domingo, 18 de dezembro de 2016

Amigos, Festas e Bebidas

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Ultimamente Bia e eu estamos conversando muito sobre o quão as coisas mudaram nas nossas vidas nos últimos anos e claro, como estamos envelhecendo e amadurecendo.

Até não muito tempo atrás a gente ia em alguma festa de amigos ao menos uma vez ao mês. Na verdade posso traduzir "festas de amigos" como: "reuniões com conhecidos onde sentimos obrigação de ir". A verdade nua e crua é que Bia e eu não temos amigos, nenhum, nenhum mesmo, ponto final. Somos amigos um do outro e pronto, é o bastante. Os "amigos" são na verdade pessoas que possuem certo vínculo social conosco: colegas do tempo de escola, colegas de trabalho, conhecidos de baladas, etc. Com cada grupo temos algo em comum mas nunca tudo em comum. Mesmo dentro desses grupos as coisas foram se modificando e os "amigos" se distanciando: os colegas de escola se tornaram socialistas (fuja dos amigos socialistas), pais ou simplesmente foram sumindo no mundo. O trabalho mudou, os co-workers também, os interesses já não são os mesmos.

Isso se torna mais latente com um casal esquisito como a gente que é meio maluco, não tem filhos, parece mendigo mas viaja pro exterior com frequência, que não divide detalhes do trabalho, renda ou planos com os outros... Junte a isso o fato de sermos um tanto quanto anti-sociais (já devemos ser people-person demais durante o trabalho), não tolerarmos bagunça, barulho e música de gosto duvidoso e o total fracasso social fica mais aparente. Atualmente abandonamos sem perceber a desgraça da "obrigação social" e não vamos mais a reuniões de "amigos" e familiares. Isso trouxe certa sensação de liberdade, de novamente sair da Matrix e fazer as coisas porque temos vontade e não por nos sentirmos obrigados. E esse lance de ser social pra aproveitar oportunidades, fazer networking e o kct é mais uma coisa plantada na cabeça das pessoas. Quem se lembra do Negócio Kyiosaki que fiz ano passado? Conheci Ana, uma das envolvidas no negócio, na lavanderia do prédio, sem forçar nada. Enfim, não é preciso fofocar com "amigos" de 20 anos pra conseguir bons negócios (a propósito, o telefone de Ana continua salvo no meu celular mas nem por isso fico forçando a amizade mandando "bom dia" no whats). Nos EUA é muito comum eventos de networking, onde você vai a uma reunião pra distribuir cartões de visita e forçar amizades a partir das quais espera obter alguma vantagem. Poucas coisas na vida são tão patéticas como isso. É errado? Claro que não! Mas é patético...

Com certeza absoluta eu estaria muito melhor financeiramente e profissionalmente se tivesse um grupo maior de amigos. O fato é que quanto mais gente você conhece e se relaciona, maiores as chances de fazer negócios e aprender mais. Porém minha personalidade não condiz com isso e não me arrependo nenhum pouco por fechar essas portas. Não sou e nunca serei político.

Realmente acho que pessoas cheias de "amigos" não são muito confiáveis porque é necessário ser falsa pra cultivar "amizades". (taquem as pedras). Da mesma maneira que casais e pessoas que ficam afirmando sua felicidade em redes sociais estão na verdade tentando acreditar que são felizes. Não estou dizendo que não exista amizade de verdade, claro que existe, assim como existe casamento de verdade (preparando um post sobre isso, polêmica a vista...). O que estou tentando dizer é que não existe possibilidade de uma só pessoa ser amiga (de verdade) de um monte de gente, quanto menos amigo, melhor (menos é mais, lembra-se?).

Outra coisa que percebi é que encher a cara perdeu completamente a graça. Até pouco tempo atrás eu curtia ir num churrasco e ficar doidão com os mesmos "amigos" relatados acima. Já era, isso não tem mais a menor graça. Gosto de beber um bom whisky e uma cerveja, mas de boa. Quando percebo que estou ficando mal paro imediatamente. Tenho ficado meses praticamente sem beber, não tenho mais litros de bebida em casa, percebi que "investir" dinheiro num bom scotch não me faz feliz como antes. O fato de todo mundo levar bebedeiras com naturalidade, ter orgulho de ressacas e de torrar rios de dinheiros com cachaça é algo que anda me incomodando bastante, não consigo ver vantagem nisso e não entendo como as pessoas levam isso com naturalidade (aliás até entendo porque até pouquíssimo tempo atrás eu também achava natural: as pessoas simplesmente se deixam levar pela "cultura" e "tradições" e não param pra pensar o quão absurdo é sentir orgulho de ser um drogado (porque ficar bêbado é sim se drogar)). A gente aqui na blogosfera critica quem acha natural ter dívidas mas não costumamos olhar para nossos próprios rabos e ver que também achamos certos absurdos como coisas normais da vida.

Uma coisa que anda me incomodando ultimamente é a banalização da maconha. Quando era moleque os colegas maconheiros respeitavam os não usuários e jamais fumavam em grupos de não-nóias. Hoje marmanjo fuma um na frente de criança, na mesa do bar, com a maior naturalidade... Veja bem não tenho opinião formada sobre legalização de maconha (embora como liberal que sou minha opinião tende a ser da liberação) mas porra, cada um faz o que bem quer mas tem coisas que obviamente devem ser feita no privado. Também tenho costumes pouco ortodoxos mas nem por isso saio falando e principalmente fazendo em público.

Acho que estou ficando um velho chato, aliás tenho certeza disso!

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