quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Janeiro: O Inferno dos Empreendedores

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Janeiro é pra boa parte dos empreendedores um inferno: movimento fraco, tributos anuais, taxas de documentação, maiores despesas decorrentes do faturamento maior de dezembro, etc. Pra mim não é diferente, com o agravante que esse ano tenho dois negócios pra contabilizar: a loja e o negócio "B" (aquele que me gera renda passiva).

Loja

O faturamento de dezembro foi muito bom o que reverte em pagamento de mais impostos em janeiro (Simples), porém o faturamento de janeiro está muito ruim, baixo do esperado o que serve de presságio de como será este ano de 2014. Sorte que tenho uma boa reserva de contingência e não me apertarei, além disso não tenho dívidas com fornecedores pois compro somente a vista.
Já recebi carnês para pagamento de taxas municipais e estaduais que até agora contabilizam R$ 2.700,00. Essas taxas podem ser parceladas, porém assim como acontece com o IPVA, podem ser pagas a vista com desconto. Claro que pagarei com desconto, tenho o dinheiro provisionado (não todo porque houve um brutal aumento dessas taxas). Nem vou entrar no mérito da real utilização desse dinheiro pra não ficar mais maluco. Calculo que até o fim de 2014 pagarei entre taxinhas, tributinhos e outros "dinheirinhos" cerca de R$ 18.000,00. Nesse valor não está incluso o valor do Simples nem FGTS, GPS e IR. Somente taxinhas que devem ser pagas pra conseguir (ou não) documentos, entidade de classe, sindicatos... Ah! Isso é PJ, não tem nada a ver com minha PF. 18k em um ano são 1,5k por mês, isso é o salário de um auxiliar...

Sabendo dessas despesas de começo do ano, as empresas de cartões de crédito e bancos fazem um monte de ligações e mandam um monte de e-mails oferecendo adiantamento de empréstimos por módicas taxas (2,5; 4,5; 7% ao mês...). A maioria dos micro-empresários entra nessa e passam a disputar uma corrida dos ratos jurídica.

Negócio "B"

É meu primeiro janeiro a frente do negócio B. Já sabia que haveria uma paulada de taxas a serem pagas e provisionei o dinheiro. Sei que 2014 será um péssimo ano pra esse negócio, afinal a copa, as eleições e a desconfiança (racional) dos investidores estrangeiros prejudicam muito o ramo. Até aí tudo bem, nada de novo, porém o buraco é mais embaixo...

Infelizmente vivemos num país onde os governantes adoram uma caneta e que tudo, absolutamente tudo, é feito pra funcionar na base do jeitinho, da propina e dos privilégios políticos. Não quero entrar em detalhes, mas resumindo, esse negócio entrou numa crise séria devido a uma canetada municipal. É extremamente simples sair dessa crise, basta ter "amizades" e um "pouquinho de grana" (palavras do funcionário da prefeitura).

Ética é algo muito subjetivo, existem aqueles que não investem em CRUZ3 por princípios éticos. Não vejo problema nenhum em investir numa empresa de cigarros porém respeito e entendo perfeitamente quem não o faz. Meu conceito de ética não me permite entrar no "esquema", portanto, sairei fora e abandonarei minha renda passiva de 4k. Já tenho um negócio engatilhado para o negócio "B". Sorte que não repliquei o negócio e sorte que conseguirei sair com um lucrinho interessante sem contar os meses que me rendeu uma gorda renda passiva. Não tem jeito, tudo que é mais lucrativo é mais arriscado e precisamos avaliar o risco diariamente, se o risco superar o benefício ou se o cenário mudar, não há porque se prender, é melhor largar o osso e ser feliz. Se algo te incomoda num investimento, não entre (ou saia), mesmo se todos estão entrando ou outros te falem que você está sendo idiota. Consciência tranquila tem muito valor.

Como podem ver, janeiro veio com o pé no peito, azedando tudo ao redor. Amigo, se você pretende ser empreendedor no Brasil, faça um check-up, veja se sua saúde está em dia, porque não é fácil não!

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