domingo, 21 de julho de 2013

[Livros] – Sonho Grande

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Antes de mais nada, gostaria de explicar algumas coisas a respeito dos meus posts sobre livros e fundos imobiliários. Quando falo sobre algum livro, como o post de hoje, o objetivo não resenha-lo ou resumi-lo como acontece em vários blogs e sim usar a temática como tema para comentários e opiniões, por esse motivo as postagens podem fugir um pouco do texto da publicação, fazendo com minha opinião apareça mais que o próprio livro. O mesmo acontece com os FIIs, quando falo sobre determinado papel, não me preocupo em colocar números e fazer análises aprofundadas, afinal esses dados podem ser encontrados facilmente e com grande qualidade na internet. Meu objetivo é somente opinar sobre o papel em questão.

Bom, o post de hoje é sobre o livro Sonho Grande, que conta um pouco da história do trio de empresários brasileiros: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, que entre outras empresas foram responsáveis pelo sucesso do Banco Garantia, Brahma que veio a se fundir com a Antarctica e depois com outras cervejarias mundiais formando a AB InBev, Lojas Americanas, Burger King, Heinz, 3GP... Acredito que grande parte dos leitores desse blog já devem conhecer um pouco a respeito dessas figuras.

O livro tem uma leitura fácil e agradável, é daqueles que não dá vontade de parar de ler. O que mais gostei foi o fato de poder aprender um pouco como funciona a meritocracia, sistema de administração empresarial que valoriza acima de tudo o desempenho de um determinado funcionário, ignorando tempo de casa, idade, função, parentesco, etc. Eu já conhecia um pouco sobre esse tema, já havia lido alguma coisa, mas é legal ver como isso foi e é amplamente utilizado pelo trio em suas empresas. A meritocracia tem características controversas, acredito que há muita falta de ética, respeito e cidadania envolvida nisso, mas de qualquer forma demonstra ser algo eficaz, e que faz grande diferença quando aplicada. Não serve pra todos, não são todas as pessoas que conseguem trabalhar 20 horas por dia, com pressão por todos os lados, sofrendo uma dose de humilhação diária... mas com certeza existem pessoas que se adaptam a esse sistema e se dão muito bem, ganhando muito dinheiro. É o capitalismo na sua forma mais pura e alguns conceitos com certeza podem e devem ser utilizados por pequenos empresários.

Interessante entender a maneira pouco ortodoxa adotada pelo trio na hora de fazer um grande negócio: ignorar planos de negócio, abrir mão de due diligence, negociar através de terceiros, etc. Isso serve de exemplo pra aquilo que costumam dizer: “quem pensa demais, não casa”, ou seja, se você pensar demais, vai empacar, não vai sair do lugar e não vai chegar a lugar algum. O objetivo deles ao adquirir um negócio é muitíssimo semelhante ao do Buffett: controlar empresas. Não se contentam em adquirir um negócio lucrativo, precisam assumir o controle, colocar em prática o padrão “Garantia” de gestão garantindo o melhor resultado possível. Falando em Buffett, Lemann é amigo do Oráculo de Omaha e agora sócios na compra da Heinz. Como estou lendo (e quase acabando) a biografia do Buffett, é impossível não encontrar coincidências entre o modus operandi do Buffett e Lemann.

O trio tem características complementares e esse é talvez o porquê de terem uma sociedade de tanto sucesso, cada um é bom numa coisa diferente, juntos são uma máquina de negociação, administração e de ganhar dinheiro incrível. A frugalidade e informalidade é uma característica comum aos três, ao menos no começo do Banco Garantia, o primeiro grande negócio deles: nada de salas e secretárias exclusivas, vagas demarcadas no estacionamento, muito menos terno e gravata. Usar calça jeans, camiseta, tênis e ter um carro de 10 anos era o padrão (mais semelhanças com o Buffett). Por outro lado, com muito dinheiro no bolso, os sócios do Garantia começaram a desviar atenção da empresa para os próprios investimentos, carros importados começaram a ser maioria nas vagas da empresa (isso no começo das importações nos anos 90) e esse foi um dos motivos para a derrocada do banco. Mas pensando bem, isso não seria algo natural? O que um bando de jovens endinheirados fariam? Não dá pra guardar toda a grana que se ganha, principalmente quando as quantias são grandes e crescentes. Não dá pra ignorar as finanças pessoais, focando somente no trabalho. Pelo menos eu não conseguiria...

É inspirador entender como gente grande faz negócio, abre a cabeça para oportunidades de negócio que muitas vezes deixamos passar por medo de encarar coisas desconhecidas. O trio não consome hamburgers, mas isso não impediu de comprarem o Burger King, não conheciam nada sobre cervejas e mesmo assim compraram a Brahma, que ia de mal a pior nos anos 80, cuja cerveja era diferente de uma fábrica para outra e mesmo sem serem mestres cervejeiros, conseguiram padronizar o produto. A ideia que captei é a seguinte: seja bom na administração, conheça os números da sua empresa, cerque-se de profissionais capacitados e que possam cuidar da parte técnica para você. O sucesso é consequência! Ideias simples, estratégias simples, trazem resultados fantásticos!

Bom, é isso, recomendo a leitura a todos que gostam de saber como acontecem cases de sucesso. Particularmente ando muito interessado nesse tipo de texto, o próximo da lista é "Os Bastidores do Wal Mart", vamos ver o que ele me guarda...

Estou viajando, os comentários e suas respectivas respostas podem demorar a serem publicados.

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