quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Tragédia em Santa Maria - O que podemos aprender?

Esse post foi publicado originalmente no antigo Blog do Corey e não necessariamente representa a atual opinião do autor. 

Não vou entrar na discussão dos porquês da tragédia de Santa Maria, digo somente que fico muito puto como uma série de erros óbvios podem causar uma merda desse tamanho, a começar o porquê que uma criatura acende uma porcaria de sinalizador dentro de um ambiente fechado e repleto de material inflamável...

Bom, o que pretendo nesse post é pegar o gancho dessa merda toda e usa-lo para mostrar algo que a grande maioria dos empreendedores não se dá conta: o risco criminal de ter uma empresa. Tenho quase certeza que os donos da boate Kiss jamais imaginaram que poderiam cair numa situação dessas: presos e processados por homicídio. Claro que eles tem parcela de culpa e devem pagar por isso, não estou contestando isso, mas será que eles imaginaram que esse risco existia quando decidiram montar a casa noturna? Aposto que não...

Os riscos envolvidos na abertura de uma empresa são muito maiores que aqueles analisados pelos empresários: concorrência, faturamento, roubos, etc. O risco de se envolver num processo criminal é sempre real. Algumas empresas possuem mais esse risco:

  • Saúde: empresas que vendem produtos e serviços para saúde como farmácias, laboratórios e consultórios podem sofrer processos por erros, nesses casos tanto o proprietário quanto o responsável técnico podem ser processados;
  • Alimentação: embora raro de acontecer, restaurantes, lanchonetes e indústrias de alimentos podem ser processados em casos de intoxicações, venda de produtos fora de padrão, etc.
Independente de levar um processo nas costas, todo empresário tem que se dar conta que algumas atividades são potencialmente letais para os consumidores. um mecânico pode deixar de apertar alguns parafusos do freio de um carro, um dentista pode matar um paciente ao aplicar um anestésico errado, etc. Felizmente esses casos mais graves são mais raros de acontecer, por outro lado, acabam por deixar os profissionais mais relaxados em relação a segurança.

Um coisa interessante de ser notada é a velha cultura brasileira do "jeitinho" aplicada a fiscalização dos órgãos competentes. A grande maioria dos empresários faz somente aquilo exigido pela lei, da maneira mais tosca e barata possível, de maneira que após a fiscalização tudo é deixado de lado. Por exemplo: um conhecido foi notificado pela prefeitura por manter o estoque numa área que deveria ser deixada para circulação de pessoas. Rearranjou o lay-out da loja, a fiscalização voltou e liberou a documentação, quando o fiscal virou as costas, ele voltou exatamente do jeito que estava. Esse exemplo dificilmente provocaria uma tragédia, mas outras situações podem acontecer de maneira mais grave. Isso sem citar os casos da total ausência de fiscalização ou da corrupção de fiscais.

Obviamente muitas normas são feitas atrás de uma mesa sem a menor aplicabilidade na vida real, mas tenho uma opinião: se é regra, deve ser cumprida. Não quer cumprir, retire-se do mercado. Não é porque você acha alguma exigência exagerada ou desnecessária que ela será mudada ou que você tem o direito de simplesmente ignora-la. Já fui alvo de chacotas perante outros comerciantes por ser caxias, careta, por ficar com "medo" de fiscalização, etc. Acontece que faço tudo o que está ao meu alcance pra deixar a loja compatível com as legislações vigentes. É impossível fazer absolutamente tudo certo, mas tento fazer meu melhor, chego em casa, deito a cabeça no travesseiro com a certeza que tudo está sendo feito da melhor maneira possível.

O resumo da ópera desse post é: você empresário ou aspirante a empresário, lembre-se do tamanho da responsabilidade que é ter uma porta aberta pra rua. Veja o perigo que sua empresa pode oferecer a vida das pessoas, não tente fazer as coisas do seu jeito, lembre-se que "prejuízo pouco é lucro" e que é necessário sempre investir tempo e dinheiro pra manter sua empresa legalizada.

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