Claro que não é perfeito assim, o empreendedor enfrenta muitos desafio, obstáculos que cansam, estressam e acabam com a saúde de qualquer pessoa. Obviamente caso você seja o Eike ou o Abílio Diniz, não terá preocupações operacionais, mas se você for um simples mortal que sonha em ter sua lojinha, enfrentará os seguintes desafios (dentre outros):
1- Dedicação de tempo: é fato que pra ter sucesso, o empresário deve dedicar-se ao negócio. Essa história de controle total por monitoramento e softwares de última geração é mentira, isso não existe. Claro que essas ferramentas ajudam muito, mas não há possibilidade de você simplesmente trabalhar de maneira remota e mesmo se isso fosse possível, exige tempo. No geral, os negócios mais rentáveis são aqueles que exigem mais dedicação do empresário. A mecânica é simples, a regra é a mesma pra tudo na vida, se você quer sucesso deve se dedicar. O problema é que como dono, os problemas te acompanham onde você estiver, seja folga ou férias. Se o alarme da loja dispara a noite, é pro celular do dono que a central liga, se uma porta de aço estoura a noite, é você que correrá atrás de um serralheiro...
2- Departamento Pessoal: você procurará profissionais, entrevistará, contratará, treinará, mandará e com sorte encontrará um profissional mais ou menos. Acredite, o nível dos funcionários está cada dia pior. As pessoas não possuem o mínimo de dedicação, quando digo isso, quero dizer que elas não costumam merecer o que recebem. Quanto menor a qualificação, pior fica. Estamos numa época que é praticamente impossível achar auxiliares e pessoas para cargos básicos determinados a trabalhar. O público atraído por essas vagas quase sempre é formado por pessoas marginalizadas, com pouca estrutura familiar e emocional. Colocar esse tipo de pessoa dentro da sua empresa é pedir pra ter problemas.
3- Tributação, legislação e entraves burocráticos: não é segredo para ninguém que o Brasil não é um país muito amigável para os empreendedores, pelo menos com os pequenos. Nós, micro-empresários, pagamos as mesmas taxas que médios e grandes, e não estou falando em proporcionalidade não, dependendo do ramo de atuação, o valor das taxas é o mesmo faturando 1 mil ou 1 milhão. Certos ramos sofrem com legislações confusas e que mudam toda hora, como clínicas médicas e lanchonetes. A burocracia então nem se fala, só como exemplo, para se abrir um restaurante na cidade de São Paulo são necessários mais de 40 alvarás/licenças/documentos. O empresário fará uma via sacra por várias repartições públicas, pagando taxas, autenticando documentos, muitas vezes retornando ao mesmo ponto de atendimento diversas vezes. tudo isso pode demorar mais de 1 ano para ser concretizado.
4- Segurança Pública: não é segredo pra ninguém que a segurança pública está cada dia pior, e se não bastasse isso, as quadrilhas estão se especializando. Vejam o caso dos recentes arrastões em restaurantes em São Paulo. Além do prejuízo do assalto em si, ainda tem a perda de clientes por medo. Isso é apenas a ponta do iceberg, muitos empresários sofrem nas mãos de milícias que cobram uma mensalidade em troca de "segurança".
5- Ilusão de grande retorno financeiro: muitas empresas são rentáveis, mas isso não é regra, muito pelo contrário, dependendo do ramo, é exceção. Por exemplo, boa parte das franquias que exigem investimento na faixa de 100 mil reais, dedicação de 12 horas 7 dias por semana deixa no bolso do empresário, após 6 meses da montagem, cerca de 4 mil reais. Você acha esse um bom retorno?
6- "Não vou ter patrão": não o kct! Você pode não ter um chefe formal, mas terá que prestar contas aos funcionários, terá obrigação de montar a melhor estratégia, muitas vezes sem chance de erro; prestará contas ao governo (e dará boa fatia de seu faturamento a ele), dependerá do seus clientes e não terá o direito de explodir num dia de fúria e mandar tudo e todos a merda, tirar o uniforme, virar as costas e ir pra casa.
7- Controle financeiro: se você acha complicado ou pelo menos delicado cuidar do seu salário, imagine ter que administrar um dinheiro que não é seu, mas se ocorrer perdas, é você que terá que repor. Numa empresa é normal lidar com cifras na casa dos milhares de reais todos os dias, sendo que nenhum centavo é seu! Sim, porque o dinheiro movimentado pela empresa pertence aos fornecedores, governo, funcionários, supermercado, atacadista de material de escritório, posto de gasolina... se sobrar, uma pequena fatia será sua. Não preciso nem falar que um simples deslize pode por tudo a perder.
Resolvi falar disso não pra desanimar quem sonha em ter seu próprio negócio, mas sim alertar sobre a realidade do que é ser empresário e a realidade é bem diferente do que a imprensa pinta por aí. Nem todo mundo nasceu pra ser dono do próprio negócio e não há nada de errado nisso. Mais uma vez, são escolhas que podemos fazer, sem seguir o que a manada manda.
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