sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O Trabalho da Bia e Reflexões sobre o Mercado de Trabalho

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Até o começo de 2012, Bia, minha esposa, não tinha conseguido uma colocação profissional legal, trabalhou durante muito tempo numa atividade desgastante, porém relativamente bem remunerada, cansou da profissão e decidiu cursar uma faculdade para mudar o rumo da vida profissional (como milhares de brasileiros fazem). Nessa época eramos muito jovens, nossas opiniões e decisões recebiam grande influência de outras pessoas, todos incentivaram para que ela cursasse o que tinha vontade.

Prestou vestibular numa Uni-esquina da vida (eu também fiz Uni-esquina) para um curso que aparentemente era legal. Checar mercado de trabalho? Pesquisar opiniões de profissionais formados? Verificar média salarial? Claro que não! Pra quê? O importante é "fazer aquilo que gosta"...

Uma vez dentro da universidade ela percebeu que o curso era chato e que não gostava tanto assim. A colocação profissional além de difícil era mal remunerada... Não desistiu e se formou. Durante algum tempo continuou trabalhando na velha profissão, afinal nós eramos um casal de endividados que havia declarado guerra aos boletos, carnês e financiamentos. Dinheiro era prioridade e o trabalho dela bancou nossas despesas pessoais durante um bom período, enquanto isso 100% do que eu ganhava era para adiantar prestações.

As dívidas acabaram, vendi a empresa, tirei um período sabático e ela abandonou o antigo trabalho. Vagabundamos juntos alguns meses (melhor fase de nossas vidas), eu comprei outra empresa e ela foi atrás de um trabalho legal. Conseguiu, não na área de formação, mas em algo que dava prazer e remunerava muito bem, mas como não existe almoço grátis logo os problemas começaram e por um motivo que infelizmente não posso detalhar, hoje o trabalho dela está se tornando inviável. 2013 começará e novamente Bia encontra-se num dilema profissional, com quase 30 e sem uma definição do que fazer da vida.

O objetivo dessa postagem é alertar as pessoas para algumas coisas que simplesmente não vemos ou fingimos não ver:

1º - Faculdade, pós graduação e demais cursos não são garantia de empregabilidade;
2º - Cursar uma faculdade porque acha legal é uma das maiores furadas que uma pessoa pode cometer, investir uma boa grana, 4 ou 5 anos da vida e depois se dar conta que o curso não era tão legal, que é difícil pra burro arrumar um bom emprego, que é mal remunerado ou tudo junto é de doer...
3º - As vezes é melhor investir a grana da faculdade em algo que dê retorno financeiro rápido, depois de ganhar dinheiro, estude o que tiver vontade;
4º - Se for estudar focando melhorar de vida certifique-se que a futura profissão é melhor que a atual, bem remunerada e de empregabilidade razoável.

Já toquei nesse assunto logo no começo do blog e fui mal compreendido. Não estou dizendo que faculdade é desnecessário e que devemos estudar somente aquilo que pode dar dinheiro, abrindo mão das vontades pessoais. É praticamente impossível concluir uma faculdade onde não se tenha afinidade, mas pra primeira graduação, acho mais necessário focar em algo que te faça ganhar dinheiro rapidamente após a conclusão.

Veja um exemplo: Maria nasceu numa família humilde, cursou colégio público, começou a trabalhar na adolescência, tinha o sonho de se formar médica. Prestou vestibulares em universidades federais. Não passou, infelizmente o ensino medíocre que recebeu durante toda a vida e o fato de ter que trabalhar não foi o suficiente pra desbancar os candidatos vindos das escolas particulares e com tempo de sobra pra estudar. Maria não desistiu, inconscientemente traçou uma estratégia vencedora. Fez um curso técnico de enfermagem, arrumou um emprego na área, prestou vestibular numa universidade particular mediana para Enfermagem. Se formou, como já estava na área foi fácil arrumar um bom emprego, pouco tempo depois já era Enfermeira chefe de um grande hospital. Trabalhou durante algum tempo em 2 empregos, viveu de maneira frugal, acumulou uma boa grana na poupança. Entrou no processo seletivo para medicina numa das melhores universidades particulares, usou sua poupança pra bancar seu sonho. Antes dos 35, Dra. Maria se forma médica.

Acredito que se fosse possível voltar atrás, muita gente pensaria melhor sobre qual curso fazer e faria um planejamento mais racional, mas infelizmente a maioria de nós entrou na faculdade muito jovem e inexperiente. Não sou a melhor pessoa pra dizer isso, mas acho que todo pai e mãe tem obrigação de ao menos mostrar um planejamento profissional para os filhos. Não digo impedir o moleque de cursar Música ou a menina de cursar Moda, mas quem sabe orienta-los a se dedicar a uma atividade profissional que remunere legal pra depois fazer aquilo que realmente gosta; não só para ganhar dinheiro, mas principalmente pra ganhar tempo. É triste ver pessoas na faixa dos 30 anos ainda batendo cabeça com trabalho.

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