sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Cidades Pequenas nos Estados Unidos

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Primeiramente gostaria de parabenizar os leitores desse blog, as discussões estão em altíssimo nível, estou conseguindo atrair gente inteligente o que está bem raro hoje em dia. Olhe os comentários do meu último post e entenderá o que estou falando.

Quando penso numa cidade pequena brasileira é uma
imagem assim que me vem na cabeça
Quando falamos em cidade pequena nos vem a mente uma cidadezinha pacata, com meia dúzia de ruas, uma igreja, agência dos Correios e Banco Do Brasil, uma praça com coreto, aposentados jogando dominó, um boteco sujão, ruas de paralelepípedo e pouca coisa além disso. Será que as cidades pequenas americanas também são assim?

Essa foi a região da Flórida que
visitei
A resposta é um sonoro NÃO. No começo de janeiro fiz uma viagem de carro por todo o centro-sul da Flórida. É sempre um prazer dirigir nos EUA, ano passado rodei mais de 5.000 e cortei 5 estados, passando por paisagens diversas, calor, frio, seca, chuva... Só uma coisa não mudou: a qualidade das estradas, sempre um tapete, com acessos e saídas absolutamente seguras, sem pedágios, sinalização abundante, comércio e serviços completos... Esse ano devido a falta de tempo e planejamento decidi focar somente no centro-sul da Flórida, o objetivo era sair do eixo turístico Miami- Orlando e embrenhar nas cidades pequenas, pra saber como são e colher informações de maneira a amadurecer as ideias na cabeça, afinal meu principal plano de emigração é a compra de uma empresa nos EUA que pode me dar um visto L1 e caminho ao Green Card (falei sobre isso aqui).

A primeira coisa que me chamou a atenção é o fato de ser difícil mensurar o tamanho da população e mesmo extensão territorial de uma cidade americana estando dentro dela. Explico: as cidades são muito parecidas, possuem características em comum independente do tamanho:
  • Possuem grandes redes varejistas com lojas enormes como WalMart, Target, Home Depot, Best Buy. Por exemplo o WalMart de Haines City, que tem pouco mais de 20 mil habitantes tem o mesmo tamanho dos WalMarts de Orlando, com mais de 2 milhões de pessoas.
O WalMart de Haines City, cidade com 20 mil habitantes é tão grande que nem dá pra ver direito, mas é aquele prédio bege a direita da foto, atrás das árvores. Note a largura da avenida.
  • As cidades pequenas possuem praticamente todas as redes varejistas e de franquias que as grandes. Mesmo numa cidade de 5 mil habitantes você encontrará Mc Donalds, Starbuks, Wendys, Five Guys, UPS, Holiday Inn, etc. 
  • Não é incomum encontrar aeroportos, mesmo que pequenos, em cidades pequenas. Avon Park tem menos de 9 mil habitantes e tem um aeroporto estruturado pra receber aviões de pequeno porte.
  • Cidades pequenas possuem as mesmas avenidas largas, de 4 pistas que as cidades grandes possuem. Nos EUA tudo se faz de carro, todo mundo tem carro, então eles priorizam as vias de alto fluxo.
  • As sinalizações de trânsito são idênticas em qualidade e quantidade que nas cidades grandes.
O fato que me deixou bem empolgado em relação a Flórida é o fato de ser um estado em crescimento. A Flórida é um estado pouco urbanizado, com vasta vegetação em todos os lugares, relevo extremamente plano (não existe morro algum), abundância de água devido a incrível quantidade de lagos. Junte a essas qualidades o preço de terra ser bem baixo e terás um prato cheio para o crescimento. As plantações de laranja e outros cítricos são abundantes, principalmente no centro-sul. Tudo na Flórida é mais barato que boa parte dos outros estados americanos, nas cidades pequenas o preço dos imóveis, é ainda mais baixo que as pechinchas de Orlando, por exemplo. As cidades pequenas possuem bairros inteiros em construção, outros percebe-se que estão começando a ser loteados. Ao contrário do Brasil, nos EUA você não compra o terreno e depois constrói a casa. Você compra a casa pronta, as construtoras devem seguir padrões arquitetônicos e de segurança, dessa maneira os bairros são padronizados, nada de gambarras e puxadinhos e as casas são resistentes a furacões tão normais na região.

Muitas vezes cidades são criadas do dia para a noite. O que chamamos de bairros em São Paulo são cidades nos EUA, existem muitas cidades minúsculas o que favorece o governo, o prefeito consegue ter um controle melhor sobre a cidade por ter menos espaço pra se preocupar. O governo municipal é muito próximo da população que se envolve ativamente na política. Será que é por isso que vemos gramas verdes, ruas limpas, sinalizações impecáveis, nenhum poste ou fios pendurados, crianças vão todas de ônibus pra escola independente da classe social? Não, acho que não, o certo é o que acontece aqui no Brasil (sqn).

Cidadinhas num raio de 100 milhas de uma cidade grande são consideradas cidades-dormitório. Na cultura americana não há nada de absurdo rodar 100 milhas (160km) pra chegar no trabalho (o cara vai gastar menos tempo que ir de Santo Amaro para o centro de SP no horário de pico). Essas cidades possuem subúrbios (bairros residenciais) enormes com trocentas casas e condos (condomínios de apartamento para locação). Não se permite comércios dentro dessas zonas residenciais, mas todos esses "bairros" possuem uma vasta quantidade de comércios nas suas avenidas de acesso ou centros comerciais próximos, os chamados "malls" que nada mais é que um mini-shopping a céu aberto com um estacionamento enorme na frente. São exatamente esses malls que me chamaram a atenção.

Típico Mall americano, em Orlando


Todas as cidades americanas que visitei possuem malls, esse é o padrão de comércios nos EUA, aqui no Brasil temos ruas comerciais, lá eles tem os malls. Nesses malls normalmente você encotra uma loja âncora, de marca conhecida e enorme, como um WalMart, uma Best Buy ou um Home Depot e lojas menores que normalmente são franquias ou de propriedade individual sem marca. Nas regiões com grande número de imigrantes normalmente essas lojas individuais e mesmo as franquias menores são de propriedade de estrangeiros. Lembram de quando o governo caçou o visto de investidor do indiano dono da conveniência em Springfield onde os Simpsons moram? Pois é, imigrante tocando loja nos EUA é cultural.

Este posto de combustível na região de Orlando
 está a venda por 90 mil dólares
É justamente aí que está o meu interesse! Uma loja como uma conveniência, um posto de gasolina (são baratos nos EUA), uma loja de 1 dólar, um pequeno super mercado ou uma prestadora de serviços instalado num mall de uma cidade pequena americana. Por que uma cidade pequena e não uma grande? Simples: crescimento. Como disse, várias cidades parecem canteiros de obras, casas surgindo em todos os cantos possíveis, com isso mais gente morará na cidade, mais os comércios serão fortes... Simples, muito simples... Outra grande vantagem nisso é ficar longe das colônias brasileiras. Brasileiro quando chega nos EUA se instala em cidades com grande número de brasileiros, isso é ótimo pra quem precisa descolar um emprego, comprar um carrinho usado ou ter serviços feitos por compatriotas, acontece que pra mim, que deixarei o Brasil justamente por causa dos brasileiros, é preferível ficar longe deles. Outro fator importantíssimo é o idioma, enfiado em casa de brasileiro você jamais falará inglês. Patriotas, joguem as pedras!

Subúrbio de Ponciana, uma cidade de 80 mil habitantes, veja
a organização geográfica das casas
As cidades americanas crescem com planejamento, com bairros planejados (olhe o Google Maps de qualquer cidade americana, você verá um quadriculado de ruas, isso é planejamento), zonas comerciais, residenciais, infra estrutura de transporte (não público porque não é o forte deles, mas estradas e avenidas de qualidade), centros médicos, escolas (51% do equivalente ao IPTU vai para as escolas) e serviços públicos. A construção de madeira permite uma expansão rápida, cm menos de 1 ano é possível sair de uma terrenão cheio de mato a um bairro de casas com gente morando, tudo é muito dinâmico em parte graças a eficiência pública e livre mercado que estimula a concorrência. Até as poucas ruas sem pavimentação da zona rural são bem cuidadas, são estradas construídas para serem estradas, aguentam caminhões sem esburacar, somente não possuem pavimento. É tudo absurdamente diferente do Brasil que eu poderia ficar aqui até amanhã...

Quando falamos em país desenvolvido como os EUA imaginamos que verbo desenvolver no passado significa que está tudo pronto e que não há mais nada a ser feito, explorado ou desenvolvido. Errado! Os EUA são enormes, um país muito desenvolvido mas com muitas áreas a serem exploradas, eles se preocupam em espalhar as coisas pelo imenso território. Eles não tem, por exemplo, uma São Paulo, que concentra não sei quantos porcento das indústrias do Brasil, tudo é espalhado, construído com espaço de sobra, isso leva a um esparramamento das cidades, das casas, dos comércios, de tudo! Com isso ainda existe muito o que ser desenvolvido e muitas chances pra quem quer empreender.

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