Aprendi a dirigir com 6 ou 7 anos. Lembro perfeitamente das aulas "teóricas" que meu pai me deu. Nos anos 90 não existia mimimi e crianças viajavam livremente no banco da frente ou no chiqueirinho do Fusca. Comigo não era diferente. Aos 7 anos eu trocava de marcha na Variant 72 do meu pai, ele cantava a marcha e eu trocava: "Corey, 3ª, agora 2ª, 3ª de novo...". Aquilo era o máximo! Aos 9 dirigi sozinho pela primeira vez, um Fusca azul do meu pai (que vivia trocando de carro, fazendo altos rolos) num campo de futebol da cidade dos meus avôs, precisei colocar todo o banco pra frente, enxergava pelo aro do volante e não conseguia pisar na embreagem até o fim . Aos 11 já era "fluente" na direção, dirigindo inclusive sozinho e fazendo pequenas tarefas para meu pai (banco, supermercado, etc). Que saudade dos anos 90... Que pai maravilhosamente retardado eu tive...
O adolescente Corey era famoso na escola por sempre ir às festinhas de carro (de Fusca, porque Fusca não é carro, é Fusca, rsrs!) e obviamente isso me rendeu vários "esquemas" precoces pelos quais serei eternamente grato ao meu velho por entregar um Fusca na mão de um moleque de 14 anos. Embora moleque sempre fui responsável e quando dizia ao velho que ia ao local A eu ia ao local A (com raríssimas exceções) e jamais bebia quando estava de carro.
Aos 15 anos comecei a trabalhar e adivinha meu principal desejo? Claro, comprar um carro! Em casa nunca teve esse negócio de dar presentes de aniversário, dia das crianças, Natal... (super recomendo esse lifestyle, presente é o kct) com carro não seria diferente. Se eu quisesse um carro eu teria que compra-lo. Mais um ponto positivo pro papai Corey que embora uma topeira financeiramente falando, acabou dando uma excelente aula de educação financeira. Com 16 eu já estava motorizado e o desejo agora era fazer 18 anos e tirar CNH!
A vida financeira evoluiu e carros sempre estiveram no meu horizonte. Sempre queria ter um carro melhor mas graças a Nossa Senhora dos Pão Duro não caí em muitas tentações e não cheguei a fazer muitas cagadas com carros. A cagada mor foi sem dúvidas comprar um sedan top de linha zero quilômetro quando já estava afundado em dívidas, como disse num post recente tudo de ruim aconteceu com esse carro. Ainda bem! Esse carro foi o start pra eu começar a desencanar da cultura automobilística.
A gota d´água veio quando comecei a viajar para o exterior. Percebi que nos EUA Corolla e Civic é igual Uno e Gol no Brasil. Igual não porque eles maltratam esses carros, coisa que normalmente não acontece com os Uninhos brasileiros. Americano tem uma relação interessante com carro: todo mundo tem carro porque precisa de carro. Criança de 14 anos pode dirigir (dentro de algumas regras e em alguns estados) porque isso é necessário. Sem carro, sem perna. Simples! E por isso as pessoas usam carros como meio de transporte e nada mais. Claro que existem carros de luxo, pessoas que mimam seus carros mas isso é exceção. O fato de carro ser acessível faz com que a imagem de "investimento" jamais apareça e pode contribuir pra essa atitude do americano.
Desde então passei de 3 carros (sim, 3 carros para um casal) pra somente 1. Desgostei de cuidar e me preocupar com carro, nesse meio tempo surrei um popular comprado zero (na mesma época do sedan) até o osso. 60.000 só trocando óleo e passei a ver carro como um bem de consumo. Troquei de carro algumas vezes mas sempre devido a algum rolo comercial que fiz, ou seja, usei o carro como moeda de troca o que acaba tornando-os menos passivos.
Hoje já não sinto o mesmo tesão em dirigir o que se tornou uma obrigação e não um prazer. Gosto de dirigir nas estradas americanas mas confesso que isso pode ser boring: as interestaduais são todas absolutamente iguais em qualidade de asfalto, ângulo de curvas, disponibilidade de rest areas e serviços. Uma das experiências que fazem parte de uma viagem para os EUA é dirigir bons carros pagando pouco e gastando praticamente nada em gasolina. Aproveito isso pra dirigir carros diferentes, inacessíveis ou que simplesmente não existem no Brasil; Camaro e Mustang (péssima ergonomia), SUVs fodonas (não curto SUV, prefiro Wagons), sedans luxuosos como Cadillacs, Mercedes, BMW (esses sim são minha praia e meus carros favoritos), V8tões barulhentos e brutos, etc. Mato minhas lombrigas e volto! Já na Europa dificilmente alugo carros, a malha de transporte público é simplesmente perfeita em quase todas as cidades, os trens de longa distância são confortáveis e eficientes, etc. Além disso vamos combinar que carro Europeu é sem graça: pequenos, fracos, diesel... com exceção para os alemães e claro, os fodões italianos.
Após dirigir carros fodas percebi que o tesão é mais pela curiosidade que por outra coisa, claro a sensação de poder de estar no voltante de um Porsche, de status por estar numa série 7 é muito legal. Não vou ser hipócrita e dizer que dirigir um carro fodão não causa sensação de superioridade, muito pelo contrário... Porém chega uma hora que você passa a dar menos valor para essas sensações. No quesito carros hoje em dia tenho curiosidades bizarras do tipo dirigir um trator, um FêNêMê caixa seca, um DKW, um Smart... Um dos carros mais divertidos que já dirigi foi um Rabbit (Golf) 1983 diesel de um amigo de um amigo no Texas e um dos mais prazerosos foi um Passat também diesel (será que tenho algum fetiche por diesel?). O Camaro e Mustang são somente rostinhos bonitos, mas um porre pro dia-a-dia. Graças a Deus não cheguei ao ponto de torrar dinheiro comprando carros pra ter prazer em dirigir, eu os aluguei, me diverti e devolvi. Como dizem: “If it flies, floats or fornicates, always rent it. It's cheaper in the long run” (embora casado, concordo com a última parte e acrescento um "drive" na equação).
Dirigir perdeu a graça e cada dia me atrai menos. Repito que uma das minhas vontades é não ter carro, levar uma vida simples numa cidade onde consiga fazer tudo de transporte público ou melhor, a pé. Durante algum tempo quase cheguei nesse ponto em São Paulo mesmo mas a ineficiência do transporte público é gritante. Uma pena porque o metrô de SP é o mais limpo, organizado, acessível e fácil de entender dentre todos que conheço no mundo. Estou ficando velho e isso é nítido. O que dava prazer nos 20 e poucos anos dá preguiça aos 30...
O adolescente Corey era famoso na escola por sempre ir às festinhas de carro (de Fusca, porque Fusca não é carro, é Fusca, rsrs!) e obviamente isso me rendeu vários "esquemas" precoces pelos quais serei eternamente grato ao meu velho por entregar um Fusca na mão de um moleque de 14 anos. Embora moleque sempre fui responsável e quando dizia ao velho que ia ao local A eu ia ao local A (com raríssimas exceções) e jamais bebia quando estava de carro.
Aos 15 anos comecei a trabalhar e adivinha meu principal desejo? Claro, comprar um carro! Em casa nunca teve esse negócio de dar presentes de aniversário, dia das crianças, Natal... (super recomendo esse lifestyle, presente é o kct) com carro não seria diferente. Se eu quisesse um carro eu teria que compra-lo. Mais um ponto positivo pro papai Corey que embora uma topeira financeiramente falando, acabou dando uma excelente aula de educação financeira. Com 16 eu já estava motorizado e o desejo agora era fazer 18 anos e tirar CNH!
Isso é um carro, o resto é condução. |
A gota d´água veio quando comecei a viajar para o exterior. Percebi que nos EUA Corolla e Civic é igual Uno e Gol no Brasil. Igual não porque eles maltratam esses carros, coisa que normalmente não acontece com os Uninhos brasileiros. Americano tem uma relação interessante com carro: todo mundo tem carro porque precisa de carro. Criança de 14 anos pode dirigir (dentro de algumas regras e em alguns estados) porque isso é necessário. Sem carro, sem perna. Simples! E por isso as pessoas usam carros como meio de transporte e nada mais. Claro que existem carros de luxo, pessoas que mimam seus carros mas isso é exceção. O fato de carro ser acessível faz com que a imagem de "investimento" jamais apareça e pode contribuir pra essa atitude do americano.
Desde então passei de 3 carros (sim, 3 carros para um casal) pra somente 1. Desgostei de cuidar e me preocupar com carro, nesse meio tempo surrei um popular comprado zero (na mesma época do sedan) até o osso. 60.000 só trocando óleo e passei a ver carro como um bem de consumo. Troquei de carro algumas vezes mas sempre devido a algum rolo comercial que fiz, ou seja, usei o carro como moeda de troca o que acaba tornando-os menos passivos.
Hoje já não sinto o mesmo tesão em dirigir o que se tornou uma obrigação e não um prazer. Gosto de dirigir nas estradas americanas mas confesso que isso pode ser boring: as interestaduais são todas absolutamente iguais em qualidade de asfalto, ângulo de curvas, disponibilidade de rest areas e serviços. Uma das experiências que fazem parte de uma viagem para os EUA é dirigir bons carros pagando pouco e gastando praticamente nada em gasolina. Aproveito isso pra dirigir carros diferentes, inacessíveis ou que simplesmente não existem no Brasil; Camaro e Mustang (péssima ergonomia), SUVs fodonas (não curto SUV, prefiro Wagons), sedans luxuosos como Cadillacs, Mercedes, BMW (esses sim são minha praia e meus carros favoritos), V8tões barulhentos e brutos, etc. Mato minhas lombrigas e volto! Já na Europa dificilmente alugo carros, a malha de transporte público é simplesmente perfeita em quase todas as cidades, os trens de longa distância são confortáveis e eficientes, etc. Além disso vamos combinar que carro Europeu é sem graça: pequenos, fracos, diesel... com exceção para os alemães e claro, os fodões italianos.
Saporra é duro como um Voyage 86, faz quase 30km/L de diesel e tem um câmbio delicioso (e olhe que detesto câmbio mecânico) |
Dirigir perdeu a graça e cada dia me atrai menos. Repito que uma das minhas vontades é não ter carro, levar uma vida simples numa cidade onde consiga fazer tudo de transporte público ou melhor, a pé. Durante algum tempo quase cheguei nesse ponto em São Paulo mesmo mas a ineficiência do transporte público é gritante. Uma pena porque o metrô de SP é o mais limpo, organizado, acessível e fácil de entender dentre todos que conheço no mundo. Estou ficando velho e isso é nítido. O que dava prazer nos 20 e poucos anos dá preguiça aos 30...
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