto é que está em grande forma, mesmo com quase 300 mil km rodados), é confortável e principalmente: atende as minhas necessidades. Sou casado, não preciso de um carro "abre pernas" (não vejo absolutamente nada de errado em ter um carro que chame atenção das mulheres, cada um luta com a arma que tem, devemos usar as regras do jogo ao nosso favor, como diria meu amigo Rover), faço deslocamentos curtos em meio a trânsito maldito. Meu carro de 12 mil dá de 1000 a 0 em qualquer carro novo que custa abaixo de 50 paus. Produto bom não é necessariamente o mais caro, e vice versa. Ser frugal é isso: comprar aquilo que te atende por um preço justo, sem exageros.
Update sobre o carro. Conforme pedidos, vou procurar descrever minha experiência de ter um carro barato. Bem, o carro está ótimo, fiz uma viagem de 1200km recentemente e foi tudo tranquilo, o que me espanta é como o nível dos carros nacionais decaíram nos últimos anos. 20 anos atrás os carros eram mais bonitos e tinham mais qualidade, sem contar que tinham as mesmas configurações dos seus irmãos gringos, não essa coisa depenada que vemos aqui (compare o Civic 2015 americano e o brasileiro nas mesmas versões e você entenderá). O consumo dele é algo impressionantemente baixo se você analisar no peso e tamanho do motor, acho que é devido ao fato de ser um monocombustível puro e não flex. A sensação de segurança é ótima, nem vendedor de farol vem me oferecer produtos porque devem imaginar que sou um quebrado, passo desapercebido em qualquer lugar e isso é muito legal.
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