quarta-feira, 28 de março de 2012

Empreendedorismo: comprando uma empresa em funcionamento 4ª parte : A Negociação e o Pagamento

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor.

Continuando a nossa “épica” odisseia da compra de uma empresa, agora chegou a hora de fechar negócio. Você identificou a viabilidade do negócio e decidiu fechar negócio, e agora?

Da mesma forma que eu disse no tópico sobre precificação das empresas, cada ramo comercial tem um método de negociação e pagamento, ou seja, segue uma “praxe”. Por praxe, entende-se os hábitos de determinada coisa, nesse caso, os hábitos de negociação e pagamento. Um dos exemplos clássicos disso é a negociação de padarias, com o famoso “41 dias”, ou seja, uma parcela da entrada é paga 41 dias após a compra. Por que 41 dias e não 30 ou 42? Não tenho ideia!

No geral a praxe de pagamento é uma entrada de 50% com saldo em 10 à 20 parcelas (sem juros), isso é válido para a maioria dos negócios. A entrada costuma ser facilitada, ou seja, dificilmente será paga integralmente no ato do fechamento do negócio, podendo ser dividida em 2 ou 3 vezes, a serem pagas a primeira no ato e as demais no curto prazo, normalmente em 15 e 30 dias, no máximo. Também é comum a negociação de uma carência, ou seja, um determinado período onde não são feitos pagamentos das prestações, a carência costuma ser negociada em casos que o comprador não se sinta totalmente seguro com as afirmações de faturamento ou quando o comprador assume dívidas da empresa. Reparem que mesmo com essas negociações não são feitos ajustes de preço. Aliás, isso dificilmente ocorre e quando existem, não são atrelados a nenhum índice, são acertados entre as partes no ato da compra. 

Algumas vezes é possível comprar uma empresa sem entrada. Isso é muito comum com o que chamo de “trader” de empresas. Pessoas que compram uma loja quebrada, saneiam as contas, aumentam um pouco o faturamento (sem chegar no limite) e vendem. Para esses, o negócio não é a loja e sim a venda delas, por isso maximizam os lucros vendendo sem entrada e, obviamente, cobrando por isso. O preço final costuma ser 50% maior e o prazo de pagamento às vezes é o dobro, porém a grande vantagem para o comprador é não precisar dispor de recursos para bancar a compra. Além disso, o comprador pode ter a certeza que conseguirá pagar as prestações, por mais alta que sejam, já que o vendedor sabe o poder de pagamento da empresa e não quer deixar de receber.

Como meio de pagamento, normalmente o comprador paga a entrada com cheque ou dinheiro, porém é muito fácil colocar um carro ou uma propriedade no negócio. Na época que as linhas telefônicas valiam uma fortuna era comum a negociação usando-as como parte de pagamento. As prestações são representadas pelas boas e velhas “notas promissórias”, numeradas e discriminadas no contrato de compra e venda. Mensalmente o vendedor deverá sacar uma promissória com o comprador. Dependendo da situação, é comum o vendedor pedir um fiador, o qual costuma entregar cheques ou assinar notas promissórias para lastrear as prestações. Esses cheques ou promissórias vão sendo devolvidos à medida que o comprador efetua os pagamentos. Isso pode parecer rudimentar mas ainda é a praxe.

A legislação obriga o vendedor acompanhar o comprador no primeiro mês no dia-a-dia da empresa para comprovar faturamento e passar os macetes. Na prática isso só ocorre quando o comprador não é do ramo. O comprador pode dispensar o vendedor dessa obrigação a qualquer momento assinando um termo de dispensa que deverá ser registrado e anexado ao contrato.

É muito comum que o vendedor tenha recebíveis (chamados de ativos) como vendas pré-datadas, cartão de crédito, fiado, convênios, etc. Nesse caso há duas possibilidades: o vendedor pode segurar a conta corrente da empresa, realizando periodicamente o repasse das vendas que já forem do comprador até acabarem os recebíveis ou o comprador pode assumir a conta e realizar o pagamento dos ativos do vendedor numa data posterior ao último recebimento.

Bem, por hoje é só pessoal... No próximo episódio, entenda o perigo dos primeiros dias como propriOtário.

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Empreendedorismo: Comprando uma empresa em funcionamento 1ª parte: A Decisão

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