sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Polarização e Discutir Dinheiro

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

POLARIZAÇÃO

Nos cometários do meu último post uma coisa ficou clara: houve uma tentativa de polarização entre os blogueiros anônimos e os não anônimos, como se alguém tivesse tentando desmerecer o outro. Isso é o que costumo chamar de "câncer da polarização", hoje em dia é assim, se você dá uma opinião contrária ao grupo A automaticamente você pertence ao grupo B. Isso me da nojo!

Veja o velho, batido e fedorento assunto política. Se você se diz contra o PT e suas picaretagens automaticamente te colocam na "direita", você será eleitor do Bolsonaro. Se você é eleitor do Bolsonaro você quer exterminar os gays, acabar com todas as ações sociais, etc. É isso mesmo? É óbvio que não! Você pode sim pertencer a um grupo e discordar com algumas diretrizes dele, jamais seremos 100% alguma coisa (a não ser se for corintiano, petista ou idiota (redundância)).  Vou falar por mim, sou um cara anti-socialismo o que não significa adotar a cartilha direitista, por exemplo sou totalmente a favor do aborto (em qualquer situação), casamento homossexual e tenho dúvidas sobre liberação de drogas. Por outro lado apoio coisas tidas como de extrema direita como extermínio de bandidos (ou melhor ainda, usa-los como almoxarifado humano e mão de obra grátis). Resumindo: não há como a pessoa se encaixar totalmente em A ou em B. (obs: será que os não anônimos ficariam confortáveis de expor opiniões como essas?).

Sou capitalista, a favor da meritocracia, sou contra controle estatal, sou contra assistencialismo na maioria dos casos, etc. Nem por isso quero viver como um magnata, usufruindo das mordomias que o capitalismo proporciona, muito pelo contrário, tenho um estilo de vida simplão que vai de encontro ao estilo de vida (forçado) da maioria dos lugares socialistas. Tenho muita curiosidade pra conhecer Cuba e ver de perto como o socialismo funciona, e aqui não estou dizendo que quero ver "como um sistema igualitário, justo e viva la revolution" funciona e sim que talvez um detox de capitalismo possa me inspirar ainda mais a viver meu estilo de vida. Quero dizer: não é porque sou mais A que não quero entender como B funciona, até porque com certeza a melhor resposta está entre A e B, entendeu?

Se você quer fazer o bem pro mundo: PARE DE PENSAR DE MANEIRA POLARIZADA, PORRA!!!

DISCUTIR DINHEIRO

Também no último post surgiu o assunto que americano discute dinheiro muito mais que brasileiro, que eles não tem medo/vergonha de se expor e dizer quanto ganham. O assunto dinheiro é tabu por essas bandas... Brasileiro dificilmente abre suas contas pra qualquer um, muitas vezes nem o casal sabe quanto o outro ganha (o que pra mim é de cair o cu da bunda), mas nos EUA isso é bem diferente, vou contar uma história que aconteceu comigo:

Sacaralha é bom pra porra!
Bia e eu estávamos num Wendy's no meio do sertão Californiano almoçando um hamburger quadrado e um maravilhoso chili de 1 dólar, estávamos conversando sobre algum assunto aleatório quando formos interrompidos do um cara, um típico negão americano vestido com macacão azul de mecânico:

Mecânico: "Hey guys, where are you from?"
Eu: "We're from Brazil"
Mecânico: "Oh, nice, your language is Beautiful!"

E aí começamos a trocar ideia, ele e o colega disseram que tinham vontade de conhecer o Brasil porque gostam de soccer, as mulheres e praias são bonitas e todo aquele lenga lenga que brasileiro está cansado de ouvir na gringa. Eles disseram que eram mecânicos e o assunto foi pro lado de dinheiro, soltei a velha frase que adoro:

Eu: "Hey guys, did you know Corolla is a luxury car in Brazil? A top Corolla cost a annual salary of a doctor!" (Pessoal, vocês sabiam que Corolla é um carro de luxo no Brasil? Um Corolla top de linha custa o salário anual de um médico!)

Cara, é muito legal ver a expressão de incredulidade na cara dos gringos, isso porque um Corolla por lá custa o salário MENSAL daqueles mecânicos e é um carro de adolescente, de imigrante ou de gente quebrada.

E aí o papo foi nessa linha de grana, custo de vida e tals. Eles começaram a falar sem o menor pudor quanto ganhavam, quanto de imposto pagavam, qual carro tinham, etc, etc... Americano médio pode ser burrão em relação a grana (fazem leasing de carro, vivem com cartão de crédito estourado (pagar o mínimo lá é praticamente regra, compram Mc Mansions super valorizadas), etc) mas conversam sobre dinheiro muito mais que a gente e isso acho extremamente saudável pra quem sabe ouvir e aprender. Rolou até um bulling entre eles porque um tinha ganho quase o dobro que o outro no ano anterior:

"You"re a fat, black, lazy guy, bro!

O que acho sobre isso? Quem está certo? Mais uma vez digo: detesto polarização! Dentro da realidade deles, tanto cultura e principalmente de segurança, estão certíssimos, Discutir dinheiro é no mínimo proveitoso. E a gente, dentro da nossa realidade banânia também estamos certos, não devemos sair por aí discutindo nosso salário e com toda certeza devemos viver abaixo de nossos meios não só pra economizar mas principalmente por questão de segurança, tanto de bandidagem quanto de família ou amigos. Nos EUA ser rico é objetivo de vida, no Brasil ser rico é sinônimo de explorar e ser filho da puta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário