domingo, 6 de novembro de 2016

Minimalismo sem Frescura

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Minimalismo é um tema interessante, muita gente está se dando conta que viver de maneira mais simples e com menos coisas é muito mais prazeroso, mas já experimentou pesquisar o tema na internet? Faça essa experiência e verá que 99% dos posts são feitos em blogs femininos, voltados pra mulheres e cheios de frescuras. Quem pesquisa o tema entende que todo mundo adepto ao minimalismo tem um "armário cápsula", usa roupas monocromáticas, é vegano, não tem carro, usa kindle e faz parte de comunidades de proteção da natureza. Bullshit!

Nada contra blogs femininos, eu gosto de vários deles e tem alguns listados no meu blogroll. Óbvio que por ser homem grande parte dos assuntos não me interessa mas nem por isso tiro o mérito desses espaços da internet que acabam livrando muitas mulheres do consumismo desenfreado. É fato que grande parte das mulheres consome tranqueiras, principalmente roupas e sapatos mas tem muito marmanjo entulhado de coisas do tipo: jogos de videogame, miniaturas, coleções, etc. Se espelhar nas meninas que se livram de tralhas pode ser uma excelente ideia!

Levo o minimalismo de maneira muito natural, não sinto grandes dificuldades em ser minimalista, acredito que isso é uma característica minha. Tenho certa repulsa por ter coisas sofisticadas ou além da minha necessidade o que não quer dizer que não gosto de sofisticação, gosto de aproveitar coisas sofisticadas mas sem a propriedade. Confuso né? Rsrs! Exemplo: gosto de dirigir bons carros mas não me vejo como dono de uma BMW, por exemplo. Não curto a sensação de ter algo que vai me dar trabalho/despesa além do necessário. Nesse caso prefiro alugar uma BMW ou um Cadillac quando vou aos EUA. No Brasil me sinto confortável atrás do voltante do meu Toyota 96 porque sei que ele me serve sem trazer trabalho/despesa além do necessário. Não sinto o menor apego por coisas materiais, não entra na minha cabeça como um ser humano consegue passar horas lavando e encerando um carro, se preocupa com todo e qualquer risco na lataria e por que caralhos alguém lava o motor do carro?!?!?! Meu ponto de vista vai de encontro com o seguinte texto: https://canaltech.com.br/noticia/comportamento/millennials-jovens-preferem-gastar-com-experiencias-do-que-com-bens-materiais-46321/

Todas as vezes que tentei ter algo além do necessário acabou de um jeito ou de outro dando errado. Em 2006 no auge das minhas dívidas comprei um sedan completo do ano (financiado, claro). Bateram 4 vezes, arrombaram a porta pra roubar o som, o para brisas trincou, Bia ralou a lateral inteira num poste... Tudo isso em menos de 1 ano e 5 mil km. No meu primeiro imóvel, onde morei mais de 6 anos, fiz móveis planejados que mofaram com 3 meses, no verão era quente que nem o inferno e no inverno gelado como o Alasca. A vizinhança evoluiu de crianças choronas a traficantes de drogas festeiros. Resumo: hoje moro de aluguel, se tiver algum problema no imóvel ou na vizinhança eu me mudo rapidamente, meus móveis (poucos) são das Casas Bahia e meu carro é velho. Sou muito mais feliz assim!

Carnes Premium? Não, obrigado. Pago 24 Temers no quilo de
contra-filet, 17 na fraldinha, 8 na sobrecoxa de frango e me
alimento muito bem e com sabor.
Gosto de comer bem o que não quer dizer gastar fortunas em restaurantes caros. Até hoje quando consigo bato um PF de 12 conto num boteco sujão perto de uma das minhas antigas lojas porque a comida é excelente. Compro somente carne de 1ª, não porque sou fresco e sim porque rende melhor e claro, é melhor pra comer. Aqui em São Paulo temos lojas da Swift que embora possuam um ar "gourmet" vendem excelentes carnes com preços muito bons (fica a dica), por outro lado não vejo diferença entre um contra filet comum e um "angus-mega-master-super-ultra-gourmet", acho frescura. Bebo Heineken e detesto cervejas artesanais que são ruins pra kct e só servem pra passar a imagem descolada de quem bebe. Um rodízio de 200 conto do Fogo de Chão não é 4x melhor que o de 50 conto da minha vila, portanto não vale a pena. Paris 6 e Coco Bambu, os restaurantes preferidos dos "descolados" paulistanos são ruins pra kct e caros de arrancar os olhos. Meu restaurante preferido, Outback, não é tão barato mas pelo menos a comida é perfeita. Não temos uma alimentação "minimalista" como a maioria dos blogs prega: detesto coisas integrais, não diferencio orgânico de comum, comemos fast food com certa frequência e nem sempre cozinhamos em casa. Vegano é uma palavra que me causa um certo asco, confesso. Não preciso cultivar meu próprio repolho na varanda do apartamento pra ser minimalista (aliás, odeio repolho e coisas verdes). Já foi a época que eu não dispensava uma dose de Jack Daniels ou Green Label ao chegar em casa. Hoje em dia bebo quando tenho vontade e não pra me convencer que sou "bem sucedido" porque consigo beber scotch de 300 reais todos os dias (parece mentira mas se você parar pra pensar faz várias coisas pra se auto-afirmar pra você mesmo (redundância?), independente de quão racional você seja...). Percebo que aos poucos estou dessofisticando (essa palavra existe?) minha vida de maneira muito natural.

Nosso guarda-roupas é um desses, 300 reais nas Casas Bahia.
A tática é doar quando mudarmos e comprar um novo pro
apartamento novo, dessa maneira poupamos o trabalho de
desmontar, transportar e remontar. Se todas nossas roupas cabem
nele? Confesso que não, além dele temos um gaveteiro plástico de
4 gavetas e mais nada. Usamos uniforme no trabalho o que contribui
muito pra facilitar a vida.
Tenho a grande felicidade de ter uma esposa com pensamento igual ao meu, Bia sempre está contente e grata pelo que temos. Tem pouquíssimas roupas, 3 ou 4 pares de calçado e uma malinha de maquiagem. Pra ela acampar na Prainha Branca em Bertioga (confesso que EU não tenho mais saco pra acampar) tem a mesma graça que se hospedar no Caesars Palace em Las Vegas. Sou agraciado por ter uma esposa assim já que infelizmente grande parte das mulheres se deixam levar pelo consumismo.

Até nosso conceito de diversão tem mudado nos últimos tempos. 2 anos atrás Bia e eu saíamos 3 ou 4x na semana pra baladas (que embora caras não nos custava muito por aproveitarmos consumação, amizade com gerente, etc). Hoje em dia se saímos 2x no mês é muito...  Curtimos cada vez mais coisas simples como andar de bike no minhocão e na Paulista, tomar sol sem muita preocupação...

Gadgets são coisas que não nos atraem, celular trocamos esse ano, 1k por 2, do mesmo modelo. Provavelmente vão nos servir por um ano ou mais. TV tenho uma smartv de poucas polegadas comprada na Black Friday ano passado, até então nossa TV era de tubo (ainda tenho videocassete, by the way). Apetrechos de cozinha somente grill e cafeteira.  Nossas mudanças são feitas com uma Pick-up tipo Strada. A sensação de ter poucas coisas é maravilhosa.

Não sou adepto do "100 things challenge", não conto minhas posses mas tento manter comigo somente aquilo que realmente uso. Se for de interesse de vocês posso fazer posts sobre roupas, cacarecos, etc. Deixem nos comentários, se o assunto for de interesse geral, posso escrever mais sobre isso.

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