quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Esposa Gerente?

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Antes de mais nada, gostaria de agradecer pelos 100.000 acessos que estou atingindo hoje no blog!

Sempre que começo a reclamar dos problemas de ser empreendedor (eu sei, sou um chato, reclamão e mal agradecido!), alguém me dá a sugestão de colocar minha esposa como gerente da loja. Segundo muitos, isso resolveria boa parte dos problemas porque ela seria uma extensão dos meus olhos... Será mesmo?

Perfil

Em primeiro lugar, não são todas as pessoas que possuem perfil de gerência, tem gente que simplesmente não tem talento pra líder. Você pode ter perfil empreendedor, vontade de crescer, dominar 1001 técnicas de venda, de liderança e administrativa. Sua esposa pode te apoiar nessa empreitada, te ajudar vez ou outra na empresa e estar disposta a fazer sua empresa crescer, mas ela deve ter perfil empreendedor para por a mão na massa e te ajudar na empresa. Somente boa vontade não serve. Não é porque você confia na esposa que ela conseguirá vigiar funcionários, tratar clientes de maneira profissional, etc.

Conflitos

Suponha que sua esposa é a gerente/supervisora/administradora da sua empresa. Ela toma uma atitude que, no seu modo de ver, é errada. Você está num dia ruim, com saco cheio e pouca paciência, vai conversar sobre essa atitude errada, ela está na TPM. Qual a chance disso não acabar em discussão? Garanto que é mínima. Qual a chance dessa discussão ficar somente na empresa? Garanto que não ficará, muito pelo contrário, vocês até podem fingir que nada aconteceu, mas é impossível não levar para o lado pessoal. Se ao mesmo tempo vocês estiverem passando por algum problema em casa, a probabilidade de dar merda é muito maior.

Lazer

Posso estar errado, mas no meu ponto de vista, minha esposa deve estar presente em pelo menos 90% do meu lazer (os outros 10% são "coisas de homem" que mulher nenhuma faz questão de acompanhar e nenhum homem quer a companhia da mulher). Então como faço se ela for gerente da minha loja e eu decidir tirar férias? Deixo ela trabalhando e embarco naquele cruzeiro pelo Mediterrâneo sozinho?

Renda All-in

Quando você compra uma empresa, está assumindo o investimento mais arriscado que existe, quase sempre de maneira all-in. Quando você tira sua esposa de um emprego e coloca-a pra trabalhar na sua empresa está agravando ainda mais o all-in, ou seja, está arriscando demais ao abrir mão de uma segunda fonte de renda. Nesse ponto há muitas variáveis que podem quebrar meu argumento, como desemprego, esposa que ganha pouco, etc, mas estar desempregado ou insatisfeito com trabalho não são bons motivos pra empreender.

Diversificação

Se por um lado tirar a esposa de um trabalho (ruim ou não) e coloca-la pra trabalhar na empresa é fazer um all-in, tem gente que abre empresas pensando justamente o contrário: na diversificação. Imaginem a seguinte cena: Ela tem um emprego onde trabalha de segunda a sexta com salário de 3k. Ele tem um emprego fodão de 15k por mês. Acabam juntando 100k despretensiosamente. O que fazer com esse dinheiro? Abrir uma franquia, é claro!!! Franquias "não quebram", dão "muito dinheiro sem fazer força" e são "simples de serem tocadas", além disso o status de ser um franqueado é tentador. Resumindo: "é perfeito pra minha esposa e ainda por cima diversifico meus investimentos". Depois de 1 ano, o casamento acaba e a loja está a venda...

Minha experiência

Bia já me ajudou muito na empresa, principalmente na anterior. Houve inclusive uma época que ela foi "efetiva" na loja. Deu certo? Claro que não! Ela não se deu bem com o negócio e os conflitos começaram. Por vontade dela, saiu e arrumou um emprego que, tempos depois, sustentou nossa casa enquanto eu corria atrás da saída da corrida dos ratos. Temos alguns planos (na realidade são ideias, não planos) de no futuro abrirmos uma empresa juntos, mas pra isso acontecer precisamos achar um negócio formatável dentro do que precisamos: fácil operacional, possível de ser controlado remotamente e que não exija nossa presença integral. Como não vejo nada que se encaixe nesses parâmetros, fica só na ideia mesmo.

Não existe dinheiro que compra um casamento feliz e equilibrado. Pode até ser que sua esposa tenha perfil empreendedor e de liderança, vontade de crescer e vocação, mas será que vale a pena? Será que enfrentar conflitos em casa ou deixar de ter lazer com ela em prol de ganhar alguns reais a mais é algo inteligente?

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