quarta-feira, 5 de março de 2014

Empreendedorismo - Crédito: Amigo ou Vilão?

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Vivemos numa sociedade endividada, as pessoas tem orgulho de ter dívidas, dão risada quando falam que estão com o cartão de crédito estourado e devendo no cheque especial. Deixar de pagar a conta de luz é algo rotineiro em grande parte das casas. A maioria das pessoas possuem carnês, sejam das Casas Bahia ou bíblias de pagamento de carros... Assim vão vivendo, contraindo dívida após dívida...

Quando falamos de pessoa jurídica a coisa não é muito diferente, grande parte dos empreendedores são endividados pelo mais diversos motivos. Sabemos que a maioria das empresas possuem dívidas e que existe diferença entre dívida ruim e boa, acontece que uma coisa é você falar da divida de uma grande empresa, outra é a mercearia do João dever até as cebolas. João provavelmente é um analfabeto financeiro, assim como a média da população, e é bombardiado diariamente com oferta de crédito. Pior, a oferta de crédito para pessoa jurídica costuma ser mais gorda, com juros mais atrativos e prazos estendidos (leia-se valor da parcela menor). Tudo bem que o negócio dos bancos é "vender dinheiro", mas isso quase sempre pode causar a destruição de uma empresa, e pior, destruição do próprio empresário.  A maioria dos micro-empresários pegam empréstimos na PJ pra gastar na PF, normalmente o motivo é a troca de carro (afinal, comerciante tem que ter carrão pra mostrar pro vizinho que é bem sucedido), mobiliar o apartamento (pra esposa e amigos usufruirem, já que ele vive dentro da empresa 13 horas por dia) ou comprar casa na praia (outra coisa extremamente relevante!!! sqn!!!)

Vejam alguns exemplos sedutores de anúncios de créditos nos sites dos principais bancos:

Vejam a cara de felicidade do nosso amigo Tonho da loja do bairro: feliz da vida por ter isenção de 4 parcelas caso pague na data correta!!!





















A Rosilda dona da mercearia tá feliz da vida com a antecipação da Cielo, afinal pagando uma pequena taxa de 6% além da usual taxa de 3,5% da operação, ela consegue antecipar o recebimento das vendas parceladas!!!


A Firmina da loja de chapéu tá radiante por ter crédito para suprir as "necessidades do agora" que deveriam ter sido previstas e provisionadas "no ontem".

Nós, comerciantes, recebemos propostas de crédito quase que diariamente, a maioria não tem a menor noção do que é educação financeira, não se dão conta que "jurinho" de "apenas" 3,5% ao mês é um absurdo e que não se deve misturar PJ com PF. Não há muita coisa que justifique pegar dinheiro emprestado numa microempresa: se você está começando, precisa dar um "up" na empresa ainda vai... mas se você já está estabilizado, não tem porque não se programar para investir, não adianta ter pressa, a grande maioria dos microempresários que tiveram pressa na expansão do seu negócio quebrou a cara rapidamente. Diferente das grandes empresas, não temos profissionais especializados em gestão de risco, não temos departamento jurídico, não temos pesquisas que indiquem como será nosso mercado no futuro... Ter um pequeno negócio é viver mergulhado na incerteza, é loucura fazer dívida, mesmo se for uma dívida boa!

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