sábado, 9 de fevereiro de 2013

Divagações sobre Ambições

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Escrevo esse texto numa típica tarde chuvosa da cidade de São Paulo, vejo poucas pessoas apressadas fugindo da garoa. Estou cobrindo um funcionário que deu cano, não vejo a hora de chegar em casa, tomar um banho quente, sentar no sofá e bebericar uma dose de bourbon carinhosamente preparada pela Bia.

Bateu uma bad, meus pensamentos começaram a divagar, imagino como será quando conseguir fazer algo que me dê um mínimo de prazer e satisfação, quando me mudar para o lugar onde tenho vontade de morar, quando conseguirei ampliar minhas amizades, falar inglês, ter músculos mais enrijecidos, etc.

Lembro-me que cerca de 10 anos atrás eu passava por uma situação semelhante. Era empregado e precisei cobrir um colega que não pode ir trabalhar, chovia e fiquei olhando pra rua, imaginando o dia que teria minha empresa, minha BMW e uma namorada/noiva/esposa bela e carinhosa. Gostava muito do trabalho, não sentia asco como acontece hoje mas acreditava que o dia que eu fosse dono, tudo seria ainda melhor. Afinal, desde os 6 anos assistia o Pequenas Empresas e Grandes Negócios, via a cara de satisfação dos empresários, ledo engano!

Uma década separa os dois acontecimentos, a previsão não se concretizou totalmente, afinal não tenho uma BMW, mas teria se realmente fosse algo relevante pra minha vida; a empresa foi conquistada e a Bia me conquistou. O engraçado disso é que hoje sinto a mesma angústia que sentia em meados de 2003, com a diferença que minha ambição atual parece tão mais simples e paradoxalmente tão inalcançável...

De repente imagino a situação perfeita: a vida de 10 anos atrás com as ambições alcançadas no dia de hoje.

Acho que o tempo vai passando, o dinheiro vai entrando e mesmo sem querer e afirmando categoricamente que não, acabamos por assumir comportamentos induzidos pelo aumento de renda: confortos, luxos e experiências que o dinheiro compra. Acontece que chega uma hora (cedo ou tarde) que não vemos mais sentido nisso e acabamos nos voltando para as coisas essenciais. Estou nessa fase, infelizmente (ou felizmente) o dinheiro e “poder” já não me fascinam tanto e a cobiça por eles diminuiu muito. Sinto-me um idiota por correr atrás de dinheiro enquanto poderia estar correndo atrás de coisas mais importantes como ter menos problemas e trabalhar em algo legal.

A conclusão que tiro desse monte de pensamentos jogados é que dinheiro é algo fácil de ser conquistado, desde que você tenha um mínimo de inteligência e paciência. Por outro lado, experiências subjetivas e “felicidade” (o que é felicidade?) são infinitas vezes mais difíceis de serem alcançadas, sendo que na maioria dos casos jamais conquistaremos tudo o que queremos. Talvez usar dinheiro, que é mais fácil de arrumar, para “comprar” uma experiência subjetiva pode ser uma estratégia...



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