quinta-feira, 24 de abril de 2014

Um Tranco pra Sair da Zona de Conforto

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

No meu último post falei sobre meus planos de mudar para um bairro mais nobre em São Paulo e que um dos motivos para isso é poder conviver com pessoas mais instruídas, educadas e bem sucedidas. Em um dos comentários o Bye Bye Brasil tocou num ponto interessante: que conviver com pessoas mais ricas, mais inteligentes e instruídas nos força a sair da zona de conforto e buscar sempre melhorar para não ficar para trás. Lembrei de um caso que aconteceu com a Bia e eu alguns anos atrás.

Aproximadamente 6 anos atrás Bia e eu passamos por uma experiência ruim que nos fez, entre outras coisas, perceber que estávamos trilhando a corrida financeira dos ratos e que deveríamos além de eliminar dívidas, curtir mais a vida fazendo coisas para nos divertir mais, até então a gente trabalhava tanto que nossa diversão era dormir! Como gostamos de dançar começamos a frequentar baladas caras de São Paulo. Passamos por um choque de realidade: nos vestíamos mal, não sabíamos nos comportar nesses lugares mais elitizados e principalmente, percebemos como algumas pessoas se cuidam, valorizando o visual acabam por ter mais saúde. Na primeira balada top que fomos, conhecemos um pessoal e Bia ficou indignada ao conhecer uma mulher 15 anos mais velha e 2 filhos com um corpo perfeito, se bobear até melhor que o dela. O marido dessa mulher era também uns 15 anos mais velho que eu e não tinha barriga! Isso sem contar com os papos, totalmente diferentes do que estávamos acostumados a ter, voltamos daquela balada com uma sensação horrível de fracasso e inferioridade.

O que fizemos? Na segunda feira seguinte Bia estava matriculada na academia, doamos todas as caixas de leite integral, pacotes de bolacha recheada e refrigerantes que tínhamos no armário. Daquele dia em diante só compramos leite desnatado e passamos a investir mais em alimentação decente, nunca mias compramos nuggets que eram um dos pratos mais consumidos em casa, jogamos fora a fritadeira e nesse tempo todo se fizemos fritura de imersão em casa umas 3 vezes foram muitas. Percebi que fazia uns 5 anos que não pegava um livro pra ler, que não subia numa bicicleta e que "malemá" conseguia manter um diálogo decente em português, que dirá entender coisas escritas em inglês... Passei a comprar jornais todos os domingos, peguei uns textinhos em inglês para voltar a treinar o idioma. Gradativamente passei a substituir minhas roupas por outras mais modernas (odeio modas, mas não é difícil nem caro um homem se vestir bem), fiz uma limpeza de pele e eliminei a calvície precoce com o barbeador.

No final de semana seguinte, voltamos a mesma casa, dessa vez mais bem vestidos, nem parecíamos o casal jeca-tatu da semana anterior, Bia fez uma maquiagem diferente (assistiu vídeos no YouTube em vez de tentar fazer por conta própria), me vesti de maneira mais condizente com a ocasião, enfim, nos sentimos muito melhor.

Se não tivéssemos começado a frequentar lugares mais sofisticados, com certeza ainda estaríamos nos vestindo mal, gordos e burros. Essas baladas foram o tranco que precisamos tomar para sair da zona de conforto e buscar desenvolvimento pessoal. Se não tivéssemos conhecido o lado sofisticado de São Paulo ainda estaríamos sonhando com pacotinhos de viagem da CVC e com sorte o único país que conheceríamos seria a Argentina, jamais teria coragem de fazer uma viagem por conta própria de 40 dias para os EUA como fizemos no fim do ano passado (até porque ainda teria medo de falar inglês). Não teria arriscado na compra da loja nem no negócio B (que não deu certo, mas tentei e ganhei dinheiro enquanto durou). Não teria conhecido pessoas bem sucedidas e suas histórias fascinantes. Com certeza ainda estaria morando no meu apê no bairro barulhento e enfrentando vizinhos inconvenientes no grito, me nivelando por baixo.

Depois de tanto tempo, vemos que essa noite infeliz mudou nossas vias de maneira irreversível para melhor. Queremos sempre nos desenvolver, buscar sempre o melhor.  Semana passada estávamos vendo fotos antigas e demos muita risada ao olhar as fotos dessa época, até separamos algumas para imprimir: uma minha de sunga na praia, com o barrigão sobrando para todos os lados, uma da Bia de biquini com certa flacidez totalmente incompatível para os 20 e poucos anos que ela tinha na foto. Colocamos essas fotos na geladeira para servir de lembrete de como melhoramos nos últimos anos e como podemos melhorar mais a cada dia.

Hoje não tenho barriga, tenho músculos firmes e peso proporcional a minha altura, falo inglês relativamente bem (não sou fluente mas consigo manter diálogos com nativos), sou capaz de conversar sobre praticamente qualquer assunto sem cometer muitos deslizes na língua portuguesa. Ah! Diminuímos a quantidade de palavrões e gírias e deixamos um pouco de lado a tradição paulistana de não usar plural! Bia está com corpão cada vez melhor, pele e cabelos lindos, fala espanhol relativamente bem o que gerou um cargo de supervisão no trabalho levando-a a ganhar mais. Nada disso seria possível sem um tranco, sem um choque de realidade que nos fizesse sair da zona de conforto. Pense nisso...

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